Devil Hunter E - A inspiração de ChrysopoeiaRPG escrita por Cian


Capítulo 23
Hunt 22 - Child




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– Que demora. Será que o sinal enviado realmente funciona?

Bran se tornara impaciente. Sua espada estava ao seu lado, gigantesca. Ele permanecia sentado em uma parede, logo após a entrada do prédio. Permanecera ali por um longo tempo. Seus olhos estavam cerrados, e ele permanecia em um estado de tédio inconfundível. Só podia esperar pela resposta do oponente, mas aquilo o deixava totalmente entediado. Levantou-se. Assim que o fez, notou à distância, que alguém caminhava em sua direção. Era um garoto, de aproximadamente 14 anos. Bran não baixou sua guarda nem assim. Era uma criança, mas não sabia o quê ela podia estar trazendo, nem o quê ela significava. Ficou estático. Agora, a figura do garoto era totalmente visível ao longe.

Era um garoto de 14 anos. Trajava um casaco branco. O casaco chamava muita atenção, pois no capuz se viam duas orelhas de gato. Além disso, as mangas do casaco era enormes, bem maiores que os braços da criança, e vinham se arrastando. Embora fossem maiores, eles tinham um buraco na forma de pata na metade, local onde o garoto passara a mão. Ele caminhava com a cabeça erguida, e arrastava aquela quantidade grande de pano pelo chão, andando sem vontade. Sua calça tinha dois cintos cruzados, e era do mesmo material do casaco. Estranhamente, ao longe, o casaco parecia reluzir um pouco, tinha certo brilho. O estilo único do jovem fez Bran se assustar.

– Tsc. Essas crianças de hoje em dia.

Bran se recostou novamente na parede, e ficou a esperar o garoto passar. Ele não esperava que o garoto parasse ao seu lado. Foi exatamente o quê aconteceu. O rapaz parou ao lado de Bran, e o perguntou.

– Moço. Você por acaso viu meu celular? Acho que perdi por aqui.

O garoto emitiu um sorriso macabro ao dizer tais palavras. Bran saltou para trás, puxando sua arma consigo. O garoto colocou um dedo próximo da boca, e virou a cabeça, como se não entendesse. Bran ficou com o olhar atento no garoto. Esse, por sua vez, sorriu novamente, e então, moveu o braço totalmente para a direita. Bran estranhou o movimento na hora. O garoto movera o braço, e a manga de seu casaco acompanhou o movimento. Durante o movimento, ou notou uma coisa. O garoto havia puxado alguma coisa de seu casaco. Quando olhou para a manga que vinha em sua direção, teve uma surpresa. Haviam três lâminas muito finas na ponta do mesmo. Fez menção de esquivar, mas foi pego de raspão pela manga do garoto. Três cortes agora estavam presentes em seu braço, que sangrava levemente. Ele então recuou um pouco, para tentar entender o quê houvera. Enquanto isso, o garoto sorria. Disse então.

– Moço, você não viu mesmo o celular do Yuri? O Cless foi mandado pra procurar, mas o Cless não quer procurar. Você poderia devolver para o Cless?

Bran estranhara novamente o comportamento do garoto. Ele falava na terceira pessoa e tinha certo cuidado especial de deixar transparecer uma inocência que não era de seu feitio. Ficou parado então, e sorriu. Com um suspiro, pegou sua arma e avançou contra o garoto. Este, por sua vez, movimentou novamente seu braço, e a manga tratou de encobrir o ataque. Bran atacara a manga com fúria, mas algo nela parecia resistir. As lâminas na ponta haviam sumido. Agora ele entendera. Elas estavam dentro da manga agora e serviam de escudo. Essa manga era projetada como um mecanismo de defesa e ataque, e bastava o garoto modificar algo no casaco, que ele alteraria a localização das lâminas de acordo com as necessidades de Cless.

– O Cless sabe o quê você está pensando, Bran. Sabe muito bem. O Cless só puxou uma cordinha.

Ele mostrara então o mecanismo. Um fio segurava as lâminas, que foram feitas para permanecer por fora do casaco. Quando o fio do casaco era puxado, as lâminas saiam. Quando ele soltava o fio, as lâminas recuavam. Um mecanismo simples, porém muito eficiente. Bran estava assombrado.

