Devil Hunter E - A inspiração de ChrysopoeiaRPG escrita por Cian


Capítulo 27
Hunt 26 - Lake




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– Aonde está aquele idiota?

– Edge, ele está em uma missão, se não retornou ainda é porquê não acabou. Ele está bem, pode ter certeza!

– É. Estou com um calafrio. Isso está bem estranho. Bem, não podemos fazer nada. Ele sabe se virar. Vamos, temos uma missão a começar.

– Nada com aranhas, não é?!

– Não. Nada com aranhas. Venha comigo.

Então ambos saíram da M.A.G.N.U.M. em direção ao carro de Edge. Nina carregava consigo ainda suas adagas enquanto Edge portava todo seu arsenal. Seguiriam em direção à uma cidade bastante afastada de todos os lugares para onde foram. Fechada e bastante policiada, a cidade era bastante famosa por possuir um grandioso lago de escuras águas. O lago de Ravenfield sempre foi um ponto turístico bastante importante na região, atraindo centenas de visitantes. Atrás do lago, a grandiosa porém acabada construção que era a ruína do Sanatório Black Lake. Edge e Nina chegaram à Ravenfield depois de algumas horas de viagem. Era noite e o ambiente estava bastante agradável. Uma noite fria sem nuvens no céu. A Lua refletida no lago era de uma beleza enorme. Trataram então de procurar uma hospedagem barata. Edge acabou optando por um bar próximo do lago, cujo letreiro era de uma fonte estranha aonde se lia “Lucidity”. Um nome peculiar, mas era o que teriam naquela noite. Ao entrar no bar, foram bem recebidos. O ambiente era impecável, como o nome sugeria. Nada fora do lugar, tudo extremamente bem cuidado. Trataram de alugar um quarto para passarem a noite. Subiram sem palavras.

Ambos chegaram ao quarto. Nina foi tomar um banho enquanto Edge sentava na cama e se distraía com a visão de fora. A porta do banheiro se abriu. Nina havia acabado de sair. Edge se virou por instinto, apenas para observá-la de toalha. Ela naturalmente teve a reação mais sensata de todas e, aproveitando-se de uma falha de Edge em deixar uma de suas pistolas sobre a cabeceira da cama, arremessou-a na cabeça de Edge, acertando-o em cheio. Ela estava completamente vermelha. Pegou suas roupas que tinha esquecido-se do lado de fora do banheiro e se trancou lá por um longo tempo. Edge pegou sua pistola no chão, coçou a testa, aonde fora atingido e esboçou um sorriso. Não sabia porque gostava tanto daquela garota. De qualquer forma. Preparou-se para dormir e descansar. Ela dormiria ao seu lado. Aquele pensamento o atormentou por um certo tempo antes que ele tentasse cair no sono. Foi apenas quando ela destrancou a porta que ele conseguiu ficar tranquilo para dormir. Deitou-se de costas para ela. Ela se aproximou. Deitou-se atrás dele. Com um movimento suave, colocou sua mão entrelaçada na dele. O coração de Edge quase saltou pela boca. Ele fingiu que nada aconteceu e adormeceu. Aquilo que sentia dentro de si era perfeito. Estava com ela finalmente. Embora sentisse isso, ainda tinha um ou outro receio. Adormeceram assim.

Acordaram bem dispostos logo cedo. O dia era bonito. Nenhuma nuvem no céu e um sol bastante forte. A luminosidade refletida do lago era estonteante, quase como um segundo Sol. Saíram do hotel e foram procurar o cliente. Uma mãe. A filha desapareceu dois dias antes, sendo vista pela última vez na rua em frente ao Sanatório e desde aquele dia, não foi mais encontrada. Edge ouviu todos os detalhes declarados pela mulher e tratou de seguir com Nina para o local mencionado. Ambos chegaram à rua do Sanatório em pouco tempo. Era manhã e o Sol continuava forte no céu da cidade. O sanatório possuía uma arquitetura bem clássica. De traços góticos, a abóboda da entrada e as duas fileiras de pilares que formavam a escadaria de entrada do local estavam num estado consideravelmente ruim. Rachadas e cobertas de plantas, mostravam a quanto tempo aquela construção enorme estava abandonada. Ao que as histórias indicavam, depois de um conturbado acidente que levou à morte tanto do dono do sanatório quanto de um dos hospedados lá, considerado com transtorno bipolar e esquizofrenia. Desde então, o Sanatório foi abandonado. Nenhuma pessoa sequer tentou entrar. Todos os internos foram removidos e levados à outros lugares. O evento pareceu ter causado um aumento drástico na degeneração mental de todos, o que fez com que o local fosse abandonado. Apenas um esqueleto do que já foi, aquelas ruínas marcaram uma tragédia. Edge podia sentir uma aura consideravelmente ruim no local, mesmo não possuindo dom algum. Nina fechou os olhos e se concentrou.

