Devil Hunter E - A inspiração de ChrysopoeiaRPG escrita por Cian


Capítulo 31
Hunt 30 - Rebirth




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Havia um certo tempo que Bran não via Edge e Nina. Assim que chegaram, ele os chamou para uma sala especial. Precisavam conversar.

– Bran. Estamos realmente cansados. Amanhã conversaremos.

– Não. Isso é vital. Importantíssimo. Preciso de vocês agora. É algo que tem que saber. Está na hora de saberem toda a verdade.

– Verdade? O que está falando?

– Eu consegui entrar em contato com a Julie. Ela conseguiu transmitir a mensagem muito bem por aí. Estamos prontos.

– Prontos? Do que está falando?

– Estou falando da Magnum. Está na hora dela renascer.

– Renascer?

– Acha mesmo que nossa organização seria apenas esse quartel general pequeno? Isso é o que sobrou dela. Vou te contar toda a história. Sentem-se.

Então Bran começou sua história. Seguindo a tragédia que ocorreu no laboratório que eles já conheciam bem até demais, começou-se um período sombrio na Magnum. A credibilidade de Bran dentro da organização, assim como a própria confiança de todos os membros caía a cada dia mais. Desertores surgiram. Muitos deixaram-na para trás. Se ela não era capaz de proteger os próprios membros de algo que eles mesmos criaram, não era uma organização séria. Era esse o discurso, mas na realidade, estava claro que era o medo de ser uma vítima caso acontecesse mais alguma situação como aquele incidente. Aproveitando-se disso, um grupo pequeno de executivos e membros poderosos da organização deserdaram. Sumiram sem mais pistas. Entre eles, Cless. O olhar de Bran se abaixou ao se lembrar do antigo amigo. Voltou-se à história. Com essa deserção enorme, surgiu então a Dante. Uma organização criada para se aproveitar dos conhecimentos da Magnum e assim conseguir uma supremacia política e social. O potencial daqueles experimentos e dos agentes da Magnum era atrativo demais. A ganância corrompeu todos dentro daquela instituição e ela se quebrou. A Dante ganhou força. Aqueles da Magnum que se opunham eram caçados sem dó. Muitos agentes morreram apenas por estarem cumprindo seu papel. Foi uma época horrível para a organização. Então, ela finalmente foi declarada como morta. Pelo menos, para todos. Bran não se renderia tão fácil. Desistir de tudo o que passou, de tudo o que viveu naquele ambiente, de toda sua vida e seu treinamento era fora de cogitação. Enquanto todos desistiram e se esconderam com medo de uma retaliação, Bran continuou. Solitário, segurava sozinho todo o peso de uma gigantesca organização decadente. O que sobrou para si foi uma pequena base escondida, a mesma aonde se encontravam, e alguns operativos afastados que mantinham a mesma funcionando. Toda e qualquer verba externa havia sido cortada. Bran pagou toda a existência até o momento da Magnum com seu próprio dinheiro. Ele não deixaria seu sonho morrer. Não deixaria a Magnum acabar, nem que fosse o último homem de pé lutando por ela.

E era. Pelo menos até Edge e Nina surgirem. Bran não tinha escolha à não ser aceita-los como parte de seu grupo. Precisava deles para tentar restaurar a honra de sua organização. Precisava deles, mesmo não gostando de Edge. Mas agora a situação estava diferente. Ele tinha uma peça chave para reviver a Magnum. A peça mais importante.

Ele passou a explicar então o funcionamento da chefia da organização. Era uma honra hereditária. Aqueles que nasceram filhos de líderes da organização assim permaneciam. Uma herança da origem dessa organização. Originalmente, a Magnum fora criada na época da Inquisição. Uma organização dedicada à tratar dos casos “verdadeiros” de demônios e bruxas, desde a Idade Média controlou por baixo dos panos a existência de criaturas sobrenaturais e impediu com todas as forças que elas avançassem sobre o mundo humano, preservando a paz até onde eram capazes. Bran logo comentou o maior problema. Todos os membros do conselho chefe da Magnum haviam morrido. Incluindo seus descendentes. Era o que pensavam pelo menos. Edge não conseguiu esboçar reação.

