Complicada E Perfeitinha. escrita por Melanie


Capítulo 28
Desencana


Notas iniciais do capítulo

Gente, não esqueçam de mandar as fotos dando uma ideia de como vocês imaginam os personagens...
Nem vou enrolar muito vocês porque esse capitulo ta muito dahorinha kk'
Boa leitura ^^'



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–Fico feliz que tenha ficado... –Falei para Mel. Essa se limitou a assentir com a cabeça e continuar calada. –E então? Vai me dar um gelo? –Assentiu novamente. Revirei os olhos.

Melanie estava totalmente concentrada na televisão e isso me irritava profundamente, porque eu sabia que lá no fundo ela olhava para a TV para não olhar nos meus olhos, para não olhar pra mim. Os olhos colados na TV e as poucas palavras indicavam a magoa e a tristeza que eu causara a ela, Melanie tentava não trair a si mesma olhando ou falando comigo.

–Vou tomar um banho. –Camila me deu um selinho. –Já volto amor. –Subiu as escadas como se estivesse em uma passarela.

Esperei alguns minutos enquanto Melanie fingia que ambos não estávamos sozinhos—já que Luca saiu de fininho assim que Camila sumiu de nossas vistas.

–Senti sua falta... –Ela finalmente olhou pra mim. Estava ainda mais pálida e com olheiras escuras, mas conseguia continuar linda mesmo assim. –O tempo todo, Mel. Senti sua falta em cada segundo, em cada respiração...

–Cala a boca.- Ela me interrompeu.

–Mas é a verdade!

–Eu acredito. –Murmurou. –Mas é que as coisas mudaram, né? Os sentimentos, os tempos, as preferências... A vida muda. Quando a gente muda, muda também o nosso jeito de olhar as pessoas, o que nos faz reorganizar as nossas prioridades. Acontece que eu mudei, mudei tudo. Tendo mudado eu já sou outra e sendo outra não sou mais sua. O que era nosso já se perdeu faz tempo e agora a gente não tem mais nada a ver. Mas não se preocupa, o preço da cerveja ainda é o mesmo, e o seu valor ainda ta lá em baixo.

Me lembrei do soco no estomago que era a Mel.

Um ano era o suficiente pra ela me esquecer? Amadurecer e perceber que não era de mim que ela precisava? Isso tinha que estar errado! Muito.

–Mas eu te amo, Mel! –Eu disse, e observei ela ficar sem reação por alguns segundos. –Os opostos se atraem, lembra? Eu te amo, Minha Mel. –Não deixei transparecer, mas eu estava explodindo por dentro. Eu estava desesperado. A idéia de perder a minha pequena, a minha magrela, era quase como estar sendo esfaqueado.

Foram dois minutos de silencio, o relógio pendurado na parede mostrava. Dois minutos inteiro apenas com o fraco som da televisão.

–Mas o amor não dura pra sempre, quem dura é a saudade. E eu, Pietro, descobri isso da pior forma do mundo, te perdendo. Em um dia éramos eu e você contra o mundo, agora é você e sua nova namorada de um lado e eu e minha nova vida do outro. Os opostos se atraem, é verdade, mas atração dura pouco, uma hora a gente sai em busca de “gente que combina com a gente”. –Fez aspas no ar. Meu coração parou quando ela pausou. Meu coração parou como um corpo morto que para de respirar, e voltou com todas as forças, rápido e esperançoso quando ela voltou a falar. –Você levou uma parte de mim contigo, Pi, a melhor parte. E eu nem consigo ficar brava por você ter ido embora, eu também iria se pudesse, mas, poxa, você prometeu ficar. Nunca deixei de cumprir minhas promessas. Eu nunca te deixei. Mas, quer saber, tudo bem. Você esta feliz e é isso o que importa.

E ai o desespero se multiplicou enquanto minha agonia me consumia. Eu sentia raiva de quem feria a Mel, e agora estava com raiva de mim mesmo porque eu era o único causador dessa dor que a feria—mais do que eu podia imaginar, talvez.

–Você sabe que eu tive que ir, não tinha escolha. –Suspirei. –Meu pai precisava de mim.

Ela se levantou e eu me levantei também. Estávamos a três passos de distancia, mas eu não me movi. Nada, nem um milímetro se quer. –O meu pai, Mel. Ele precisava de mim.

–Eu entendo, eu realmente entendo. –Mordeu os lábios, olhou para cima e fechou os olhos. –O que eu não entendo é, como pode me trocar por ela, Pietro? Como pode fazer isso comigo? Não percebe o quanto isso me magoou? O quanto eu fiquei presa a duvidas e por quês depois disso?

