Devil Hunter E - A inspiração de ChrysopoeiaRPG escrita por Cian


Capítulo 13
Hunt 12 - Shadow




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Eles pararam novamente em outro vilarejo. Agora, o clima era de tensão. Desde a visita de Bran, Edge não conseguiu parar de pensar no ocorrido. Era uma grande ameaça, mas ao mesmo tempo dava novas esperanças à Edge de revelar seu passado. Tinha certeza de que Bran teria algo a ver com seu passado. Nina foi encontrar um bar para eles se hospedarem. Enquanto procurava, encontrou uma cartomante. Ela então chamou Edge, que estava um pouco atrás. Ele se aproximou e, a pedido de Nina, pagou uma sessão de Aritmancia para ele. Ela explicou que Aritmancia é a arte de ver o futuro e o caráter da pessoa pelos números.

– Hm. Interessante...

Ela então começou a fazer as contas. Ao final, o entregou três cartas. A primeira continha uma estrela amarela e o número 8 impresso nela. A segunda continha um coração vermelho e o número 6. A terceira continha a imagem de duas pessoas e o número dois. Tendo os cálculos encerrados, ela disse.

– O senhor é dedicado, mas imprevisível. Tem potencial para o sucesso ou para o fracasso, dependerá muito do caminho que seguir. É uma pessoa em harmonia, confiável e carinhosa. É criativo no que faz e cumpre suas promessas. Mas também, é duplo por dentro, como noite e dia. Além de ser reservado. Existe algo em sua existência que não compreende ainda e que talvez nunca venha a compreender. Você é preso pelo passado, mas é livre pelo futuro.

Ele se assustou com a precisão da predição da senhora. Saiu contente com o que ouviu, mas com uma dúvida grande sobre a parte de "ser duplo". Seguiu para o bar que Nina acabara de mostrá-lo. O bar era grande e possuía um enorme letreiro, onde estava escrito apenas "Low Fire". Entrou no bar normalmente. Ele estava lotado. Um grande mural o chamou a atenção. Ele se aproximou e acabou encontrando um papel vermelho que lhe chamou ainda mais a atenção. O papel era um convite a uma casa assombrada que ficava nos arredores da vila. Ele, logo que pôde, se inscreveu. Somente constavam naquele papel três nomes: "William Foster", "Howard" e "Edge." A viagem seria no dia seguinte. Ele, como já estava cansado, subiu para o quarto e adormeceu. Teve sonhos a noite toda com olhos vermelhos e uma boca escancarada também vermelha o encarando. Acordou no dia seguinte e logo se vestiu. Levava consigo ambas adagas e pistolas, caso precisasse. Saiu antes de Nina acordar e foi logo para o ônibus que esperava uma rua atrás do bar. Entrou no ônibus. Ele estava praticamente vazio, apenas ele e os dois inscritos. William Foster estava em um canto, olhava para a janela distraído. Trajava roupas de nobreza, parecia pertencer a um cargo importante da cidade. Howard estava em outro canto. Seu olhar era vazio. Suas roupas eram muito simples, apenas um vestido negro, com detalhes leves em branco, Edge se sentou próximo de ambos, no último banco, onde poderia permanecer quieto e calmo a viagem toda, sem se preocupar com nada. Logo depois, não aguentou e fez questão de perguntar a cada um dos presentes.

– No que vocês estão pensando em ir para aquela casa que todos dizem ser assombrada?

Howard apenas o olhou e voltou a encostar-se ao vidro, com seu olhar vazio. William falou em tom baixo e reservado.

– Essa casa era a antiga prefeitura. A escritura da cidade está lá, em algum lugar... E eu, como detetive dessa cidade, devo investigar e encontrar esse documento.

Edge apenas sorriu.

– Muito corajoso da sua parte... Ou será ingenuidade?

Virou-se e ficou assim por toda a viagem, que seguiu em um silêncio assustador. Nenhum dos passageiros fez sequer um movimento, a respiração naquele lugar parecia não existir. Depois de uma hora de viagem, eles chegaram ao seu destino. O ônibus parou lentamente em frente a uma casa antiga. Suas janelas estavam pregadas firmemente com pregos até enferrujados pelo tempo. O tempo estava fechado, nublado, sem sequer um raio de sol para alegrar o ambiente. Era um lugar sem emoção, nem cores, apenas o cinza das árvores mortas e a casa sem pintura. Uma casa de madeira, suas janelas eram mal distribuídas e todas estavam fechadas, com seus vidros quebrados ou rachados. Pelo chão era visto um antigo caminho de pedras, todas gastas.

– Hm. Parece que aqui irá acontecer uma grande festa logo em breve.

Edge sorriu ao pronunciar tais palavras. Entrou na casa com os outros. O chão rangia a cada passo. Chegou à maçaneta, ela estava fria, incrivelmente fria. Edge então girou a maçaneta lentamente. Ela rangia a cada movimento. Ele então adentrou na casa. Ela estava totalmente escura. Ele avançou calmamente. Tropeçou em algo no chão. Era um braço... Ou melhor... Apenas os ossos de um ser humano no chão, logo na entrada da casa. Edge apenas sorriu, William se assustou, dando um passo em falso. Howard permaneceu no mesmo estado de antes. Edge estranhou essa reação, mas apenas ignorou. Alguns momentos depois, uma leve brisa pôde ser sentida na sala de estar, onde estavam. Essa brisa logo se tornou mais densa, se tornando como uma névoa. Ela saía de todas as partes da casa. Saía das janelas, dos quadros, do piso, e ia cercando todos os presentes. Edge logo sacou suas pistolas e as deixou prontas para o uso, com seu dedo indicador no gatilho, apenas esperando pelo menor barulho. Ouviu então passos acelerados em sua direção. Sorriu apenas. Era alguém correndo, deveria ser William.

