Complicada E Perfeitinha. escrita por Melanie


Capítulo 30
O fim pode ser o começo...


Notas iniciais do capítulo

Eu demorei, eu sei :(
É que eu passei uma semana em Sampa (porque um parente com a qual eu nem falava a uns 7 anos faleceu), passei a semana do natal em Ribeirão do Sul (sem internet, telefone ou sinal pra celular), matei a saudade do meu namorado, escrevi a fic e... Ok, chega de encher o saco de vocês, to ligada que vocês estão com saudades kk'
Boa leitura ^^'



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Deixei Camila na porta da minha casa. Ela passara o caminho todo em silencio, afinal, que assunto teríamos agora? Não faz sentido brigar por algo que já aconteceu, não vale apena gastar palavras se o silencio já basta.

–Não vai entrar?

–Não. –Respondi. Deixando o carro em frente a garagem e dando as costas a Camila antes que ela perguntasse a onde eu iria.

Percebe-se que o clima esta pesado quando Camila não puxa assunto e não sorri.

Caminhei pelas ruas seguindo meu coração, que era a única parte de mim que ainda tinha um rumo. O rumo do meu coração sempre seria a Melanie, sempre. E foi isso que eu fiz, caminhei. Avistei o poste antes de estar consideravelmente perto dele, ao mesmo tempo uma garoa fina e gelada começou a cair.

Sorri. Era tão irônico que estivesse prestes a chover justo agora. Me sentei no chão, ao lado do poste e comecei a repensar em tudo. Tudo em que eu me envolvera.

Uma chuva mais forte começou a cair e eu sorri. Sorri porque me lembrei da primeira vez que me encontrei com Melanie naquele mesmo lugar, ao lado daquele mesmo poste. Me lembrei de ficar encantado com sua beleza, seus lábios vermelhos naturais, seus olhos chocolate, a pele pálida, o corpo escultural e o sorriso com a companhia de apenas uma covinha.

Me lembrei do meu cavalheirismo, da minha vontade de ajudar, e da teimosia e rebeldia que a acompanhavam desde sempre. Me lembrei de quando começamos a nos tornar amigos, de quando ela me deu o primeiro beijo e eu me senti tão confuso e no dia seguinte ela simplesmente esmagou minhas esperanças com um gesto tão simples. De quando ela me detonou no vídeo game (E foram muitas as vezes), de quando a chamei de minha pela primeira vez e, sim, ela realmente já era minha, quando ficamos juntos pra valer, quando brigamos de novo, de novo e de novo, quando nos reconciliamos, quando destruímos coisas, quando construímos, quando nos declaramos, quando nos separamos e quando voltamos... Lembrei de cada detalhe de tudo.

Lembrei também de quando estava com a Camila. Desde bem antes.

Nunca senti pela Camila o que senti pela Mel. A Camila era mais uma paixonite da infância, um desejo. A Mel era meu amor, meu tudo. A Mel era minha e, cara, é tão errado desistir de tudo!

A Camila me pediu em namoro na frente dos nossos familiares, e foi uma surpresa para mim, para os meus pais e, acho eu, para todos os presentes. Eu tive, mais que tudo pela dignidade dela, que aceitar. Eu sofri as conseqüências com isso, por ser um cavalheiro—porque desde o inicio era só isso o que eu queria ser, isso o que os meus pais me ensinaram e se orgulharam quando viram que eu aprendi. Perdi a Mel, comprometi a minha felicidade e a dela, fingi estar feliz e gostar de alguém que eu não gostava, comprometi a infância e a vida de uma criança com algo incerto... tantos os erros que cometi com vontade de acertar!

–Te vi aqui na chuva e, não me pergunte por quê... –Olhei para cima e lá estava ela, a Mel em pé ao meu lado, segurando um guarda chuvas e olhando para mim. –Achei que precisasse de ajuda. –Sussurrou, a voz quase inaudível com o barulho da chuva.

–Irônico... –Sorri, ainda meio triste.

–Eu sei. –Sorriu e se sentou ao meu lado. Depois de alguns minutos ela passou seu braço direito por trás do meu pescoço enquanto usava o esquerdo para equilibrar o guarda chuva sobre nossas cabeças. -Vamos enfrentar isso juntos.

–Como? –Perguntei.

–Eu não sei. –Sorriu sem os dentes, deixando a covinha deficiente a mostra. –Mas isso não importa. A gente supera, gordo.