–Eu termino, eu juro. Eu termino agora, nós voltamos...

–Não, quem não quer mais agora sou eu. –Olhou pra mim e sorriu sem os dentes, deixando a mostra sua covinha de um lado só do rosto e, droga, pela milionésima vez na mesma vida eu me apaixonei.

–Mas, Mel, você não pode me deixar... Olha pra trás e lembra de tudo que a gente viveu junto...

–Quando eu olho pra trás só consigo me lembrar das brigas e de estar sozinha. –Endireitou a postura e ajeitou a roupa. –Fala pro Luca que eu mandei um beijão pra ele antes de sair e que eu encontro ele na festa hoje a noite. Tchau, Pietro.

Antes de ela sair eu abri mão do meu orgulho. Perguntei 23 vezes se ela tinha mesmo certeza daquilo e a cada “Sim” era como uma pancada diferente, uma mais dolorida que a outra. Ela não abriu mão do orgulho dela. E, em questão de orgulho, Melanie dominava. Eu duvidava que o mundo fosse acabar por qualquer desastre natural, acreditava que um dia a única terra que podemos chamar de nossa seria engolida pelo orgulho da Mel.

E então ela foi embora. Abriu a porta e saiu sem nem ao menos olhar pra trás antes de ela se fechar, me deixando pra trás com cara de bobo. Melanie era um mulherão, e esse um ano havia lhe feito um bem danado.

Melanie era um problemão, mas também era um baita de um mulherão que valia a pena.

Minha cara de bobo ainda não havia sumido quando Camila entrou na sala e, pra ser bem sincero, eu nem havia notado que ela estava ali até ela estalar os dedos na frente dos meus olhos.

Conversei com Luca enquanto ele se arrumava para ir a tal festa e ele só tinha uma resposta pra me dar “Você se fudeu, ela é a melhor.” E eu senti ciúme. Por não ser mais o predileto dela, de ter uma loira de pijama pronta pra dormir deitada no sofá me esperando e não uma morena reclamando que o filme era meloso demais ou dizendo que preferia sair. Eu estava com saudades da agitação, do humor arrogante, da sinceridade e das esquisitice. Eu sentia saudades do jeito único da Mel e não do jeito comum da Camila.Mas também não era justo descontar o meu aborrecimento em Camila e eu, eu era adulto o suficiente pra isso... mas ela não.

–Sabe porque você ta com essa cara de cachorro que caiu da mudança?

Olhei para ela com duvida, quase podia ver um ponto de interrogação se formar sobre minha cabeça pelo espelho.

–Ham?- Olhei pra Camila. –Como que é um cachorro que cai da mudança?

–Ela te deu um fora, Pietro. Desencana.

Depois disso nossa conversa foi em olhares. Eu peguei minhas coisas e fui dormir na sala.

Não Dormi a noite inteira, só conseguia me lembrar de cada verdade que a Melanie jogou na minha cara.

Eram 3 da manha quando ouvi o celular tocar. O procurei pela sala inteira, mas não o encontrava, então ele parou. Continuei a procurar quando Camila desceu as escadas e retirou o meu celular de dentro de sua bolsa. Eu não sabia como ele havia ido parar lá.

Pelo jeito, ela estava dormindo muito bem até o celular tocar.

O toque recomeçou e eu o atendi. O som estava alto e Camila encostou a orelha do outro lado do aparelho para ouvir.

–Pietro?

–Oi, Luca. O que foi? –Provavelmente ele estava bêbado e iria falar alguma besteira.

–É a Mel, cara.

–O que aconteceu? –Perguntei cauteloso, preocupado com a resposta.

–Ela desmaiou e não acorda. Não sei o que fazer, acho que vou levar ela pra um hospital.

Droga. Eu havia percebido que ela estava meio estranha algumas horas antes...

–Leva pro primeiro hospital ai perto e me manda o endereço. –Falei com urgência. – Já estou indo. –Desliguei o celular e corri para me vestir.

Eu já estava na porta pegando as chaves do carro quando Camila entrou em minha frente tampando a passagem da porta e segurando meu braço direito com toda sua força.

–Por favor, meu amor... fica. Eu não quero te perder...


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Notas finais do capítulo

E ai? O que vocês acham? O Pietro vai desistir da Mel (já que ela deu um fora nele) e vai ficar com a Vamila? (Apelidinho que a leitora Evelyn Cardoso deixou de presente e que vai ser usado pra identificar a nossa adorada Camilinha)



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