Fanfic De Ones escrita por Nicolle Bittencourt, Tina Santos, Nina P Jackson Potter, Nai Castellan Jauregui, BiahMulinPotter, Zack Shadowarg, Black Umbrella, Liah Violet, Miss BaekYeollie


Capítulo 22
Eu me levo a nocaute com um monte de lama


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal!!!! Aqui quem fala é o Isac Antônio, estreando aqui na fanfic de ones.
Esta é a minha primeiríssima fanfic, ela é como eu imaginava que iria começar a parte do Percy e da Annie em A Casa De Hades (se você ainda não acabou A Marca de Atena eu recomendo pular esta fic). Sim, eu sei: Já faz um século que o livro saiu, mas assim como todo mundo na época eu estava entrando em parafuso por causa do final da Marca de Atena, tentando imaginar como é que eles iriam se virar no Tártaro.
A história já estava pronta na minha mente, mas foi uma dificuldade terrível para colocar ela em forma de palavras, tanto é que durou mais de um ano para ficar pronta. Já temos até O Sangue do Olimpo ai que diz como tudo (ou quase tudo) acaba.
Eu comecei a escrever logo após terem divulgado na internet o primeiro capítulo do livro, narrado pela Hazel. Como já deve ser do conhecimento de todos, em HDO a cada quatro capítulos muda o foco do personagem, então esta one vai ser do capítulo V ao cap VIII com o foco no Percy, já que eu já sabia que os capítulos do I ao IV seriam da Hazel. Esta One ficou bem grandinha, portanto se acomodem bem em algum lugar, peguem algo bem gostoso pra beber (chocolate quente ou um suco a depender da temperatura), um bom lanche e boa leitura!!
Nos vemos nas notas finais ;)



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V

PERCY

Era como voltar ao Estige.

Percy sentia o corpo inteiro doer, a dor era tão extrema que por um segundo ele desejou que tudo acabasse logo de uma vez, ao menos ele não sentiria mais nada. Mas tão rápido quanto veio este pensamento foi embora dando lugar a uma inquietação crescente.

A dor diminuiu aos poucos, o que o permitiu pensar com clareza outra vez. Ele não sabia onde estava, mas de cara dava para notar que onde quer que estivesse não era nada bom. O ar ali estava impregnado com um fedor semelhante a carne em decomposição, o que o fez tentar cobrir o nariz com a camisa na esperança de diminuir aquele cheiro horroroso. Ele sentia que estava deitado sobre uma areia fina que provocava em sua pele a sensação de insetos rastejando pelo corpo.

Sua garganta protestava por causa da sede voraz que estava sentindo. Por ser filho de Poseidon ele podia sentir que havia uma grande quantidade de água por perto, mas não sabia exatamente onde, e o calor que estava sentindo não ajudava em nada. Percy fez um esforço para abrir os olhos, mas quando conseguiu deu na mesma, ele não conseguia ver absolutamente nada. Mais uma vez ele tentou exaustivamente se lembrar de como viera parar neste lugar horroroso, ele se lembrava de estar um navio, mais precisamente um navio voador, e estar indo resgatar alguém, e embora não lembrasse quem, ele sabia que faria qualquer coisa por ela.

Subitamente todos os acontecimentos recentes voltaram a sua mente: a luta com os gigantes, o estacionamento, a estátua...

–Annabeth! –Percy gritou com todas as suas forças. Ignorando a dor ele se levantou num salto e saiu correndo desesperado sem parar de gritar. –Annabeth! Por favor, esteja bem. Cadê você Annie? Annabeth! Responde, por favor... –Ele se chocou com alguma coisa e caiu no chão, mas como estava escuro não dava para saber o que era.

–Eu devia ter feito isto antes... –Percy pôs a mão nos bolsos e os revirou em busca da sua caneta esferográfica letal, Contracorrente. Ele a destampou transformando-a em uma reluzente espada de bronze celestial que lançou um pouquinho de luminosidade na escuridão do Tártaro.

–Como... –Percy não acreditava no que ele havia esbarrado, na frente dele estava um Alpha Romeo, um carro de luxo, mas tinha um pequeno detalhe: ele estava virado, suas rodas estavam para cima, e ele parecia uma latinha de refrigerante que um elefante havia passado por cima. –É, Leo e o treinador mandaram ver com aquele estacionamento... –Percy imaginou o quanto bizarro era ter automóveis espalhados por todo o tártaro.

Ele girou para dar uma olhada ao redor e a cena se repetia em todos os lugares, automóveis completamente amassados estavam espalhados até onde a luz alcançava, mas o que mais o assustou foram os enormes pedaços de pedras, provenientes do estacionamento e da caverna de Aracne havia cinco pedaços de pedra do tamanho de um ônibus para cada carro.

–Deuses, não pode ser! E se ela foi atingida? Perseu Jackson pare de imaginar besteiras e trate de encontra-la logo!

Percy estava tremendo, por mais que tentasse ele não conseguia parar de pensar em coisas horríveis acontecendo a Annabeth. Ele acelerou o passo, mas quanto mais procurava mais desesperado ficava. Subitamente ele avistou algo que o deixou ao mesmo tempo feliz e angustiado: o Laptop de Dédalo, isto significava que ela estava por perto. Ele começou a caminhar mais cuidadosamente, olhando tudo ao redor com toda a atenção que possuía até que ele finalmente a avistou.

Ela estava caída, ao lado do que havia sido uma van, enrolada no resto de uma tapeçaria antiga. Em outra situação ele teria ficado impressionado pela imagem retratada com muita habilidade na tapeçaria, a qual retratava a ele mesmo e Annabeth se beijando no fundo de um lago, mas no momento ele estava preocupado demais para reparar nisto. Ele se ajoelhou perto dela e falou com a voz trêmula:

–Annie, acorda... Annabeth, por favor! –Ele passa gentilmente a mão pelos seus cabelos cor de ouro. Naquele momento tudo o que ele queria era abraça-la, levanta-la, fazer qualquer coisa, no entanto só continuou chamando-a, com medo de machuca-la acidentalmente. –Annie, por favor, me responde! –Ele pega gentilmente no seu pulso e é com alivio que sente uma pulsação, quase imperceptível é verdade, mas já é um grande alivio.

– Annabeth Chase, temos que sair daqui, vamos! Sabidinha... Ele para de repente, agradecendo a todos os deuses quando vê Annabeth mover a cabeça e fixar nele os seus profundos olhos cinza, no momento cobertos de lágrimas.

–Pe... Percy... –Ela tenta falar com um fiapo de voz. –Minha cabeça, o tornozelo... Doendo muito! –Lágrimas também começam a escorrer pelo rosto dele. –Onde estamos? Como... Oh deuses! –Exclamou ao se lembrar de tudo. –Estamos no Tártaro! Percy, nem os deuses vêm aqui! Até eles tem medo! O que faremos agora?

–Precisamos sair daqui! Eu vou te levar, sei que não vai conseguir andar assim.

–Mas Percy... Você está cansado, acabou de cair de uma altura absurda, na verdade, a distância que separa a terra do céu segundo Homero...

Percy sorriu.

