Devil Hunter E - A inspiração de ChrysopoeiaRPG escrita por Cian


Capítulo 36
Hunt 35 - Laboratory




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– Entre por favor.

E então as portas se abriram. Uma sala bastante ampla de tonalidade branca se revelou para aquele homem que entrava com os olhos atentos. Olhou bem por todos os lados, procurando a voz que lhe chamara.

– Ouvi seu relatório. Diga-me, realmente sabe aonde se encontra essa base de pesquisa da DANTE?

Os seus olhos se encontraram com a voz que falava. Era uma garota de aparência frágil, mas com um olhar sério e até certo ponto penetrante. Incrivelmente, ele não sentia nada além de admiração ao olhar para aquela jovem encarando o desafio de coordenar toda aquela organização. Ela estava sentada em uma cadeira acolchoada de tonalidade vermelha, dando destaque dentro da sala. De cada lado da cadeira, seus cavaleiros a esperavam terminar de falar. Bran, conhecido na organização, ficava do lado esquerdo, enquanto Edge, alvo de alguns boatos com relação à seu envolvimento com a líder, estava à direita, de braços cruzados. O jovem então voltou a si depois de analisar tudo. Tinha um cabelo castanho. Que mantinha preso num rabo de cavalo, deixando sua face à mostra. Seus olhos finos e castanhos pareciam esculpidos naquela face tão estranha. Edge reconheceu o rosto que lhe chamou atenção no dia do renascimento da organização. Aquele jovem era a figura oriental que vira anteriormente. Realmente, não parecia ser dali. Se destacava muito fácil visualmente do resto da organização. Nesse dia trajava uma espécie de manto branco cheio de gravuras em preto que lhe caía até os pés. Suas mãos estavam encobertas em mangas longas. Respirou fundo e tratou de falar.

– Sim. Sou Fung Wei, milady. Eu tive acesso durante uma de minhas patrulhas nas regiões afastadas de Puritah à uma informante antiga da MAGNUM que já nos ajudou a fugir de ataques da DANTE no período da caçada aos membros. Ela me informou que eles possuem uma base de pesquisa ao sul de Puritah. O conteúdo da pesquisa não sabia me informar, disse-me que essas informações eram de relevância máxima dentro da organização, não teve acesso à isso, mas acho que vale a pena a visita para tentar descobrir mais, milady.

– Está me dizendo que deixaram uma informante viva por tanto tempo sem ser pega e que ela ainda conseguiu descobrir algo que eles dão tanta importância assim de maneira fácil? Isso me parece uma armadilha.

Nina realmente estava crescendo. Sua leitura constante e estudos deixaram sua mente afiada. Aliando isso aos conselhos de Bran e ao apoio de Edge, ela se tornava cada vez mais uma figura de líder e menos a figura de garota indefesa. Gostava daquilo. Sentia o crescimento em suas palavras. Conteve seu sorriso. Voltou-se para Fung, esperando uma resposta.

– Milady, a fonte até hoje foi confiável, pode perguntar à qualquer membro antigo da organização. Caso não esteja confiando em minha palavra, eu mesmo acompanharei a visita à base. Só peço que acredite em mim e me dê essa chance, milady.

E Nina logo pensou nas possibilidades e custos de cada caminho que se desdobrava à sua frente. Caso aceitasse a proposta de Fung, poderia cair em uma armadilha e ter perdas, o que a desmoralizaria frente à organização. Era preciso agir com cautela nessa posição de liderança recém-instaurada. Falhar poderia significar a dissolução da organização pela descrença em seu líder. Caso recusasse a proposta, poderiam interpretar aquilo como fraqueza. Todos na organização nutriam uma rivalidade e um ódio crescente pela DANTE e se soubessem que perderiam uma chance como essa, poderiam ficar revoltados. Nina então respirou fundo e fechou seus olhos. Estava em uma encruzilhada mental. Precisava dar uma resposta à Fung, mas não sabia exatamente por onde começar. Sentiu as energias no local. Fung trazia uma admiração gigantesca por ela, mas ela conseguia sentir algo mais. Um sentimento de pena, guardado fundo em seu coração. Ao ser questionado sobre isso, se assustou repentinamente e respondeu, com um medo considerável.

