Titanic escrita por Emily di Angelo


Capítulo 11
Capítulo 10 - EVACUAÇÃO E NAUFRÁGIO


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pela imensa demora...

Estava me preparando para o ENEM e depois tive dificuldades em escrever este capítulo, por estar acontecendo muita coisa ao mesmo tempo.

Mas espero que gostem!

Se encaminhando para o final, mais dois capítulo (eu acho).



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15/04/1912 – Oceano Atlântico Norte

00:10

POV ATHENA

Todos os 12, mais os acompanhantes estavam reunidos no canto mais escuro da Sala de Fumantes. Olhavam sérios e preocupados.

Di immortales! Poseidon, você não conseguiu fazer nada? – disse Dionísio, espantado.

Poseidon estava meio pálido, eu não poderia nunca imaginar o que ele está sentindo agora. Ele, um dos três grandes, não conseguiu controlar o seu próprio domínio.

–Precisamos sair deste navio. Não vamos para os botes, não é justo com os mortais. Não há botes nem para metade dos passageiros e nós podemos ir direto de volta para o Olimpo. Não vamos ocupar espaço deles. – falei.

–Não! – disse Afrodite – Eu e você, Athena, nos expusemos muito com os mortais, nós não poderíamos simplesmente desaparecer sem levantar suspeitas. Eu vou entrar no primeiro bote. – completou a deusa.

Ficou decidido que só eu e Afrodite iríamos ocupar os botes. Os outros todos assumiram suas formas divinas e desapareceram. Ficaram no navio somente eu, Afrodite, Poseidon e Ártemis.

–Eu e Zoë vamos ficar até o final, para salvar o máximo de vidas possíveis.

–Clio – falei para a minha ninfa – Vá até minha cabine, esvazie tudo e envie de volta para o Olimpo, e depois também vá. Não quero você aqui.

A ninfa acenou com a cabeça e saiu correndo pelo corredor. Nós seguimos para a Grande Escadaria, onde a maioria dos passageiros da Primeira Classe estava. Pareciam calmos, a maioria não sabia o que estava acontecendo, tomavam champagne e conversavam, como se estivessem no coquetel que antecedia o jantar.

Para minha completa surpresa, os músicos sentaram no meio da sala e começaram a tocar músicas animadas.

00:20

POV ELISABETH

Estava abraçada a Tobias, com medo. Ele afagava de leve meus cabelos e de vez em quando me perguntava se eu estava bem. A inclinação do navio já estava bastante acentuada, mas o restante dos passageiros parecia nem perceber, ou nem se importar.

Os músicos pararam de tocar, um oficial estava ao lado deles com um megafone.

–Senhoras e senhores passageiros, por favor, atenção! – gritou o oficial através do cone.

Todos pararam de conversar e olharam para o pequeno Oficial que tentava se erguer acima de todas as cabeças.

–Com calma, sem precipitação, devem seguir para o deque dos botes. Preparam-se para abandonar o navio. Mulheres e crianças serão embarcadas nos botes primeiro. ISTO NÃO É UM TREINAMENTO. REPITO, NÃO É UM TREINAMENTO.

Perplexos, os passageiros começaram a subir a Grande Escadaria, em direção ao deque superior. Eu e Tobias estávamos na base da Grande Escadaria, fomos os primeiros a chegar ao deque dos botes. Estávamos do lado bombordo, o lado esquerdo, a proa já estava bem baixa, a água quase a invadia. Os músicos acompanharam os passageiros e recomeçaram a tocar no deque.

–Senhores! – gritou o Oficial Lightoller – Vamos iniciar a evacuação pelo bote de número 7! Por favor, peço que todos os homens fiquem afastados, primeiro somente mulheres e crianças.

Olhei para Tobias.

–Você vem comigo, não importa o que esses oficiais dizem. A gente modifica a névoa, faz alguma coisa, mas eu não vou te deixar! – disse desesperada, senti lágrimas se formando no canto de meus olhos.

–Elisabeth, você está esquecendo de um detalhe. Eu sou filho de Poseidon, eu não me molho, não me afogo e sei nadar muito bem, eu não vou ocupar um lugar nos botes. As pessoas que não entrarem nos botes vão morrer, Elisabeth. A água está muito gelada.

–Mas Tobias...

Uma moça esbarra na gente, parece desesperada procura por alguém, reconheci como a “assistente” de minha mãe, a Clio.

POV CLIO

–Srta. Elisabeth! O que ainda está fazendo à bordo? Entre imediatamente em um bote!

–Ela quer que eu embarque junto. Fale a ela que eu vou ficar bem.