– Edge. Nina. Está na hora. A Julie deve chegar em breve. Mandei que ela comunicasse todos os antigos operadores da Magnum. Estamos recomeçando essa organização do zero. Ela surgirá das cinzas e voltará a ocupar o espaço que deveria!

– Bran... Isso... Espere... Como fará com que voltem?

– Não usarei de nada além do que deve ser usado. Eu vou confiar nos meus homens. Já conseguimos derrotar três operativos da Dante. Isso serve como uma demonstração de nossa força. Além disso, temos agora você conosco, meu caro. É importante ter um aliado como você. E também temos a Nina, mas chegarei nela daqui a pouco.

E com isso, Bran recebeu um telefonema. Soltou um sorriso enorme. Havia dado certo. O carisma estava retornando lentamente à organização. Uma parcela, ainda que pequena, dos membros havia decidido retornar. A felicidade de Bran era óbvia. Tudo aquilo pelo qual trabalhou, todo o peso que carregou, agora era recompensado. Explicou todos os detalhes básicos sobre a estrutura da Magnum e como ela funcionaria dali em diante. Eles eram membros honorários. Caso quisessem partir e abandonar a organização, poderiam a qualquer momento.

– Bran. Não precisa fingir. Você sabe que nós não vamos embora. Não nos dê uma falsa sensação de liberdade. Não temos para onde ir além daqui. Aqui é aonde temos nossa maior chance de sobrevivência e de conseguirmos algo.

E então foram liberados para descansar. Subiram todos para seus quartos. Todas as crises, os problemas pessoais, tudo parecia mais leve naquele momento. Era como um renascimento. Para Bran, seu sonho voltava à existir. Voltaria à servir sua organização. Não precisaria mais fingir que ela continuava forte. Ela voltaria das cinzas, tinha certeza.

E assim, o dia seguinte começou. E com ele, vários operadores surgiram. Bran comentou que eles finalmente voltaram a ter dinheiro para sustentar a organização. Os grandes ricos das regiões próximas começaram a dar dinheiro para a Magnum numa esperança de proteção. Eles haviam sim contido vários problemas. Caso fosse verdade e a organização realmente ressurgisse, eles acreditavam que teriam tratamento especial. Bran naturalmente não negou essa ideia, mas não a confirmou. Não queria ser injusto. Tratou então de converter todo o dinheiro que podia em algo finalmente importante. Sumiu por um ou dois dias enquanto organizava tudo. Os operadores que surgiam todos pareciam constantemente receosos naquele momento. Edge e Nina faziam o que podiam para ajuda-los. Foi então que os poucos chefes de maior escalão surgiram. Bran estava descontente. Eles brigavam pelo posto de líder da Magnum como cães brigando por um pedaço de carne. Aquele que se sentasse na cadeira de líder teria poder sobre as decisões dos conselheiros, fazendo assim suas ordens quase absolutas. Com a linhagem original de todos os conselheiros extinta, assim como dos líderes, qualquer um poderia se candidatar à essa posição. A briga política começou em pouquíssimo tempo. Tantos homens almejavam aquele posto de poder sobre a recém-recriada instituição que uma pequena revolta estava sendo prevista para acontecer em breve. Foi então que Bran perdeu a paciência. Como o criador desse plano, reuniu todos os membros. Uma enorme sala de reunião que aparentava ser um auditório. Dentro dela, aproximadamente 1200 pessoas estavam espalhadas pelas cadeiras, esperando o pronunciamento do caçador. Não que se importassem. Para eles, era simplesmente mais um oportunista como todos tentando subir ao posto de líder. E temiam que ele fosse anunciar esse plano ao vivo, na frente de todos.

Foi quando surgiu. Atrás dele, Edge e Nina. A plateia estranhou a presença dos três. Foi quando Bran tomou o microfone e começou a falar num tom bastante autoritário.

