Wojownikiem escrita por liljer


Capítulo 18
— Hviske Endringer


Notas iniciais do capítulo

Como prometido, cá estou eu, em plena quinta feira, postando capítulo novo!!
Espero que gostem, embora que... Bom... ~cof cof~
Até a próxima. Bj, se cuidem.



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Outono.

O choro de bebês fazia com que Rose sentisse que seu peito iria explodir de felicidade e, ao mesmo tempo, tristeza. Passaram-se meses desde que perdera seu filho, mas a sensação estranha de que, de alguma forma, poderia compensar o mundo com aquilo era viva, ardente.

Pegou-se acariciando um dos bebês, tentando fazê-lo parar de chorar, acalmando-o para que a mãe deste pudesse descansar em paz, para logo dar de mamar para o pequenino.

– Você teria sido uma ótima mãe – a voz de Janine soou atrás de si, pegando-a de surpresa. Sentia-se um tanto culpada quando era pega de surpresa nesses momentos de devaneios.

– Nem tudo está perdido ainda, mãe – a morena riu, colocando o pequenino de volta ao cesto, já dormindo.

– Não, não está... – concordou a mais velha, sorrindo e se aproximando de onde a filha se encontrava encostada, observando o bebê não muito longe. – Você precisa conhecer alguém que lhe aguce interesse, querida. Alguém que faça você repensar em casar-se e ter filhos... Precisa deixa-lo no passado.

Rose suspirou. Não conseguia deixa-lo no passado, sua mãe e ela tinham plena noção disso; Dimitri Belikov era como um fantasma que voltava todas as noites assombrando-a com seus cabelos cumpridos e olhos castanhos quentes como lama, com seu sorriso bonito e queixo quadrado. Com aquele olhar amoroso que ele lançava em sua direção toda vez que a via. E, por essas razões, Rose não conseguia simplesmente deixá-lo para lá. Não conseguia encontrar ninguém como ele, e, a verdade seja dita: nem queria...

– Doutor Thomas parece bastante interessado em você. Por que não dar-lhe uma chance sequer? – Janine insistiu.

– Não comece, por favor... – reprovou. – Eu não estou interessada em conhecer ninguém agora, mamãe. Faz pouco tempo desde que tudo virou de cabeça para baixo em nossas vidas... Vamos organizá-las, ok?

– Você fala como seu pai – Janine comentou, com um pequeno sorriso triste, repleto de saudade. Sorriso espelhado em sua filha também.

– Ele sabia o momento certo de arranjar um casamento para mim... Eu só devia esperar – Rose riu, sem muito humor.

Aqueles lembretes sobre Ibrahim e Mason haviam se tornado mais frequentes e menos dolorosos entre as duas nos últimos meses que se passaram. Após pensar em ter perdido a mãe, Rose havia se erguido quase completamente quando encontrou esta em um hospital improvisado na paróquia de Padre Gerhard, que a acolhera sem ao menos saber que aquela era sua mãe, desde então, Rose dedicou-se a cuidar do velho Gerhard e de sua mãe com uma veemência sobre-humana. Não podia deixa-los de lado, não depois de tudo e todas as dores que passara no inverno passado. Agora, naquele outono, ela então via uma nova razão para continuar: sua mãe.

Esta que, ao se recuperar das queimaduras e ferimentos, havia acolhido a filha de uma forma incompreensível, fazendo-a se sentir tão amada, tão querida por alguém, que quase remediou todo o tempo que ela havia perdido chorando as dores por Dimitri tê-la traído e, principalmente, as coisas tomaram outro rumo quando a garota descobrira que esperava um filho de Dimitri, seu grande e perdido amor.

Rose não havia tido nenhuma notícia dele ou de Jillian desde que voltara para a antiga Milzis, mas cogitou procurar por algumas vezes, para contar-lhe sobre o filho que esperava e em como o queria de volta em sua vida. Mas, de alguma forma, parecia que o destino tinha-lhe pregado alguma peça sombria... Dias para procura-lo, esta sangrou, perdendo assim a criança que esperava.

