O tempo contra nós,

Milhas entre nós

Céu chorou

Eu sei que te deixei sem palavras.

Viram o assunto acabar e se despediram; Adam não beijou a testa de Violetta como sempre fazia, foi se dar conta só depois já que apenas fez um pequeno aceno com a mão. Enquanto ela andava pela Rua Adam olhou para trás algumas vezes, pensou em chamá-la para ir com ele, mas a menina tinhas coisas para fazer – até de mais – além de que ele preferia ficar um pouco sozinho – como se já não fosse –.

Violetta chegou na casa de Janaina por voltas das quatro e meia, e esperou que ela se arrumasse. Elas ensaiaram por um bom tempo ou pelo menos até Violetta pegar a coreografia o que não demorou muito, só precisaria ajustar alguns passos. Não havia outro sinal de vida na casa a não ser o das garotas e assim que o ensaio acabou a anfitriã buscou algo para beberem. No meio do copo de um suco de maracujá estupendo Janaina começou a falar de um jeito antipático, ameaçador talvez.

– É verdade que você e Thomas estão juntos?

A menina estranhou a perguntou, chegou a ficar sem jeito.

– Bem, acho que sim.

Janaina riu ironicamente, Violetta cerrou os olhos. “Mas o que essa menina quer”.

– Ele deve ter dito a você o que fala a todas.

– E o que ele fala pra todas?

– Thomas faz tipo... hmm, digamos que ele tenha te dado algo romântico. Não! No seu caso deve ter dito um daqueles gibis... – ela falava pausadamente, como se escolhesse as palavras.

Violetta meio que entendia qual era a dela. Não cairia no seu joguinho tempestuoso, tinha mais o que fazer.

– Para começar é mangá e você errou, ele não me deu nada.

– Talvez não precisasse não é, Barizon?

– Diga logo o que você quer – Violetta disse levantando-se e batendo o copo em uma mesa.

– Mas o que é isso senhorita perfeição, tenho certeza que Agnes não te ensinou a fazer isso – enquanto ela falava Violetta bufava de raiva. Agnes é o caramba, ela nem a tratava como filha – Só saiba que eu ficava com Thomas antes de você.

– Pelo amor de Deus! Geral naquela escola sabe que você já beijou metade se não todos os meninos do Adventus! E tenho certeza que sua mãe não lhe ensinou a fazer isso também. – ela fintava Janaina que por sua fez sentia sua raiva transbordar.

Começaria ali uma sessão de: lavando roupa suja?

– Não me interessa você não ira roubá-lo de mim.

– Ele não é seu!

A morena parecia querer bater na loira e vice-versa. Elas sabiam que não eram amigas e que aquilo não daria certo, ou seja: ensaio.

– Olha aqui se você está com medo de perder o papel principal, pode se preocupar por que farei darei todo o meu melhor para que ele seja meu – Vivi disse quase que gritando, referendo-se tanto a colocação na coreografia quanto a Thomas.

O papel nem era o seu foco, muito menos brigar por garotos, mas ela queria simplesmente atingir a rival, acertando-a em cheio.

– É o que veremos. – Janaina disse abrindo a porta com força, batendo-a contra a parede e provocando um barulho alarmante. Violetta não pensou duas vezes antes de sair por a fora, por se importando por ter a empurrado.

Aquela vadia tinha de tudo, mas cismava com Violetta, talvez não passasse de uma invejosa. Janaina implicava com ela desde os tempos da segunda - serie. Violetta repudiou os pensamentos de que Thomas poderia ter ficado com ela antes. “Antes não é agora” pensou. Assim que chegou em casa não teve nem tempo de se sentar antes de Agnes chamar uma mulher. A costureira que faria todos os trajes de seu aniversario e que a aguardava para fazer ajustes no vestido.

– Você emagreceu? – a mulher perguntou enquanto prendia alguns alfinetes.

– Eu não sei... Por quê?

– Está bem folgado.

Violetta não respondeu. Nos últimos tempos não se alimentara adequadamente, mas achou que ninguém notaria, nem Adam havia notado. Ela lutou – discussões ávidas – com a mãe para que pudesse ter um vestido menos chamativo, deu certo com a roupa, com festa não. Preferia uma coisa mais reclusa, com familiares, parente e amigos. Teria sim aquela coisa toda de debutante, mas Agnes acabou por convidar mundo e fundo, gente que Violetta sequer conhecia pessoalmente.

As coisas permaneceram “normais” nos dias seguintes. Adam parecia controlar-se, evitava certas conversas e passava a noite fora – não vamos comentar o que ele fazia, porfa – Thomas não escondia o seu envolvimento com Violetta de ninguém e a própria continuou a esforçar para aprender a coreografia somente durante as aulas, encerramento das aulas onde teria uma festa e a sua própria de quinze anos.

O dia do auditório chegou, Violetta sentia-se nervosa, pois não sabia se seria capaz de arrumar um lugar de destaque na peça, talvez assim a mãe a tratasse melhor... Realmente deu tudo de si, em seus anos de experiência e o resultado sairia na semana seguinte, dias antes da festa do Adventus. Já Isabella teve de mudar todo o seu cronograma, as posições para encaixar a cisne – leia Violetta – na apresentação, mas por fim soube muito bem o que fazer.

