Complicada E Perfeitinha. escrita por Melanie


Capítulo 31
Entre o orgulho e a felicidade.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ^^'



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A dica da Sam era que eu deveria, acima de todo o meu orgulho, admitir que precisava de Pietro. Bem, não foi exatamente isso que eu havia feito, mas quase.

–Bom dia. –Pietro murmurou e depois me deu um beijo na testa.

–Bom dia? São 11 da madrugada, cala a boca. –Velhos hábitos nunca morrem.

Ele sorriu e rolou pela cama até sair dela. Fechei os olhos e me virei para o outro lado. Em seguida meu cobertor sumiu. Gemi de desgosto quando a cortina foi aberta e revelou uma luz que imediatamente queimou meus olhos—mais conhecida como “Sol”.

Ataquei um travesseiro em Pietro, mas meus sentidos ainda estavam tontos demais para que o travesseiro realmente fosse em sua direção.

–Você errou por quase dois metros. –Ele gargalhou.

–Vai embora, encosto. –Coloquei outro travesseiro sobre a cabeça.

Pietro pulou em cima de mim e ficou deitado sobre minhas costas até eu desistir—lê-se que eu não conseguia respirar—e concordar em me levantar.

–Sabe... –Pietro voltou minha atenção para ele. Eu estava sentada no balcão da cozinha com uma vasilha cheia de cereal (intocado) a minha frente. Olhei para trás onde ele enchia um copo com uma vitamina estranha, sobre a pia. –Eu estava pensando que nós podíamos viver o hoje como se fosse antes.

–Mas não é mais como antes. –Sussurrei.

–Mas pode ser.

–Pode ser.

Ele veio para perto de mim e deu uma bela golada em sua vitamina, o que o deixou com um bigode cor de rosa mega engraçado. Comecei a gargalhar, o que acordou Luca, que veio para a cozinha com a cara amassada e o cabelo despenteado, me acompanhou na gargalhada assim que viu.

–Do que vocês estão rindo?

–Você tem um bigode rosa.

Ele revirou os olhos e limpou o rosto. Enquanto eu me arrumava Pietro e Luca jogavam vídeo game.

–Desculpa, mas to vendo teu sutiã por aqui. –Luca apontou para a regata da minha camiseta.

–Essa é a intenção. –Pisquei pra ele.

Me sentei no sofá da sala e me orgulho em dizer que ganhei 17 das 20 vezes que jogamos um jogo de corrida imbecil que Luca havia ganhado. O telefone tocou e eu fui atender enquanto ambos faziam uma disputa serrada de “quem era o pior jogador”.

–Alô? Pietro? Pietro, seu celular não atende...

–É a Mel, Camila.

–Mel? Melanie, chama o Pietro, por favor. –Eu esperava que ela reagisse de outra forma. Ela estava suplicante, ela nem sequer se incomodou em ouvir meu nome, em dizer meu nome ou em pedir que eu mesma chamasse Pietro. Muita falta de vergonha na cara.

Levei o telefone até Pietro.

–É a Camila.

Ele fez que não ia atender, mas qual seria a desculpa dele? O vídeo game?

Ele atendeu e foi falar com ela na cozinha. Me joguei ao lado de Luca, colocando a cabeça em seu peito enquanto ele murmurava que eu o estava atrapalhando.

–Ok. –Luca parou de tentar jogar e soltou o controle. –O que esta incomodando você?

–Você me conhece tão bem! –Coloquei a mão direita sobre o peito. –Como sabe que algo esta me incomodando e que eu preciso falar sobre isso com você? –Revirei os olhos.

–Sua ironia faz tanta parte de você que mais parece um órgão.

–Preciso de um transplante!

–De ironia?

–Não, de sorte... Talvez uma cirurgia de redução de ciúmes também não me caia mal.

Luca deu risada e depois abriu a boca para dizer algo, mas Pietro se adiantou.

–Preciso ir.

–É claro que precisa. –Revirei os olhos. –Inferno. –cerrei os dentes. Minha intenção era mandá-lo para o inferno, mas o inferno era eu, não Camila.

Pietro foi embora sem muitas cerimônias, não tentou se explicar ou qualquer coisa do tipo. Luca foi abrir o portão pra ele e voltou com a cara mais lavada do mundo me explicando que “Camila estava com medo de ficar sozinha”. Ela não tinha esse direito.