–Você é incorrigível sabidinha! Até numa hora destas não se cansa de demonstrar conhecimento. Não se esqueça de que você também caiu tudo isto, e antes enfrentou o maior medo da sua vida, sem falar que está machucada. Vamos, eu te levo!

Um sorriso leve se formou no rosto dela. Com uma voz fraca falou:

–Pelo visto não sou a única incorrigível aqui. Vamos então, antes que eu me arrependa.

Ele a beijou rapidamente antes de pega-la no colo.

–Percy... –Ela voltou a falar em tom sério. –... Estou preocupada, como sairemos daqui?

–Temos que encontrar as portas da morte, foi sobre isto que falei com o Nico antes de despencarmos.

–Você acha que vamos conseguir?

–É claro que sim. Mas agora não quero você se preocupando com isto, precisa descansar Sabidinha, nós dois sabemos disto, depois eu te dou um pouco de ambrosia, acho que vai gostar de saber que recuperei boa parte das suas coisas.

–Você é o melhor namorado do mundo Perseu Jackson! –Ela falou pouco antes de adormecer.

Percy continuou andando por um bom tempo, ele teve que se esforçar para conseguir levar Annabeth e ainda posicionar Contracorrente de modo a iluminar o caminho, mas acabou conseguindo.

Seguiu até ficar tão exausto a ponto de tremer, felizmente ao parar para descansar ele avistou um trailer que estava um pouco amassado e virado com as rodas para cima, mas tirando isto estava aparentemente intacto. Ele posicionou Contracorrente de modo a iluminar tudo o melhor possível, abriu a porta e entrou no trailer. Lá dentro estava tudo bagunçado devido à queda, mas Percy viu algo que devia ser um colchão inflável, ele o encheu e limpou um espaço no teto do trailer capotado, então gentilmente ele acomodou Annabeth em cima dele, travou a porta e se deitou ao lado dela, adormecendo imediatamente.

Pareciam ter se passado somente alguns minutos quando ele acordou com um chamado em voz baixa:

–Percy, acorda! Percy! –Ele se levantou sonolento. Annabeth estava sentada do lado dele, olhando apavorada para uma janela lateral, ela estava pálida e tremendo de medo.

–Annie, o que foi? –Ela apontou para a janela.

–Percy, eu acho que Aracne também sobreviveu... –Ela foi interrompida por uma violenta pancada que sacudiu o trailer inteiro.

–... E veio se vingar!

VI

PERCY

–Maldita! –Algo gritou do lado de fora. Sua voz era semelhante a um sibilo e parecia ser proferida de várias criaturas, completamente carregada de ódio.

–Farei você pagar por tudo que fez, juntamente pelo que sua mãezinha detestável me obrigou a passar! –Novamente eles sentiram uma pancada sacudir o trailer, desta vez Percy avistou pela janela uma gigantesca perna coberta de espinhos.

Ele olhou em volta, ele havia deixado Contracorrente em sua forma de espada para prover alguma luminosidade, ela estava caída junto a alguns papéis, sem perder tempo ele a agarrou e começou a sair em direção a porta.

–Não Percy, não vá! –Annabeth implorou agarrando no tornozelo dele. Ela estava completamente em pânico, o que fazia Percy sentir um impulso incontrolável de consolá-la, mas outra pancada ainda mais forte o ajudou a se concentrar.

–Annie, amor, por favor, me entenda: Não há nada que eu queira fazer mais do que ficar aqui do seu lado, mas isto significa a morte para nós dois, entende? Desculpe, mas não há outro modo!

–Percy, não me deixe aqui sozinha! Ela é muito perigosa, tenho medo de que você... –Annabeth se desmanchou em lágrimas. –Eu não iria suportar! –Ele a abraçou

–Fique tranquila, ela não é o primeiro monstro que eu enfrento, nós dois sabemos disto...

–Covarde! –Aracne berrou novamente. –Se não sair dai agora vou fazer questão de te torturar tanto que você mesma irá implorar para morrer!

Percy podia sentir Annabeth se arrepiar a cada palavra, isto o deu uma força renovada, ao mesmo tempo em que despertou um ódio terrível dentro dele, semelhante ao que ele sentiu quando acreditou que o Minotauro havia matado sua mãe alguns anos atrás na colina Meio-Sangue. Não importava se o que estava lá fora era uma aranha gigantesca que podia fatiá-lo em pedaços facilmente, ninguém deixava a sua namorada naquele estado e escapava ileso. Ele deu um beijo na testa dela e se levantou.

–Eu prometo que eu volto! –Ele levantou Contracorrente em posição de ataque e caminhou em direção à porta do trailer, mas quando estava para puxar a trava ouviu uma pancada e um solavanco o jogou no chão.

Aracne desta vez tinha batido tão forte contra o trailer que ele simplesmente havia virado de lado, derrubando os seus dois ocupantes. Percy se levantou com esforço novamente preocupado com Annabeth, ela estava tentando se sentar, mas na queda ela havia batido a cabeça em algo, e aparentemente havia começado a sangrar.

–Não! –Ele foi até onde ela estava e a ajudou a se sentar. –Oh deuses, Annie! –Ele a abraçou novamente, bem a tempo. Novamente Aracne investiu contra o trailer, fazendo-o virar mais uma vez, os dois foram arremessados como bonecos de um lado para o outro, mas Percy conseguiu evitar que Annabeth se machucasse ainda mais.

Eles haviam rolado de modo que estavam agora em cima do banco do motorista, ele percebeu que agora o trailer estava na posição normal, com as rodas de volta no chão, o que quer dizer que novamente ele poderia sair, mas não dava simplesmente para deixar Annabeth naquele estado, o que inviabilizava seu plano de ir lá fora e enfrentar a mãe das aranhas como um maluco. Desesperado ele olhou em volta avaliando a sua situação atual. Foi ai que uma coisa chamou sua atenção: a chave do veiculo estava na ignição.

Um plano maluco começou a se formar em sua mente, ele tinha poucos segundos antes de a monstra lá fora dar uma nova investida, com uma rapidez que ele não achava ser possível ele ajeitou Annabeth no banco do passageiro e colocou o seu cinto de segurança, tornando a se sentar no banco do motorista logo em seguida.

–Percy... –A voz de Annabeth estava mais fraca ainda. –O que você está fazendo?

Ele olhou para ela com uma expressão preocupada.

–Apenas reze com todas as forças para isto dar certo. –Ao dizer isto ele girou a chave, quase imediatamente o motor começou a roncar, ele pisou no acelerador e o trailer começou a se mover. Foi na hora certa, Aracne já vinha novamente na direção deles e por um triz ela não bateu novamente no veiculo.

Ele observava impaciente os ponteiros do velocímetro subirem lentamente, 10, 20, 30 km por hora, estavam indo muito devagar!

Aracne correndo atrás deles pareceu ser o suficiente para despertar Annabeth de vez, ela mudou de posição no banco, parece que a pancada na cabeça havia clareado seus pensamentos, o corpo dela devia ter produzido uma dose extra de adrenalina... O que importa é que mesmo assustada ela voltara a ser a Annabeth de sempre, esperta e ativa. Não que ela não continuasse terrivelmente assustada, chocada e muito mais machucada, mas agora ela tinha voltado a deixar a razão controla-la, aquele fora um momento de fraqueza.

