Amor De Irmãos escrita por Minori Rose


Capítulo 10
Me recuso


Notas iniciais do capítulo

Este capitulo está um pouco hmm, antecedentes a coisas mais animadinhas.
Boa leitura.



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Sonhador acordado

Com olhos que te fazem derreter

Ele empresta o casaco para proteger

Porque ele está lá por você

Quando ele não deveria estar

Mas ele fica do mesmo jeito

Espera por você

E depois vê através não existe jeito


Os cinco minutos acabaram; Thomas desceu do palco ao som de aplausos enquanto Violetta o esperava de braços abertos. Adam provavelmente era o único naquele maldito pátio de punhos cerrados.

Foi fração de segundos para Thomas beijar Violetta na frente de Adam – para provocá-lo talvez – e Adam partir para cima dele como se fosse um animal. – permita-me dizer a você caro leitor que ele realmente tentou, e agüentou o quanto pode – Puxou Violetta para trás nem se dando conta da sua própria força que machucara os braços da menina e empurrou Thomas da forma mais brutal possível, ele que não pensou duas vezes antes de empurrar Adam também.

A desgraça estava feita; não teria mais como voltar atrás. Eles já se batiam. Violetta ficou pasma, pálida e muda; medo e decepção se passavam em seus olhos verdes marejados pelas lagrimas. Karin começou a gritar, tentou puxar Adam para trás e por pouco não levou uma cotovelada no rosto, tendo que se afastar. Duas filas fileiras de lagrimas escorriam pelas bochechas rosadas de Violetta, que desfocava a audição para não escutar os gritos ensurdecedores. Aquilo era horrível!

Eles rolavam no chão e a bailarina se viu mais apavorada ainda quando viu sangue sair dos lábios de Adam. A respiração começou a faltar; ela apertou o tecido do vestido fechando os olhos e tentando recuperar a calma... Somente se ouviu gritando para que parassem, mas a briga não era só por ela, começou a ser questão de masculinidade. O oxigênio se negava a adentrar nos pulmões de Violetta que fraquejava. Thomas só parou ao vê-la soluçando; Adam desesperou-se ao vê-la cair ao chão.


Adam não pestanejou; pegou Violetta nos braços e saiu correndo levando-a ao hospital mais próximo ao Adventus. Ela respirava com dificuldade, mas aos poucos a respiração foi voltando ao normal. A menina foi levada para dentro de uma sala e nesse meio tempo de inquietude Adam fazia umas caretas de dor á medida que uma enfermeira passava um liquido em sua boca ferida. Ele sentia um aperto na garganta, porém se negou a acreditar que aquilo fosse choro. Sentia-se tão desprezível e culpado; nem cogitou os seus possíveis hematomas e ferimentos – também tinha certeza que havia batido mais do que apanhado – refletia somente sobre a sua menina inconsciente.

Thomas foi levado para casa pelos pais que faltaram excomungar Adam que não dera ouvidos. Que pessoa mais controlada ele era, acabou por descontar em um menino muito mais novo que ele, os males que aquele amor lhe trouxera. Nunca foi de ter medo, as únicas coisas que o deixava apreensivo era a possível rejeição de Violetta e o seu envolvimento com outro. Agnes pediu para que fosse embora, logicamente se negou. Só sairia dali quando sua menina acordasse.


Violetta abriu os olhos. Suas pálpebras pesavam e seus joelhos doíam pela queda. Encontrava-se deitada na cama de enfermaria; ela podia reconhecer aquela sala. Uma enfermeira arrumava uns medicamentos de costas para ela, em uma mesinha defronte. Logo deduziu que fosse Rosangela, sua enfermeira amiguinha do hospital – que ela praticamente batia carteira –.

– Rosangela... – Ela disse com uma voz falha.

A enfermeira se virou rapidamente, demonstrando sua expressão de felicidade por vê-la acordada. Mediu novamente a pressão da menina – que ainda estava baixa – ao passo que Violetta fazia recapitulamento em seus pensamentos... Adam estará machucado? Rosangela saiu da sala a procura de Agnes e Adam. Ele apoiara a cabeça nos cotovelos, e batia os pés no chão; ao ver a mulher falando que Violetta se encontrava “em bom estado” e lúcida; parecia ver Jesus de tão aliviado.

Só não contou com o fato de que Vivi contestou sua entrada, não quis receber a ele nem a Agnes. Preferiu ficar sozinha até a hora que fosse sair... Já era grandinha, sua “ordem” fora acatada, para evitar que se irritasse.

– Não vou sair daqui sem ela. ­ – Adam disse pela milésima vez a Rosangela, que pedia com veemência para que se retirasse.

– Eu não recomendo que você fique aqui; ela está sonolenta e parece que parou de tomar a bombinha.

– Bombinha? – ele perguntou, revirando a memória, do por que de Violetta usar uma.

– Tratamento de asma com bombinha. Não faz nem um mês que Violetta saiu de uma internação. Você não é o irmão dela?

O rapaz chegou a sentir envergonhado por ter dito que eram irmãos; Se como ser humano se sentia terrível, como irmão era mais do que uma falha. Depois de muita insistência Rosangela contou-lhe tudo. As crises emocionais de Violetta, seus problemas com asma e a perda de peso – constante –. Ele quase não acreditou. Recusava-se a pensar que isso estivesse acontecendo; ela sorria o tempo todo. Simplesmente inacreditável.