Vivi e Jana dançariam juntas, na parte principal, as duas dividindo o papel e a atenção de todos. Violetta não se importou tanto, já Janaina preferia brilhar sozinha. Rodavam uns boatos de que grandes academias de dança assistiriam a apresentação e sem duvida seria uma enormeoportunidade. A apresentação ocorreria ao fim de dezembro.

A festinha do Adventus finalmente chegou; teria algumas apresentações, jogos e algo que pudesse entreter o pessoal, já que tudo seria aberto aos familiares. Violetta chamou Adam assim que pode, ele andava tão sumido que nem parecia que estavam na mesma cidade. Ele pensou e acabou indo, afinal estava ali por ela. O encerramento foi divertido – tirando o pessoal que estará se formando, que só chorava – havia doces, salgados e bebidas a vontade. Somente Agnes e Adam foram, Richard estava ocupado como sempre.

Violetta não participou de nenhuma “atração”, mas ficou na área do pessoal que ia cantar, soube que Thomas se apresentaria; nesse meio tempo ela e Janaina trocaram uns olhares assassinos, o mesmo vale para Adam e Thomas. O irmão ficou “de guarda” o tempo todo enquanto Agnes batia-papo com algumas mulheres. Por coincidência ou não, Karin apareceu – tia de um dos alunos – e puxou assunto com Adam que não lhe poupou sorrisos e elogios. Violetta não aprovou saindo de perto dele depressa e procurando por Meiko.

– Amiga onde você estava?

– Ai Vi, você não vai acreditar...

– O que?! Tava com alguém?

– Quem me dera. Só ganhei uns cartões, anônimos – Meiko disse rindo.

– Ganhei 8 sua vaca. Poréeem, não chega nem perto dos 19 que Adam ganhou até agora.

– Mentira! – Vi balançou a cabeça positivamente ­– quem manda ter irmão gostoso.

– Eu já disse...

– Calma amiga, ele é demais pro meu caminhãozinho.

“Pro meu também” Violetta supreendeu-se pensando daquela forma; mas que verdade seja dita Adam agradava os seus olhos e os seus devaneios. Ela olhou para ele e seus olhares se cruzaram por um instante; Adam a encarou e logo em seguida desviou o olhar continuando a rir com Karin. Ela apertou os punhos de raiva. Ele flertava com aquela vadia na sua cara; pouco se importou com Celina ela mesma estara incomoda.

“Adam baka!”. Deixou de pensar no irmão por um segundo concentrando sua atenção para o palco.

– Olha é a vez do Tom! –Meiko dizia quase que saltando e empurrando Violetta.

Ela fixou os olhos em Thomas ao passo que ele subia no palco confiante. Tão lindo. Ela se viu sorrindo para ele enquanto o próprio a procurava com os olhos. Thomas não pode deixar de pensar em como ela estava linda com um vestidinho marrom leve, e aquele cabelo louro enorme deslizando em suas costas; tinha um sapatinho fofo nos pés e ele adorava do fundo de seu coração o fato dela ser diferente e não estar usando salto como as outras. Alias essa diferença só fazia com que ele a amasse ainda mais.

Thomas sentou-se em um banco em primeiro plano com um violão cor marfim impecável.

– Oi gente, eu me chamo Thomas, sou da oitava e como chegou a minha vez de cantar escolhi uma musica chamada In you atmosphere, do cantor preferido da minha namorada Violetta. – ele disse extrovertidamente.

Ele mal acabara de falar quando Violetta já se encontrava com o rosto em chamas; quem a conhecia já a olhava com cara de “que fofo” e ela também achava isso, mas a vergonha fez com que ela travasse. Meiko levantou a mão dela para que todos soubessem quem era atraindo mais olhares ainda. A menina de forma alguma olhou para Adam, mas sorriu para que Thomas continuasse.

– Aliás, Vi, estou cantando essa musica para você.

Pronto Dead Fatally no coração da menina que se desmanchava em uma “vergonha amorosa”. Thomas começou a cantar; Janaina parecia querer morrer; Meiko tinha um enfarte ao lado de Violetta e Agnes mantinha uma expressão inviável no rosto. Adam? Ah Adam; esse mal conseguia se controlar quanto mais a língua.

– Filho de uma puta – ele disse em alto em bom som, mordendo o polegar e arrancando alguns outros comentários de quem o rodeava.

Olhou para Violetta com um ódio imenso, vendo que ela ainda corava e chegava a cantar com Thomas com um sorrisinho envergonha no rosto. Adam chegava a dar voltas onde estava para controlar-se. Dizia palavrões a torto e a direta; Violetta havia realmente se bandeado para o lado daquele fedelho.

– Ta tudo bem? – Karin perguntou segurando o braço dele.

– Acho que vou matar alguém – ele sussurrou ao ouvido de Karin, mal percebendo seu tom sedutor.

A musica em si cobria mais de cinco minutos, e aqueles minutos foram de total paixão para Thomas, de estranheza para Violetta e de martírio para Adam. Tudo seria decidi em cinco minutos, fatos mudariam. A questão é o que Adam faria a seguir: Ele brigaria? Iria embora? Faria raiva a Violetta? Ou simplesmente defenderia o que era “seu”?

Nunca uma musica em violão transpareceu tantos instintos assassinos.