– Realmente. Muito bem pensado, minha cara criança. Mas será que você consegue manter isso funcionando contra mim?

Bran sabia que não podia brincar com um oponente assim. Foi interrompido em seu pensamento pelo garoto.

– Nossa, nem repetindo meu nome tantas vezes você se lembrou. Será que você é tão burro assim?

– Não percebi o quê?

– Olhe para mim, atentamente. Será que é tão complicado se lembrar?

Bran olhara fixamente para ele. Logo, seus olhos se arregalaram. Era ele. Sua mente começou então a se recordar daquele fatídico dia. Crescera desde pequeno no seio da M.A.G.N.U.M., até aquele dia. Depois de seu treino com espadas rotineiro, o jovem Bran seguiu pelo corredor, sem se preocupar. Encontrou-se com seu único amigo naquele local. Cless, um jovem adotado por uma família financiadora da empresa. Ambos se divertiam muito. Então, aconteceu. Bran, durante uma de suas aulas, foi interrompido por um alerta. Sua irmã mais nova já havia evacuado o local, restavam apenas ele, seus pais, e Cless. Era uma revolta ocorrida dentro do setor de pesquisa da empresa. Logo, quem se rebelou chegaria lá. Bran entrou em desespero, e começou a correr. Ouviu gritos de todos os lados, assim que entrou em uma sala. Não hesitou. Fechou ambos os olhos, e atacou com suas duas espadas. Olhou em volta após o golpe, horrorizado. Quem ele havia matado, era nada menos, nada mais, que seus pais e os pais de Cless, que não deviam estar lá. Antes de morreremos pais de Bran ainda se puseram de pé, e o abraçaram. Forte, ela última vez. Bran chorou. Não teve outra coisa a fazer a não ser isso.

Logo, Cless o encontrou. Encontrava-se no chão, no meio da sala, os quatro cadáveres, ao seu redor. Cless entrou em um estado de fúria, e o atacou com uma faca escondida. Acertou seu olho. Bran então se afastou, e o atacou também. Ambos saíram feridos, e Bran desmaiou no solo, enquanto Cless corria. Quando acordou, Bran estava internado em estado grave na enfermaria da empresa. Estava vivo, mas perdera um olho. Suas duas espadas, ao seu lado, banhadas com sangue de seus pais. Ele não aguentava olhar para as armas. Livrou-se delas assim que pôde. Sua mente agora voltava ao mundo real.

– Cless... Você está vivo!

– Como tem coragem de falar isso? Como tem coragem de olhar pra mim assim?

– Eu... Eu não sei.

Bran abaixara sua cabeça. Não tinha resposta para isso. Agora, não podia pensar nisso. Enquanto isso, Edge assistia tudo do esconderijo onde ele e Nina estavam. O local tinha uma central de vídeo, onde podiam ver a base inteira, e um microfone, para se comunicarem com Bran em caso de perigo. Ele assistia a luta de lá, sem poder fazer nada. Bran tentava esquivar dos ataques de Cless, mas evitava atacá-lo. Edge então não teve outra opção. Pegou o microfone, e gritou.

– BRAN! VOCÊ VAI DEIXAR ESSE PIRRALHO TOMAR SUA VIDA? VAI DEIXAR QUE TUDO QUE LUTAMOS ATÉ AGORA SEJA JOGADO FORA? REAJA!

Essas palavras tocaram Bran, que acabou abrindo um sorriso. Em sua mente, tinha uma resolução agora. Não poderia viver do passado. Seus pais haviam morrido a um longo tempo. Ele não podia deixar isso voltar à tona. Não agora. E fora Edge, a mesma pessoa que "tirara" seus pais de perto, que estava lá, agora, torcendo para que ele vivesse. Bran deixou essa ponta de ironia passar rente ao coração, mas não deixou que o marcasse. Ele tinha que ser mais forte que a ideia de vingança que ele sempre carregou contra Edge. Foi esse tempo de convivência que o levou a repensar tudo. Agora, ele não podia jogar tudo isso fora. Ele havia decidido. Não deixaria que o passado atrapalhasse seu futuro. Quebraria todas essas correntes. Colocou-se em uma posição diferente do normal. Soltou sua espada no chão, fincada de ponta cabeça. O crucifixo que carregava, a culpa que levava, agora, estava leve.