– E-Eu... Acho que milady carrega um fardo pesado demais para si... É tão jovem e já carrega decisões que podem causar dezenas de mortes...

Nina refletiu sobre o que ouvia. Acabou por deixar o sorriso escapar. Realmente. Talvez devessem sentir pena dela naquele momento, mas era tarde demais para recuar. Seu olhar se tornou firme novamente e ela falou, com a voz autoritária que Bran a ensinara.

– Vamos atrás dessa informação. Mas eu tenho uma condição. Edge, Bran, vocês dois vão juntos. Mandarei vocês dois e Fung. É a decisão mais apropriada no momento. São nossa maior força de combate com toda a certeza. Caso algo dê errado, a organização falará da morte de dois membros ao invés de dezenas. Além disso... Não acredito que falharão. Vocês são meus cavaleiros, não? Fung! Mostre-os o caminho e principalmente... Tome cuidado. Por eles e por você. Obrigado pela consideração quanto à sua pena.

Acabou sorrindo. Sentiu uma simpatia pelo homem com quem falava. Ele parecia uma boa pessoa embora demonstrasse ser um pouco covarde. Assim, encerrou a conversa. Antes de sair, Nina comentou com Bran.

– Chame Julie. Preciso dela aqui o mais rápido possível.

– Como quiser, milady. Chamá-la-ei e ela deve chegar aqui até o final da tarde.

– Muito obrigado. Agora vocês dois podem se retirar e quero que saiam o mais rápido possível para essa missão. Não podemos perder essa chance. Se preparem para tudo e bem... Tomem cuidado, por favor. Não quero perde-los.

Os dois falaram em uníssono.

– Como quiser, milady.

E assim saíram, deixando Nina sozinha. Ela ficaria lá esperando por Julie. Tinha coisas a debater. Sua mente estava inquieta, pensando nos possíveis desdobramentos de sua escolha. Não podia falhar. E assim, deixou sua mente trabalhar enquanto tentava se distrair na espera por Julie.

Enquanto isso, Edge e Bran se dirigiam para o ponto de encontro com Fung. Iriam no carro de Edge. Encontraram o homem, que agora trajava uma regata negra com inscrições em branco de alguma linguagem que eles mesmo não conheciam. Se entreolharam e acharam melhor deixar as perguntas para depois. Os três se dirigiram ao carro de Edge. Na garagem da organização haviam outros carros, mas todos já estavam com o selo da organização. Edge preservou seu carro intacto. Para uma missão de infiltração como essa, era melhor não abusar da sorte. Entraram no carro. Estavam os três em silêncio. Edge e Fung iam no banco da frente, enquanto Bran ia deitado no banco de trás. Edge pensou em reclamar, mas novamente deixou para um momento mais oportuno. Apenas suspirou. Fato esse que Fung não deixou de notar, dando um risinho abafado. Ele se sentia bem em meio àqueles dois. Eles pareciam pessoas confiáveis. Edge viu o quanto ele seria dependente nessa missão. Sua mente se focou no fato de que talvez estivessem indo para um armadilha. Carregava consigo suas armas, mas sem Nina, não teria acesso aos Sephiroth. Precisaria usar simplesmente suas habilidades e a sinergia crescente com Bran. Partiram da MAGNUM sem olhar para trás.

Foram algumas horas numa estrada antiga. Acidentada, fez com que Bran soltasse um ou outro comentário ácido sobre a forma como Edge dirigia e sobre a maciez do banco aonde se deitava. Todos esses comentários foram silenciados com um simples “Cale a boca!” de Edge. Bran esboçava um sorriso cada vez que ouvia esse tom de irritação na voz de Edge. Acabou por notar isso e fechou-se novamente em sua máscara de falta de expressão. Edge por sua vez tentava afastar da mente o fato de deixarem Nina sozinha. Caso a DANTE atacasse com todas suas forças o quartel general, não estariam lá para proteger. O pensamento era afastado por se lembrar que a DANTE não faria algo às claras tão cedo. Precisava se fortalecer mais caso quisesse enfrentar um continente inteiro opondo suas ações. Voltou-se à direção. Olhou discretamente em direção à Fung, que aparentava estar dormindo apoiado em sua mão direita. Olhos fechados e uma expressão serena. Como ele conseguia manter essa expressão numa situação perigosa como essa? Aquele pensamento incomodou Edge. Foi quando percebeu. Ele não estava em perigo real. Tinha os dois para protegê-lo. Confiava sua vida nas mãos dos dois hunters que o acompanhavam. Era sua missão apenas relatar o que visse lá dentro, enquanto os dois eram um grupo de extermínio, eliminando qualquer força opositora dentro do laboratório. Deixou-se levar por esses pensamentos enquanto dirigia. O Sol estava quase perpendicular ao solo, iluminando tudo. Era um dia mais quente que o normal. Suspirou. Em algumas horas deveriam chegar.