Percy se distraiu vendo esta mudança acontecer, o que quase custou muito caro.

–Perseu Jackson, ligue estes faróis agora seu louco! –Annabeth gritou desesperada depois de eles passarem por um buraco, ele obedeceu imediatamente, e bem a tempo. Os faróis iluminaram uma pedra que estava exatamente no meio do caminho deles. Movido apenas por seus reflexos Percy girou o volante fazendo o trailer passar a centímetros da pedra.

Eles continuaram seguindo desesperadamente por aproximadamente três minutos, Percy costurava entre os destroços com uma habilidade incrível, por mais duas vezes ele quase bateu, mas felizmente ficou só no quase.

Subitamente eles ouviram um guincho vindo de trás do trailer, e ao olhar pelos espelhos laterais eles viram Aracne se movendo com uma rapidez incrível, suas pernas eram borrões e ela espumava pelas presas, tamanho era o ódio que estava sentindo.

Percy arriscou uma rápida olhada no velocímetro.

–Não é possível, estamos a 70 por hora! Quanto esta monstra pode correr?

–Você tem algum plano?

Subitamente uma lembrança veio à tona, “porque não?” pensou ele.

–Tenho, segure-se!

Ele fez o trailer dar um giro de 180 graus e saiu a toda na direção contrária.

–Você é louco? –Annabeth perguntou atordoada.

–Nem sei! Mas acabei de lembrar algo que nos dará uma boa vantagem!

Neste momento eles viram Aracne, ela havia acabado de alcançar o trailer e corria emparelhada com o veiculo a uma velocidade absurda. Ela manteve o ritmo por mais uns três segundos, então ela deu um pulo gigantesco e conseguiu se segurar na lateral do veiculo, mais precisamente na janela de Annabeth, fazendo-a gritar apavorada.

Percy não perdeu tempo, antes que Aracne agisse ele direcionou o trailer para uma pedra proveniente dos destroços que caíram desviando no ultimo segundo, de modo que ela passasse rente a lateral do veiculo fazendo a monstra bater em cheio na rocha.

–Percy, isto não irá dele-la por muito tempo, qual o seu plano?

–Quando eu acordei me lembro de ter sentido a presença de um enorme volume de água por aqui, você sabe o que isto significa, não? –Percy tinha um sorriso maroto no rosto quando disse isto.

–Nunca ouvi falar de um lago no Tártaro, mas estou ansiosa para ver se a mãe das aranhas sabe nadar.

–Annie... –Percy assumiu um tom cauteloso. –Estou muito preocupado com você. Nas ultimas horas você simplesmente enfrentou o que mais teme na vida, caiu no lugar mais hostil que se pode ter e ainda está muito machucada, eu sei que é pedir demais, mas... Quero que você me deixe enfrentar Aracne sozinho. –Ele desviou de um caminhão enorme. –Quero que você fique aqui dentro em segurança, ok? É para o seu próprio bem.

Ela o lançou um olhar capaz de intimidar até um deus. Por um instante ele imaginou ter ido longe demais, mas subitamente seu rosto assumiu uma expressão de cansaço.

–Você venceu cabeça de alga, realmente estou exausta. Mas vou ficar de olho em tudo, e se eu sentir que você precisa de ajuda não vou ficar aqui parada, entendido? Um sorriso brotou em seu rosto ao ver a expressão de alivio estampada na cara de Percy.

–Tudo bem, mas agora é bom você tentar cuidar deste machucado na sua cabeça, isto pode ser sério!

–Já disse o quanto você é fofo? –Ela sorriu mais uma vez. –Farei isto, mas volte a prestar atenção na estrada!

–Ok, eu entendi! Sinto que estamos chegando, quando eu pa.... –O trailer foi sacudido por uma pancada extremamente violenta que quase fez Percy perder a direção, nas janelas surgiram enormes patas peludas vindas de cima do veiculo, e dava para notar que o teto havia amassado bastante.

–Que os deuses nos ajudem! –Os dois falaram em uníssono.

Um barulho de alguma coisa se rasgando os obrigou a olhar para cima, o que fizeram a tempo de ver cinco unhas de bronze, semelhantes a facas fatiando uma boa parte do teto.

–Annie? Você poderia pegar contracorrente e... –Falou ele enquanto apontava para cima.

Felizmente ele não precisou repetir, ela agarrou a espada e a enterrou bem no espaço entre as cinco garras sinistras.

Percy já tinha ouvido o barulho irritante de giz riscando o quadro negro, mas o guincho que se seguiu era um bilhão de vezes mais agonizante. Foi tão horroroso que os dois esqueceram o que estavam fazendo e tentaram desesperadamente tapar os ouvidos.

Logo depois ele se arrependeu completamente de ter feito isto.

VII

PERCY

Durante cinco segundos ele se sentiu como se estivesse suspenso no ar, e então veio o baque.

Percy não sabia mais dizer onde era em cima ou embaixo, seu corpo era jogado de um lado para o outro como um boneco de trapos e tudo que ele enxergava era um borrão indistinto e confuso.

Subitamente o movimento cessou. Ele se levantou rapidamente e foi direto em auxilio de Annabeth, pois com o acidente ela havia sido arremessada contra uma das portas, fazendo com que ela se abrisse, felizmente ela ainda estava dentro do veiculo, mas quase havia sido arremessada para fora.

Percy foi até onde ela estava e começou a ajuda-la a se levantar, mas de súbito quando estava quase conseguindo Annabeth começou a gritar desesperada ao mesmo tempo em que uma pata de inseto enorme a puxava com uma força colossal para fora através da porta aberta. Ele conseguiu segura-la por alguns segundos, mas foi em vão. Assim que ele a viu ser arrastada agarrou Contracorrente e saiu violentamente do trailer, seu desespero era tão grande que ao sair do automóvel o seu pé esbarrou no banco e ele caiu no chão.

Ao se levantar Percy conseguiu ter uma visão rápida do ambiente que o cercava, ele estava numa espécie de praia formada as margens de um imenso e escuro lago, a praia era situada num nível mais baixo de onde eles tinham vindo, o que explicava a queda que haviam levado. Ele sentiu uma fúria imensa ao ver Aracne arrastar Annabeth através da areia segurando a perna da garota com uma das suas patas monstruosas.

Por um instante a criatura ficou parada observando-o, como se só agora tivesse notado que a filha de Atena não estava sozinha ali, então ela pareceu mudar de tática, ao invés de continuar arrastando a sua vitima a aranha se virou e começou a enrolar a garota em um fio de teia que ela produzia na hora a uma velocidade impressionante.

Percy começou a correr tão rápido como nunca havia corrido na vida, no entanto parecia que ele participava de um filme no qual estava numa cena em câmera lenta enquanto assistia impotente a sua namorada ser enrolada em um casulo de teia. Enquanto chegava cada vez mais perto ele se concentrou nas aguas do lago. Enfrentar aquela criatura não seria nada fácil e a agua poderia fazer uma enorme diferença, porem ele teria que separa-la de Annabeth primeiro. Não podia correr o risco de afoga-la e nem de que Aracne fizesse mais alguma coisa com ela.