A dor de perder o que mais desejara e mais amara desde a descoberta e a pessoa que mais lhe lembrava de seu amado era tremenda. Tão forte que passara dias sem querer ao menos ver a luz do dia e, com intervenção de Padre Gerhard, ela encontrou um auxílio no pequeno hospital ali, na área com os bebês. Parecia então estar perto de seu filho. Estar perto da criança que tivera outrora dentro de si e agora restara apenas saudade. Saudades de quando este se mexia dentro de seu ventre, de quando sentia seu pequeno coração bater durantes as madrugadas que era assombrada por o fantasma de Dimitri, cruzando o pequeno quarto que outrora fora a biblioteca do casebre de padre Gerhard, onde se beijaram pela primeira vez no primeiro dia de neve, no final do outono passado.

Agora, parecia ter se passado tanto tempo desde tudo aquilo que Rose só podia guardar como uma boa lembrança. Uma que adoraria ter revivido, mas as coisas não funcionavam desta forma, sabia.

– Senhorita Mazur? – alguém chamou-lhe, puxando-a de seus devaneios. Rose virou-se para então ver doutor Thomas em pé, parecendo então um tanto aturdido, hesitante. Ela sorriu então, aproximando-se deste.

– Sim?

– Eu... Eu perguntei a sua mãe, se você desejava jantar comigo hoje, mas... Bem, ela alegou que eu precisava pedir a você e não a ela – ele tagarelou. Rose sorriu então, achando tudo aquilo gracioso. Se fossem outros tempos, ela até teria achado bonito de sua parte, mas não hoje. Ela cogitou então aceitar, medindo-o dos pés à cabeça de forma discreta. Ele não era desagradável, tinha grandes olhos verdes, um tom de pele um tanto mais escuro que o seu, devido à quantidade de sol que tomava todos os dias ao correr para aquele lado do vilarejo. Ele se encontrava na parte que se achava superior aos demais, todavia, ele sentia-se parte dos menos favorecidos. Aquilo fazia com que Rose o admirasse.

Thomas passou os dedos longos pelo cabelo castanho, emaranhado. Estava acanhado enquanto esperava pela resposta. Rose abriu sua boca para dar-lhe um retorno negativo, mas a ideia de magoá-lo era ruim. Não era como se fosse encontrar Dimitri por aí, vagando pelo vilarejo. Se não o fez nos últimos meses, não o faria agora.

– Bom... Eu não tenho muito que fazer mais tarde mesmo... – ela sorriu para ele, deixando que este respirasse, aliviado. Quase a fez rir tal ato. – Para onde pretende me levar?

– Uh, bem... Eu não tinha pensado muito nisso... Achei que não iria aceitar – ele deu de ombros, e sua franqueza trouxe um sorriso aos lábios de Rose.

– Bem... Há uma taberna não muito longe daqui. Eles servem uma ótima cidra – ela deu de ombros. Os olhos verdes de Thomas se arregalaram com a menção da taberna. Moças como Rose em uma taberna?

– Uau... Você está aceitando ir a uma taberna... É meio... Desconcertante – ele soltou, fazendo-a gargalhar.

– Pessoas comuns também bebem.

– Você não é comum – ele soltou. Rose sorriu, sentindo-se acanhar. Parecia errado alguém querer fazê-la se sentir diferente de todas as outras mulheres do mundo depois de Dimitri tê-lo feito. – Sim. Mais do que imagina – ela soltou, caminhando até a parede do pequeno leito, pegando sua capa esverdeada. – Anda... Eu ainda quero voltar para casa hoje.

O homem riu, enquanto a seguia para fora do quarto, seguindo em direção ao vilarejo.

[...]

Rose não tinha exatamente porque reclamar de Thomas, ele era engraçado, um verdadeiro cavalheiro e parecia realmente interessado em fazê-la bem. Ela se pegou sorrindo e rindo verdadeiramente com ele, enquanto ambos bebiam e serviam-se de torta de frutas em alta naquele outono. O tempo era agradável e todo lugar pelo qual ela passava, era reconhecida por alguém, fosse uma criança à adultos, assim como Thomas.