Senti um aperto no coração, percebi que Tobias tinha visto minha hesitação. Mas respondi:

–Ele vai ficar bem Elisabeth, ele é filho de Poseidon.

–Você promete para mim que ele vai ficar bem?

–Sim. – respondi, me sentindo culpada imediatamente.

A garota parece finalmente ter sido convencida e embarca no bote 6.

–Vamos Elisabeth, deixe que eu te ajudo. – disse Margareth Brown, já embarcada nesse bote. Percebi lady Afrodite em um canto, perto da proa do bote, com um imenso casaco de pele. Uma passageira da terceira classe tremia em um pijama de flanela.

A filha de minha senhora finalmente embarca e o bote começa a descer. Porém no meio do caminho o timoneiro que tinha embarcado junto grita:

–Eu preciso de um navegador!

Um passageiro da Primeira Classe, que logo reconheci como o Major Peuchen, se aproxima de Lightoller.

–Eu sou iatista, eu posso ajudar na navegação.

–Se você realmente é um homem do mar – resmunga Lightoller, determinado a embarcar somente mulheres e crianças – agarre um cabo e desça por ele.

Sem se intimidar com a idade, o major agarra um dos cabos e desce por ele, pousando com suavidade no bote, sete metros abaixo.

Eu e Tobias observamos o bote se afastar somente com 28 pessoas, com capacidade para levar quarenta. Doze pessoas perderam a chance de se salvar.

–Agora me fale a verdade Clio... Eu vou me molhar, não vou?

–Temo que sim, Sr. Jackson. Seu próprio pai não conseguiu utilizar os seus poderes.

–Isso significa que... – ele me olhou, vi medo no olhar do filho de Poseidon – Eu vou morrer?

Eu não respondi.

–Se eu não sobreviver, Clio, ache Elisabeth e diga a ela que eu a amo muito. Diga que sempre estarei ao lado dela, mesmo que ela não veja.

–Sim, senhor. Direi isso a ela. E Sr. Jackson...

–Sim?

–Sugiro que vá em direção à popa. Fique o máximo de tempo no navio. Se agarre no gradil, o Titanic vai inclinar muito mais do que isso.

Ele acenou afirmativamente com a cabeça e começou a correr para a popa. Olhei para o mar, vários botes se afastavam do navio, todos pareciam levar menos de 40 pessoas. Os passageiros começavam a perceber que não teria botes para todos e saltavam do navio.

Entrei no interior do navio, seria mais fácil chegar até minha senhora já que ninguém estava dentro. Encontrei Sr. Andrews, tomando brandy no louge na Primeira Classe, observando o quadro “Plymouth Harbour”, que mostra a entrada do Porto de Nova York, uma paisagem que esse navio nunca irá conhecer. Seu colete salva-vidas estava em cima de uma mesa próxima...

–Sr. Andrews? Não vai colocar o seu colete.

Ele olha sem expressão para mim e fala simplesmente.

–Diga à minha mãe que sinto muito. Eu deveria ter a escutado. – E voltou a observar o quadro.

Saí para o deque. O Titanic estava muito inclinado. Já era difícil caminhar. Encontrei lady Athena, ajudando uma senhora com três crianças da terceira classe a abrir caminho pela multidão para chegar em um bote.

–Clio, o que faz ainda aqui? Ártemis já até enviou Zoë de volta para as Caçadoras.

–Só vim avisar a senhora que sua filha Elisabeth já foi evacuada no mesmo bote que Afrodite. O bote 7.

–Obrigada. E o Jackson?

–Não pode embarcar. Ele... ele tem poucas chances de sobreviver, minha senhora...

Não contei a ela sobre Thomas Andrews.

POV ATHENA

Achei que me sentiria bem com essa informação, mas uma dor terrível me atingiu. Minha filha ia sofrer muito. Por outro lado, uma sensação de alívio percorreu meu corpo. Se Jackson morresse a Profecia dos Trópicos estava adiada, até outro filho de Poseidon se apaixonar por uma filha minha.

–Clio, agora vá. Volte para o Olimpo.

–Com licença. – E dizendo isso, sumiu.

Barulhos de tiros vieram de estibordo. Os oficiais estavam perdendo o controle da multidão. A proa do navio já não podia ser vista. Observei Poseidon auxiliando senhoras a entrarem nos botes salva-vidas. O caos estava instalado, a água invadia o convés dos botes. A grande popa do Titanic estava muito elevada e a proa já estava submergida, observei o Capitão se trancando na Ponte de Comando.

–Athena, vamos. Temos que sair daqui.