Quando faltava alguns poucos metros para alcança-las a mãe das aranhas passou para a frente da garota com um pulo, mantendo a parte da frente do corpo levantada em posição de ataque. Percy teve que frear bruscamente, pois caso ele ficasse ao alcance daquelas patas ele sabia que não iria ter muitas chances. Até agora o único motivo de alivio que ele tinha é que ele conseguira chegar a tempo antes de Aracne terminar de tecer o seu casulo sinistro em Annabeth, a maior parte do corpo dela estava coberta imobilizando-a, mas a cabeça dela continuava de fora. Ela estava olhando diretamente para ele, e em seus olhos notava-se facilmente um medo imenso.

Tudo isto ele notara graças ao déficit de atenção e hiperatividade, pois apesar de estar enormemente preocupado com o estado da sua namorada ele mantinha o olhar fixo em Aracne, analisando-a em busca de qualquer movimento que denunciasse o ataque iminente e todo o seu corpo fervilhava de adrenalina pronto para reagir a qualquer momento.

Os dois passaram um longo minuto se avaliando, o brilho de Anaklusmos permitia a ele ver cada detalhe do corpo da sua adversária. Da cintura para cima ela tinha forma humana, mas mesmo assim ainda era de se duvidar de que aquela criatura já houvesse sido humana algum dia. Ela possuía quatro olhos negros totalmente desprovidos de pálpebras, dois deles no lugar habitual com o tamanho de bolas de golfe e outros dois menores, dispostos cada um em um lado da testa. Sua boca não era menos horripilante. Por serem enormes seus dentes ficavam para fora, o que a impedia de fechar a boca totalmente, sendo que o que mais chamava atenção eram os dois caninos inferiores, pois além de serem os maiores ainda gotejavam um liquido aparentemente esverdeado. O resto da sua parte humana era recoberto por pequenos pelos parecidos com espinhos, e suas mãos exibiam as longas unhas que Pecy reconheceu como sendo as que rasgaram o teto do trailer há menos de dois minutos, na mão direita faltavam os dedos mindinho e anelar onde Annabeth havia atacado com Contracorrente.

Do quadril para baixo ela era pura e simplesmente uma aranha gigantesca, grudada na parte humana onde deviam estar os olhos numa aranha comum. De cada lado da sua cintura saia uma enorme presa usada para penetrar nas suas vitimas espalhando o seu potente veneno. Do seu corpo saiam pernas enormes cheias de pelos que lembravam adagas tanto em seu formato quanto em seu tamanho, e embaixo do seu abdome estava claramente visível uma mancha vermelha em forma de ampulheta, o que fez Percy a identificar como uma Viúva-negra, pois ele se lembrava de uma aula de Biologia sobre Aracnídeos, em que o seu professor foi picado justamente por uma aranha desta espécie.

–Então você é o filho de Poseidon, interessante... Nunca experimentei nada que viesse do mar, espero que seu gosto seja bom. –Disse o monstro com a sua voz arrepiante.

–Como sabe quem eu sou?

–Minha mestra me contou muitas coisas, ela queria vocês dois vivos para o sacrifício, mas depois do que vocês me fizeram eu mesma vou acabar com vocês. Entretanto só soube de você recentemente, quanto à filha da bruxa trapaceira eu pressenti a sua chegada há décadas atrás. Como a mãe ela é arrogante e falsa, mas foi a ultima vez em que fui derrotada! Não irei deixar nem os ossos dos dois para trás, a única lembrança das suas passagens sob a terra será a tapeçaria que farei retratando as suas mortes, para depois quando Gaia tiver assumido o poder novamente eu esfrega-la na cara de Atena, vamos ver se ela continuará tão altiva depois que eu obtiver minha vingança!

Aracne falava isto com um prazer na voz, como se já estivesse saboreando o momento.

–Gaia não vai vencer, pois neste exato momento nossos amigos estão indo detê-la! Eles já recuperaram a Atena Partenos e logo irão lacrar as Portas da Morte, e quando o fizerem eu e Annabeth também estaremos lá!

Um som ainda mais horripilante saiu da criatura, levou alguns segundos para ele perceber que ela estava rindo.

–Você ainda não percebeu que sua missão fracassou? Seus amiguinhos estão indo direto para a armadilha montada por Gaia e você está aqui prestes a morrer!

–Errado, você é quem está prestes a morrer!

Ele deu um salto mergulhando por baixo das pernas da mãe das aranhas, ela tentou detê-lo, mas fora pega de surpresa, Percy rolou no chão para amortecer a queda e sem perder tempo tentou atingir o abdome da sua adversária. Ela deu um pulo enorme para o lado, mas não pode evitar ser atingida por Contracorrente. A espada arrancou uma perna da aranha como se não se tratasse de uma haste de papelão, e novamente Aracne urrou de dor. Mas desta vez ela não perdeu tempo, o garoto sentiu uma das patas agarra-lo pelos pés e logo em seguida o arremessar contra o trailer.

O impacto foi brutal. Nem a queda ali no Tártaro havia lhe causado tanta dor, sem falar que ele ainda não havia se recuperado deste primeiro acidente. Depois de passado o atordoamento inicial ele precisou de toda a sua força de vontade para tentar se erguer, pois seu corpo clamava por continuar caído no chão, imóvel. Ele não tinha certeza, mas dava para crer que havia quebrado uma ou duas costelas, sem falar que o sangue proveniente de um corte na sua testa estava atrapalhando a sua visão. Para melhorar um pouco esta situação ele limpou parte do sangue com a manga da sua camisa, o que ajudou um pouco.

Ainda tateando ele encontrou Contracorrente, felizmente a espada havia caído muito perto dele, tão perto que foi um milagre ele não ter se cortado nela. Usando-a como apoio ele conseguiu se sentar e depois se pôr de pé, ainda apoiado no trailer.

Logo depois ele ouviu o barulho de algo imenso aterrissando poucos metros as suas costas, já que estava de frente para o veiculo. Mais rápido do que ele julgava ser capaz naquele estado ele se virou deparando-se com Aracne pronta para dar o bote.

–Não!!! –Era a voz de Annabeth lá atrás. –A sua rixa é comigo e com a minha mãe, deixe-o em paz!

Aracne pareceu extremamente satisfeita ao ouvir os apelos da garota.

–Ele quem decidiu participar disto, ele cortou uma das minhas pernas! Você acha que eu o deixaria escapar agora? –Enquanto falava Aracne prestava atenção total em Percy, ele sabia que ela não cometeria o mesmo erro duas vezes, agora ela iria se concentrar nele, principalmente pelo fato de Annabeth estar presa lá atrás. O cérebro dele trabalhava a todo vapor para elaborar um plano que os tirasse daquela situação. Mas ele estava encurralado, tudo que podia fazer era intimidar sua rival com Contracorrente para evitar um ataque dela.