– Abra seus sentidos...

E com isso, tudo ficou claro. Havia uma pessoa viva dentro daquela construção. Uma garota. Nina não era capaz de precisar a direção nem o estado da garota. Sabia que ela estava viva e dentro daquele local.

– Edge. Vamos. Se ela ainda está lá, deve estar assustada...

– Se estiver só assustada, acredito que temos sorte, Nina.

Sem falar mais nada, Edge segurou a porta dupla de entrada após subir as escadas e a forçou aberta. Conseguiu abrir sem esforço algum. Entrou. Assim que soltou a porta, ela se fechou num estrondo grandioso. Edge suspirou e sem virar, disparou contra a porta.

– Edge! Não F-

– Não funcionou. Já imaginava. Nem um buraco, não é mesmo? Hmph, isso vai ser um saco. Nina, não saia de perto de mim.

Edge olhou em volta. O ambiente estava escuro e empoeirado. O salão que entraram possuía quatro saídas. Duas escadas curvadas levavam à um andar superior. A da esquerda tinha sido bastante quebrada, tendo metade dos degraus destruídos completamente. Logo abaixo do andar suspenso, por baixo das escadas, dois corredores paralelos. Entre eles, uma enorme porta. Também estava trancada. Edge disparou novamente. O barulho ecoou pelas salas vazias mas buraco algum foi feito na porta. Havia uma marca nela, de pedra. Uma entrada para algo que tinha um formato próximo ao de um cérebro. Provavelmente de pedra também. Edge logo deduziu que era um mecanismo para se abrir o local. Edge e Nina então decidiram tentar vasculhar o primeiro andar. Os dois corredores tinham placas que indicavam o que seria a direção correta, mas não estava bem visível. Edge e Nina fizeram um esforço considerável para deduzir que levavam para as alas médicas Leste (A) e Oeste(B). Nina e Edge começaram a explorar primeiramente pela ala Leste. O corredor estava escuro. O local todo era bastante sombrio devido às paredes altas e falta de muitas janelas. Pequenos buracos entre as paredes do corredor deixavam a luz penetrar em pequenos feixes, que deixavam bastante claro o quanto o local estava empoeirado. Seguiram por seu caminho. Chegaram à um corredor consideravelmente mais largo em L. No corredor, dezenas de portas fechadas, todas de metal com um pequenino espaço para observação interna. Nenhum som podia ser ouvido lá. Caminharam, com seus passos ecoando. Nada. Edge até pensou em vasculhar uma a uma as celas, mas decidiu que não era algo a ser feito naquele momento. Tinham que encontrar a garota. Pelo que a mãe dissera, seu nome era Claire. Edge e Nina falavam num tom bastante alto esse nome, procurando alguma resposta. Nada. Edge então chegou ao final do corredor. Uma porta de tamanho considerável podia ser vista. Sem hesitarem, abriram-na. Atrás dela, algo próximo de uma enfermaria. Tudo continuava consideravelmente destruído. Edge então ouviu um som à sua esquerda. Dentro de um armário. Edge se aproximou, com sua pistola em mãos. O som não era identificável. Edge partiu então para tentar uma aproximação. Abriu a porta. Teve uma visão interessante. Foi quando, ao se virar, percebeu algo completamente anormal. Das prateleiras, todos os remédios armazenados estavam sendo arremessados contra a parede. Quebravam-se vidros em cacos pequenos, que já tomavam boa parte do chão. Um som agudo e contínuo começou naquela enfermaria. Os cacos no solo tremiam assim como ar, numa vibração infernal. Nina tapou seus ouvidos assim que pôde. Edge recuou do armário com um salto, bem a tempo de evitar um vidro de remédio de atingir sua cabeça.

Havia visto algo bastante interessante dentro do armário, mas precisava recuar no momento. Segurou Nina e a colocou em suas costas. Depois, preparou suas armas. Avançou contra os cacos de vidro que se contorciam em direção aos dois caçadores. Edge disparou com uma precisão enorme, mais do que o de costume. Acertou todos os cacos com uma facilidade enorme, abrindo caminho por entre os estilhaços e chegando novamente ao armário. Pegou lá então o objeto que chamou sua atenção. Um molho de chaves com a marcação “B”. Além disso, havia notado uma pequena mancha antiga de sangue no canto do armário de madeira. Aquele local não era realmente o que parecia. Depois de guardar o molho de chaves, recuou bastante. A situação anormal parou aos poucos. Edge saiu de lá sem esperar um momento sequer. Deixou Nina voltar a andar tranquilamente ao seu lado. Andavam atentos, procurando qualquer sinal de Claire. Estavam na metade do corredor quando ouviram o grito e as portas todas se abriram.

