Devil Hunter E - A inspiração de ChrysopoeiaRPG escrita por Cian


Capítulo 37
Hunt 36 - Doubt




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Fung logo foi se esconder. Não era uma força a se considerar naquela batalha. O forte homem que estava à frente deles não fez menção de impedir que recuasse. Aquilo deixou tanto Edge quanto Bran apreensivos. Era uma prova de que aquele homem realmente acreditava ser capaz de derrota-los facilmente. Edge e Bran se prepararam para um possível ataque. Não iriam avançar, primeiro precisavam analisar as características do oponente. Ele também não parecia ter pressa. Observou os dois sem pressa. Suas mãos estavam em sua cintura, com uma atitude bastante tranquila. Edge e Bran então tiveram que tomar a iniciativa. Bran sacou sua arma novamente. Edge empunhou suas pistolas e preparou-se para disparar. Ramsay sequer se moveu. Assim que os disparos foram feitos, o homem simplesmente arrancou com as próprias mãos um pedaço da parede da construção em que estavam e a usou como escudo. Era uma forma bruta mas eficiente de anular os disparos. Logo após isso, ele arremessou o escudo improvisado contra Bran, que o partiu no meio em um corte simples usando a Purgatorio. O homem então avançou contra eles. Focou primeiro Bran, desferindo um soco de cima para baixo. Bran saltou para trás, evitando o golpe. Ao fazer isso, não percebeu, mas o homem já esticava seu outro braço, desferindo um soco reto que o acertaria no peito. Bran teve tempo apenas de reposicionar Purgatorio à frente de seu corpo, evitando um impacto direto. O barulho foi enorme quando o punho de Ramsay colidiu com a estrutura metálica da espada. Bran foi arremessado para trás em uma velocidade assombrosa, batendo contra uma pilastra, que rachou suavemente. Edge não podia hesitar. Aproveitou o a baixa guarda de Ramsay e disparou contra ele, que bateu os pés no chão com uma força assombrosa, levantando um bloco do solo, bloqueando novamente os disparos. Edge estava incrédulo. Aquele homem estava simplesmente destruindo os dois caçadores com uma facilidade enorme. Naquele momento, Bran já se recompunha, checando com as mãos o risco de algum osso quebrado. Nada ainda. Se não fosse sua defesa de última hora, com certeza naquele momento ele estaria morto. Precisavam tomar cuidado. Olhou para Edge que logo traduziu o olhar em palavras. Suas pistolas eram inúteis naquela luta. Não poderia contar com elas contra uma defesa assombrosa como essa. Guardou-as em um movimento e sacou suas adagas. Era uma escolha completamente arriscada. Iriam entrar no alcance de Ramsay caso quisessem atacar. De outra forma, ele mesmo negaria seus ataques e os alcançaria. A experiência daquele oponente era visível. Ele sabia bem o que estava fazendo. Em cada passo, em cada movimento, ele se posicionava de maneira perfeita para escapar de qualquer um dos caçadores. Bran aproveitou e retirou as suas espadas gêmeas. Iria contar com sua agilidade, não com força bruta. Edge e Bran se afastaram. Era uma tática simples. Ramsay iria ter que defender um deles enquanto o outro estaria livre para se aproximar de maneira eficiente. Bran era o primeiro a tentar. Avançou sem hesitar, com as duas espadas em cruz à frente de seu corpo. Ia com o corpo mais abaixado, numa corrida próxima do chão. Edge o acompanhou com o olhar, esperando por uma chance de atacar. Bran tinha as armas à frente de si para evitar um golpe inicial repelindo seu avanço. Ramsay não recuou. Olhou para os dois com o mesmo olhar tranquilo e confiante de antes. Executou um soco contra Bran, agora logo abaixo de si. Bran aproveitou sua agilidade e saltou para o lado, evitando o soco. Desferiu um corte com uma de suas armas em direção ao braço esticado de Ramsay que executava o soco. Ramsay repeliu a espada com o outro braço com tamanha força que Bran teve que fincar sua espada no solo para não ser arremessado novamente. Edge aproveitou esse momento e lançou-se em ataque contra Ramsay. Saltou pelas costas do oponente que não conseguiria evitar tal golpe. As adagas fincaram-se fundo na pele de Ramsay, que se moveu bruscamente logo em seguida, retirando Edge e as adagas de perto de si. Sangue escorria de suas costas. Havia sido um golpe baixo, mas ainda sim, válido. Conseguiram um golpe com sucesso. Edge havia sido arremessado para trás, mas fez um rolamento e chegou ao solo sem danos consideráveis. Bran estava um pouco ferido, mas conseguia lidar com isso tranquilamente. Ramsay então falou

– Nada mal, crianças! É uma tática baixa, mas aceito o esforço de vocês. Vão me enfrentar dessa maneira? Abusando de golpes baixos e distrações?