– Eu sei que todos aqui esperam que eu conte meus planos daqui pra frente, já que fui quem encabeçou esse renascimento da nossa organização. Meus cavalheiros, estou aqui então para contar tudo. Espero que estejam atentos, porquê daqui sairá o novo líder de nosso grupo.

Aquela frase causou uma exaltação generalizada. Todos começaram a conversar entre si. Ele havia anunciado sua candidatura de uma forma tão direta assim? Não deveria ser verdade. Ele deveria estar louco. Dessa forma, não conseguiria o apoio de ninguém. Foi quando ele acabou por pedir silêncio.

– Continuando. Eu sei que muitos de vocês almejam esse posto, mas saibam que não estão aptos a consegui-lo. Ele só pode pertencer à uma pessoa nesse auditório inteiro, e não é nenhum de vocês.

Isso novamente causou mais uma confusão que Bran controlou com um soco bem dado na mesa, chamando a atenção de todos pelo barulho.

– Se pararem de me interromper, gostaria de compartilhar o que sei com os senhores. Primeiramente. É conhecido de todos que a linhagem dos líderes acabou. Quais eram as regras, criadas desde a antiguidade, para uma situação assim? Os membros do conselho. Um deles seria escolhido e teria o posto de líder, passando assim adiante nas suas gerações. O problema é que assim como os líderes, os conselheiros também se foram. Ou pelo menos era o que acreditávamos.

Os membros todos se entreolharam. A surpresa era generalizada.

– Senhores. Alguns de vocês poderiam conhecer o senhor August Mynatt. Membro do conselho e chefe do departamento de pesquisa. Esse senhor foi morto durante todo aquele incidente que garanto que todos se lembram bem, mas não tanto quanto eu, posso deixar claro. Então. Aqueles que o conhecem sabem que ele deixou o material genético dele guardado, assim como de todos os membros do conselho, em uma área segura da Magnum. Portanto, temos acesso ao material dele. Eu mesmo fui e retirei uma amostra. Claro, sem o consentimento de todos vocês, afinal, eu era o único membro dessa organização quando vocês todos a abandonaram, não é mesmo? Então. Como único membro, eu me senti no direito e retirei essa amostra.

Os membros ameaçaram reclamar, mas foram cortados por Bran novamente.

– Então, meus caros senhores. Tendo esse detalhe em mente, quero então convidar nosso novo líder a se aproximar. Venha, Nina.

– O quê?! Eu? C-como assim?

– Isso mesmo. Eu já fiz o teste de DNA. Realmente é filha do senhor August Mynatt. Filha legítima. Isso faz de você a única, repito, a única herdeira de um membro do conselho. Naturalmente, está nas suas mãos o posto de líder de nossa organização.

Nina estava completamente perdida. Bran a olhava diferente naquele momento. Era um olhar que nunca tinha visto antes. Um olhar de lealdade. Um olhar de sinceridade. Ele a queria como líder. Imaginara o porquê. Todos aqueles que brigavam no poder não iriam sossegar caso um deles fosse escolhido. Seria uma fragmentação de toda a organização. Ela era a sucessora direta e não havia questionamentos a serem feitos sobre isso. Todos eles teriam que aceita-la, independentemente de gostarem ou não. Era um movimento esperto de Bran. Removeria do poder alguém que poderia acabar novamente com a organização e ao mesmo tempo promovia alguém em quem parecia confiar à esse posto. Ela começou a lacrimejar em pouquíssimo tempo. Segurou suas lágrimas. Sentiu finalmente todo o peso que Bran carregava. Ele contava com ela. Suas costas ficaram pesadas. A responsabilidade que ele a concedia e confiava era gigantesca. Não poderia dizer não. Engoliu o choro em seco e disse finalmente, tomando o microfone.