–Não se preocupe você vai viver por mais algumas horas, é só o tempo de eu acabar com o seu namorado e devora-lo, ou acha que vou perder esta oportunidade? Você, filha de Atena vai sofrer o máximo possível, só irei te matar depois que eu cansar de brincar com você, mesmo que implore pela morte muito antes disto. –Ela parou e emitiu uma gargalhada semelhante as das bruxas dos desenhos infantis, mas Percy apostaria que qualquer uma destas bruxas sairia correndo ao ouvir a risada da aranha, tamanha era a carga de maldade que ela havia colocado em sua voz. Se existisse um som que personificava a maldade e o horror seria este, pensou ele enquanto sentia todo o seu corpo se encolher de pânico involuntariamente. –E parte deste sofrimento que você irá passar vai ser me ver devorar o seu namorado bem na sua frente!!!

Aracne não perdeu tempo, mesmo com Percy empunhando Contracorrente ela atacou, desta vez levantando a parte superior do corpo enquanto avançava para cima dele, com o objetivo de lhe atingir com suas presas, injetando o veneno letal.

Desta vez Percy é quem foi pego de surpresa, ele não teria escapado deste ataque, não fossem os seus reflexos aguçados que o fizeram se abaixar no momento exato. Aracne se chocou contra o trailer com uma violência enorme. Com a mesma velocidade ela recuou, na parte da lateral do trailer onde Percy estava anteriormente era possível se ver de longe dois furos enormes onde suas presas tinham atingido o veiculo. Percy não teve a mínima oportunidade de atacar, pois mesmo abaixado ele quase havia sido esmagado pela sua rival. Assim que ela se afastou ele contra-atacou descrevendo um arco com a sua espada que passou rente ao rosto dela produzindo um longo corte em sua bochecha, mas nada que fosse fatal.

Novamente Aracne atacou. Percy bem que tentou se esquivar, mas foi inevitável, ela o agarrou com duas das suas patas e com a terceira tomou contracorrente da sua mão jogando-a dentro do lago. Ele tentou se soltar dando socos e chutes, mas usando uma força monstruosa ela o trouxe para perto de si e fincou as suas duas presas em seus ombros, injetando o máximo de peçonha possível.

–NÃO!!!!!!!!!!! –Annabeth gritou desesperada.

O som da voz dela chegou aos ouvidos de Percy como um leve sussurro que sumiu aos poucos. A dor só o atingiu por um milésimo de segundo como um violento choque elétrico percorrendo pelo seu corpo, mas imediatamente o veneno começou a fazer efeito. Ele foi tomado de uma sensação de letargia que fez seu corpo todo amolecer e sua visão ficar turva, ele só tinha uma leve consciência do que estava acontecendo quando sentiu que era erguido e arremessado no ar.

O ar assoviava pelos seus ouvidos, mesmo no estado em que estava ele se encolheu involuntariamente, preparando-se para o violento e provavelmente fatal impacto, mas o que ele sentiu não foi nada disto, algo o envolvia trazendo-o de volta a realidade. Quase imediatamente, a dor voltou, mas com muito menos intensidade. Incomodava, mas podia ser ignorada facilmente.

Foi ai que ele se deu conta que Aracne o havia atirado no lago como fez com Contracorrente, o que fez com que ele sobrevivesse ao veneno mortal. Os ferimentos nos seus ombros não estavam curando como normalmente acontecia, mas parece que de alguma forma a agua estava anestesiando os efeitos da picada e paralisando o veneno.

Ele abriu os olhos, além do Tártaro não ter fonte de luz praticamente nenhuma a água era muito escura, o que fazia com que ele não enxergasse nada, imediatamente ele sondou o lago em busca da sua espada de Bronze Celestial. Ele sentiu presenças de diversos monstros submersos que poderiam tê-lo apavorado em outra ocasião, mas ele simplesmente os ignorou continuando na sua busca pela espada. Demorou alguns poucos segundos até ele identifica-la e ordenar que a agua a trouxesse de volta as suas mãos, ele a segurou firmemente e fez um gigantesco impulso para cima saindo da agua.

Ele teria dificuldades de avistar o local onde imaginava que Aracne estava aterrorizando a sua namorada no exato momento não fosse uma luz dourada vinda de alguma coisa se movimentando ao longe, de imediato ele não acreditou no que estava vendo: Annabeth de algum modo conseguira se soltar e encarava a aranha monstruosa empunhando a sua faca de Bronze Celestial, Aracne repetia a mesma técnica que usara com ele, ela abria as patas dianteiras tentando agarra-la ou simplesmente atingi-la.

Mais uma vez usando do auxilio da agua ele se movimentou com uma rapidez sobre humana até chegar perto o suficiente para ficar de pé na areia, porem bem próximo para poder intervir na batalha. Confiando que Annabeth a manteria distraída ele, como antes, fez a água do lago recuar, deixando a água que dava no seu peito baixar até o nível dos seus joelhos, se acumulando toda atrás dele. No estado em que estava ele não conseguiria fazer este esforço todo, mas a agua o dava forças, e Annabeth estava em perigo, o que já era motivação suficiente.

As duas combatentes a sua frente mudaram de posição, Aracne ficou de costas para ele, no entanto Annabeth estava agora virada diretamente para ele, e Percy poderia afirmar que em toda a sua vida nunca a vira aparentando tanto ódio. Ela encarava Aracne de um modo que poucos conseguiriam sustentar o olhar de volta por mais que alguns segundos, mas então ela o viu. No mesmo instante ela perdeu o foco da sua adversária, seu rosto se transformou num misto de incredulidade e alegria, mas isto durou pouco. Aracne percebeu a distração e acertou uma das suas patas com força na garota a arremessando a uma altura que significava uma queda fatal mesmo na areia.

Percy não perdeu tempo, ele liberou toda a agua acumulada na direção das duas, Aracne foi atingida em cheio e atirada sobre a lateral de uma das rochas espalhadas, ao mesmo tempo ele fez com que a agua apanhasse Annabeth ainda no ar, colocando-a gentilmente no chão. Devido ao seu estado ele sabia que caso saísse da agua o veneno voltaria a agir, isto se o cansaço não o matasse primeiro, então resolveu resolver tudo de uma vez ali mesmo.

A água se acumulou ao redor de Aracne prendendo-a numa prisão liquida, Percy apontou Contracorrente para frente enquanto ordenava que a agua se chocasse novamente com Aracne, desta vez na direção contrária, na direção dele. A ultima coisa que ele sentiu antes de perder os sentidos por completo foi o enorme baque causado pelo monte de lama que restou do que havia sido sua adversária.

VIII

PERCY

Percy recuperou a consciência aos poucos. Ele se perguntou se havia morrido, pois apesar de tudo o que sofrera estava se sentindo surpreendentemente bem, a única coisa que ele sentia era cansaço, todas as dores haviam sumido como num passe de mágica. Por um segundo ele se perguntou se o veneno ainda estaria agindo, mas logo deixou este pensamento de lado, o que quer que tenha acontecido o livrou do veneno da aranha, caso contrário ele tem certeza que já estaria morto.

Por causa do cansaço ele relutou em abrir os olhos, ainda estava lutando com toda a sua força de vontade para mover suas pálpebras quando sentiu algo tocar a sua cabeça. Pelo que deduziu deviam ser mãos, bem delicadas e cuidadosas por sinal, ele chegou até a pensar em sua mãe, mas é claro que não era ela, Sally Jackson estava no apartamento deles em New York esperando ele com o seu novo marido, Paul Blofis. Então só restava uma pessoa.
–Annabeth –Murmurou automaticamente.

