Complicada E Perfeitinha. escrita por Melanie


Capítulo 29
Pietro da Camila


Notas iniciais do capítulo

Demorei bastante, né? Desculpa gente!
Poxa pessoal, mandem as fotos de como vocês acham que são os personagens, custa nada, poxa :(



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–Você esta bem?- Ouvi a voz de Luca, abafada pela musica, logo ao meu lado.

–Uhum. –Respondi, com medo que a minha voz falhasse.

A verdade é que nem a musica alta superava o som alto e continuo que invadia minha cabeça. As luzes coloridas que piscavam pelo salão me deixavam mais tonta que o habitual, mas eu tinha de me acostumar. Tinha de me acostumar com o meu novo eu e com a minha mais nova forma de autodestruição. Uma dor forte martelava em minha nuca.

Parei de me movimentar no ritmo da musica e me dirigi para o local aberto mais próximo. Podia sentir Luca me seguindo. Minha vista estava escurecendo e eu mal podia manter os olhos abertos quando me deixei “cair” sobre a cadeira.

–Mel? –Luca chamou, mas a voz dele não passava de um sussurro.- MEL? –Um grito.

Abri os olhos e apoiei as mãos na mesa a minha frente.

–Eu to bem... acho que minha pressão caiu de novo. –Meu corpo estava cada vez mais pesado. Deixei que meus olhos se fechassem e precisei de uma força absurda para os abrir novamente.

Luca ergueu meus rosto com as duas mãos e me olhou nos olhos.

–Você ta mal, menina. Vou chamar ajuda... –ele estava visivelmente preocupado, e eu não queria que ele se preocupasse comigo.

–Eu to bem. –Usei o apoio da mesa e me levantei, mas logo em seguida minha vista escureceu de vez.

Minhas pálpebras pareciam pesar toneladas, era quase impossível abrir os olhos. Esperei por alguns minutos antes de tentar abrir de novo e, depois de algumas tentativas falhas, consegui. Meus olhos se abriram e fecharam em seguida, tudo ali era claro demais. Abri os olhos aos poucos esperando que eles se acostumassem com a claridade exagerada. O quarto era branco, um sofá branco, uma poltrona branca, armário branco, luz branca... um hospital. Na verdade, um quarto de um hospital. Olhei para meus braços e haviam alguns tubos ligados a mim.

–Graças a Deus! –Olhei para o dono da voz. –Nunca mais faça isso, entendeu? –Pietro vinha em minha direção enquanto Luca vinha atrás dele, rindo da reação do amigo.

Franzi a testa.

–Ainda bem que você acordou, Mel. –Luca se jogou no sofá. –Pietro estava dando surto dentro do hospital. Chorava pra cada homem de branco que aparecia em sua frente, alguns nem eram médicos.

–E por que diabos eu estou em um hospital? Eu estou morrendo, por acaso?

–Ainda não, fica tranqüila. –Um doce, Luca, um doce.

–Mas você esta com uma anemia fortíssima. –Pietro fez cara de mal. –Acho bom você se cuidar.

Me sentei na cama e, enquanto me ajeitava, observei tudo que estava ligado a mim com uma vontade enorme de arrancar.

–Como eu vim parar aqui?

–Você passou mal, lembra? –Pensei um pouco e assenti. –Daí eu liguei pro Pietro e mandei mensagem pra Sam. Ela me ajudou a te trazer e ele encontrou com a gente aqui. Os médicos disseram que você precisava descansar bastante e de um bocado de soro.

–Eu dormi aqui? Que droga. –Fiz careta.

–O Pietro queria ficar aqui com você, mas a Sam insistiu em ficar aqui contigo. Mas ela teve que sair as oito, então o Pi ficou aqui com você até eu chegar, mesmo porque ele dormiu no carro... Por isso a roupa amarrotada.

Olhei para Pietro que parecia ter acabado de sair de uma garrafa. Dei risada.

–Essa parte você podia ter... pode ignorar, por favor? –Pietro pediu com um sorriso sem graça e uma mãe na nuca.

Dei escândalo até sair do hospital. O medico resistiu mas me deu alta.

Chegamos em casa e logo voltamos para o hospital. Tudo isso porque minha falta de equilíbrio me fez cair no ultimo degrau da escada e voltar para o hospital com um “suposto braço quebrado” que na verdade não passou de uma torção.

Me sentei na bancada enquanto Pietro me fazia comida e Luca falava ao telefone com a mãe lá no quintal.

–Se você continuar dando uma “rainha do hospital” não acho que vamos dar conta. –Rimos. –Mas agora é serio Mel, você precisa se cuidar. Comer e tal. Anemia é coisa seria... –Assenti positivamente, mas o que ele falou entrou por um ouvido e saiu pelo outro.

