Devil Hunter E - A inspiração de ChrysopoeiaRPG escrita por Cian


Capítulo 34
Hunt 33 – Sephiroth




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Suspiravam. Estavam bastante cansados. Já era noite e não haviam saído dali. Bran mesmo havia se retirado e trazido comida para ambos, que sequer perguntaram o que estavam comendo. Edge e Nina estavam próximos um do outro. Ela, de olhos fechados, esticava suas mãos em direção a ele, que empunhava as duas adagas. Suas mãos escorriam sangue por entre feridas tratadas por Bran. A dor era grande, mas ele suportaria. Nina sentia a mesma dor graças à sua habilidade. Sentia o esforço de Edge mas ao mesmo tempo, sua determinação a motivava. Ela sabia que ele não queria desistir. Sabia que ele estava suportando aquela dor por dois motivos bem distintos. O primeiro era inconsciente, uma tentativa de se “aceitar” melhor, descobrindo seu verdadeiro potencial. A segunda era muito mais óbvia. Ele queria protege-la. Queria ser mais forte para ser capaz de evitar situações como as que a fizera passar. Aquilo por um lado a alegrava, trazendo um calor para seu coração mas ao mesmo tempo, a dava um calafrio de imaginar tudo o que ele passava por ela. Fechou seus olhos e se concentrou novamente.

– Mais uma... Vamos tentar mais uma vez!

– Nina... Você aguenta?

– Eu... Eu estou bem. Estou preocupada com você.

– Não se preocupe... Eu aguento mais algumas vezes...

E assim, Edge fechou seus olhos também. Manteve-se concentrado. Bran havia explicado perfeitamente sua visão. Aquela manifestação ao qual estava acostumado era incompleta. Aquelas raízes eram apenas a arma tentando voltar para seu dono, como uma parte de sua existência. Autodefesa aplicada à um nível bem maior do que planejavam, acreditava Bran. A adaga o protegeu como pôde. O problema se dava no fato de que sem controle, ela poderia sair em um frenesi. Era preciso domá-la. Foi para isso que essa sala havia sido criada. Estavam isolados e lá, Bran acreditava ser capaz de conter as armas caso algo desse errado. Nina era a segunda parte do plano. Com seu poder de ler energias, era capaz de avisar Edge da quantidade de energia certa a aplicar. Mais que isso. Bran tinha confiança nos planos deixados inacabados pelo pai da garota. Ela era a chave, ou melhor, o cadeado. Sua presença era capaz de inibir a influência da arma de Edge. Bran logo criou uma teoria bastante boa e que se encaixava como uma luva nos planos que acreditou terem sidos deixados pelo senhor Mynatt. Nina tinha dentro de si a capacidade de selar e controlar Knights. Ela foi a única com essa habilidade a surgir, acreditava ele. Como filha do cientista chefe do projeto e possuindo o dom único com o qual passou a conviver, ela era a candidata perfeita. Seu pai havia dado à ela essa habilidade única. Ao que parecia, ele realmente era um visionário. Todos dançavam segundo a música do pai daquela garota. A explicação dele voltara. Nina precisava se concentrar ao máximo em conter Edge. Bran não sabia exatamente como fazer isso, mas esperava que ela descobrisse. Edge, por sua vez, deveria se concentrar em tentar liberar as adagas novamente. Ao que parecia, elas reagiam quando sua vida era posta em perigo, o que reforçava a teoria da autodefesa de Bran, mas era preciso que ele fosse capaz de controlar quando acontecesse.

No começo, não funcionou nada bem. Foram duas horas de tentativas frustradas de se descobrir como se iniciar o processo inteiro. Foi depois de vários métodos diferentes que finalmente obtiveram algum resultado considerável. Edge conseguiu manifestar a adaga quando se concentrou em Nina, pensando apenas em protegê-la. Parecia que a vontade e o sentimento que ele tinha por ela eram extremamente potentes, capazes de liberar tal energia. Por um momento, Edge pensou se isso também não havia sido programado, mas afastou tal pensamento. Não gostava de se ver como uma marionete dançando uma música escolhida previamente. Esse pensamento rondou seu treinamento o tempo todo e cada vez que voltava, a situação fugia um pouco do controle. Seu braço havia sido perfurado uma quantidade de vezes considerável pelas “raízes” que saíam da adaga desde que começara a treinar. Cada furo novo era uma dor que o fazia morder forte o próprio lábio, mas sem gritar um minuto sequer. O sangue em seu lábio era a prova do quanto estava se esforçando para conseguir. Nina também se cansava. Ela conseguia impedir as raízes de atacar, suprimindo-as a apenas causar dano à Edge. Ainda não era capaz de controla-las e impedir que atingissem seu parceiro. Aquilo doía nela tanto quanto cada furo no braço de Edge. Tiveram pequenas pausas, nas quais Edge bebia muita água e tentava tirar o gosto de sangue da boca. Além disso, Bran cuidava de todos os ferimentos com o máximo de cuidado.

– Está indo bem, Edge. Estamos progredindo. Vamos lá, você consegue. Nina, também está indo muito bem, estão melhorando cada vez mais.

