Devil Hunter E - A inspiração de ChrysopoeiaRPG escrita por Cian


Capítulo 32
Hunt 31 - Loyalty




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Lá se encontraram. Afastaram-se dos outros membros recém chegados. Os 3 se dirigiram sem hesitar para o aposento de Bran. Ele guiava Edge e Nina tranquilamente, sem demonstrar a menor pressa. Entraram no quarto. Era um quarto pequeno, sem nenhum detalhe especial. As paredes estavam impecáveis, assim como a cama perfeitamente arrumada. Ele se sentou na cama, cruzando as pernas. Fez um gesto para que Edge e Nina se sentassem nas duas cadeiras deixadas lá previamente pelo homem.

– Vamos começar. Primeiro, gostaria de esclarecer todo o meu plano. O porquê de tudo isso. A história da Magnum é completamente verdadeira. E sobre você, Nina. Eu tive as melhores dicas possíveis para imaginar. Foi apenas ligar os fatos. Primeiramente. Você foi um alvo muito importante para a Dante. Eles chegaram ao ponto de criar uma distração para evitar o seu resgate. Realmente, eles a consideravam importante na época. Fato esse que me chamou a atenção. Porquê eles se interessariam tanto por uma garota desconhecida? Acompanhei vocês desde o incidente em Puritah. Nina. Você sabe aonde está a chave para aquele aposento aonde retirou aquelas armas e aquelas informações?

– Eu... Não! Ela sumiu. Bran... Está com você?

– Desculpe-me não ter pedido. Eu tinha que conferir isso por mim mesmo. Chegando lá, não demorou muito. Como membro da Magnum, foi fácil perceber que aquele local havia sido deixado por alguém importante. Logo rastreei as informações e descobri tudo. Não só isso. Aquilo me deu muitas outras pistas. Edge, se me permite, espero que fique calmo até o final do que tenho a dizer.

E assim devolveu a chave à Nina, retirando-a de dentro de seu sobretudo.

– Bran, muito cuidado. Já roubou algo da Nina e eu não estou gostando do rumo dessa conversa.

– Tsc. Não se exalte. Eu apenas fiz o que foi preciso fazer pela Magnum. Por sinal. Me desculpe também por ter feito vocês dois de marionetes. Era preciso, caso eu realmente pretendesse reviver a organização. Eu não pude deixar alternativa para você, Nina, além de aceitar esse cargo. Eu sei que será pesado. Realmente sei. Eu confio no seu potencial. Você é capaz de liderar tudo isso. Eu não estou mais jogando com vocês. Eu chamei vocês dois exatamente para isso. Acabaram os jogos. Eu queria esclarecer tudo o que puder para que possamos juntos cuidar dessa organização.

– Bran. Comece a se explicar então. Você nos jogou nessa trama toda sem uma explicação sequer e nós fomos forçados a aceitar uma parceria apenas para aumentar nossas chances de sobrevivência. O que faz você acreditar que continuaremos aqui?

Edge tinha uma leve irritação nas suas palavras.

– Infelizmente, vocês sabem, tanto quanto eu, que já não há volta. Vocês já são considerados membros da Magnum, especialmente para todos na Dante. Então não há retorno seguro. Ainda mais agora, com Nina declarada a líder da Magnum. Essa notícia já se espalhou, sabia? Agora ela precisa de mais cuidado ainda. O lugar mais seguro para vocês dois é aqui, comigo. E eu garanto que irei protegê-la. Antes, ela não era responsabilidade minha, mas como líder, eu entrego a minha vida à ela sem pensar duas vezes.

E então, Bran olhou em direção a Nina. Ficou de joelhos, com a cabeça abaixada. Disse, num tom calmo.

– Então, Nina, cá estou. De hoje em diante, considere-me seu cavaleiro. Irei servi-la enquanto puder e darei minha vida por você.

Edge o observava, surpreso. Sabia que não havia nenhuma mentira nem brincadeira em suas palavras e para isso nem precisava dos poderes de Nina. O olhar de Bran era outro, completamente diferente. Ele sempre foi leal à organização e assim permaneceria. Nina agora era a chave para toda a organização e por isso, Bran dedicaria sua vida inteira à ela. Edge sentiu um aperto em seu coração. Talvez fossem ciúmes. Não aguentou. Se ajoelhou também, ao lado de Bran.