E chegaram. Fung acordou e olhou ao redor. Ao que tudo indicava, ele sabia para onde ir dali em diante. Era um ambiente simples. Uma planície esverdeada e tranquila, sem construção nenhuma. Edge e Bran desceram do carro junto com o companheiro que carregavam consigo. Ele indicou o caminho. Seguiram reto por um longo tempo. O carro ficou para trás e sumiu de vista. Foi quando pararam bruscamente. Fung então disse.

– É aqui. Preciso de ajuda. Edge. Você poderia empurrar aquela pedra à esquerda para frente?

E assim, empurrou outra. Edge notou que sua pedra parecia bem mais pesada do que deveria. Foi quando, ao movê-la, viu por baixo algo que parecia um circuito elétrico. Ouviu um estalo em sua pedra e na pedra que Fung empurrava. Ambas não se moviam mais do que onde chegaram. Foi então que o solo se abriu. Era um laboratório subterrâneo. A terra que se erguia era artificial e não se diferenciava em nada de qualquer outra parte daquela planície. Isso ergueu um questionamento em Edge. Aonde seus inimigos poderiam estar? Em qualquer lugar. Nenhum lugar era seguro. Eles podiam estar abaixo do solo em qualquer parte daquele continente. Seria muito mais difícil acabar com essa praga agora. Teve um momento para retomar a compostura. Olhou para Bran, que assentiu com a cabeça. Eles estavam em uma sintonia ainda maior. Não pareciam precisar de palavras naquele momento. Ambos se assustaram com essa percepção, mas deixaram de lado novamente. Não tinham tempo para reflexões como essas no momento. Desceram o que pareciam ser escadas de metal, sempre acompanhados de Fung. Era uma descida bastante longa, o que levou Edge a crer que eles estavam muito mais profundos na terra do que imaginava. Um pensamento fúnebre passou por sua mente. Sete palmos. Voltou novamente ao ambiente externo e notou que haviam parado de descer. Uma enorme sala quadrada os esperava. Nela, o ambiente era bastante peculiar. De tonalidade escura, a sala era iluminada por tochas. Tochas que queimavam um fogo roxo que Edge jamais vira antes. Bran logo deduziu.

– Magia. Eles estão usando Magia nesse lugar. Isso está cada vez mais perigoso, mas não há dúvidas. Esse lugar fede à DANTE.