– O que o fez vir parar em Milzis? Há grandes vilarejos querendo serem cuidados por aí... Você sabe... A guerra parece estar perto de seu ápice. Há muitos para serem cuidados e... – ela se pegou pensando nos soldados daquela guerra, pegou-se pensando em seu irmão e em Dimitri. E em como ele poderia ter ido e não voltado, como ele imaginava que uma hora acabaria acontecendo.

– Não existe só guerra lá fora. Só feridos de guerra... Há os mais pobres aqui também, que precisam de cuidados também – Thomas disse, num tom apaixonado, totalmente absorvido em seus pensamentos. Rose ficou contente por ele não ter notado seu devaneio. – Eu acredito que há gente o suficiente cuidado de feridos de guerra no mundo.

Rose assentiu, bebericando um pouco de sua cidra.

– E você? – ele indagou. – O que a fez estar em Milzis?

– Minha família morou aqui. Desde sempre... Eu cresci aqui, na verdade. Verão passado meu irmão mais velho, Mason morreu na guerra, e logo no inverno, meu pai também morreu. Minha mãe foi vitima de um incêndio em nossas terras... Bem, não há muito que dizer. Ela sobreviveu e decidimos ficar aqui, já que não voltaríamos para a Turquia.

– Uau... Uma turca – ele sorriu. Rose lançou-lhe um sorriso amarelado. – Bem, há muitas tragédias em sua jornada... Aparentemente, seu marido morreu também, embora não fale sobre... E seu bebê... – ele tagarelou, mas ao notar o quão indelicado estava sendo, parou. Rose lançou-lhe um olhar frio, abaixando este para sua caneca.

– Sim. Mas não quero falar sobre isso, uh?

– Sim. Perdoe-me.

– Tudo bem.

Silêncio se instalou entre eles. Então Rose notou que era hora de deixar Thomas leva-la para casa... Hora de talvez ir com mais calma, hora de, principalmente, deixar o passado para trás.

[...]

Primavera.

Quando as flores pareceram estar dispostas a darem graça ao mundo, Rose se viu completamente perdida em um mundo que não parecia seu. No final do inverno, Thomas havia pedido-lhe em casamento, pedido-lhe para que vivesse um rumo completamente diferente do desejado para ela, com ele.

Em alguns dados momentos, ela se perguntou como Dimitri deveria estar, em como ele poderia estar feliz com seus filhos e Jillian, ou ter ido e voltado da guerra. Mas ela sabia, no fundo de seu ser, que caso ele tivesse ido para a guerra e voltado, em algum momento, ele teria ido visitar padre Gerhard. Era algo, definitivamente, que Dimitri faria.

Sua mãe a pegou encarando através da janela por diversas vezes, enquanto as pessoas conversavam ao seu redor. Rose havia criado o maldito hábito de vagar pelos salões da casa de Thomas, observando as janelas, pensando em como tudo aquilo era vazio, em como ela havia estado vazia nos últimos tempos.

– Você está bem? – alguém perguntou. A irmã mais nova de Thomas, Brenda. Rose sorriu, assentindo.

– Sim... Pensativa. Preocupada com a ideia de casamento... – forçou uma risadinha. Brenda sorriu, parecendo compreender perfeitamente, sem notar a falsa vontade.

– Sabe, Thommy está tão encantado com a ideia de vocês se casarem o quanto antes... Ele costuma dizer que você será uma excelente mãe, que quer ter um filho com você... Ou melhor... Vários! – ela riu alegremente. Rose acompanhou sua risada.

– Sim, ele será um excelente pai. Não só serei boa mãe...

[...]

O caminho de volta para casa havia sido cansativo. Rose sentia-se exausta, assim como sua mãe. Ambas se pegaram em silêncio por diversas vezes, sempre perdidas em seus próprios pensamentos sombrios. Mas foi Janine quem interrompeu o silêncio.

– Sabe... Eu estive pensando... – começou, a jovem levantou os olhos para a mãe, curiosa. Rose soube então que algo sério viria. – Quando você se casar, voltarei para as nossas terras. Ou bem... Talvez esta nem seja a palavra certa. Estive pensando em voltar para casa... Para Holanda.

