– Eu ainda vou morar aqui. – Quinn comentou para Jesse, enquanto os dois observavam o nascer do sol.

– Você fala isso todo ano Q.

– Eu sei, mas eu nunca posso vir de fato e morar aqui, mas eu queria.

– Nada te impede. – Jesse disse.

– Faculdade e a necessidade de dar orgulho para meus pais assim como Frannie. – Quinn suspirou pesadamente. – Na verdade, eu queria poder sair pelo mundo e voltar só quando eu estive psicologicamente pronta para encarar a vida adulta. – Jesse riu.

– Qual é Fabray? Você sempre foi a mais matura de nós dois. – Jesse disse passando o braço nos ombros de Quinn.

– Qual um é mais matura que você Jess... – Eles riram.

– Percebeu que a gente sempre fica super deprê quando vamos embora?

– Deprê? Sério Jesse? – Quinn se afastou de Jesse.

– Você entendeu. – Jesse disse, revirando os olhos.

– Bem... Amanhã a rotina volta ser a mesma, tirando a escola o que é uma dádiva divina. – Jesse riu.

– É... Só falta pegar nossos diplomas e seguir para a vida adulta.

– Eu não gosto da expressão ‘vida adulta’, parece que eu vou passar por um portal e me tornar infeliz pro resto da minha vida. – Quinn fez uma careta.

– Não é bem assim Q... Tem a faculdade e provavelmente vai ser uma fase de experimentos e festas... Depois você se preocupa com a sua infelicidade. – Jesse riu.

– Eu nem ao menos sei o que cursar Jesse. Eu gosto de tanta coisa.

– Você costumava dizer no oitavo ano que iria dominar o mundo. – Eles riram.

– Dominação do mundo requer conhecimentos matemáticos e físicos, então eu passo essa oportunidade.

– Alguma coisa você gostaria passar o resto da vida fazendo... Tipo, eu quero ser ator...

– E já passa mais de cinquenta por cento de seu tempo se preparado para isso.

– Exatamente, qual é a coisa que você mais passa o tempo fazendo? – Jesse pediu.

– Eu... Eu desenhava até terminar com Brittany, ai terminamos e eu me tornei essa pseudo-cult depressiva e estraga prazeres.

– Olha, hospício é sempre uma boa saída. – Os dois riram.

– Se eu chegar a contar essas ultimas semanas para meus pais é bem provável que seremos jogados num hospício. – Quinn disse ainda rindo.

– Falando nisso, como Rach reagiu a declaração de Finn?

– Nós não chegamos a falar disso... A gente mudou de assunto e ela não me disse nada de mais. – Quinn deu de ombros. – Me senti mal por não retribuir o que Finn sente, não é a primeira declaração dele e cada vez vai tomando proporções maiores...

– Quinn você não é obrigada a amar todo mundo que se declara pra você, além do mais, ele sempre soube que você gosta da mesma fruta que ele. O que ele está fazendo é masoquismo emocional.

– Ele não parece se divertir com todos os ‘nãos’ que ele já ouviu. – Quinn fitava o lago com o queixo apoiado em sua mão. – Além do mais, Finn é um cara legal e gentil... Nunca me parece justo.

– Então fique com ele!

– Não, eu não me imagino com ele. – Quinn disse encarando Jesse com a testa franzida.

– Exatamente. Quinn não é só porque o cara é legal que você tenha que se sentir mal por isso, ele sabe que não vai conseguir isso e não tem porque ele ficar esperando pelo seu amor eterno porque ele não vai conseguir isso tão cedo.

– Isso é ciúmes, Sr. St. James? – Quinn pediu arqueando a sobrancelha.

– Não. Isso se chama realidade, conhece? – Quinn riu.

– Ok Jess, eu já entendi. Mas ele cantou pra mim e me deu uma rosa, foi bonitinho pelo menos.

– Isso foi mesmo... Mas sem se sentir mal Q-bear, você tem Rachel Berry te desejando loucamente, não tem porque você ter olhos para o Finn. – Quinn riu.

– Foi um pouco longe demais cachinhos dourado, mas tudo bem. – Quinn disse ainda rindo.

– É verdade... Eu sou uma espécie de Kurt Hummel de Vermont para ela, então nós nos entendemos.

– Ok, eu acho que depois dessa eu vou arrumar minhas coisas. – Eles riram.

– Tudo bem Q-bear, mas nunca se esqueça do que eu irei te dizer; Rachel Berry quer seu corpo nu. – Quinn gargalhou.

– Ok Jesse, eu vou indo antes que isso vá piorando.

