Devil Hunter E - A inspiração de ChrysopoeiaRPG escrita por Cian


Capítulo 30
Hunt 29 - Experiment




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– Já temos tudo o que precisamos. Vamos abrir aquela porta maldita.

Edge e Nina logo saíram dali. Ela estava bem animada com o fato de ser finalmente aceita como parceira de Edge. Ele estava ainda apreensivo, mas nada que o deixasse preocupado demais. Tendo as três partes da chave para entrar naquela porta do primeiro andar, estariam mais perto de encontrar Claire, ou pelo menos era o que esperavam. Retornaram à entrada sem maiores problemas. Os Blanks ainda tentavam passar pela porta fechada a todo custo, gerando um barulho considerável. Edge e Nina ignoraram por completo tudo e seguiram para a porta trancada. Colocaram todas as peças da chave lá e a porta se abriu sem mais demora. Era um mecanismo de segurança totalmente fora do comum, mas bastante eficaz. Nina então segurou Edge pelo braço com força.

– Ela está aqui. Mais abaixo... Bem mais abaixo. Vamos.

Edge prosseguiu. O local estava mais escuro, mas ainda sim, Edge conseguia ver bem o ambiente. Um longo corredor com várias e várias portas. Edge e Nina avançaram com cuidado. Atentos a todos os detalhes do ambiente escuro, ambos procuravam por alguma movimentação. Foi quando ouviram um barulho mais à frente. Uma voz. Os dois começaram a correr e se depararam no final do corredor com uma garota. Estava visivelmente exausta. Ao redor dela, um pequeno número de Blanks. Edge e Nina se olharam por um momento. Com cuidado, chutou para longe todos os Blanks com uma sequência de golpes giratórios enquanto Nina rapidamente pegava Claire pelos braços e a colocava nos ombros.

– Obrigado...

Edge sorriu. Recuaram novamente. Subiram as escadas rapidamente. Claire fora colocada apoiada na parede para descansar. Edge e Nina se sentaram logo ao lado dela.

– O que veio fazer aqui, garota?

– Eu... Eu não me lembro. Estava andando pela rua quando senti algo vindo atrás de mim. Eu entrei em pânico. Olhava para trás e não via nada. Havia algo atrás de mim com toda a certeza, mas eu não sei o que era. Acabei sendo trazida pra cá. Eu não me lembro de mais nada além dessa sensação de ser perseguida e acordar aqui.

– Certo. Então vamos dar um jeito de sair daqui!

– Não! Eu preciso... Eu preciso fazer algo antes...

– Como assim, garota?

– Enquanto eu estava aqui, eu acabei encontrando um diário... Esse lugar não é o que parece... O dono desse sanatório, ele...

Foi quando foram interrompidos pelos alto-falantes do sanatório, que emitiam uma voz um tanto quanto disforme.

– Não sairão daqui com vida! Não do meu sanatório! Vocês já sabem demais! Eu só precisava de um corpo e poderia sair daqui e recomeçar minha pesquisa, mas vocês a resgataram! Agora os três devem morrer... Agora!

Após a ameaça, Edge e Nina já se colocaram de pé preparados para qualquer coisa. Claire então começou a falar.

– Eu acabei descobrindo que o dono desse lugar... Ele fazia pesquisas com os internos. Nas anotações que eu achei, está tudo bem detalhado... Ele os torturava até o limite físico e mental. Queria descobrir se era possível separar uma mente de um corpo, levando-a à loucura completa e por consequência, eliminando-a. Pra isso ele fez vários experimentos extremamente cruéis... Esse lugar foi o palco de um massacre. De uma crueldade sem fim e eu... Eu não quero que ele possa sair dessa ileso... Me ajudem. Por favor. Ele... Ele tinha alguém que o contratou. Eu tenho todas as informações aqui!

– Entregue-me esse diário.

Claire entregou o diário à Edge, que o abriu e vasculhou com cuidado. Sabia que não tinha muito tempo, o dono do sanatório tomaria alguma atitude muito em breve. Precisavam alcança-lo rápido. De qualquer forma, avistou algo que chamou sua atenção. A Dante era mencionada naquelas notas. Aquele doutor havia sido contratado pela mesma para pesquisar sobre a extração de almas e principalmente...

– Demônios? Esse maldito está criando demônios artificiais aqui?!