Poseidon me puxou em direção à popa. Estava difícil avançar, além de uma multidão desesperada a grande inclinação exigia muito esforço. Ouvi um estalo, e depois outro e outro e outro. Um homem gritou atrás de mim. Os cabos de aço que sustentavam a primeira chaminé arrebentaram e voaram que nem um chicote acertando diversas pessoas. A chaminé começou a inclinar e caiu esmagando dezenas de pessoas.

Agarrei uma criança e se segurava em uma das grades de proteção, para não cair na água que avançava inclinando cada vez mais o transatlântico. Os Oficiais não estavam mais evacuando o navio, pelo visto o Capitão já tinha declarado “cada um por si e Deus por todos”. Vendo que não teriam mais chances o número de passageiros que se jogavam das laterais do navio aumentou.

Quando estávamos quase na popa do Titanic as luzes piscaram uma vez e depois se apagaram para sempre. Um silêncio tomou conta daquele pedaço do oceano.

POV MARGARETH BROWN

Observava a cena imóvel do bote Salva-Vidas. O navio estava quase a noventa graus, as três imensas hélices de bronzes estavam completamente expostas. As luzes tinham recém apagado, aumentando ainda mais o pânico. Centenas de pessoas boiavam tremendo em seus coletes salva-vidas perto demais do Titanic. Mais cedo, eu, com a ajuda das demais damas, tomamos o controle do bote salva-vidas e voltamos para perto do Titanic para resgatar mais passageiros. O marinheiro da White Star Line não queria voltar, então o nocauteamos e voltamos para salvar as pessoas.

Porém agora nem eu, a “Inafundável” Margareth Brown, como as damas do bote estavam me chamando, me atreveria chegar perto do transatlântico. Elisabeth estava tremendo abraçada a mim e tentava se acalmar, depois de perder a voz de tanto gritar “Tobias!, Tobias!”, tentando em vão encontrar seu noivo.

Então o impossível aconteceu, com um estrondo que me fez levar a mão aos ouvidos, o navio partiu em dois, faíscas surgiram da fissura que dividiu o Titanic. A metade da proa estava completamente submersa e a parte a popa voltou a posição “normal”, fazendo um imensa onda que chegou até nos e balançou o bote vertiginosamente e nos afastou ainda mais do navio. Porém depois de flutuar por alguns instantes a popa começou a ser puxada e foi se inclinando mais rápido do que antes.

Eu prendi a respiração quando o pedaço da popa ficou flutuando que nem uma gigante rolha de milhares de toneladas.

POV ATHENA

A popa estava a noventa graus, eu e Poseidon estávamos agarrado ao guarda-corpo. A criança que eu tinha resgatado chorava, gritando pela mãe.

–Athena, agora o negócio vai ficar feio. É melhor ir para o bote. Leve a criança.

–Eu não vou deixar você Poseidon! – eu não acreditava no que eu tinha acabado de dizer. Meu “inimigo” também foi pego de surpresa. Eu devo ter corado e completei minha frase:

–Minha eternidade seria entediante sem nossas discussões.

–Eu sou um Deus grego, Athena. Eu não posso morrer. E esse não é o momento para implicâncias.

Eu percebi que a popa começava a ser sugada pelo Oceano Atlântico.

–Mas Poseidon...

–Sem “mas”. Vamos, é agora o momento.

A água gelada do oceano já borrifava a minha cara. Nos aproximávamos da superfície da água. Cinco metros, quatro metros...

–Vá Athena. Eu te encontro no Olimpo.

Eu agarrei a criança e desapareci.

POV MARGARETH BROWN

O último pedaço do RMS Titanic desapareceu na superfície do oceano. Os incessantes barulhos e estalos que vinham do navio desapareceram. Foram substituídos pelo barulho de água sendo remexida pelos passageiros que não tinham sido embarcados em nenhum bote. Eu escutei uma gargalhada sinistra ecoar por toda a área do naufrágio, me arrepiei.

Elisabeth tinha adormecido nos meus braços. Lágrimas congeladas estavam grudadas em suas bochechas. Athena surgiu no fundo do bote, parecendo não chamar atenção das demais passageiras. Ela carregava uma criança.

Nas próximas horas o barulho dos náufragos foi diminuindo até parar, indicando que essas pessoas desistiram de batalhar pela sobrevivência.

Eu não consegui dormir, por isso consegui ver a aproximação de um navio e diversos sinalizadores sendo disparados.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram?

Acompanhem minha outra fic!

http://fanfiction.com.br/historia/402119/Cronicas_De_Um_Casal_De_Semideuses/

bjus e até mais;)