– Não estamos aqui para brincar, Ramsay. Não nos importa o método. É a nossa missão e estamos aqui para cumpri-la.

Essa frase de Bran soava bastante pesada mas era completamente real. Tinham que vencer. Edge levou o peso dessas palavras consigo. Não poderiam perder de maneira nenhuma. Nina contava com eles. A Magnum em si contava com eles. O peso recaiu nas costas de ambos como um manto e acalmou suas mentes. Era um peso que estavam dispostos a carregar e principalmente, um peso pelo qual valia lutar. Dessa forma, retomaram a posição de batalha e avançaram novamente. Dessa vez, os dois juntos. Ramsay apenas riu enquanto desferiu um soco no solo. O soco havia tido uma intensidade muito maior do que os últimos que desferira. Era forte o suficiente para abrir uma fenda no solo. Ele havia desestabilizado o solo daquela estrutura. Um passo em falso e todo o solo poderia desabar. Edge e Bran não hesitaram ainda sim. Avançaram diretamente contra Ramsay. Ele arrancou mais algumas partes da parede enquanto os dois avançavam, arremessando-as contra os dois, que se desviavam em saltos laterais, retornando à posição original logo em seguida. Estavam em formação. Estavam quase chegando quando Ramsay dessa vez não desferiu soco algum. Esperou-os, de braços abertos. Ambos pararam. Não deveriam avançar. Caso Ramsay os segurasse, por um segundo sequer, eles estariam mortos. Com as mãos, ele poderia esmaga-los facilmente. Foi então que se deram conta da situação em que estavam. Um passo em falso e estariam mortos. Ramsay não se importava em sofrer um ou outro ferimento. Tudo o que precisava era de apenas uma chance. Ele riu ao entender que finalmente estavam percebendo a situação real em que estavam.

– Meus caros jovens, porquê hesitam? Venham, só quero um abraço, nada mais. Se chegarem perto terão motivo suficiente para se arrependerem. Farei questão de mandar seus ossos quebrados de volta para os outros cãezinhos da sua organização.

