O Que Não Tem Remédio... escrita por Finchelouca


Capítulo 8
Quem com luva de pelica fere...


Notas iniciais do capítulo

Obrigada pelos comentários que me deixaram no último capítulo! É uma delícia escrever essa fic e melhor ainda ver que vocês também gostam de ler.
Um beijo ENORME!!!
Espero que gostem desse capítulo também...



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"Quando chega o meu irmãozinho?" Ariel perguntou, de repente, aos pais, no meio da conversa animada que estavam tendo durante o jantar de uma noite comum.

"Não sabemos ainda, Ari." Foi Finn quem respondeu, vendo que o sorriso de Rachel tinha desaparecido instantaneamente diante da indagação.

"Mas por que?" A pequenina cruzou os braços na frente do corpo, fazendo bico. "Os papais da Lana disseram pra ela que ela vai ter um irmãozinho mais ou menos em sete meses."
Rachel trocou um olhar triste com Finn e saiu da mesa, levando o próprio prato, apesar de este ainda não estar completamente vazio. O assunto lhe tirara o apetite, assim como levara sua vontade de compartilhar o momento família, mesmo sabendo que era um pouco egoísta de sua parte deixar o marido lidar com o tema sozinho.

Fazia pouco mais de três meses que Ariel tinha pedido um irmão e Rachel sabia que tanto a filha como Finn estavam ansiosos para ter mais um membro na família. Ele disfarçava, não querendo pressioná-la, mas, mesmo assim, ela se sentia frustrada a cada menstruação que vinha, apesar de estarem fazendo tudo o que era necessário para que uma gravidez acontecesse.

Não podia entender! Da primeira vez, quando não eram casados, quando jamais tinham falado de filhos, quando apenas esquecera a pílula anticoncepcional por alguns dias, havia engravidado rapidamente. Agora que desejavam tanto um bebê, que tinham uma família formada, um nome em comum, uma filha cuja criação ia muito bem e amor suficiente para dividir por tantos quantos Deus mandasse, as tentativas só davam errado!

"Logo, você também vai ter um irmão, meu amor." Ouviu Finn afirmar à filha, enquanto jogava as sobras de seu prato no lixo. "Papai e mamãe também querem e estão fazendo o que é preciso, mas um bebê não é como uma boneca, que compramos a qualquer momento. Às vezes demora um pouco para a mágica acontecer dentro do corpo da mulher e uma nova vida começar a surgir." Tentou esclarecer, lembrando que Ariel já sabia que os bebês cresciam dentro das mães, graças a uma explicação dada, após um encontro recente que tiveram com uma colega de Rachel que estava grávida.

"Você me falou que só existia mágica nas histórias, papai." Reclamou, ainda com os braços cruzados e franzindo a testa. Era esperta e tinha memória demais para o gosto dele, de vez em quando!

"É verdade, princesa. Mágica só existe nas histórias. O que o papai está chamando de mágica é..." Pensou um pouco, enquanto ela o encarava, desafiadora. "...é o que acontece quando duas pessoas conseguem demonstrar o amor delas de uma maneira TÃO forte, com um carinho TÃO grande, que Deus escolhe as duas e manda um filho pra elas."

Rachel se recostou na bancada da cozinha, com lágrimas nos olhos, se sentindo abençoada por ter alguém como Finn em sua vida, capaz de dar uma explicação tão bonita como aquela para o nascimento dos filhos. No caso deles, ela tinha certeza que, por mais que não fosse propriamente o amor que desse origem os seres humanos, e sim o sexo, todos os filhos que fossem capazes de ter seriam resultado de amor. O problema estava no merecimento! Se Deus mandasse crianças às pessoas que fizessem jus a elas, ela não estaria passando pela tortura mensal que envolvia cólicas, dores de cabeça e absorventes.

"Mas você e a mamãe se amam, ué! Faz mais carinho nela, então... que nem você fazia antes!" Ariel praticamente brigou com o pai.

"Como eu fazia antes?" Ele perguntou, confuso.

"É... o mesmo tanto de carinho que você fez pra o Papai do Céu ter me mandado, ora." Revirou os expressivos olhinhos e, tanto Finn, que estava ali com ela, quanto Rachel, ainda recostada na bancada da cozinha, riram.

"Eu vou fazer isso, meu amor. Obrigada pela dica." O pai levantou-se, deu um beijo em seus cabelos, e recolheu seu próprio prato e o da menina. "Agora, vai pro seu quarto brincar um pouco, que eu e mamãe já vamos, pra te colocar pra dormir." Continuou, indo em direção à cozinha, enquanto o projeto de gente fazia como ele mandara.

O Sr. Hudson entrou no outro cômodo, vendo sua mulher, que encarava o chão. Colocou os pratos na pia, junto ao dela, e se aproximou, levantando seu queixo.

"Ei." Chamou, procurando pelos olhos dela e recebendo um esboço de sorriso. "Não pode ficar assim, sempre que ela perguntar sobre o irmão, Rach." Afirmou, fazendo carinho no rosto dela com as duas mãos.

"Por que não estou conseguindo te dar outro filho, Finn? Dar o irmão que ela quer tanto!"

"Estamos tentando há pouco tempo, amor." Falou, sincero. "Tenho certeza de que não há nada de errado. Apenas você tomou pílula por três anos e parou há três meses... e isso é pouco."