– x-

– Eu não entendo porque temos que sair tão cedo daqui... – Rachel resmungou no banco de trás do carro. Estavam Jesse, Quinn e ela.

– Metade da cidade participa do festival Rachel, se formos á tarde vamos demorar o dobro. – Quinn disse.

– Eu entendo, mas ainda me parece idiota.

– Rach você tem todos os bancos de trás para dormir, não se preocupe ainda vamos demorar para chegar em Bennington. – Jesse disse.

– Ótima ideia Jess, ótima ideia. – Rachel se recostou no banco e fechou os olhos novamente. Jesse e Quinn se entreolharam e sorriram. – Ok, vocês estão silenciosos demais e isso é estranho. – Quinn riu.

– Isso é um problema?

– Aparentemente é. Liguem o rádio, perdi o sono. – Rachel disse emburrada. Quinn e Jesse riram. Jesse ligou o rádio e ele e Quinn se entreolharam sorrindo.

– But I would walk five hundred miles/And I would walk five hundred more/Just to be the man who walks a thousand miles/To fall down at your door – Jesse e Quinn cantavam a plenos pulmões, Rachel os encarou incrédula.

– Eu criei dois monstros, é isso?

– The Proclaimers é a melhor banda para uma viagem! – Quinn disse, enquanto Jesse solava.

– A gente já pode trocar de musica, né? Eu sei que sim. – Rachel se inclinou até o rádio e trocou de musica

– I'm gonna be the man who's coming home with you/But I would walk five…/ My milkshake brings all the boys to the yard/And they're likeIt's better than yours/Damn right it's better than yours. – Rachel encarou Quinn boquiaberta. Jesse cantando Kellis é algo completamente normal, já Quinn...

– Ok... Eu confio no seu gosto musical Jesse. – Rachel trocou a musica de novo. E novamente se arrependendo de ter deixado eles ligarem o rádio.

– Live fast, die Young/Bad girls do it well – Com direito a coreografia de Quinn. Rachel acabou rindo de toda a situação bizarra que estava vendo e no final acabou cantando junto com eles.

Provavelmente acabou sendo a sua viagem mais divertida de sua vida. Sem contar o bônus de ver Quinn se divertir, ela ficava mais bonita quando sorria e até mesmo quando se auto ridicularizava cantando Spice Girls. Seu corpo reagia quando isso acontecia, resultando em sensações que uma garota de quinze anos teria, mas Quinn tinha esse “poder” sobre Rachel, a morena não sabia se era bom ou não, mas ela gostava e não pretendia impedi-lo de acontecer, por mais constante que aquilo havia se tornado.

Quinn ainda pensava no que Jesse havia lhe dito durante a manhã. Por mais idiota poderia parecer, Jesse era um ótimo observado e o mais próximo de Rachel até agora, o que levava Quinn crer de eles estava em parte certo. Claro que na perspectiva de Quinn, sexo já era algo além de um simples “relacionamento sem compromisso”, como Rachel chamava, pelo menos para Quinn, que tem toda uma visão mais romantizada da vida. Logo, ela levava sexo a sério demais, sabendo que quando isso acontece não se tem mais volta, porque é uma relação mais do que intima, se é que isso é possivel. E Quinn não sabia se estava preparada.

–x-

Depois de uma hora e meia de viagem, o trio já estava chegando à casa de Quinn. Roucos graças suas cantorias, mas todos rindo uns dos outros. Rachel notou o carro diferente estacionado do outro lado da rua da casa dos Fabray e sentiu seu corpo todo gelar, existia uma grande probabilidade de alguém ter ligado atrás de um paparazzo contando onde Rachel estava e logo todo o seu descanso ia por água baixo. Pegou suas coisas e foi rapidamente para dentro da casa. Quinn também notou o carro estranho e comentou rapidamente para Jesse, que também ficou atento ao carro.

Quinn e Jesse foram para dentro de casa, Jesse se jogou no sofá e Quinn foi para seu quarto tomar um banho. Alguém bateu na porta, Jesse e Rachel se entreolharam e garoto foi atender. Assim que abriu a porta, deu de cara com um homem de óculos escuros e roupa casual.

– Olá, eu estou procurando Lena Flowers. – O homem sorriu e Jesse paralisou. Rachel olhou apreensiva para Jesse e correu para ajuda-lo, ou pelo menos evitar que ele berre igual uma garota.

– Kurt! – Rachel disse atrás de Jesse, enquanto colocava sua mão na boca de Jesse. – Pode entrar. – Kurt sorriu para Rachel e entrou. Rachel fechou a porta e olhou para Jesse.