Edge jogou o diário ao solo. Tinha realmente perdido a compostura. Aquele homem havia torturado vários humanos para um propósito tão baixo que Edge não conseguia manter sua calma natural. Olhou para Claire e disse com uma voz seca.

– Não se preocupe. Acabaremos com ele.

– Nina, cuide dela. Eu mesmo vou acabar com tudo isso. Você é a única que posso confiar pra cuidar dela. E fique atenta às energias. Qualquer coisa, corra. Você e ela juntas devem ser capazes de se manter seguras. Eu vou acabar com isso antes mesmo que tenham achado um esconderijo. Prometo.

– Ok, Edge. Tome cuidado, está bem?

– Não se preocupe comigo. Eu dou conta de um maldito desses. Onde ele está, Claire? Tem alguma ideia?

– Ele deve estar no subsolo do sanatório... Ao que foi indicado nas anotações, ele possuía uma sala de tortura no subsolo, próxima ao lago...

– Ótimo. Estamos no caminho certo então. Até depois.

E saiu correndo. Edge estava com suas pistolas em mãos. Desceu pelas escadas novamente e seguiu às cegas pelo escuro. Sabia a direção em que o lago se colocava de onde estava, então era apenas uma questão de seguir nessa direção. Edge procurava no escuro alguma indicação. Ouviu então um barulho característico. Haviam mais Blanks se aproximando. Edge não queria acertá-los diretamente. Passou por eles com cuidado, atirando apenas em pontos não vitais. Eram almas humanas. Agora sua teoria estava completa. Haviam encoberto essas almas humanas em sofrimento e loucura e as colocado em um receptáculo demoníaco. Dentro daquela criatura, havia uma alma humana. Edge estava dividido. Eliminá-los era a melhor forma de liberar suas almas, mas ao mesmo tempo eram humanos. Ele não sabia o que fazer. Tentava imobilizá-los na tentativa de evitar ter que tomar essa decisão. Seguiu pelo corredor através dessas criaturas. Se virou em direção ao lago, quando viu algo que parecia uma porta aberta. Luz saía daquele aposento. Ouviu então uma voz.

– Vamos... Entre. É o meu paciente de hoje.

– Heh. Vamos lá então.

E assim Edge entrou na sala. Logo à sua frente, um senhor de aparência desgastada estava sentado em uma mesa de madeira bastante desgastada. Permaneceu sentado. Edge percebeu o sinal para que se sentasse também. Puxou uma das cadeiras atiradas ao solo e se sentou de frente ao doutor que, sem hesitar, olhou-o nos olhos.

– Então é você que está atrapalhando meus planos? Não acha que foi tolo em vir aqui e deixar as duas garotas desprotegidas?

– Desprotegidas? A Nina consegue se virar bem o suficiente, acredite. Sem contar que ao que parece, você foi incompetente o suficiente pra não ser capaz de lidar com uma garota completamente normal até chegarmos.

– Não, não me entenda mal. Eu apenas estava enfraquecendo-a mentalmente. Acho que deve saber, mas estou morto. Sou apenas o resto do que já fui um dia. Mas me mantenho aqui e ela é a minha saída para o mundo externo! Se eu deixa-la louca, a mente dela entrará em colapso e eu a dominarei por completo. Poderei sair daqui e continuar minha pesquisa!

– Pesquisa? Você chama aquilo que fez de pesquisa? Seu monstro! Você cometeu apenas assassinatos e torturas sem fim! Cada um aqui... Cada um daqueles Blanks...

– Ah. Você encontrou meus espécimes. Fico feliz. Eles são um tanto quanto inúteis no momento, mas poderiam se tornar be-

Fora interrompido por um tiro que passou ao lado de seu rosto. Não o acertou diretamente, mas passou extremamente perto, acertando a parede atrás de si.

– Não ouse falar dessas pessoas assim. Ninguém é experimento de ninguém. Não tem esse direito de fazer isso!

– Hm? Oras, me parece que você ficou mais nervoso do que deveria. O que foi? Tem algum problema com esse tipo de situação? Foi brinquedo de alguém?

– Cale-se. Agora. O próximo tiro com certeza eu não errarei.

– Tsc. Errará. E morrerá. Aqui e agora.