–Saudades magrela.

Ela se aproximou e eu coloquei meus lábios nos dela... Um beijo com gosto de saudades.

Nós fomos para a casa dela, considerando que Camila estaria na minha, ir para a dela era uma ótima idéia. Chegamos encharcados, fazendo o mínimo barulho possível já que Luca estava roncando no sofá.

–Acho melhor a gente tomar um banho quente... –Eu a interrompi.

–Pensei que não fosse me perdoar. –Eu ainda estava meio receoso.

–Eu também pensei. –Sua sinceridade acabara de me dar um tapa na cara.

–E...?

Sorriu. Aquela covinha me desarmava.

–E que eu me lembrei.

–Se lembrou?

–Me lembrei que eu não preciso de você.

Melanie acabara de evoluir de “um soco no estomago” para “um chute no saco”.

–A onde você quer chegar com isso?

–Estou sendo romântica. –Revirou os olhos.

–Espera. –Pedi. –Esta sendo irônica? É isso? Porque eu to boiando.

–Eu não preciso de você, não preciso de você pra nada. Posso ser feliz sem você, posso comer, dormir, sair... Sou independente, não preciso de você pra nada... –Eu ia a interromper, mas ela colocou o indicador sobre os meus lábios antes de continuar. –Mas eu quero você. Pra estar perto de mim... porque eu gosto de você, e gosto da sua companhia, entende?

–Tem razão, você esta sendo romântica.

–Obrigado, mas não se acostuma, porque é chato. –Mostrou a língua e revirou os olhos.

Observei seu sorriso morrer e sua face ficar sem expressão. Seu quarto estava escuro, contando com a pouca luz do poste que atravessava as persianas colocadas na janela. Uma delas deixava um feixe de luz exatamente nos olhos de Mel.

–E agora?

Olhou para baixo e depois voltou seu olhar para mim, de baixo para cima... Suas pupilas estavam tão grandes que eu assemelhei-as aos olhos do “Gato de botas”.

Suspirei e ela repetiu meu ato. Ela fechou os olhos e eu beijei sua testa.

Tomamos banhos, juntos. Também dormimos juntos, nos sentidos mais inocentes das palavras.

Acordei antes no dia seguinte. Mel ainda dormia, tão serenamente, que eu tive medo que minha própria respiração a acordasse. Prendi a respiração enquanto a observava dormir. Aquilo era tão perfeito. Sua respiração calma, seus lábios em um meio sorriso... Como alguém pode ter o céu em meio ao inferno?

–No que esta pensando? –Melanie falou, me fazendo dar um pulo na cama, levar a mão direita ao coração e a esquerda a boca.

–Meu Deus, Melanie! –Tirei a mão da boca e voltei a abraçá-la. –Quer que eu enfarte?

–Precisa ser uma resposta verdadeira? –Ela ainda mantinha os olhos fechados.

–Deixa pra lá... –Sorriu. –Estou pensando que, talvez, isso seja o certo. Talvez eu deva me entender de uma vez com Camila e explicar a ela todo o meu amor...

Melanie fora rápida e destrutiva. Em um momentos estava de olhos fechados e, no outro, estava sentada na cama me dando um soco no peito.

–Você a ama?

–Amo quem? –Disse meio sem ar.

–A Vamila, a Camalha, a macumba da loira que ta dormindo na tua casa, imbecil.

Dei risada e meu peito doeu. Será que a Mel tinha uma caixinha mágica de onde ela tirava tanta criatividade?

–Amo você, Mel. Dã. –Sorri para ela, mas ela continuou seria. –O que foi?

–Ainda estou brava.

–Esta brava com o que, magrela.

–Porque eu quase achei que você amasse ela. –Revirou os olhos. –Você é patético. –rolou na cama para ficar de costas para mim e voltou a dormir.

Ri e depois a abracei e fechei os olhos. Seu perfume invadia minhas narinas e tornava tudo tão mais fácil.

Naquele momento, naquela manha na cama de Mel, com as luzes apagadas e ambos abraçados, eu não tinha problemas, só soluções.


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Notas finais do capítulo

Queria pedir desculpa a todas as leitoras que ficaram esperando (a boa vontade do universo que insistiu em conspirar contra mim nesse ultimo mês do ano)
E agradecer por não terem me abandonado.
Beijo e um ótimo ano novo para todas vocês!



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