Agora, estavam exaustos. Cansadíssimos, Edge e Nina tentaram mais algumas vezes. O cansaço era tanto que Edge acabou por se desligar mentalmente. Parou de pensar no que o levou ali. Pensava apenas em Nina e no esforço que ela fazia para que ele conseguisse. Pensava apenas nela, puramente em protegê-la e cuidar dela. Pensava no sorriso dela e em cada beijo que já tiveram. Pensava principalmente em como tê-la ao seu lado para sempre. Ela, por sua vez, sentia isso. Se entregou ao cansaço também e parou de pensar qualquer outra coisa. Eram só os dois naquele momento. Todas as luzes ao redor se apagaram na mente dos dois. Em dois holofotes bastante fortes e eles estavam em foco. Um via apenas o outro. Foi nessa situação que algo fantástico aconteceu. Edge e Nina tentaram mais uma vez. Dessa vez, a sincronia foi bem melhor. As raízes começaram a sair da adaga, mas foram se tornando cada vez menores, até desaparecerem. Junto delas, a adaga sumiu das mãos de Edge. Ele sentia uma energia quente em seu braço. Sentia-se mais vivo. Esticou seu braço. Nina o observou e concentrou-se. De olhos fechados, ambos sentiram que algo estava acontecendo. Sentiam o calor surgir no ambiente quando um cristal enorme surgiu na frente de Edge, vindo de sua mão. Era uma pedra translúcida bastante grande. Saiu da mão de Edge em um flash luminoso e caiu ao solo, num barulho pequeno. Ambos abriram os olhos. Bran estava sorrindo. Os três se aproximaram da pedra, que emitia uma luz bastante quente. Era como se estivesse viva. Foi quando Edge a viu pulsar levemente. Estava viva. Ele logo percebeu. Era parte dele. Aquele cristal fazia parte dele. Estava vivo, assim como ele. Foi quando Bran interrompeu.

– Então, Edge, Nina. Cá está o fruto de todo esse esforço. Vocês conseguiram. Foi apenas uma pequena demonstração, mas já é algo. Isso, meus caros, é a verdadeira forma de seu poder, Edge. Isso é um Sephira. Isso, meu caro, é a sua própria vida. Você, como Knight, é capaz de manifestar sua energia vital na forma de Sephiroth, cristais de energia vital. Eles são parte de você. Esse é apenas um pequeno, mas aposto que conseguiu sentir, não? Você já sentiu que é parte de você, Edge. Nina, eu sei que consegue sentir Edge nele, não é mesmo? Então. Minha teoria se confirmou novamente. Deixe-me explicar.

Então Bran começou a explicar. Ele havia pesquisado muito durante esse período em que estava ausente preparando Babel para seu retorno triunfal. Com a ajuda de Julie, foi capaz de recuperar vários arquivos corrompidos de todo o projeto Knight. Pelo menos à primeira vista pareceu isso. Eles haviam sido deixados lá propositalmente. Bran poderia encaixar as peças agora. O pai de Nina havia novamente deixado essas pistas para trás. Como ele sabia de tudo o que viria a acontecer? Não podia se questionar disso. O que sabia é que arquivos sobre todo o projeto foram encontrados por Julie, que os repassou a Bran. Ele visitou cada um dos pontos de extração de informações da antiga Magnum e recuperou tudo o que pôde. Continuou a pesquisa sobre os Knights com as informações que pôde obter e com isso, chegou à essa conclusão. Devia tudo isso àquele que parecia prever todo o futuro, mas tentava evitar pensar nisso. Seria então ele mais uma parte desse espetáculo? Não, ele queria mais. Ele não seria marionete de ninguém. A Magnum estava novamente viva como sempre quis e dali para frente, eles traçariam seus próprios destinos. Pelo menos tentava acreditar fortemente naquilo. A explicação foi bastante forte do ponto de vista de conteúdo, com Bran dando dados técnicos e lógicos sobre o funcionamento da arma de Edge, mas o que importava para os dois não era nada relacionado ao Sephira que geraram. O que importava realmente era aquela sensação. Aquela sensação única de serem apenas os dois no mundo. Sem preocupações e sem manipulação de ninguém. De serem apenas os dois. Seria então aquele palco algum dia apenas dos dois ou teriam que seguir sempre os papéis que lhes eram entregues? Não sabiam a resposta para essa dúvida, mas depois daquela sensação, esperavam realmente que esse dia chegasse logo. Edge então retornou ao estado normal. A adaga retornou para sua mão assim que parou de se concentrar. Tentou novamente e ela voltou a sumir. Bran sorriu.

– Me parece que finalmente vocês dois são um só. Fico muito feliz.

Edge não sabia se ele falava de Nina ou das adagas, mas sorriu mesmo assim.

– Realmente. É bom... Agora seria bom ter um descanso. Estamos cansados. Bem cansados. Mas precisamos treinar novamente, Bran. Eu quero ser capaz de controlar isso perfeitamente. Conto com vocês. Nina... Milady. Obrigado por tudo.

Era a primeira vez que Edge a chamava assim. Era uma demonstração de respeito acima de tudo. Ele a aceitou como líder. Aquilo abriu um sorriso grande em seu rosto, que segurou novamente lágrimas. Não seria uma garotinha, seria uma líder. E com isso, agradeceu de volta e partiram os três para seus novos aposentos. O Sephira em mãos era reconfortante. Aquele cristal sempre o lembraria da sensação que teve com Nina naquele momento. Assim, entrou em seu quarto e adormeceu com o cristal firme em suas mãos.


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