Camila tinha medo de ficar sozinha e, bom, eu tinha medo de ter pessoas, ter pessoas por perto que simplesmente não quisessem ficar. Eu, simplesmente, não era o animalzinho do Pietro, daqueles que as crianças deixam de lado e brincam de vez em nunca. Eu não queria que ele fosse obrigado a estar comigo porque não se pode implorar sentimentos, não se pode mendigar atenção.

Luca foi comigo para o trabalho, estava de folga e decidiu me acompanhar no meu emprego “fixinha”—como ele vivia chamando. Eu estava no meio de um ensaio de fotos de roupas de banho quando ele, juro, foi chamado para fotografar comigo. Nunca, em toda minha vida (e carreira de 18 anos) eu havia me divertido tanto em um ensaio de fotos.

–Quer saber, esqueça a faculdade e o emprego chato de técnico... Eu adorei isso aqui. –Andamos para fora da agencia em direção ao carro, seu braço estava em meus ombros e o meu em sua cintura. Quem olhasse de longe diria que ambos éramos namorados.

–É. –Demos risada. –Quer saber, acho que você vai ser contratado. A verdade é que não temos muitos homens por aqui... Minha mãe e a mãe da Sam sempre foram muito exigentes em questões de aparência.

–Então... Agora que tem 18, porque não assume seus 50% da empresa? Não acha que o salário ia ser bem melhor?

–Acho que cada coisa tem sua hora e, bom, meu salário é mais que o suficiente.

–Quer saber? –Ele me deu um beijo na bochecha. –Vai ser o maximo trabalhar contigo, chatinha.

Entramos no carro e ligamos o radio auto alto, estava tocando a musica dos Titãs, Isso.

–Parecia que não ia acontecer com a gente. Nosso amor era tão firme, forte e diferente... Não vá dizer que eu não avisei você olha, o que vai fazer, não vá dizer... –Cantamos em coro... berrávamos na verdade, com o radio no ultimo. E eu estava me divertindo tanto, tanto...

–Pensei que estivéssemos indo para casa...

–Quero te mostrar um lugar. -Ele olhou para mim sorrindo e eu simplesmente assenti e observei o caminho.

Saímos do meio de prédios, de casas, passamos por bairro afastados, por avenidas e, por fim, por uma estradinha de terra em meio a arvores. O carro finalmente parou e Luca estava fora dele antes mesmo que eu notasse isso. Abri a porta do carro e observei o que me esperava... Perdi o ar. Era tão... Perfeito.

–Como achou esse lugar?

ele coçou a nuca e se espreguiçou com o outro braço.

–Bonito, não? Meu avô me trouxe aqui umas cinco vezes antes de morrer.

Tinha arvores ao redor que formavam um circulo perfeito a nossa volta, como se fossem naturalmente moldadas. estava escurecendo e era possível ver o sol se esconder atrás das pedras da cachoeira que estava bem a nossa frente. Sua água cristalina brilhava e deixava quilo tudo com cara de sonho. O local tinha cheiro de terra molhada e contava apenas com o barulho da água caindo entre as pedras e alguns pássaros.

–É perfeito! -Murmurei e caminhei até ele.

–Achei que precisasse de algo nada menos que perfeito... Depois de tudo que passou, é o que merece.

Sorri para ele e ele fez o mesmo de volta.

–Aposto que você me trouxe aqui sem as roupas de banho de propósito. -Rimos.

–Não da pra nadar, tem muitas pedras. É mais perigoso do que parece realmente. -Ele gargalhou. -Não que tenha sido uma má ideia... Quer saber, você me faz rir. Me faz feliz.

–E quem vai me fazer feliz? -Sussurrei. Achei que ele fosse berrar "OI? NÃO TO TE OUVINDO. REPETE."

–Eu posso tentar, se você deixar. -Ele segurou minha mão.- Se você quiser.

Olhei para ele, ele ainda olhava para a cachoeira. olhei para nossas mãos, para a vista a minha frente e percebi o quão mal agradecida eu era com o homem que estava ao meu lado.

–Você não pode tentar me fazer feliz Luca, porque você já me faz feliz. -Eu o abracei.

Momentos assim deveriam ser eternos.


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Notas finais do capítulo

Sei que ando em falta com vocês, me desculpem. Ando meio... sei lá. Pretendo escrever o próximo capitulo mais rápido, inclusive os da outra fic.