Ainda naquela noite decidi que o melhor era ligar para Maddie, não tinha condições de voltar a NY naquele momento e não queria estar longe em pleno Natal, então pedi que viesse comemorar na casa de Renee. Maddie, ligou para Sam e contou toda a situação, ela nem se quer mencionou que faria isso, mas pareceu o correto já que o rapaz estava tão preocupado com o pai, e no fim ele acabou indo a Boston também.

Na manhã seguinte eles já estavam na cidade:

-Tia Renee!

-Meu amor!

-Esse é o Sam.

-O filho do Larry?

-Sim, eu queria falar com a Ally, se não for encomodo.

-Claro querido... Ally você tem visita!

Era a hora de receber Maddie, mas na verdade não foi ela que encontrei na sala.

-Sam?!

-Oi Ally, será que depois de tantos anos posso chamá-la assim?

-Claro...

-Me desculpe, não me lembrei de você de cara, aliás, quem diria que você era a mãe da Maddie...

-Ah, ok querido, você tinha o que? Uns sete anos? Era tão pequeno.

Por mais que os meus sentimentos por Larry já não fossem os melhores, aquele rapaz era um doce, como quando tinha sete anos. Ao que parecia, Larry tinha sido um bom pai afinal.

O rapaz havia pego todas as informações que podia sobre o pai, mas na verdade ninguém sabia onde ele estava. Eu pensei em ajudar o menino, mas no fundo eu não queria ir em busca do Larry e acabar dando de cara com ele em uma esquina. Sam deve ter revirado toda a cidade naquele dia, ou pelo menos o bairro.

-Pai?

-Sam?! O que você está fazendo aqui?

-Não sabe? Vim atrás de você claro, sumiu do nada, nem se quer ligou...

-É, parece que dessa vez me esqueci de deixar o bilhete.

Larry passava as mãos pelo rosto e notava-se sua preocupação e inquietude.

-Então, uma sorveteria? Era um dos últimos lugares que eu esperava te encontrar.

-Sabe, essa sorveteria é uma das poucas lojas que continua igual do tempo que vivi em Boston. A Ally jogou um sorvete na minha cabeça da última vez que sentei nessa mesa.

-Memória interessante, se quiser posso tacar um sorvete na sua cabeça.

Ambos riram um pouco, Sam tinha o mesmo gênio do pai, era um rapaz bem brincalhão, um charme a mais da família Paul.

-Quer saber? Eu acho que você não devia desistir da Ally, eu sei que aí no fundo ainda gosta dela. E por mais que eu não esteja por dentro de toda a história, sinto que o que você tem que fazer é levantar agora e ir atrás dela. Vai que aparece um cara de 15 anos atrás, você perderia o posto.

-Não Sam, depois de ontem a noite... eu sei que não tem jeito, ela nem se quer apareceu.

Larry fazia aquela cara de cachorrinho abandonado ao relento. Mas eles ficaram ali por algum tempo ainda, o filho parecia um consolo para Larry.

Já estava entardecendo, Renee preparava a ceia para a noite e ajudei o máximo, mas na verdade eu precisava espairecer, pensar um pouco e deixar as preocupações e mágoas irem, para que eu pudesse ter um pouco do espírito de Natal.

Andei pelo bairro e refiz os caminhos de anos atrás. Certamente o Bar Regatta tinha sido um dos lugares mais marcantes da minha vida, não hesitei em entrar. E lá estava eu, frente aquele piano que Larry tinha tocado Natais e Natais atrás, parecia que eu estava ouvindo River de novo... Mas desse delírio eu acordei rápido, porque na verdade eu ouvia passos e até então o lugar estava vazio. Era ele.