Sherlock Holmes e o Sumiço da Caixa Espanhola escrita por Carol Stark


Capítulo 6
Respostas, Dúvidas e Violino




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Sherlock Holmes ainda estava pensativo quando chegou em casa e assim seguiu para seu quarto sem dizer uma palavra porém foi seu amigo Watson que o abordou cheio de perguntas acordando-o de seus devaneios.

– Holmes! – Watson arregalou os olhos, expressivo – E então meu caro, o que conseguiu? Descobriu alguma coisa, afinal? Vamos, conte-me!

–Watson, por favor, deixe-me em paz agora. – Holmes subia as escadas.

– Ah, não! Nem pensar! – E foi seguindo Sherlock pelos degraus – Você acha mesmo que depois de lhe esperar este tempo todo, vou deixar-lhe em paz sem antes me contar o que houve?!

– Quero apenas o silêncio de meus pensamentos (...). Deixe-me sozinho, certo? Não irei repetir.

– E aquela história de “melhor caso que irá solucionar”? – Watson falou relembrando as palavras do amigo. – Onde está a sua animação?

– Pulou pela janela.

– Sua coragem, homem!

– Não sei Watson, não sei...

– Ânimo detetive! Agora que tem um caso a sua altura, age deste modo?!

Holmes entrou em seu quarto e lavou o rosto, retirou aquele casaco longo, o chapéu e as luvas e largou-se em sua poltrona.

Watson apenas o observava completamente incrédulo. Nunca vira o amigo em tal desânimo.

– Você não está assim por causa daquela mulher, está?! Ah, eu não acredito que estou vivenciando isto... – O dr. falou cheio de pompa entre risos. – Hum, devo dizer que seu diagnóstico é paixão repentina com uma dose de drama e-- - Watson falava agora tomando sua postura de médico.

– Mas é óbvio que não! – Defendeu-se Holmes interrompendo os absurdos do amigo. Não gostava de falar sobre essas coisas e muito menos senti-las.

– Não é o que parece... Você tem certez--

– Watson, seu grau de romantismo me causa vômito. – Sherlock falou apontando, num gesto rápido, sua bengala para o rosto do amigo.

– Tire isto do meu rosto, Holmes.

– Não está no seu rosto. Está na minha mão.

– Então tire isto que está na sua mão do meu rosto. – Watson suspirou - Está bem, ok? Vamos ao que interessa. – O dr. ainda com um leve sorriso nos lábios, cruzou os braços esticando as pernas para frente já sentado em uma cadeira.

Sherlock deu uma pausa e ficou mirando um besouro andar pela janela, só depois de um tempo, falou:

– Watson,- começou - isto está ficando perigoso.

– O que exatamente?

– Todo este caso, meu amigo.

– Conte-me de uma vez o que está acontecendo, certo? – Watson remexeu-se impaciente.

– Hoje descobri que Rita é inocente.

– Inocente?! – Watson repetiu a palavra fazendo uma careta.

– Exato.

– Não acredito nisso.

– Pois é o que estou lhe dizendo.

Watson riu.

– Não vê que ela ainda está usando você?! Ela está planejando tudo isso, Holmes. Ela não é inocente.

– Ela não teria motivos para mentir sobre este caso para um simples senhor, velho amigo seu.

– Mas o que está dizendo...? – Watson perguntou sacudindo a cabeça.

– Entrei no hotel e vesti um dos uniformes para limpeza. Bati em sua porta assim que a achei e ela confundindo minha voz com a de um tal Will, permitiu que eu entrasse e é claro, com a ajuda de meu bom disfarce, contou-me tudo.

Watson estava de boca aberta.

– E o que mais aconteceu?

– Ela confessou que não sabe do paradeiro da caixa e falou ainda que não tem acesso ao cofre. Não tem a chave do cofre onde a caixa estava guardada.

– Hum, e então? Só nos resta o irmão dela. O Pablo.

– Sim, mas é aí que está parte do grande problema.

– Mas como? Se não foi a Rita, só sobra o seu irmão, obviamente...

– Watson, raciocine meu caro. Raciocine! Não podemos tornar esta hipótese um fato sem análises! É um tremendo erro! Temos que investigar se não existe mais nada ou uma terceira pessoa por trás disso.

– Olha Holmes, mas como pode haver mais alguém por trás deste caso...?

Sherlock entortou a boca para um lado em um sorriso astuto.

– Ah meu caro John Watson... Surpresas podem acontecer a qualquer momento e por mais que nos achemos preparados para elas, sempre nos surpreendemos.

– O que quer dizer com isso?

– Tudo e nada.

– Holmes, não me confunda!

– Ora, não estou lhe confundido coisa nenhuma! – Sherlock riu abertamente da expressão perdida do amigo.

– Tem algum plano em mente?

– Não.

– O quê?!

Sherlock riu novamente.

– Watson, o que eu sei que tenho que fazer agora é tomar um bom banho e relaxar um pouco minha mente com mais algumas fórmulas de química e notas para violino.

Watson estava pasmo com o jeito do detetive: ora compenetrado, ora disperso; ou fingia estar.

– Holmes, como consegue...?

Sherlock levantara-se apenas indo pegar seu violino, e sentando-se novamente, começou a tocar uma linda sinfonia.

– Holmes? – Falou um pouco mais alto o doutor.

– Hum?

– Como consegue pensar tantas coisas ao mesmo tempo? – Continuava com o tom de voz mais alto.

– O quê?! – Exclamou o detetive ensurdecido com sua música. Não estava mesmo dando atenção ao doutor.

– Ah, poupe-me! – Resmungou Watson - Perguntei como consegue pensar tantas coisas ao mesmo tempo...! Você está ou não preocupado com este caso? – Watson continuara falando ainda mais alto pelo forte som do instrumento.

– Claro que estou. – Sherlock respondeu ainda tocando.

– E o que quis dizer com “tudo e nada”? – Watson ainda tentava entender - Ora, Holmes! Pare de tocar! Não vê que estou falando?! – o doutor exclamou se irritando do pouco caso do amigo.

Agora a sinfonia passava de uma linda e tranquila melodia para tons agitados e cada vez mais rápidos. O detetive não respondendo de imediato, entregou-se à música tirando freneticamente sons incomuns, porém continuados do violino e num repente, riscou uma última nota levantando sua mão no ar e respondeu:

– “Tudo” porque sinto que ainda existem peças que não se encaixam. As principais peças; vem surpresas pela frente, meu caro. E “nada” porque não temos de fato nada sólido, não temos grandes provas e nem um ponto de partida. – Sherlock falou novamente sério agora.

Sem mais comentários, depois de tantas tentativas de diálogo, Watson falou apenas:

– Bem, - suspirou Watson – acho que vou me recolher. – O doutor não parecia menos confuso ou satisfeito, mas resolveu ir dormir, já que mais nada fariam ainda naquela noite.

E foi aí que Dr. Watson se enganou.


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Notas finais do capítulo

E então gente? O que acharam?
Preciso de reviews para continuar, ok?! Mais reviews, mais capítulos! :D