"Não deveria!" Falou, irritada. "Da outra vez, só um esquecimento..."

"Se ficar se cobrando assim, você sabe melhor que ninguém que não vai ajudar." Interrompeu. "Precisa relaxar... e vamos ter um filho, quando for a hora. O importante é que o queremos demais e, quando vier, será amado como poucos."

"Disso eu tenho certeza." Sorriu, agora de verdade, mas o riso não durou. "Mas não posso deixar de pensar que posso estar sendo castigada."

"Vocês vem ou não? Eu vou ficar com muito sono e eu quero que me contem o final da história do menino do dedo verde." Ariel acabou com a conversa dos adultos, querendo saber mais sobre as mágicas do garotinho que fazia crescerem flores e plantas com seu toque.

O casal fez todo o ritual noturno, que algumas vezes contava com a presença de Rachel, mas não outras, graças aos plantões da garota no hospital. Arrumaram a filha, colocaram-na na cama e contaram a fábula, até que pegasse no sono, quando, então, foram para o seu próprio quarto, onde cuidaram de seus próprios preparativos para uma noite reconfortante e reenergizante de sono.

"O que você quis dizer com sendo castigada, babe?" Finn perguntou, quando estavam deitados, um de frente para o outro, acariciando os cabelos dela. Tinha ficado preocupado e não conseguiria simplesmente esquecer o assunto. "Castigada por quem... e pelo que?"

"Pela vida, Finn." Disse, com a voz cansada. "Castigada por ter me sentido superior e invencível e..." Respirou fundo, se preparando para contar sobre o que a estava incomodando. "Eu acho que roguei uma praga, anos atrás, e ela está se voltando contra mim." Ele a olhou, confuso.

"Uma praga?"

"É. Eu... nunca te contei, mas meio que fiz isso, com aquelas suas ex-namoradas que você encontrou juntas na cama."

"A Quinn e a Santana?" Espantou-se, mas também se interessou mais ainda, mudando de posição e ficando sobre um cotovelo, gesto que ela repetiu.

"Eu disse a elas que não seriam felizes nunca... que não mereciam ser felizes. Não me lembro bem de detalhes, mas me lembro disso e... o fato é que não deveria ter dito isso ou sequer pensado."

"Em primeiro lugar, nós somos felizes e CONTINUAREMOS felizes, mesmo SE não tivermos outro filho... então você não deve achar que a vida está tirando sua felicidade." Ele assegurou. "Em segundo lugar, Rachel... pelo amor de Deus, você é humana! Encontrou duas pessoas que me fizeram mal e reagiu."

"Mesmo assim, fui longe demais dizendo que não mereciam e não seriam felizes, Finn."

"Não mereciam mesmo!" Deu de ombros. "E, se continuassem agindo como agiam, continuariam não merecendo e... realmente não seriam! Você só falou a verdade... não foi uma praga."

"Não?" Questionou, baixinho, com os olhos tristes, procurando alívio para a culpa que estava tomando conta dela tanto tempo depois, apenas porque as coisas não pareciam tão perfeitas como antes em sua vida. Não pareciam tão perfeitas como quando ela dissera tudo aquilo!

"Não." Ele disse, rindo dela, se deitando de novo, e a puxando para deitar em seu peito. "Além do mais..." Continuou, enquanto trocavam carinhos sutis. "...se tivesse sido praga, teria dado errado e não teria por que estar voltando pra você. E talvez por elas terem acabado sido responsáveis, mesmo que indiretamente, pela melhor coisa que aconteceu na minha vida, tenha sobrado algum merecimento pra elas, no final das contas. Ou quem sabe até você tenha acabado ajudando as duas a mudarem de atitude... tenha feito o que a minha mãe chama de dar um tapa com luva de pelica... eu não sei. O fato é que parece que elas tão muito bem, obrigado." Comentou, indiferente.

"E como você saberia disso, Sr. Hudson?" Ela se moveu na cama, para olhá-lo.

"Eu não as encontrei, se é nisso que você tá pensando." Ele bateu no nariz dela com a ponta do dedo, brincalhão. "Mas o Puck tem contato com elas e outro dia ele comentou que elas descobriram que o lance entre elas era mais do que sexo... que tão morando juntas e até adotaram uma garotinha."

"Sério?" A pergunta era retórica e cheia de alívio.

"Sério." Ele deu um beijo rápido em seus lábios, percebendo o quanto ela relaxara. "Por isso vamos esquecer esse lance de praga e castigo... e vamos nos concentrar em fazer a única coisa que podemos."

"Esperar não é?"

"Esperar também, mas eu tava pensando em outra coisa." Informou, virando-a rapidamente na cama e se colocando acima dela, com um sorriso maroto nos lábios.

Rachel deu uma risadinha gostosa e tomou os lábios do marido nos seus. Teve a impressão de que nada poderia machucá-la, quando tinha alguém como Finn como seu companheiro, amigo, amante, como sua família e porto seguro.

Voltou a achar, de verdade, naquele momento, que juntos ela, Finn e Ariel seriam capazes de praticamente tudo.


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Notas finais do capítulo

A fic está na reta final, pessoal! Teremos apenas mais dois capítulos. =/

Até o próximo... e não esqueça de deixar seu comentário. ;)