Ele abriu os olhos e teve uma espécie de déjà vu, por um instante ele reviu uma cena ocorrida anos atrás: uma garotinha loira, semelhante a um anjo (ou princesa de contos de fadas, tanto faz) o observava fixamente, seus olhos cinzas lembravam uma tempestade em formação, e seus cabelos lembravam uma cascata de ouro. Atordoado ele piscou os olhos, na sua frente estava a versão crescida da garotinha, com o mesmo cabelo e os mesmos olhos, mas diferente da primeira vez os olhos dela não expressavam curiosidade, e sim preocupação. Apesar de na cabeça dele não fazer muito sentido esta outra garota, mesmo demonstrando sinais de cansaço conseguia preservar a beleza e o encanto da garotinha, não intactos, mas amadurecidos.

–Percy, eu... Eu achei... –Lágrimas começaram a brotar dos seus olhos. –Eu pensei que você havia morrido!

Ele levou as mãos ao rosto dela e enxugou as lagrimas que já haviam começado a rolar.

–Shhhh! Eu estou aqui, não estou? –Ela balançou a cabeça afirmativamente. –Saiba de uma coisa, é preciso muito mais do que aquela peluda asquerosa para me fazer largar do seu pé, ouviu? –Um sorriso se formou no rosto de Annabeth.

–Meu Cabeça de Alga! –Ela falou enquanto abaixava a cabeça para beija-lo.

Pelo que deu para notar eles estavam novamente dentro do bendito trailer, só que de algum modo ele estava virado corretamente, e não capotado como eles o haviam deixado.

–Annie, o que foi que aconteceu depois que eu matei Aracne? Só lembro de tê-la golpeado com a espada, o pó misturado com a agua virou um monte de lama que me atingiu em cheio, e então eu desmaiei.

Annabeth respirou fundo, Percy percebeu que ela estava se segurando para não voltar a chorar.

–Eu vi quando você fez a agua arrastar Aracne, eu sabia que mesmo que você conseguisse transforma-la em pó não ia poder evitar o impacto, foi exatamente o que aconteceu, o monte de lama que aquela asquerosa se formou te atingiu em cheio, na hora eu tentei te achar, nadei até o local que eu te vi pela última vez e nada! –À medida que ela falava as lagrimas voltavam a brotar dos seus olhos, que permaneciam fixos em Percy como se ele fosse sumir caso dessem uma única piscada. –Te procurei até ficar completamente exausta, voltei para a praia e comecei a chorar. Fiquei assim por não sei quanto tempo, até que senti algo esquisito. Levantei e olhei ao redor, no início eu não acreditei no que estava vendo: boiando no lago estava uma coisa que de longe parecia uma placa de bronze celestial de tão reluzente, e em cima dela você estava deitado, parecia... –Sua voz falhou por alguns segundos. –Parecia que você estava morto, e alguém o havia preparado para o funeral.

Annabeth não conseguiu mais conter as lágrimas, Percy a abraçou tentando conforta-la.

–Calma Sabidinha, estou aqui, ok?

–Ok. –Disse ela enquanto tentava forçar um sorriso.

–Se quiser não precisa terminar...

–Não, não quero. –Ela enxugou as lagrimas e respirou fundo novamente.

–Eu me atirei na agua e nadei até chegar onde você estava, cheguei lá exausta, mas mesmo assim insisti em verificar se você tinha ou não pulsação. Acho que agradeci a todos os deuses que conheço quando Percebi que você ainda estava vivo, como eu não aguentava mais nadar resolvi me segurar na tal placa de bronze celestial, mas tive uma enorme surpresa: a coisa brilhante em que você estava deitado era na verdade uma tapeçaria, isto meio que me distraiu por um segundo, afinal, tapeçarias não boiam daquele modo, eu pensei um pouco e deduzi que devia ser uma espécie de espólio de guerra por matar Aracne, só não sabia a sua utilidade.

“Foi ai que eu ouvi o latido. Aparentemente eu não havia sido a única que havia te visto, na beira da praia estava um vulto imenso, não dava para enxergar direito, mas pela silhueta dava par saber que era um cão infernal, e dos grandes! Saquei minha faca enquanto ele pulava na agua, ele se aproximou cada vez mais rápido, nadando como um peixe. Quando chegou perto eu tentei esfaqueá-lo, mas ele simplesmente acertou a pata na minha mão e a faca foi para o fundo do lago. Foi ai que eu perdi todas as esperanças, ele estava ali, nadando na minha frente, e eu desarmada, não dava nem para fugir, eu só podia me encolher esperando a mordida.”

–E... –Annabeth olhou feio pra ele. –Tá bom, não te interrompo mais! –Ela se permitiu sorrir de leve antes de continuar.

–E então eu levei uma lambida!

A cara que Percy fez em seguida foi tão engraçada que ela se esqueceu de toda a tensão e caiu na gargalhada, na verdade a tensão até colaborou um pouco, pois a risada foi crescendo até sair do seu controle, ela ficou assim durante um minuto até conseguir se reestabelecer, e mesmo assim teve que usar todo o seu autocontrole para não voltar a rir da expressão que Percy ainda exibia.

–Mas como assim? Espera um pouco, quer dizer que um cão infernal aparece no meio do Tártaro e entra naquele lago sinistro só pra te lamber?

–Este é o meu bom e velho cabeça de alga. Será que você ainda não percebeu? –Ela falou ainda com um sorriso nos lábios. Como é que você acha que eu aguentaria te rebocar a nado até aqui sozinha, cuidar de você, de mim mesma e ainda ficar de olho nas criaturas daqui? Sem falar neste trailer que estava com as rodas para cima.

Percy ainda estava confuso, será que Annabeth havia enlouquecido? Justo a sua sabidinha? Se não do que é que ela poderia estar falando? Ele sabia que ela estava bastante machucada na hora é claro, e também duvidava que ela conseguisse fazer aquilo tudo naquele estado, mesmo ela sendo a Annabeth, mas que relação isto tinha com o cão infernal lambão?

–Percy, olhe por esta janela aqui. –Sugeriu ela.

Ele caminhou até a janela, no início ele não podia ver nada a um metro de distância do veículo devido à escuridão do tártaro, a única fonte de luz ali vinha de dentro do trailer, da tal tapeçaria luminosa. Por um segundo ele desviou o olhar da janela para o lugar onde ela estava. Realmente a tal tapeçaria emanava uma luz muito forte, não era de se espantar que Annabeth tivesse conseguido avistá-la mesmo à distância, ela havia deixado-a aberta de modo a iluminar o máximo possível. Normalmente as tapeçarias exibiam imagens, mas esta era completamente dourada, sem imagem alguma, o que o intrigou.

Novamente ele dirigiu o seu olhar a janela, mas desta vez tomou um susto enorme: colada no vidro estava a cara de um cão infernal imenso, assim que o animal o avistou começou a latir, o que quase deixou Percy surdo. O susto foi tão grande que ele automaticamente deu um pulo para trás esbarrando com Annabeth.