– Ok Jess, eu sei que é difícil e eu sei da raridade deste momento, mas, por favor, mantenha sua postura me frente de Kurt, ok? – Jesse assentiu. – Esse é meu garoto. – Rachel sorriu.

– Esse é o seu fã? – Kurt pediu apontando para Jesse, que ainda parecia paralisado com a cena.

– É... Para todos os efeitos é. – Rachel sorriu.

– E onde está a sua suposta... Namorada? – Kurt pediu sentando.

– Ela não é minha namorada Kurt e ela está tomando banho. – Kurt riu.

– Ok... Então, a senhorita tem muito para me contar.

– Eu sei... – Rachel disse desviando o olhar para suas mãos

– Estou esperando...

– x-

Quinn terminou de se vestir e foi para a sala, onde encontrou uma nova pessoa ali sentada. Se lembrou de Rachel lhe pedindo seu endereço e entendeu porque aquele homem extremamente bem vestido estava ali. Os três riam de algo e Quinn ficou os observando da escada.

– Quinn! Vem aqui. – Rachel disse, estendendo a mão para Quinn. A loira terminou de descer escada e foi até Rachel. – Esse é Kurt e Kurt, essa é Quinn. – Kurt sorriu para Quinn.

– Ouvi bastante sobre você Quinn... Pelo menos enquanto eu estou aqui. – Kurt riu.

– Coisas boas? – Quinn pediu se sentando ao lado de Rachel.

– Bastante boas. – Kurt sorriu.

– Por que eu não ouvi Jesse berrar? – Quinn pediu.

– Rachel soube controlar isso. – Jesse sorriu.

–Bom... Pelo menos não tive que te levar até o andar de cima. – Quinn riu. – Eu pensei que ele tinha tido um treco.

– Eu tive... Imagina encontrar Rachel Berry no acaso na casa de sua prima! – Kurt riu.

– A história toda me parece muito surreal, ainda mais em saber que vocês têm uma espécie de relacionamento.

– Opostos... – Rachel disse olhando para Quinn e dando-lhe um beijo na bochecha em seguida. Quinn sorriu.

– Eu ainda detesto Rachel Berry... – Quinn e Kurt riram. Rachel a olhou feio e lhe deu um tapa no braço.

– Berry, tapa de amor não vale. – Kurt disse, ainda rindo.

– Agora eu entendo quando você dizia que Kurt era o Jesse da sua vida. – Quinn disse, fazendo Rachel rir.

– Por que eu sou bonito? – Kurt pediu, fazendo o olhar de Jesse brilhar.

– Não porque você é irritante Hummel. – Rachel riu. Kurt e Jesse ficaram emburrados.

– Fica quase duas semanas convivendo com Quinn e começa ficar hostil. – Jesse disse balançando a cabeça negativamente.

– Mas... Não é hostilidade cachinhos dourados, é a forma mais pura de mostrar que eu amo você. – Quinn disse.

– Até parece que é meiga... - Jesse disse baixo, recebendo uma almofada vinda de Quinn. Kurt riu.

– Agora eu entendo o porquê você quis ficar aqui.

– Oh não, quando eu cheguei Quinn estava num estado de triste enorme. – Quinn assentiu.

– Rachel Berry é a cura da depressão pós-término. – Rachel a encarou surpresa. Pela primeira vez Quinn se dirigiu de forma “carinhosa” para ela.

– Olha, depois dessa eu acredito em milagres. – Jesse disse antes de rir.

– Eu sou uma pessoa legal, meiga e carinhosa... Só que eu só mostro esse meu lado legal quando eu quero. – Quinn sorriu.

– Bem... Vocês formam um ótimo casal. – Kurt comentou sorrindo.

– Nós somos um ótimo casal, não é Q? – Rachel pediu sorrindo. A loira assentiu.

– Bem... Já que o casal está no clímax de sua felicidade, vão ser vocês que vão fazer o jantar, porque eu tenho algumas dicas para aprender de Kurt Hummel. – Quinn arqueou a sobrancelha.

– Tudo bem Sr. St. James... Depois dessa eu me retiro. – Quinn se levantou, Rachel fez o mesmo. – Ah, Kurt se quiser ajuda é chamar que eu trago e spray pra disciplinar ele.

– Me ama tanto que me trata como gato. – Jesse sorriu para Quinn.

– Não, isso também funciona pra cachorro. – Quinn soprou um beijo para Jesse e foi para cozinha com Rachel.