– William, siga minha voz.

– Você? Onde está? Apareça!

– Siga minha voz!

Então William foi surgindo da névoa, que no momento estava muito densa. Assim que William saiu dela, ela cessou, sumindo em alguns instantes junto com Howard. Edge apenas sorriu e em tom de deboche, disse alto, quase berrando.

– Howard! Esperava mais de você!

Logo uma risada foi ouvida no local, era uma risada feminina, abafada. Howard logo foi abrindo a porta de um armário próximo. Ela saiu calmamente, com a cabeça baixa. Edge então se aproximou calmamente. Ela levantou sua cabeça em um segundo, olhando para ele fixamente. Sua face estava deformada. Seus olhos estavam vermelhos e derramavam sangue em sua face. Sua boca estava escancarada. Era a mesma cena de seu sonho. A garota logo deu um sorriso e falou em um tom calmo

– Então Devil Hunter... Descobriu logo... Não esperava tanta habilidade de você.

Edge riu apenas e se preparou para a batalha. Suas pistolas estavam em mãos. Esperava apenas pelo movimento da garota possuída. Sorria calmamente, até o momento em que a face da garota começou a escurecer. Nesse momento, Edge fechou os olhos, e com um sorriso enorme na face, disse apenas.

– Essa é nova. A primeira vez que eu brigo com uma sombra possuída.

A garota então começou a rir descontroladamente. Seu corpo estava mudando de forma. Inacreditavelmente estava tomando a forma do Devil Hunter. Ela então avançou contra ele. Ele não teve outra opção senão sacar suas adagas para se defender. Ele guardou as pistolas em um piscar de olhos e sacou as adagas do sobretudo numa velocidade assustadora. Para sua surpresa, das mãos da sombra, surgiram réplicas totalmente negras de suas adagas. Ele então fez um movimento e conseguiu bloquear o corte vertical que seguia. Com um movimento, conseguiu impulso e saltou para trás, desequilibrando a sombra. Ele então se apoiou na parede, com os dois pese se encolheu para pegar impulso. Saltou da parede em direção à sombra. Rodando em pleno ar, ele segurava as adagas à sua frente. Conseguiu acertar a sombra em cheio. Atravessou à oponente e pousou calmamente, derrapando pelo chão do outro lado da sala. A sombra deu um berro de dor. Estava cortada ao meio. Aquilo não funcionara como o esperado. Alguns segundos depois, a sombra se recompôs. Edge então, começou a avançar contra ela, atacando com toda sua agilidade, mas a sombra era tão ágil quanto ele.

De repente, ele sentiu uma enorme dor no seu braço direito. Ao olhar para o braço, notou algo saindo de uma de suas adagas negras. Algo parecido com raízes. Elas estavam saindo da joia da adaga e subiam por ela, até alcançarem a mão do Devil Hunter. Então, em um movimento coordenado, elas levantaram e se fincaram no antebraço do rapaz. Perfuraram a pele, entrando muito fundo na carne do rapaz. Ele deu um berro de dor. Era uma dor enorme, nunca tinha sentido tanta dor em sua vida. Seu braço queimava por dentro. Sua boca se fechou e ele mordeu com força o lábio, fazendo com que sangrasse bastante. As raízes estavam se espalhando e se tornavam mais parecidas com veias por dentro do braço do rapaz. Elas estavam finas e muito espalhadas por todo o braço. A sombra apenas observava esse fenômeno. O jovem então ouviu uma voz em sua cabeça. Tudo estava girando. Seus olhos se fecharam. Ele sentiu uma energia enorme em seu braço direito. Ele queimava com fúria. Então, como mágica, a adaga se moveu sozinha. Avançou contra a sombra. E, em apenas um corte, partiu a sombra no meio. Dessa vez, a sombra não se recompôs. O corte foi algo fora do comum. Ela ficou cortada ao meio, parada. O braço de Edge sangrava livremente, enquanto a adaga negra atacava a sombra enfurecidamente. Logo, a "sombra" caiu, estilhaçada no solo em pequenos pedaços. Edge observou a cena com atenção e até certo ponto, pânico. Ao seu lado, jazia William, que fora atingido sem querer por um dos golpes enfurecidos da adaga negra. Agora, ela havia se acalmado. As raízes retornavam lentamente para a adaga.

Por mais estranho que parecesse, a adaga não deixou nenhum buraco no braço do rapaz. Simplesmente tudo o que provava que aquilo ocorreu de fato eram os corpos mortos no chão. Ele então saiu da casa. Segurando seu braço direito, que ainda queimava muito, voltou a pé para o bar. Lá, Nina estava esperando por ele. Assim que ele entrou no quarto, ela se aproximou e, corada, lhe deu um doce beijo. Afastou-se rapidamente e foi se deitar. Ao ir para o seu quarto, encontrou a cama arrumada. Ela sabia que Edge estava ferido. Via o sangue escorrendo, mas não sabia o que dizer. Talvez, sua leitura de energia já desse a resposta, mas ela tentou afastar qualquer pensamento desse tipo.

Foi se deitar, pensando no que acabara de ocorrer. Não esquecia a dor, nem esse calor estranho que lhe corria o peito. Nunca se sentira assim. Aquele era um calor diferente do calor das raízes, era um calor bom. Logo ele adormeceu e assim, a casa assombrada nunca mais foi comentada, somente na notícia do jornal: "Casal é encontrado morto em casa antiga, terceiro integrante está desaparecido." Assim, Edge deixou essa cidade, com milhares de dúvidas em sua mente.


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