– Não só ele, querida. Já viemos muito longe para recuar, não? Então, ele não será seu cavaleiro sozinho. Eu estou aqui para isso. Serei seu cavaleiro. Cuidarei de você da melhor forma que eu puder. Como sempre fiz e como sempre farei. Independentemente de isso ser o que fui destinado a fazer ou não, farei isso. Farei isso porquê você é a pessoa mais importante para mim, Nina. Não é pela Magnum, mas por você. Serei seu cavaleiro, sempre.

Bran sorriu. Edge tinha lágrimas nos olhos, mas as segurava. Para ele ainda era uma situação completamente fora de cogitação aceitar que seu destino havia sido traçado desde o começo. Ele nunca aceitaria aquilo. Não era brinquedo de ninguém, mas ao mesmo tempo, o sentimento que tinha por Nina falava mais alto. Ele temia que talvez aquele sentimento fosse apenas parte de sua tarefa, mas no fundo, sabia bem o que significava. Amava-a completamente. Lágrimas corriam pelos olhos de Nina ao olhar os seus dois cavaleiros de joelhos. Ela não conseguia segurar o choro. Caiu de joelhos. Com cuidado, abraçou ambos, segurando suas cabeças. Bran estava completamente alegre. Ela realmente aceitara sua ajuda. Tinha a quem servir, tinha uma organização novamente. Seu plano havia dado certo. A sensação de dever cumprido era confortante. Ao mesmo tempo, doía-lhe o coração pela situação dos dois. Sentia que era seu dever cuidar de ambos. Era isso o que faria. Não deixaria que nada os separasse. Dali em diante, ele não os viu como antes. Não eram mais apenas Edge e Nina. Talvez, fosse a primeira vez desde muito tempo que Bran sentiu-se bem ao lado de alguém. Talvez não percebesse, mas estava feliz por ainda ter a presença dos dois. Escondeu aquele sentimento no fundo de seu coração e voltou à realidade. Abraçou tanto Edge quanto Nina e disse, calmamente.

– Eu sei que talvez tenha causado muito sofrimento à vocês dois, mas cuidarei para que esse sofrimento não retorne. Farei tudo que estiver ao meu alcance por vocês dois... Meus amigos.

Edge não sabia se realmente viu a lágrima que escorreu dos olhos de Bran ou se era apenas uma divagação de sua mente. Soltaram-se do abraço. Bran se colocou de pé, rígido novamente como sempre. Nina estava ao solo, com Edge ao seu lado. Ela ainda chorava. O abraçou por um momento e depois tentou voltar ao seu estado natural. Era a líder de tudo aquilo afinal, não poderia fraquejar tanto. levantou-se, sentou-se na cadeira e disse, num tom levemente autoritário.

– Eu os aceito como meus cavaleiros, queridos. Confio minha vida à vocês, assim como confiam em mim as suas. Obrigado. Vamos fazer dessa organização algo que possamos nos orgulhar, certo?

Bran sorriu. A mudança em sua atitude era nítida.

– Sim, milady. Como desejar. Aproveitando-me disso. Tenho mais algo a explicar. Edge, vamos lá. Sente-se.

E assim o caçador o fez, esperando pelo que Bran tinha a falar.

– Primeiramente. Eu tomei a liberdade de analisar suas adagas. Descobri algo interessantíssimo. Elas reagem somente a um estímulo específico. Você. Nada do que tentei funcionou. Isso me levou a crer que eram suas originalmente. Talvez nunca suas, mas que foram produzidas para serem usadas por você. Você, que é um Knight.

– Knight? Está se referindo àquele projeto? Bem... Eu não sou humano, já entendi essa parte, mas o que realmente eu sou? Como... Como posso saber?

– Simples. O projeto Knight foi desenvolvido para termos uma força tarefa bastante melhorada para enfrentar demônios. Você não é humano, sabe disso. Na realidade, sequer possui um coração. Claro, possui, mas não no aspecto que imagina. Seu coração é um grande aglomerado de magia e energia vital, nada mais.

– Como assim? Eu... Eu consigo senti-lo bater! Eu... Eu estou vivo, não estou?!

