Sistema Calculado escrita por Sadah


Capítulo 8
ATO 8




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Sentir-se bem é bom quando você acha que tem tudo e alcançou seus objetivos, mas não para Anne.

- Nós somos uma sociedade egoriana, pois acreditamos que mudando nossa postura, modo de agir, de se vestir e do seu jeito de ser por causa de críticas você passa a ficar doente por dentro, ou seja, o seu espirito está infeliz - diz Anne.

Agora cá estamos nós meus caros leitores, Anne agora lidera 4 homens.

Anne conversava com cada um deles em particular sem eu saber do que conversavam.

Eles todos desaparecem por alguns dias e cá ficamos Anne e Eu de novo sozinhos naquele imenso teatro.

- Quer sair para beber? – Anne diz.

Eu pergunto se eu seria espancado de novo.

- Não, você não vai- ela diz.

Nós fomos ao bar do Pill.

Conversamos um pouco enquanto bebíamos umas cervejas com mel.

- A partir de hoje usaremos mascaras de palhaço escutou?- ela diz.

Pergunto o por que.

- Nós vamos proteger as pessoas que amamos assim e até mesmo os nossos aprendizes.

Apenas digo a ela que não é necessário agirmos dessa forma, mas Anne é muito teimosa as vezes.

Ela me leva ao estacionamento fora do bar e me pede para que eu a desse um soco.

Eu pergunto se ela estava brincando.

- Não, é que eu não quero ir para o céu com este rostinho de bebê, vamos me de um soco bem dado- ela diz.

Eu dou um soco nela e ela retribui com um chute na minha barriga.

Nós começamos a lutar feito doidos um com o outro naquele estacionamento.

Ela me dava vários chutes e eu acertava seu rosto.

No final de nossa luta nós sentamos na calçada e bebemos umas cervejas com mel.

- Deveríamos fazer isso mais vezes- ela ri.

Eu começo a rir também, ela e eu começamos a gostar daquilo, nós estávamos quebrados, dentes saiam de nossas bocas com um cuspe cheio de sangue, eu estava com um olho roxo e com a boca cheia de sangue, Anne estava com a buchecha roxa e sem os dentes de trás.

Nas semanas que se passaram nós fazíamos isso nas sextas feiras no mesmo local e na mesma hora. Enquanto lutávamos uns caras ficavam nos olhando e diziam que éramos retardados, masoquistas ou loucos. Não trocávamos saliva com eles, apenas continuávamos lutando e lutando. Eles nos observavam. Até que um deles disse assim:

- Isso parece ser melhor do que luta livre ou UFC...- ele diz.

Anne me derruba ao chão, eu estava totalmente exausto. Um deles levanta a mão e pergunta:

- Pode ser a minha vez?- o cara que pergunta é um motoqueiro, eu acho, ele usava umas roupas de motoqueiro e etc.

- Entra ai- diz Anne.

No final das contas, com o tempo foi se juntando mais gente, mais e mais. Eram motoqueiros, homens de escritórios, mulheres prostitutas, garçons, faxineiros e etc. Qualquer um podia lutar, qualquer um podia entrar e simplesmente lutar de graça ou por esporte.

Em uma sexta-feira, um cara de terno e tal perguntou para Anne o porque deles estarem se batendo e Anne diz:

- Quer uma resposta, meu caro homem de terno e gravata Calvin Klein?- ela pergunta.

Ele diz que sim.

- Então entre e lute por respostas, meu caro- ela responde.

Acho que o cara ficou puto com aquela resposta e pediu para entrar na luta. Ele era bom de Box e era fortinho até. Ele metia porrada em um cara e o cara dava porrada nele, era uma maravilha. Ele foi gostando daquele ritmo, eu via isso na sua cara, ele estava gostando daquele momento.

No final da luta ele sai totalmente quebrado.

Ele olha para Anne e ela responde com um simples olhar de confiança e de satisfação, assim como ele também fez.

- Sabe por que lutamos Jacob?- Anne chega em uma bela manhã quando eu estava servindo o nosso café.

Respondo que não sei.

- Porque uma das formas de quebrar o ego e a sociedade em si é com um desafio desses, do tipo físico sabe? Percebe que ninguém paga pra entrar, ninguém é obrigado a entrar lá, só entra porque quer estar lá lutando- Anne diz-  Você sabe o porque aprendemos algumas coisas desnecessárias e sabendo que elas terão utilidade um dia que virá?- Anne pergunta.

Respondo que sim, porque nós temo necessidade de aprender coisas novas por mais inútil que elas sejam.

- Certo- Anne responde- e é por isso que eu  luto com todos naquele grupo até mesmo com você, deixamos de lado regras, códigos de conduta, leis morais e etc. apenas lutamos colocamos em pratica o nosso box que aprendemos em academias para ganharmos condicionamento, colocamos em pratica anos de academia como vigoréxicos  e lutamos polo tempo que perdemos e queremos recompensá-los.- Anne diz- por que os homens vão para as academias?- Anne pergunta.

Respondo que eles vão para ganharem condicionamento físico, mas abusam pelo fato de estarem no estado de vigorexia.

- Certo- Anne responde- eles vão para a academia para ficarem fortes ou será uma forma de quererem sair do estagio zero de alguma depressão?- Anne pergunta.

Eu digo a Anne que não entendo o que ela quer dizer com estagio zero de uma depressão.

- O homem sempre quer sair do estagio zero, vamos imaginar o homem como um planeta em um universo cheio de transtornos que está parado, não se move, não pensa. Apenas fica lá flutuando sem atrapalhar nada. De repente uma luz fraca surge dentro do núcleo desse planeta e diz para que ele mudasse e saísse daquele ponto. Ele olha a primeira revista pela sua frente e vê um anuncio da Azarro com um homem com corpo definido e tal, ele deseja mudar  e ficar que nem o homem. Ele vai em qualquer academia e decide malhar, malhar e malhar. Só que nisso ele fica e só nisso e em seu trabalho ele monta um ponto zero de depressão. Trabalho e depois malhar, para quê? Para continuar a mesma bosta de sempre e não mudar apenas continuar um planeta no centro do universo e sem fazer nada. Eu vou dar a esses pobres e coitados homens a mudança que eles merecem!- diz Anne.


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Notas finais do capítulo

Vigorexia: A vigorexia é uma alteração no comportamento que se enquadra entre os transtornos dismórficos corporais. Isso quer dizer que é uma desordem intimamente ligada a uma imagem distorcida do próprio corpo. Alguns autores usam a terminologia Transtorno Dismórfico Muscular no quadro de transtornos obsessivo-compulsivos, outros assemelham a Vigorexia à Anorexia, no sentido de que ambas seriam patologias narcisistas. Existem, ainda, autores que atentam para a ausência de critérios diagnósticos para validar essas denominações.



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