-Ally?!

-Larry.

Por algum tempo apenas nos olhamos, acho que ninguém tinha coragem de começar aquela conversa. Mas resolvi dar o primeiro passo, não dava pra simplesmente fingir que não tínhamos nos visto ali.

-Como soube que eu estava aqui?

-Como você soube que eu estaria aqui?

Eu não me permitia rir das piadas dele.

-Eu não sabia, eu juro. E na verdade, se eu soubesse, talvez eu não tivesse vindo atrás de você. Eu só quis ver o bar uma última vez, parece que no fim, é um lugar especial pra nós dois.

-É... – Larry sabia que eu estava magoada, era visível. Mas não havia como negar, eram muitas lembranças dali, das mais variadas.

-Ally, – Larry veio em minha direção – o motivo de eu estar aqui, é que eu não podia deixar como estava. Quando você saiu do hotel em NY, eu não pude terminar, não pude te dizer tudo.

-Eu ouvi ontem Larry. – Eu olhava diretamente em seus olhos. Larry só retribuía o olhar e procurou por minhas mãos, ele desviou o olhar a elas e depois de parecer admirá-las, voltou a me encarar com um leve sorriso.

-Bem... Que bom, então eu acho que você sabe um pouquinho mais do que eu imaginava. Mas acho que eu ainda não disse o suficiente, não está tudo esclarecido. – Larry soltou minhas mãos e falou parecendo muito certo do que dizia – Outro dia, no hotel, você mencionou minha ex- mulher.

-Arrrr. – Ele tinha que voltar aquela mulher.

-Calma, me deixa terminar. Todos esses anos, eu não estive com ela. Foi ótimo ver meu filho crescer, acompanhar cada momento importante pra ele, mas eu não estava com ela. Eu não poderia, porque quando eu voltei a Detroit, meu coração ficou aqui. Eu não poderia estar com ela, porque ela não era você... Eu quero que acredite nisso, mesmo tendo sido esse idiota, eu queria estar com você. Mesmo não tendo dito isso antes. – Eu estava um tanto chorosa – Sabe, nesses 10 anos, ninguém se comparou a você. Acho que eu nunca realmente estive em um relacionamento depois de nós. Você foi única pra mim Ally e na porta da sua casa que eu fui descobrir, o quão forte o meu sentimento ainda é. Eu não ia fugir uma segunda vez, embora eu quase tenha desistido na noite passada. Mesmo que você não me perdoe, – Larry puxou seu cordão pra fora da camisa, nele havia um anel pendurado – eu quero que fique com isso. – Larry colocou o cordão na minha mão. – Eu devia ter te dado anos atrás quando errei e não te pedi em casamento, foi minha única lembrança sua e agora é seu de verdade.

Eu estava apenas admirada por aquele anel estar em minhas mãos, fiquei analisando-o por alguns segundos, meu silêncio deve ter sido mais longo para Larry, que já estava a caminho da porta.

-Larry!

Ele rapidamente se virou e dessa vez eu que me aproximei. Era hora de dizer algo, terminar aquela questão. E o que dizer? 

Uma música começou a tocar baixinho, eu olhei mais adiante e lá estava Sting cantando pra mim, quer dizer, eu nunca alucinei com o Sting! Mas devia ser algo positivo.