– Claro que está. Como eu disse, não é no aspecto que imagina. Existe sim um órgão semelhante, mas não é exatamente um coração. Você é um homúnculo, um humano criado em laboratório. Não diria uma máquina. Não, você é muito mais que isso. Realmente é um humano, mas possui dentro de si um dom único, concebido apenas aos Knights, aqueles que foram criados para o projeto. Lembra-se das raízes? Posso explicar tudo o que aconteceu em detalhes. Foi uma investigação considerável, por isso a demora, me desculpe. Também não sabia se seria correto contar antes de saber sua posição quanto à permanecer na Magnum, mas já que decidiu ficar, nada mais justo do que te explicar toda a verdade. Por onde começamos?

Bran se sentou. Pediu um minuto e começou a falar depois de tomar um pequeno gole de água num copo próximo.

– Bom. O projeto tinha como conceito a produção de uma dupla sincronizada. Arma e Knight. Ambos só seriam reconhecidos entre si e não poderiam ser usados por outras pessoas quaisquer. Posso dizer que essas adagas são parte de você, Edge. Não conseguiu sentir isso naquele primeiro incidente, quando ela tentou à força tomar seu corpo? Elas são parte de você, Edge, e não há como reverter isso. Bom, avançando nessa situação. Elas te atraíram, Edge. Isso fazia parte da sua “programação”, por assim dizer. Desculpe-me se o ofendi, mas é a verdade. Continuando. Depois de toda essa confusão, eu percebi um detalhe fantástico. Uma jogada excelente de seu pai, Nina. Você não tem esse dom à toa.

– C-Como assim?

– Simples. Seu dom consiste na leitura de energias, certo? E se eu te dissesse que tudo o que Edge precisa para se tornar mais forte é ser capaz de entender melhor as energias internas e como lidar com elas em parceria com as adagas? Se eu te dissesse que ele precisa de você para se tornar mais forte e que isso tudo foi planejado desde o começo? Vocês dois formam um par exato. Se completam nas habilidades. Foi por isso que você foi escolhida como protegida dele. Na realidade, os dois se protegerão. Você, Nina, é capaz de suprimir e até controlar essa energia que emana do coração dele. Sem você, ele não conseguirá controlar essas armas. Portanto, apenas estou dando continuidade aos planos originais de seu pai, milady. Posso ajuda-los a coordenar isso. Para isso, espero que tenham um pouco de paciência. Estou preparando algo fantástico para vocês. Precisarão esperar alguns meses. Mas acho que por enquanto, as informações são suficientemente boas. Os detalhes de funcionamento de seus poderes, Edge, e como controla-los, Nina, contarei na hora certa. Por enquanto apenas relaxem. Vocês dois foram engrenagens muito bem posicionadas nesse quebra-cabeça que eu estou construindo aos poucos, graças ao seu pai. Então, milady, Edge, se tiverem a gentileza, gostaria de fazer uma ligação em particular. Obrigado realmente pela paciência e espero que as coisas tenham ficado mais claras. Peço apenas paciência de vocês e eu garanto, pela minha alma, que valerá a pena. Garanto também a segurança de vocês dois, em nome da Magnum. Até depois.

E assim, Edge e Nina saíram. Um sentimento estranho pairava no ar. Edge ouvira o que tentava esconder sempre. Não ser humano era algo que o atingia e feria mais do que tudo, mas saber o que era exatamente era reconfortante. Ao mesmo tempo, sentia-se bem. Nina era seu par. Eles foram feitos um para o outro. Seria isso uma brincadeira do destino? Talvez ele devesse apenas rir e participar desse espetáculo desempenhando seu papel designado. Talvez, devesse simplesmente ignorar todo o espetáculo e seguir seu rumo com Nina. O que ele sabia é que agora, a melhor decisão de todas era tentar absorver tudo o que ouviu e esperar por Bran. Nina retornou sozinha para seu quarto. Iria descansar. Edge também se dirigiu ao seu, deitou-se em sua cama e ficou a observar de longe as adagas, colocadas sobre a pequena mesa. Os pensamentos fluíam em sua mente. Toda a dor que sentiu naquele evento, tudo voltou à sua mente. E assim, adormeceu em meio a muitas dúvidas, mas principalmente, em meio às respostas que procurou.


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