Rose tossiu, engasgada com a surpresa. Seus olhos viraram pratos de tão largos.

– Como... Como... – não conseguiu dizer muito mais.

– De navio – zombou Janine, com um sorriso. – Talvez você possa vir também, junto com Thomas... Será bom para vocês...

– Whoa! – foi tudo o que Rose realmente conseguiu dizer. – Não faça isso... Era um plano meu e de seu pai. Viajarmos para a Turquia, mas lá não é um lugar indicado para tal coisa... Temo que as coisas tendam a piorar por lá.

– Sim – concordou Rose. – Mas por que essa mudança tão drástica?

– Porque não há nada que me prenda aqui além de você, Rose. E você logo se casará. Terá sua família e a família de Thomas será sua também. Mesmo que você não suporte Brenda e sua mãe. – Rose riu com as palavras da mãe. Ninguém além dela havia notado que Rose a detestava, que detestava toda a família, com exceção de Thomas. Sentiu até uma leve vontade de chorar ao pensar em como sua mãe era a única pessoa ali que a conhecia de verdade, que conhecia todas as suas expressões. Sorriu então, abraçando os ombros da mãe.

– Amo-te, sabe? – indagou a filha.

– Sim. Desde o momento em que você me olhou pela primeira vez – disse a mãe, acariciando os cabelos emaranhados da filha.

[...]

Com os preparativos para o casamento, Rose se viu completamente alheia ao mundo e sobre tudo o que andava acontecendo nele. Ao menos, estava se distraindo com tudo aquilo. As “sessões de tortura”, como costumava chamar s visitas e saídas com Brenda e sua mãe, a senhora Dvorsky, internamente com sua mãe estavam cada vez mais constantes, e nestes momentos, Rose se via perdida em alguns pensamentos, mas parte destes pararam de ser sobre Dimitri e onde ele poderia estar. Ao menos, a vida estava lhe dando a chance de esquecê-lo aos poucos e bem, e um “aos poucos” poderia se tonar um “de vez” em algum momento.

Foi numa manhã de domingo, antes de Padre Gerhard sair para a missa, que Rose se pegou cogitando a felicidade com Thomas, enquanto avistava um bilhete deste, deixado com algumas flores. E a ideia de Padre Gerhard ter-lhe ensinado a ler nos últimos meses a deixou extremamente feliz. Nunca em sua vida pensaria em um instante que aprenderia tal coisa, não através de outra pessoa além de Dimitri, que havia lhe ensinado algumas coisas, mas não o suficiente, afinal, eles não haviam tido tempo suficiente para aprender a ler ou falar russo ou o que quer mais que viesse a ser. E aquilo a deixou frustrada em seguida.

Sua mãe havia partido para a missa também. Aquilo a lembrava de quando seu pai a chamava de falsa beata. O que vinha a ser engraçado que, agora, Rose havia se tornado uma também. Não completamente como sua mãe, mas hoje acreditava em Deus e que havia um grande proposito em sua vida. Uma vez, em um sermão, ouvira Padre Gerhard dizer sobre como encontrávamos Deus em momentos de extrema dificuldade e perda, em como precisávamos chegar ao fim do poço e percebermos que não havia mais para onde cavarmos para olharmos para cima. Hoje, ela compreendia sobre toda a fé de Dimitri, sobre como ela o pegava rezando ou falando sozinho pelos cantos. Ela compreendia muitas coisas agora, podia não concordar, mas compreendia. E em uma dessas coisas, sobre haver um proposito maior, a perda de seu bebê estava incluso.

Sua mente foi completamente puxada de volta das pequenas lembranças de como a vida dentro de si se mexia, quando ouviu o barulho de alguém socando a porta soar. Rose cambaleou até lá, provavelmente Thomas estaria lá, fazendo-lhe uma surpresa como sempre fazia. Mas, ao abrir a porta, não fora Thomas quem encontrara de pé, sob a fraca chuva que caia do céu. Não fora Thomas quem fizera seu corpo tremer de forma estranha. E sim, Dimitri Belikov.


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