–E a Camila? –Perguntei para Pietro, quando minha curiosidade já não cabia mais dentro de mim.

–É um assunto meio complicado...

–Complicado uma ova! –Ouvi alguém gritando da sala.

Camila apareceu na cozinha, seguida por Luca que erguia os braços a cima da cabeça.

–Eu juro que tentei impedir.

–Por que não contou a ela, Pietro? –Tacou a bolsa no chão.

Eu estava entre eles, sentada na bancada. Pietro ao meu lado direito na porta da cozinha e Camila no meio da cozinha.

Enquanto minha mente absorvia o que Camila acabara de dizer meu coração parou. Meu coração parou, e logo recomeçou com todas as forças, em um ritmo que eu, pelo menos, nunca conseguiria acompanhar com a boca.

–Cala a boca Camila! –Pietro falou com uma voz tão firme e tão grave que eu me assustei. Ele nunca falara comigo com aquele tom... aquele era um outro Pietro. Aquele era o Pietro da Camilae não o Pietro da Melanie.

–O que foi? –Ela deu uma risada meio sinistra, bem de bruxa, pra combinar com aquela cara nojenta. –Acha que ela não vai mais te querer? Ela não te apóia em tudo, meu bem?

Talvez toda a minha vida tivesse mudado ali. Talvez toda a minha vida tivesse mudado se eu dissesse que o apoiaria independente do que fosse, mas eu tive medo. Sempre fui do tipinho impulsiva, do tipinho que guarda o medo no bolso e fala o que pensa, age do modo que acha que deve... Mas eu não me movi. Não me movi por medo. Tal palavra se tornara um palavrão no meu vocabulário. Toda a minha vida podia ter tomado um rumo diferente ali, era só eu abrir mão do meu orgulho e... e eu teria mudado tudo! Palavras, ou até mesmo atitudes; uma palavra e, talvez, uma só atitude... Mas eu preferi ficar em silencio, guardar a dor no bolso, deixar que o medo invadisse cara milímetro do meu corpo e suspirar de desgosto de mim mesma.

–Esse assunto é entre nós, não envolva a Mel nisso... –Ele continuou com aquela voz. –Por favor!- Dessa vez, ele suplicou.

Camila lhe deu um sorriso caloroso e atravessou a cozinha como uma modelo atravessaria uma passarela. Ela era linda, eu não podia negar. Atrasvessou a cozinha sorrindo para ele e depois o beijou. Não um beijo, mas um selinho, o que já era o suficiente pra me deixar enjoada.

Pietro não retribuiu, ele estava com os braços soltos ao lado do corpo e seu rosto ainda mantinha um tom de suplicação.

Sorriu para ele de novo. Me imaginei tacando uma pedra em seu sorriso e abrindo um buraco ali.

Ela se soltou dele e me olhou, com o mesmo sorriso tosco e esnobe. Luca chegou mais perto de mim e eu pulei da bancada.

–Eu estou grávida do Pietro.

Oi? Como respira mesmo?

–Acha... você acha. Não é nada oficial... – Pietro tentou concertar.

Respirei bem fundo, olhei para cima com a intenção de não chorar. Dei um sorrisinho e andei até Camila. Nossos corpos estavam a menos de um metro de distancia, porem ela era um tanto mais alta que eu. Suspirei, de novo.

–Você conseguiu, não é?

–Não é oficial ainda, Mel... –Luca tentou ajudar.

–O golpe mais baixo de uma mulher é fingir uma gravidez pra segurar um homem, eu não acho que você seja tão baixa, Camila. Que você vá se rebaixar a um nível tão, mais tão baixo...- Premio, pra Melanie! Pude ver o sorriso de Camila se desfazer mais e mais com cada palavra.

–É só isso que você tem a me dizer, Melanie?

–Você venceu. Ele é seu. –Sorri. –Agora, vá pro inferno!

Dei as costas a ela e fui para o meu quarto. Parecia que alguém tinha colocado uma pedra gigante sobre o meu peito tornando respirar algo impossível.

Algum tempo depois ouvi algumas batidas na porta e um pouco de claridade invadir o quarto escuro e fechado.

–Sabe Mel, não concordo com o que você disse. Não importa o que esta acontecendo agora... O Pi é teu pra sempre. –Depois de perceber que eu não iria responder ele respirou fundo e foi fechando a porta. –Vou estar lá em baixo se você precisar de ajuda.

A porta se fechou e a claridade foi embora por completo.

–Eu nunca preciso de ajuda.


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Notas finais do capítulo

Não me matem kk'
Mas todo mundo sempre dizia que o Pi sofria muito pela Mel, agora ta acontecendo o oposto (e bem pior, por sinal) com a Mel.
A outra fic tava meio paradona, mas eu já to escrevendo um outro capitulo, ok? bjs' ^^'