Numa fração de segundos ele já havia pegado contracorrente do bolso e ia destampa-la quando ouviu uma risada. Annabeth estava tendo uma nova crise de risos, o que o desnorteou. Seu instinto dizia para correr lá para fora e enfrentar o monstro, mas a atitude de Annabeth continuou a preocupa-lo, ele olhou mais uma vez para a janela esperando ver o cão infernal rosnando com os dentes a mostra, mas se ele achava que o show de bizarrices já estava completo se decepcionou feio. O monstro estava sentado observando-os através da janela como se fosse um cachorro de estimação, quando percebeu que estava sendo observado ele levantou-se e lambeu o vidro da janela.

Mais uma vez Percy pulou para trás, quando ele viu o cão infernal abrir as mandíbulas seu corpo reagiu imediatamente, enquanto pulava ele destampou contracorrente, porem quando viu o que aconteceu novamente se sentiu perdido. –Mas o que... –Ele olhou novamente através do vidro, agora encharcado de baba. Só havia um cão infernal que se comportava daquela maneira.

–Não, não pode ser... –Annabeth já estava ficando roxa de tanto rir. –Sra. O’leary? Mas... Como ela veio parar aqui?

Ainda rindo Annabeth se levantou e beijou rapidamente os lábios de Percy. Como se ele precisasse de mais um motivo para ficar atordoado...

–Já estava na hora, achei que não ia reconhecer! –Annabeth respirou fundo tentando parar de rir. –Eu a reconheci depois da lambida, ela nos trouxe até aqui novamente, vigiou enquanto eu cuidava de você e eu consegui fazer com que ela colocasse o trailer novamente na posição normal. Se não fosse ela já estaríamos mortos, apareceram por aqui duas dracaenaes, um telquine e...

–Annie, nomes... Lembra?

–Ohh, me desculpe, não quero atrair mais deles.

–Quem era o cabeça de alga mesmo? –O resto do sorriso no rosto de Annabeth sumiu instantaneamente.

–Você tem muita sorte de ter sido eu quem salvou sua vida, por que não quero ter tido tanto trabalho para nada. –Percy parou por alguns segundos tentando entender o que ela havia dito, levou um pouco de tempo para ele sacar, mas quando conseguiu ficou pálido.

–Me desculpe. –Ele abaixou a cabeça, pois os olhos de Annabeth estavam no “modo fuzilamento”.

– Você devia falar com ela. –Sugeriu Annabeth. Ele abriu a porta e empunhou Contracorrente de modo a iluminar o caminho. –Tome cuidado!

–Pode deixar sabidinha. –Ele se dirigiu para fora, mas só pode dar dois passos antes de ser atropelado por um enorme vulto negro. –Calma garota! Ótimo, agora estou coberto de baba.

–Eu avisei para tomar cuidado. –Annabeth falou entre outro ataque de risos. Entre, vamos dar um jeito de você se secar. Pelo visto sua capacidade de ficar seco não inclui baba de cachorro.

–Haha. –Percy zombou enquanto abraçava o pescoço da gigantesca cadela infernal. –Fique aqui mocinha. Infelizmente você não cabe lá dentro. Qualquer coisa é só latir.

Ele entrou novamente no trailer onde Annabeth já o esperava com uma toalha que ela havia arranjado em algum lugar lá dentro.

Após se secar ele se juntou a Annabeth que estava ajoelhada aos pés da tapeçaria. O seu olhar estava tão fixo que Percy não se surpreenderia se a tapeçaria entrasse em combustão instantaneamente.

–Descobriu algo? –Ele perguntou enquanto se sentava ao seu lado.

–Nada. Não faz sentido algum! –Ela falou em tom de frustração. –Por que esta tapeçaria apareceu só agora? Será que as únicas coisas que ela faz são brilhar e flutuar na agua?

–Deve ser algum tipo de espólio de guerra, de vez em quando após matar um monstro surgem alguns itens muito uteis e... –Ele parou ao ver que ela o encarava. –E é claro que você já sabe disto, deixa pra lá.

–Sim, eu já pensei nisto. È evidente que é algum tipo de espólio de guerra que você conseguiu por matar Aracne. –Ela fez uma careta ao pronunciar este nome. –Mas espólios de guerra normalmente tem alguma função bastante especial enquanto este daqui parece só uma tapeçaria feita de alguma coisa brilhante e impermeável. –Se Quíron estivesse aqui ele saberia explicar o que é isto.

–Eu tenho certeza que você vai conseguir descobrir isto, eu não te chamo de sabidinha à toa, certo? –Percy conseguiu um riso fraco como resposta, ele ajeitou uma mecha do cabelo dela atrás da orelha. –Falando em Quiron... Faz um tempão que não temos noticias dele. Será que os romanos já chegaram? Queria poder ver o que está acontecendo naquele acampamento agora.

Os dois se afastaram surpresos quando repentinamente a luz emitida pela tapeçaria mudou de dourada para branca. Eles olharam abismados enquanto aquele branco dava lugar a uma imagem familiar: Na tapeçaria se formou uma imagem exata do Acampamento Meio-Sangue. Era inconfundível, podia se ver claramente o pinheiro de Thalia, a casa grande, os chalés...

–Por Atena! –Annabeth exclamou. –Será que é algum tipo de mapa? –Ela estava completamente deslumbrada com aquilo. Era uma vista perfeita do acampamento, como se alguém tivesse tirado uma fotografia aérea e depois a tivesse colocado naquela tapeçaria.

–Annie, olha aqui! –Percy apontou para uma silhueta minúscula de um pássaro que parecia absolutamente normal, até ela começar a se mexer pela imagem do nada. Analisando mais atentamente o mapa eles repararam que não era a única coisa ali que se comportava diferente do que seria num mapa normal. –As imagens se movem! Da pra ver as ondas quebrando na praia e tudo!

–É como se fosse uma televisão feita de tecido. –Ela estava tão entusiasmada que parecia que a qualquer momento ela iria pular para dentro da imagem. – É bom ter algo para se lembrar de casa neste lugar horrível. –Percy passou um dos seus braços pela cintura dela e lhe deu um beijo na testa.

–É, ao menos isto.

De súbito Annabeth assumiu uma expressão preocupada, chegou mais perto do "mapa" e deu uma analisada, como que procurando por alguma coisa.

–O que foi? –Perguntou Percy.

–Estranho... –Ela apontou para o pontinho que Percy notara. –Olhe: isto é um pássaro. Pela lógica, se mostra ele também deveria mostrar outros animais, e até pessoas, mas não há mais nada aqui!

–Verdade. Já notei outros bichos também, olha aquela cobra ali na borda da floresta. Mas não mostra mais ninguém.

–Pelo sol eu acho que deve ser mais ou menos onze da manhã, o acampamento deveria estar lotado de campistas fazendo suas atividades, parece até que está abandonado...

Ela parou quando Percy apontou para um ponto do mapa, mais precisamente o pinheiro de Thalia.

–Annie, tem alguma coisa muito errada acontecendo. Peleu não está guardando o Velocino de Ouro! Todo mundo sabe que ele fica lá o tempo todo para proteger o Velocino, para ele precisar sair deve ter acontecido algo grave!