De dentro das portas, criaturas surgiram. De forma humanoide, sem braços, com uma protuberância afiada, parecida com um tentáculo no lugar. Não possuíam face. Em seu lugar, existia uma linha que corre o demônio inteiro. Ela era costurada com amarras de ferro, mantendo a criatura inteira. Se arrastando pelo solo erroneamente, as criaturas vagavam em direção a Edge, que logo olhou para Nina. “Blanks”, pensou ele. Ela sacou suas adagas e ele, suas pistolas. Os dois estavam de costas um para o outro. Edge preparou e disparou contra alguns dos demônios, que emitiram um grito completamente humano após serem atingidos. Um buraco em sua carapaça branca. De dentro, sangue jorrou. Um misto de sangue humano com sangue negro. Edge ficou até certo ponto perturbado. Impediu Nina de ataca-los ainda mais. Tinha uma teoria que precisava deixar provar. Colocou Nina em suas costas novamente e começou a correr. Desviando-se dos tentáculos do solo, Edge saltou por entre as criaturas. Próximo da porta, eles cobriam o chão por completo. Edge deu um movimento para o lado e alguns passos na parede, saltando em seguida e atravessando a porta por completo com Nina nas costas. Caiu de pé do outro lado e fechou a porta assim que deu com um enorme chute, trancando-a em seguida. As criaturas continuavam tentando abrir a porta fechada. Edge seguiu sem parar para a Ala Oeste. Tinha as chaves para abrir as celas dessa ala. Passou por baixo das escadas e seguiu em direção à essa ala. Entrou e com cuidado, destrancou uma a uma as celas. Sempre com a arma em mãos e Nina focada em localizar energias, Edge estava confiante. Abriu as primeiras sem dificuldade. A partir da terceira, começou a notar inscrições nas paredes. Elas pareciam fazer uma contagem. Todas as celas possuíam o mesmo tipo de inscrição. Edge observou bem cada detalhe. Nina sentiu uma energia estranha saindo de uma das celas, logo no começo da virada do corredor. Edge abriu e observou uma área completamente destruída. Por todos os lados, mensagens. Pedidos de socorro, frases soltas e palavras. Edge guardou todas. “““Parede”, “Cérebro”, “Chefe”, “ Lago”. Edge decoraria todas. Saiu de lá. Continuou a abrir as celas. Procurou novamente em todas. Sempre as mesmas mensagens, em ordens diferentes. Saiu dali e foi direto para a outra enfermaria. Entrou. Nada demais.

Foi quando notou uma criatura próxima da área de remédios. Abaixada, Edge discerniu-a perfeitamente. Uma criatura sem face alguma, apenas composta de um tronco quadrúpede e uma cauda extremamente afiada. Essa criatura escamada possui uma aparência semelhante à um lagarto sem cabeça. Ele emitiu um grito extremamente agudo e que causaria uma dor de cabeça caso seja ouvido continuamente. Sendo completamente cego, é preciso se orientar pelo som. O som emitido pelo seu corpo partia de sua cauda. Edge não hesitou. Sacou correndo a adaga de Nina de sua cintura e disparou contra a criatura. Ela se esquivou. Edge aproveitou o momento e acabou por notar uma imagem bastante interessante. Era metade de um objeto de pedra. Edge logo deduziu o que era. A chave que precisaria para abrir a parte inferior da ruína estava dividida e precisaria pegar as partes. Suspirou novamente. Sacou suas pistolas. A criatura avançou contra ele. Nina tomou a atitude e avançou com sua adaga, aparando o golpe. Quase caiu para trás, mas queria se sentir útil. Fora carregada até agora e teve uma chance de sair da inércia. Edge se surpreendeu, mas deixou-a livre para fazer o que quisesse. Bloqueado o golpe, Edge avançou e desferiu um chute direcionado ao que seria o tronco da criatura. Atirou com suas pistolas e alvejou a criatura, que foi derrotada rapidamente. Olhou em direção a Nina. Ela estava ofegante e um pouco trêmula. Foi um choque e tanto e uma tentativa muito boa para uma iniciante. Ela sabia o que iria acontecer por ler a energia de Edge. Sabia aonde ele iria desviar, então era capaz de prevenir o golpe analisando o local exato aonde Edge se concentraria. Foi uma forma de mantê-lo na ofensiva. Ele conseguiu uma peça da chave. Estava na hora de voltar.

– Edge... Eu... Desculpe...

– Nada mal. Tente ter uma base mais firme, pode te ajudar da próxima.

– Edge?

– Espera realmente que eu te dê uma bronca aqui e agora? Você facilitou meu trabalho. Obrigado. Mesmo. E assim como me protegeu... Eu irei lhe proteger.

E com isso, retornaram à sala principal.


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