Bastou um olhar entre os dois caçadores e um plano havia sido formulado. Bran avançou sem hesitar contra Ramsay. Empunhava suas duas espadas à frente de seu corpo novamente, numa forma de prevenir um avanço. Edge ia logo atrás, com as mãos atrás das costas, mantendo-se atrás de Bran. Ramsay preparou-se para disparar um soco contra Bran, que se aproximava, quando o mesmo cravou suas espadas no solo. Segurou firme e ficou fixo no local. Edge, por sua vez, usou as costas de Bran arqueadas levemente para frente como apoio, saltando para trás. Em suas mãos não estavam as adagas e sim suas pistolas. Disparou duas vezes contra Ramsay que, pego de surpresa, apenas conseguiu proteger seu corpo com seus braços. Foi um golpe duro, perfurando os dois braços do oponente. Ele havia feito uma expressão de dor que logo escondeu debaixo de sua faceta. Edge e Bran continuavam à uma distância segura mas sabiam que aquele plano não funcionaria novamente. Precisariam pensar em algo diferente na próxima. Dessa vez, foram eles pegos de surpresa. O solo enfraquecido foi atingido por um pisão com uma força bem maior do que a vista até então por parte de Ramsay. Rachaduras se espalharam por todo o solo enquanto ele desmoronava. Abaixo dele, uma sala escura, iluminada também por tochas. Era uma enorme sala quadrada, com dezenas de pilastras elevadas até o alto para sustentar o andar superior. Algumas ainda estavam de pé enquanto outras eram derrubadas, enchendo ainda mais a sala de entulho. Em lados opostos da sala haviam duas portas de metal. Edge e Bran haviam parado para analisar o ambiente quando foram tomados de surpresa por Ramsay que, saltando do andar de cima, tentava cair por cima dos dois. Ambos saltaram para os lados e tomaram distância. Edge tentou disparar contra Ramsay, mas as pilastras serviam de um excelente esconderijo. Foi quando percebeu o que aquela batalha havia se tornado. Novamente, Ramsay o privara de uma forma de ataque de longa distância. Precisaria se aproximar e aquilo com certeza seria o seu fim. Levaria então o jogo adiante. Atirou em algumas das tochas que estavam no local, deixando-o bem mais escuro. Ele e Bran então fecharam seus sobretudos, tentando escurecer ao máximo suas silhuetas. Edge colocou o cabelo para dentro do sobretudo, diminuindo a área clara que ficava aparente. Esconder-se-iam na escuridão e nas pilastras enquanto Ramsay faria o mesmo. Uma brincadeira de gato e rato aonde um erro poderia significar a morte. Edge e Bran se esconderam o mais longe possível de Ramsay que, por sua vez, tratou de se posicionar no meio da sala, atrás de uma pilastra central. Dessa forma, estaria o mais próximo possível de qualquer um dos dois não importa aonde estivessem. Aproveitou o entulho e começou a arremessar blocos e partes do teto caído nas pilastras. O impacto era tanto que elas chegavam ao ponto de rachar. Era muita força concentrada. Edge não podia disparar à esmo ou entregaria sua posição. Bran por sua vez não tinha como acertá-lo de longe e garantir que não entregaria sua posição. Foi quando relembrou-se de Emma. Olhou para Purgatorio, que havia caído junto com o entulho. Estava bem mais próxima de Ramsay do que preferia. Deu uma pequena batida na coluna em que estava, alto o suficiente para que Edge escutasse. Era um sinal. Edge então saiu de sua cobertura. Disparou três vezes contra Ramsay. Este, por sua vez, identificou sua posição. Saiu em direção ao caçador. Enquanto isso, Bran se movia em silêncio atrás de Purgatorio. A empunhou finalmente quando Ramsay se aproximou da pilastra em que Edge se encontrava. Edge aproveitou e girou seu corpo para o lado, rodando pela pilastra e chutando-a no exato momento em que Ramsay iria derrubá-la, saltando para o lado. Deu dois passos na parede logo ao lado de Ramsay e correu para outro ponto, atirando nas fontes de luz daquele local e deixando aquele canto completamente escuro. Edge então correu para se esconder em uma das áreas que deixou escuras por completo. Entrou na área e desviou-se para uma meio iluminada. O esconderijo escuro era o mais provável que tomasse, o que dava uma certa segurança. Ele apostava na probabilidade que Ramsay acreditaria de ele ter se escondido no lugar mais seguro. Enquanto isso, Ramsay aproveitou-se e voltou para a luminosidade, aonde foi surpreendido por um raio de energia vindo do solo que explodiu em si. O dano havia sido considerável em seu corpo. Suficiente para que cuspisse sangue. Limpou-o com as mãos e pôs-se a procurar o causador. Era Bran, canalizando os sentimentos negativos de Purgatorio e arremessando-os contra o oponente, exatamente como Emma o ensinara. Foi quando Ramsay sorriu e começou a falar calmamente.

– Nada mal. Vocês são bem melhores do que imaginava. Mas me diga... Edge. Esse é seu nome, não? Faz tanto tempo que sequer me lembro bem.

– Como sabe meu nome? De onde me conhece?

– Oras. Não se lembra do incidente que causou na Magnum? Eu era um dos cientistas que cuidavam do projeto, ao lado do senhor Mynatt. Ah, como ele era um gênio. Pena que você saiu de controle, não é mesmo, meu espécime querido?

– C-Como ousa falar assim! Eu... Eu não fiz nada!

– Não fale assim comigo. Você sabe muito bem o que fez. Todos sabemos, não é mesmo? Até aquele seu parceiro... Como era o nome dele mesmo? Não importa. Eu tenho certeza que ele também sofreu por sua culpa. Mas tudo bem, não é mesmo? Faz tempo e sequer se lembra direito de quantos matou... Da dor que causou. Será mesmo que não é capaz de lembrar-se disso? Eu me lembro muito bem, seu monstro.

– Não... Eu não fiz isso... Eu não quis fazer nada disso... Eu juro. Pela minha vida!

– Sua vida? Como pode jurar por algo que nunca foi seu? Desde o começo de sua vida até hoje, você foi apenas uma marionete! Depois daquele incidente, tudo o que fizemos foi controla-lo como podíamos! Mas o senhor Mynatt tinha outros planos!

– Como assim?

– Me parece que não sabe de nada. Mynatt era um visionário. Conseguiu prever tudo o que aconteceria com a MAGNUM. Ele sabia até... Da traição. Do surgimento da DANTE. Sabia tudo isso. Sabe o que fez? Nada! Ele deixou que tudo acontecesse!

– Porquê? Porquê ele faria isso?