–Calma, nem sabemos se realmente aparecem pessoas ou dragões aqui. Pode nem ser verdade isto que estamos vendo, vai que é algum tipo de animação representando o acampamento... Nós não sabemos.

–Eu sei um modo de testar! –Percy se animou subitamente. –Mostre-nos o Argo II!

Imediatamente a tapeçaria voltou a emitir a luz branca, que por sua vez deu lugar a imagem de um barco feito de bronze com uma cabeça de dragão na proa. Definitivamente aquele era o Argo II, mas a sua visão não trouxe alivio nenhum para o casal por dois motivos: Sim, o mapa mostrava pessoas, o que quer dizer que o acampamento estava realmente deserto, mas o que os preocupou mais não foi isto. O navio estava sendo atacado por no mínimo umas trinta harpias de uma vez. Seus amigos lutavam o quanto podiam, mas sempre pareciam estar em desvantagem.

Cada um tentava combater do seu modo: Hazel e Nico estavam um de costas para o outro golpeando com suas espadas. Jason travava uma épica batalha aérea contra as Harpias, quando a espada não dava conta ele convocava uma rajada de vento para afasta-las. Piper tentava usar o charme a todo custo (não dava para se ouvir nada, mas era evidente que ela não estava gritando por nada) fazendo as suas adversarias atacarem umas as outras enquanto disparava uma avalanche de alimentos para cima delas com a cornucópia. O treinador Hedge havia sido capturado por uma delas, mas ele conseguiu acerta-la no rosto com o seu bastão fazendo com que ela o largasse no convés do navio. Leo com a ajuda de Festus estava tocando o terror, cinco das harpias estavam em chamas graças a eles, e Frank havia se transformado em um enorme tigre dentes de sabre agindo como um gato travesso que está atrás de alguns passarinhos no quintal.

Os dois passaram o que pareceu uma eternidade olhando para a tapeçaria, até que Jason pareceu gritar algo. Todos os outros se abaixaram quando um clarão surgiu nos céus, um raio atingiu a maioria das harpias que estavam voando por pouco não atingindo o barco também. O esforço foi muito grande para Jason que caiu inconsciente no convés em meio a uma chuva de pó de monstros. Depois disto a luta ficou mais fácil, mas mesmo assim levou alguns minutos até a ultima Harpia virar pó.

–Pelo visto os problemas só estão piorando. –Annabeth quebrou o silencio. –E só vão piorar cada vez mais que eles avançarem em direção à Grécia.

–Eles dão conta, e até lá já vamos ter dado um jeito de passar pelas tais Portas da Morte e deixar este lugar horrível para sempre. –Ele deu outro beijo no rosto dela.

–Espera... Será? –A expressão de Annabeth mudou rapidamente de preocupada para intrigada.

–O que foi?

–Preciso tentar uma coisa. –Ela respirou fundo, se preparando para o que veria a seguir. –Mostre-nos as Portas da Morte!

Mais uma vez a tapeçaria emitiu um clarão de luz branca, mas desta vez ela foi diminuindo e diminuindo, até a superfície do tecido ficar quase completamente escura. A imagem que se formou foi a de um lugar gigantesco envolto em trevas, a única iluminação ali vinha de uma abertura retangular aberta numa enorme parede de rochas por onde entrava a luz do por do sol. Viradas para o lado de dentro da abertura estavam duas enormes portas de bronze que, a pesar da pouca iluminação podiam se ver gravuras de monstros horrendos matando várias pessoas de vez. Acorrentados as portas guardando a entrada estavam dois imensos dragões, cada um tinha o comprimento de sete ônibus enfileirados, mas eles não eram o mais impressionante ali. Até onde a vista alcança o lugar estava repleto de monstros dos mais variados tipos, espécies... Todos estavam se dirigindo para as portas, era como se um alarme de incêndio tivesse sido disparado no Tártaro, mas aquela era a "evacuação de incêndio" mais desorganizada que eles já haviam visto na vida. Vários monstros simplesmente desapareciam pisoteados no meio da multidão, e quanto mais saiam mais tinha para sair. Vez ou outra um dos dragões perdia a paciência com o empurra-empurra e lançava um jato de fogo que reduzia dezenas de monstros a areia fumegante.

–Temos que pensar em um modo de passar por eles sem que nos notem, ou de dispersa-los de alguma forma para que nos dê tempo de passar para o outro lado. –Annabeth falou enquanto analisava a imagem. –E ainda temos que fechar estas portas, e pelo que sabemos alguém tem que fecha-las por dentro. Isto vai ser um problema enorme.

–Quer dizer que um de nós vai mesmo ter que ficar preso neste lugar para sempre? –Percy disse olhando diretamente nos olhos dela.

–Não sei... Tudo indica que sim, mas não temos certeza. Talvez dê para passar antes de a porta se fechar, poderíamos tentar algum modo de fazer com que algum monstro faça isto, ou até procurar alguma saída alternativa. Não sabemos como estas portas funcionam ainda, temos que ter esperança. –Mesmo sabendo que ela estava certa Percy não pôde deixar de notar um fiozinho de hesitação em sua voz.

–Percy?

–Sim?

–Me prometa que a não ser que realmente não tenha outra saída você não vai dar uma de salvador da pátria e ficar aqui para tentar resolver isto sozinho, por favor! Eu não vou sair daqui sem você, se for preciso eu fico aqui também, mas sem você eu simplesmente não posso sair.

–Annie, você sabe que eu não posso prometer isto, alguém tem que fechar aquelas portas por dentro, você sabe muito bem, e eu não quero nenhum de vocês fazendo isto. Eu já estou aqui dentro, e você vai ser muito mais útil lá fora do que aqui dentro. Eles precisam de você lá fora.

–Você também vai ser muito mais útil lá fora do que aqui dentro! Eu não vou sair sem você Perseu Jackson e você sabe muito bem disto.

–Está bem, a não ser que seja extremamente necessário então, mas se for eu terei que ficar.

–Jure pelo Estige.

–Só se você também jurar, eu sei que você é bem capaz de estar pensando em ficar aqui sozinha também.

–Ok

Os dois deram as mãos, fecharam os olhos e repetiram juntos:

–Eu juro pelo Estige que não tentarei permanecer aqui no tártaro sozinho a não ser que não haja outra opção possível.

Eles se abraçaram durante vários segundos.

–Quero permanecer sempre ao seu lado sabidinha.


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Notas finais do capítulo

E ai, o que acharam??? Muito obrigado por terem lido, e peço para que deixem reviews me falando se ficou bom, se ficou ruim ou se vocês simplesmente querem me usar como alvo no treinamento de arco e flecha do CHB ‘-‘. É muito importante saber o que vcs acharam e até se dá para melhorar alguma coisa.
Claro que no livro foi bastante diferente do que eu imaginava, o Tio Rick como sempre deu um show superando as expectativas de todo mundo. Eu só acho que ele podia ter explorado um pouquinho mais a Aracne, já que o Percy a matou com a maior facilidade, vai ver que ele queria focar mais no que estava por vir, sei lá... O importante é que ficou muito bom, como já era de se esperar do bom e velho Rick Riordan.
Vou ficando por aqui, espero que tenham gostado e até mais!!