Ele estava renovado. Segurou com firmeza o cabo de sua espada, e o rodou. Nesse mesmo instante, um som de válvulas hidráulicas soou. Um leve vapor saíra de sua espada. Agora, ela começava a se modificar. A parte do cabo começou a se abrir, e as partes de metal foram se alinhando, formando, acima da grande cruz da espada, outra cruz menor. Essa cruz era a libertação. No buraco que anteriormente estavam as vigas, Bran retirou algo. Algo comprido, envolto em pano. Jogou sua espada no chão. Fechando seu olho, ele abriu o pano. Dentro dele, as duas espadas. As marcas de seu pecado. Ele empunhou ambas. Bastou fazer isso para Cless o olhar com uma fúria sem tamanho. Avançou sobre ele sem pensar duas vezes. Bran agora estava mais ágil. Bloqueou as lâminas de Cless com uma das amasse com a outra, cortou a manga, que caiu ao solo. Tinha agora desativado a arma de Cless. A batalha estava ganha. Ou pelo menos, pensava assim. O jovem não recuou ao perder a manga, apenas puxou mais um fio. Agora, surgiu em sua outra manga existente, mais algumas lâminas. Aquele braço havia virado uma espécie de arma letal. Bran não poderia avançar contra aquilo. Não hesitou. Fincou uma de suas espadas no solo, e sacou novamente a grande espada em forma de cruz. Atirou-a contra Cless, que se defendeu com aquele braço. Bran então pulou, aproveitando-se do ponto cego que o garoto teve que abrir para se defender daquele ataque, e arrancou também a outra manga. Agora, seu oponente não tinha mais como atacar. Bran permaneceu parado, em frente a ele. Esse, que por sua vez, começou a se desesperar. Pegou no solo uma das lâminas de sua roupa, e a retirou da roupa. Em um ato impensado, fincou-a em seu braço, ela mão. Urrou de dor logo em seguida. Segurava o choro, e olhava para Bran com desprezo. Segurou firme a lâmina recém-adquirida no braço, e avançou contra Bran. Bran desviou o golpe de seus pontos vitais, mas deixou-o acertá-lo. Aproveitou esse momento, e com cuidado, puxou a lâmina para seu corpo, tirando-a do braço do garoto. Abraçou-o então. O garoto o batia com toda sua força, mas ele não soltaria. A lâmina pouco acima da sua cintura, alojada, sangrava muito. Edge não pode esperar. Saiu correndo de dentro do esconderijo. Encontrou Bran desmaiado, sobre o garoto. Este, por sua vez, havia se matado. Ao ver um gesto como esse, indo de seu pior inimigo, o garoto se sentiu sem honra. Não tinha mais por que viver. Não tinha como atacar mais seu mais odiado inimigo. Sua mão estava em pedaços, e a dor era insuportável. Empurrou Bran, e com sua mão boa, pegou a espada que ele havia fincado no solo. Bran então tentou reagir, mas não tinha condições. Queria impedir Cless de fazer essa besteira, mas não conseguia se mover devido à perda de sangue. Cless não hesitou, pegou a espada e cortou sua própria garganta. Antes de morrer, ainda falou para Bran.

– Não pense que acabou. Assassino.

Essas palavras pesaram sobre Bran mais que qualquer coisa. Ele caiu ao solo. Logo Edge havia chego. Este, por sua vez, levou Bran para o quarto, e o tratou. Bran não queria acordar. Sua honra e seus sentidos estavam arrasados. Eles não podiam fazer nada por ele por enquanto. Deveriam apenas esperar. Uma semana se passou. Edge e Nina frequentavam o quarto de Bran diariamente. Não iriam deixar aquele que lutou tão bravamente para protegê-los morrer. Logo, Bran acordou. Ao lado de sua cama, suas espadas. Fechou os olhos e adormeceu novamente, imerso em tristeza. Era um peso enorme a carregar dali em diante.


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