– Algumas vezes o melhor futuro deve ser trilhado com dor e alguns sacrifícios. Não existe caminho fácil, rapaz. Eu não concordava com ele. Realmente não concordava com o que disse, mas cá estou eu, do outro lado, exatamente como ele previu. Somos marionetes no espetáculo promovido por ele! Toda a sua reprogramação... Todas as memórias, tudo. Tudo em você, em sua queridinha que por sinal é filha legítima dele... Aquele bastardo. Foi capaz de coloca-la diretamente em seus planos... De qualquer forma. Tudo em vocês se encaixava perfeitamente. O contexto histórico, social, as pressões externas, internas, a política... Tudo isso havia sido levado em conta, inclusive as decisões pessoais de cada um de vocês. Ele sabia tudo o que viria a acontecer até a organização se reerguer. Ele planejou tudo para que a própria filha assumisse o poder e fizesse uma organização ainda mais forte. Fez o que pôde para colocar todos vocês condicionados à seguir o caminho traçado por ele. E agora, o que sentem, vocês dois? Somos todos marionetes, a única coisa que fiz foi seguir meu papel e sinceramente? Adorei-o. As minhas pesquisas, tudo isso, todo esse poder... É delicioso. E sabe a parte mais interessante? Ele trilhou o plano até o momento em que a queridinha dele subisse ao poder. Dali em diante, tudo estaria às cegas. Sabe o que significa? Que agora, posso acabar com toda essa loucura criada por aquele homem! Que eu posso desfazer tudo o que aquele idiota acreditava! Acreditar em destino e pior ainda, controlar tantas vidas... Tudo isso não é algo que deva ser feito! Em nome da ciência, da minha própria ciência, a mesma que ele acreditou, eu acabarei com a MAGNUM! Esse fruto de uma experiência deturbada!

– Eu... Eu não sei o que fazer. Tudo... Eu não quero aceitar. Não quero. Eu não posso ser uma marionete... Eu... Tenho sentimentos, tenho crenças... Não pode ser.

– Sim, tem suas crenças e sentimentos. Mas não são seus de verdade. Você nada mais é que uma marionete como eu. Ou melhor. Você é pior. Você foi criado para esse papel, nada mais. É uma ferramenta dessa máquina, apenas uma engrenagem para levar o mundo ao estado em que está agora.

E assim, Edge saiu de seu esconderijo. Estava pronto para se entregar. Não sabia o que pensar, o que dizer. A dor em si era grande demais. Sabia que o seu oponente não mentia. Sentia isso em si, mas nem isso conseguia saber se era de si mesmo. Reconhecia o vazio que era. Aquilo era aterrador. Foi quando Bran surgiu das sombras. Apareceu em frente à Ramsay. Suas armas estavam empunhadas.

– É? Realmente, somos instrumentos? E o que tem isso? Desde sempre não esperava ser mais que isso! Não acredito que fosse faria diferença minha presença aqui ou não. Nem a daquele idiota! Se não fôssemos nós, teriam escolhidos outros. Mas somos nós. Nós moldaremos o futuro. Como ferramentas ou como pessoas. Se ele é vazio, então quer dizer apenas que ele pode ser o que quiser. E como disse, nada foi planejado daqui para frente, não? Então estamos livres. Não somos ferramentas! Edge. Não caia nessa! Não se deixe abater. Sendo verdade ou não, ele só nos contou isso para nos abalar emocionalmente e desarmar nossas estratégias! Percebe como ele apenas contou isso quando ficou em perigo? Isso nada mais é do que uma distração!

– Eu... Eu não sei o que fazer. Mesmo. Bran...

– Edge! Não seja idiota! Eu não vou esperar você se decidir. Vou continuar no caminho que eu escolhi. O caminho que se abriu pra mim. Somos todos vítimas de circunstâncias nesse mundo. Acha que não sinto dor apenas de olhar pra você e lembrar o que me causou? Mas isso não importa! É o caminho que nos foi traçado. Se há alguém para culpar é o senhor Mynatt! Não eu, nem você. Temos que nos unir mas não irei esperar você agir quando quiser. Temos uma missão e irei cumpri-la.

Bran pensou que o que falou iria trazer Edge de volta, mas não tinha certeza. Independentemente disso, precisava agir. O oponente estava enfraquecido. Aquela tentativa de ataque emocional era a prova. Preparou-se inclusive para o pior. No fundo, sabia que não haveriam muitas chances de enfrentar o oponente de perto. Sem truques, eles perderiam, mas não tinha outra opção. Avançou. Foi parado por uma ordem familiar.


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