– Muito bem, senhores. Prazer em conhecer. Meu nome é Nina Mynatt. Como podem ver, sou filha do senhor August, o que faz de mim a líder dessa organização. Eu realmente espero que possamos juntos trilhar um caminho de sucesso e liberdade. Espero que nossos membros sejam felizes, possam viver tranquilamente. Espero que possamos dar essa tranquilidade também à todos desse continente. Espero realmente que sejamos capazes de fazer algo fantástico. Eu... Eu não sei muito sobre o que esperar daqui para frente. Eu fui tão pega de surpresa quanto vocês... Mas eu não posso recuar. Esse é o meu destino. Eu... Eu não vou fugir do destino que meu pai escolheu para mim, querendo ele ou não. Se é líder da Magnum que eu precisarei ser, eu serei. Espero realmente que confiem em mim. Conto com cada um de vocês e cuidarei ao máximo para que possamos viver todos um período de paz nunca antes visto nessa organização. Muito obrigado.

O discurso de Nina havia tocado todos no local. Estava óbvio que ela tentava ser forte, mas ao mesmo tempo, toda aquela força demonstrava o papel de líder que ela deveria desempenhar dali para frente. Foi quando um membro acabou se exaltando e comentou.

– Como saberemos se ela é realmente filha do senhor Mynatt? E ainda sim, ela é muito nova! Como podemos confiar nossos membros nela?

Bran respondeu seco.

– Pode refazer os testes. Eu tenho todos os resultados aqui comigo. Verá que não há dúvidas quanto à origem dessa garota que fez esse belo discurso à frente de vocês, caros cavalheiros. Ela é sim nossa líder e será daqui para frente. Além disso, ela é nova. Qual o problema disso? Ela tem um potencial enorme. E para aqueles que não sabem, ela tem um dom único. Ela é capaz de sentir energias. Todo e qualquer tipo de energia. Claro, ainda é um dom em crescimento, mas está cada dia mais forte. Conseguem imaginar o bem que uma habilidade como essa poderia nos proporcionar? Ela é perfeita para ser nossa líder. A única coisa que peço de todos é o apoio incondicional. Lembrem-se. Lembrem-se que lutei tudo isso por vocês todos. Lutei contra a Dante sozinho, tudo em nome de vocês. Peço realmente a todos que tenham a dignidade de respeitar essa donzela assim como eu respeitei a organização enquanto cada um de vocês se escondia. Se existe alguém que se preocupa com a Magnum aqui, essa pessoa sou eu, portanto posso garantir que eu falo na melhor das intenções. Deixemos que Nina Mynatt tome o controle da organização daqui para frente. Nós todos a ajudaremos. Venceremos qualquer desafio, venceremos tudo juntos! Somos novamente uma organização! Honraremos nossa existência milenar e façamos então a justiça que deve ser feita! Senhores, eu conto com cada um de vocês.

E as palavras de Bran tocaram todos os membros. Todos aqueles que morreram até o momento pareciam estar do lado dele, sorrindo. Ele era realmente o espírito de toda a organização. Lágrimas vieram aos olhos dos mais velhos lembrando-se dos tempos difíceis. Os mais novos não choraram, mas se motivaram pelo discurso forte daquele homem. Ele era imponente e uma figura com um carisma recuperado. Todos se puseram de pé em uníssono e saudaram. Reverenciaram a nova líder sem uma falha sequer. Todos eles estavam novamente dentro da organização. Todos eles agora poderiam redimir sua falta de coragem naquele momento. Era a honra que manteria todos unidos naquela organização, não os interesses pessoais. Era esse o tipo de grupo que Bran planejava criar. Edge apenas assistiu tudo sorrindo. As palavras do médico ainda estavam em sua mente, mas ele as afastava. Nina o observou pela maior parte do tempo daquela reunião, numa esperança de que seus olhos se cruzassem. Edge evitou aquele olhar. Ela agora era sua chefe. Precisaria evitar que essa situação se complicasse ainda mais. Bran acabou passando do lado de Edge e comentou em um tom que apenas ele poderia ouvir.

– Preciso falar em particular com vocês dois. Me encontrem depois. É sobre o incidente com as adagas. Eu tenho a resposta para tudo.


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