E assim, avançaram pela sala. Estava completamente vazia. Era um fato estranho, mas aceitável. Foi quando começaram a ouvir um barulho considerável vindo de uma porta dupla de metal logo à frente. Era um barulho de pancadas espalhadas pelo ambiente. Não vinham apenas de um lugar e sim de vários diferentes de maneiras descoordenadas. Eram sons independentes. A porta estava trancada, mas Bran logo deu um jeito de destruí-la por completo com um movimento da Purgatorio. Fez isso e recuou no mesmo instante, prevendo um possível ataque surpresa. Foi quando, ao abrir, encontraram demônios. Vários. De aparência única, as centopeias gigantescas se contorciam por entre as salas, corroendo rapidamente as paredes e todo outro material lá exposto. Assim que a porta caiu, a atenção delas recaiu totalmente naqueles três homens que agora se encontravam em perigo. Fung recuou e se afastou rapidamente, correndo para um canto. Edge entendeu que não era um ato covarde em si. Se ficasse, só atrapalharia. Deu um aceno com a cabeça para o homem e seguiu com Bran para dentro da sala. Haviam em torno de doze Centipedes, como eram chamados aqueles demônios. As bocas de aparência humana na sua extremidade eram bastante perturbadoras, mas Edge e Bran estavam acostumados. Correram sem hesitar em direção à essas criaturas, que também se puseram em marcha contra os dois. Bran percebeu que usar Purgatorio de maneira defensiva seria uma falha. Elas poderiam atravessar a espada facilmente com aquelas bocas. Olhou para Edge e ele logo entendeu. Edge saltou para o lado, focando cada uma das criaturas separadamente. Acertou a boca de seis delas, que se puseram em marcha contra o caçador. Bran por outro lado aproveitou para avançar contra as seis que estavam distraídas. Correu um pouco e adquiriu velocidade antes de lançar sua espada verticalmente. Ela rodou pelo ar, cortando-o em um barulho enorme e chegou às seis criaturas. Cortou-as no meio sem muita resistência. Assim como eram fortes e corrompiam qualquer coisa, não eram muito resistentes por si só. Bran saltou e pegou sua espada novamente sem um arranhado sequer. Edge aproveitou e avançou contra as outras seis. Sacou suas duas adagas e partiu em um ataque frontal. Bran ia logo atrás, dessa vez com suas espadas gêmeas retiradas de dentro da Purgatorio. Elas emitiam um certo brilho branco, mas Bran não teve tempo de pensar nisso. Tratou de ir logo atrás de Edge. Ele era um alvo. As criaturas todas focaram o caçador que ia à frente, tentando devorá-lo. Edge usou sua agilidade e se esquivou de todas com movimentos bruscos. Bran, que ia logo atrás apenas aproveitava o erro das criaturas e as decepava com suas espadas sem hesitar. Os dois estavam realmente conseguindo reagir bem juntos sem precisar de palavras. Feito isso, guardaram suas armas. A sala estava totalmente destruída. Bran guardou as espadas, agora notando o brilho. Tinha uma teoria, mas era algo que não poderia testar tão cedo. Precisava de mais tempo. Continuaram a prosseguir no Laboratório, procurando alguma pista. Fung saiu de seu esconderijo e logo estava atrás dele, tirando fotos e guardando anotações sobre cada coisa que viam.

Foi quando ouviram uma voz grossa. Ela falava de um jeito animado, mas ao mesmo tempo demonstrava uma certa idade. Vinha de caixas de som espalhadas pelo laboratório.

– Sejam bem vindos, cãezinhos! Estão prontos para serem enterrados por mim à sete palmos do chão? Primeiro acho que devo me apresentar.

– Tsc. Então era mesmo uma armadilha. Bem. Só precisamos acabar com esse homem e estaremos fora daqui.

E assim em todas as telas que o laboratório tinha, uma face se projetava. Era um homem já com uma idade avançada. Seu cabelo avermelhado assim como seu bigode e sua barba faziam dele uma visão ambígua. Falava com energia e entusiasmo, mas tinha a aparência de ter uma idade avançada. Ele deu uma risada bastante aberta e alta ao observar os três que estavam dentro do laboratório. Começou então a falar novamente.

– Acabar comigo? Acredito que os cãezinhos terão mais trabalho do que esperam. Bem, devo me apresentar, não, jovens? Sou o Doutor Ramsay, mas podem me chamar de Número 4. Sou um dos coordenadores de pesquisa e desenvolvimento da DANTE e eu lhes dou as boas vindas à nosso campo de batalha. Espero que estejam prontos para morrer.

E assim, a voz cessou, os monitores se desligaram e eles ouviram um som grande vindo ao longe. Algo atropelava as portas mais à frente como um tanque de guerra. Não parecia que iria parar tão cedo. Foi quando surgiu a figura enorme de um homem coberto por restos de entulho que retirou com uma suavidade anormal. Atrás de si, um enorme buraco na parede causado por ele mesmo. Seu cinto enorme em sua cintura e sua capa escarlate que envolvia parte de seu pescoço até o começo de uma roupa escura. Ele era bastante forte mas o estrago que causara com seu corpo era absurdo. E assim, ele deu as boas vindas à Edge, Bran e Fung.

– Bem vindos, jovens, ao meu Coliseu.


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