Law acabava de sair da biblioteca do Sunny quando uma grande explosão pôde ser ouvida. No navio, estavam apenas duas pessoas: Nami e Law. O resto da tripulação estava na ilhazinha que encontraram antes de Zou. E se a explosão vinha de dentro do barco, só podia significar uma coisa. Nami. Trafalgar percebeu que saía fumaça da janela da sala de treinamento. E logo, veio outra explosão, só que dessa vez, o que saiu pela janela foi um corpo feminino. A navegadora dos Mugiwara estava caindo e gritando, com os cabelos a serpentearem pelo ar como cobras.

- Mas o quê?! – Law exclamou e correu, ficando bem debaixo da sombra da ruiva, apenas esperando para poder pegá-la. E foi o que aconteceu. A moça de cabelo laranja caiu bem em seus braços estendidos.

- Ai... – Ela murmurou e abriu os olhos lentamente, percebendo a situação em que se encontrava – Trafalgar?

- Nami-ya, o que estava fazendo?

- O que você acha que eu estava fazendo? – Retorquiu com mau humor. Droga! Havia falhado novamente! Bufou com raiva e respirou fundo, tentando se acalmar. Maldição – Acho que vou ter que tentar de novo... – Murmurou contrariada – Pode me colocar no chão, por favor? – Traffy fez o que a mulher pediu – Obrigada.

- O que estava fazendo, Nami-ya? – Repetiu a pergunta – E por que suas mãos estão feridas?

- Feridas...? – Fitou as mãos e se surpreendeu. Elas estavam vermelhas, chamuscadas em certos pontos, havia pequenos cortes que sangravam e outras partes estavam queimadas – Minhas mãos! Malditos Anéis Climáticos...

- Anéis Climáticos?

- Nem sempre eu tenho como levar meu Clima Tact, então, ainda na Ilha do Céu, desenvolvi alguns anéis cujas funções e ataques são os mesmos, porém em escala menor. Infelizmente, ainda não estão completos, e essas são as provas. – Mostrou as mãos – Estão doendo demais...

-... Onde Chopper-ya guarda os equipamentos médicos?

- Na enfermaria, por quê?

- Mostre-me o caminho.

- Hã?

- Vou cuidar de suas mãos.

- MAS HEIN? – Exclamou surpresa – Não, não, eu estou muito bem, obrigada! Viu? A dor já até passou, e eu preciso pegar os anéis que deixei lá em cima e ver o que deu errado. – Law simplesmente segurou a mão direita dela e apertou, fazendo-a soltar um grito de dor.

- Suas mãos estão feridas e eu sou um médico. Deixe-me cuidar delas. – Pediu com frieza.

- I... Isso doeu, sabia? – Nami retrucou com lágrimas nos olhos – E eu posso esperar até o Chopper chegar.

- Ele só vai chegar de noite. Vai ficar com dor e correr o risco de pegar uma infecção por pura teimosia?

- Se uma febre de 42 graus não me matou, esses ferimentos não são nada.

- Teimosa. – Apertou mais uma vez a mão dela, só que com mais força. Dessa vez, a ruiva segurou o grito, porém todo seu corpo tremeu e ela quase caiu de joelhos – Vou dizer mais uma vez: Deixe-me cuidar de suas mãos, Nami-ya.

-... E... Eu te... – Murmurou em meio à dor – Te odeio... Sádico idiota... – Puxou sua mão de volta e começou a andar – Venha, a enfermaria é por aqui.

Law sorriu vitorioso. Ela podia ser determinada e teimosa, mas ainda era uma mulher com apenas 21 anos. Seguiu-a até a enfermaria, onde encontrou tudo o que precisava para fazer o curativo. Sentou-se na cama que havia lá, ao lado da jovem de cabelo alaranjado, e começou a limpar e enfaixar as feridas. Diferente de antes, suavizou o toque, tentando não machucá-la mais.

- Nami-ya, deveria parar com isso por um tempo.

- Não mesmo. A navegadora também tem que lutar e eu preciso ficar mais forte.

- Por quê?

- Como assim "por quê"? Preciso proteger meus nakamas e seus sonhos. Assim como Luffy fez há muito tempo, quando salvou minha ilha e me chamou para ser sua nakama. - Fechou os olhos bem apertado. Dor.

- Desculpe. Mão rude de pirata.

- Tudo bem.

Eles se calaram por um tempo. Law trabalhava em silênciom, apenas desviando os olhos de vez em quando para fitar a moça. Ela estava com dor, porém se recusava a aceitar na frente de outra pessoa. Olhou para as mãos delicadas enfaixadas. Quantas vezes já ficara observando elas correrem pelo papel, desenhando um mapa? Quantas vezes ele as vira manusear o Clima Tact com precisão? Não sabia exatamente. Mas se havia alguma coisa que apreciava, eram as mãos da ruiva. Delicadas e fortes, assim como a dona.

- Pronto, Nami-ya.

- Obrigada... Law. – Sorriu feliz para ele. Só para ele. Traffy, que ainda segurava a mão direita dela, parou de pensar e levou aquela mão até os lábios – L... Law?

- Não machuque mais suas mãos, Nami-ya. – Pediu em tom de súplica.

- Heh?

- Elas foram feitas sob medida. Não as machuque. Não deixe que elas virem mãos rudes como as minhas.

- Suas mãos não são rudes, Law. – Nami garantiu, sorrindo, e puxou a mão dele para si – São suaves e quentes.

-... – Ela não pôde se segurar, teve que trazer a navegadora para si e envolve-la – Prometa que não vai machucar suas mãos de novo.

- Mas eu preciso proteger os sonhos deles... E o meu também.

- Então eu te protegerei.

- Law, você parece um bobo apaixonado.

- Talvez eu seja isso mesmo. Um bobo apaixonado.

- Meu bobo apaixonado.