E com isso, o médico se levantou. Edge ainda estava sentindo as palavras e o sofrimento daqueles experimentos. Aquilo o ferira por dentro, exatamente aonde a primeira ferida não havia sarado. Aquela ferida que mudara completamente sua visão e sua crença em si mesmo. Escondera aquilo atrás de uma máscara de força. Estava com raiva pura desse cientista. Ele era como uma representação de tudo o que passou a odiar. Experimentos com humanos e manipulação de pessoas. Isso era tudo imperdoável. Edge se preparou enquanto o médico recuou calmamente. O doutor sorriu por um momento curto antes de ter seu corpo desfigurado. Era uma figura completamente diferente do doutor original. Seus olhos viraram-se para trás enquanto seus dentes cresciam. Sua pele tomava uma tonalidade escura e coberta por escamas. Edge já imaginara que algo assim pudesse acontecer. Ele havia usado os experimentos em si mesmo antes de morrer, transformando-se assim em algo próximo de um demônio. Por um momento, Edge sorriu.

– Tsc. Obrigado. Você facilita meu trabalho. Agora posso te matar sem um pingo de remorso sequer, seu demônio. Você consegue ser pior que muitos dos demônios que eu enfrentei até hoje embora no passado fosse um humano. É irônico perceber que algumas os piores demônios que existem não passam de pessoas.

– Pare de falar. Venha, se aproxime e morra!

Edge não hesitou. Disparou contra a criatura. Os tiros não penetraram na carapaça de escamas que possuía. Teve que saltar para o lado, evitando assim um ataque direto vindo da criatura. Ela se jogara em sua direção, mas Edge conseguiu rolar para o lado, caindo de pé em questão de segundos e disparando uma segunda rajada. Não havia conseguido penetrar novamente na defesa da criatura, que começou um leve riso.

– Não vê? Eu não posso ser derrotado! Eu sou invencível! Essa sua pistola sequer me fere!

Edge sorriu. Estava realmente ficando cansado daquela situação. Não teria piedade. Sacou uma de suas adagas de cristal e a arremessou contra a criatura. Ela a segurou com a mão esquerda, evitando um golpe direto à cabeça. Enquanto a segurava, Edge já havia preparado a Fenrir. Estava com seu rifle pronto. Disparou uma vez apenas, focando a adaga. O impacto arremessou a adaga para frente, perfurando assim o pescoço da criatura. Edge aproveitou esse momento de fraqueza para rolar para frente. Posicionou-se deitado abaixo da criatura, que tentava retirar a adaga do pescoço. Edge esticou seu braço esquerdo, segurando a adaga no pescoço da criatura. Com a mão direita e o apoio do solo, disparou à queima roupa um tiro de baixo pra cima, focando o local aonde a adaga havia acertado. Era um buraco, uma falha na armadura agora. Puxou com força a adaga, movendo a criatura para mais perto ainda, quase derrubando-a sobre si mesmo. Num esforço ofensivo, a criatura perfurou o ombro de Edge com suas garras, mas não o impediu de disparar. Um grito enorme e sangue negro. Edge sentiu seu ombro queimar. A dor era gigantesca. O sangue que escorria se esparrava pelo chão aos poucos enquanto ele retirava a carcaça daquela criatura de cima de si mesmo. Estava acabado. Antes de sair, acabou por ouvir as últimas palavras do médico.

– Knight... Quem diria... Que eu conheceria um...

– O que disse? Repita!

E não teve resposta. Ele havia morrido naquele instante. Edge saiu dali sem mais palavras. Segurava o próprio ombro enquanto subia solitário por entre as criaturas. Os blanks, perdendo seu líder, estavam descontrolados. Se atacavam e eliminavam-se. No meio de todo o caos, Edge seguia com cautela. Gritou por Nina, que logo surgiu à porta com Claire. Todos agora se reuniram na entrada do sanatório. Nina conseguiu enfaixar o ombro de Edge, ajudando a melhorar sua condição física. Claire tentou como pôde ajudar, embora não tivesse como ajudar muito. Saíram todos pela porta da frente. Do lado de fora, o céu limpo os abençoou. Depois de um tempo considerável presa dentro daquele local escuro, Claire apenas conseguiu chorar. Edge a deixou sozinha e partiu com Nina. Ela saberia chegar em casa agora. Não iria se preocupar com o dinheiro da recompensa. Tinha coisas mais importantes a cuidar. Tratou de parar na cidade apenas para recuperar e tratar seu ombro e seguiu novamente para a Magnum.


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