Violetta não tardou a sair; quando finalmente abriu a porta, passou pela frente de Adam como se não o conhecesse. Ele apenas viu o andar de pernas – belas pernas – envoltas em um vestido marrom a passar em sua frente. Agnes a acompanhava parecia realmente preocupada, e tentou a todo custo evitar que Adam segurasse nos ombros da menina com vigor, obrigando-a encará-lo. Mas ela se recusava. Bateu fortemente em seu peito, empurrando para trás. Oh inferno! Violetta começou a andar mais depressa, ele no encalço.

A garota preferia não falar com ele naquele momento, sentia-se magoada demais para tal. Ele iria repetir o processo, quando Rosangela o barrou pela segunda vez em tom de autoritário de enfermeira chefe.

– Você não entendeu o que eu disse? Não a deixe nervosa.

Adam respirou fundo puxando seus cabelos desalinhados para trás. Caminhou furtivamente pelos corredores do hospital até o estacionamento. Richard estara esperando pela filha, a abraçava com força. Adam bufou e por fim foi para casa pronto para começar sua segunda sessão de martírio, pelo resto da noite, pela madrugada inteira.


Nunca em anos ele havia pegado naquele caderno infame. Uma agendinha de cor marrom com uma fivela preta era o lacre para os pensamentos do passado. O ano de 2007 escrito em letras douradas no meio do objeto; ao canto inferior esquerdo, o nome dela escrito em canivete. Bateu no cigarro com o dedo indicador, deixando as cinzas caírem em um cinzeiro de plástico próximo a onde estava. Expirou. Infectando o ar com aquela fumaça desagradável; com certeza se não morresse de angustia seria com problemas relacionados ao seu mal habito de fumar.

Três horas da manhã e a lembrança daquele caderno-agenda lhe veio à mente. (ele nem sabia por o carregava consigo); mas que seja já estava fudido, então o pegou em baixo de suas roupas para rir um pouco de sua própria cara. Procurou coragem para abrir o caderninho obscuro. Quando o fez, ali encontrou todas as anotações, desenhos, poemas e qualquer coisa que se relacionasse a Violetta.

Abriu o caderninho pecador com receio. Lera o que escreveu e riu das “bobagens” que ainda o permeava, que ainda o sufocava, que ainda o dominava. Fotos, várias fotos. Algumas eles estavam até juntos. Apagou o cigarro e jogou a cabeça para trás. Não chorava por anos. A ultima vez que isto havia acontecido, Adam ainda era uma garoto empinador de pipa. Que cresceu, e relutou, mas as lagrimas simplesmente escorreram por seu belo rosto, em meio ao um sorriso de menino. Sorriso de menino depressivo.

Adam não era o único com insônia. Violetta também não dormiu, e pensou a noite inteira se deveria tê-lo ignorado; ela tinha plana consciência do temperamento explosivo dele, mas sabia muito bem que por detrás daquela face rude encontrava um menino inseguro. Esperou que ele ligasse, não ligou. Esperou que ele insistisse mais um pouco, não o fez. E naquela noite tempestuosa de tempo e pensamento, gente que não chorava se rendeu as lagrimas de desespero. Para onde caminhariam?


– Já pensou no que vai fazer? – Agnes perguntou abrindo as pesadas cortinas do quarto de Violetta.

– Bom dia mãe ­– respondeu puxando o edredom até o topo da cabeça – fazer o que?

– A valsa Violetta. Depois do que aconteceu ontem, acho que você já sabe quem escolher...

– Ainda estou pensando.

– Você teve o ano inteiro, eu preciso ver a roupa do escolhido. Tudo tem que correr perfeitamente

– Claro você tem que impressionar suas amigas, super compreensível.

Agnes puxou o edredom, enquanto Violetta abraçava o travesseiro.

– Adam mãe, é obvio que é ele.

– Como assim Adam? E o Thomas, ele não é seu namorado?

– Adam é meu irmão. Depois se tudo isso der errado não quero ter que jogar o vídeo fora.

Agnes revirou os olhos. Violetta se cobriu novamente. Ela estara certa do que disse; chamou a Adam para voltar justamente para isso, para que pudessem dançar juntos, ela ansiava por isso. Aquele momento da valsa já se encontrava guardado na pasta de pensamentos perfeitos, por que seria perfeito. Thomas entenderia, ela esperava. Por que sem duvidas, Adam seria seu príncipe, mesmo que machucado. Ela se arrumou da melhor maneira possível. Mas não conseguia de forma nenhuma parar de pensar nos olhos preocupados do irmão.

Ela deveria estar brava, no entanto tinha mais medo de que ele pudesse estar bravo com ela. Queria tanto falar com ele. E abraçá-lo, fazê-lo prometer que nunca mais agiria daquela forma; ao passo que ele a apertaria em seus braços. Mas, aquilo não passava de imaginação, coisa de sua cabeça. Sentia-se melancólica, a nostalgia batera com força. Se viu passando a mãos nas teclas do piano e lembrando-se da ultima vez que tocou junto a Adam.

Alguém bateu a porta, e abriu vagarosamente. Era Thomas, que entrou em silencio e sentou-se ao lado dela. Usava óculos escuros e boné, mesmo assim os machucados eram evidentes.

– Isso ta horrível... – Ela disse passando levemente o polegar nos lábios feridos de Thomas.

Ele não respondeu, novamente lhe faltou o que dizer e por fim acabou por abraçá-la fortemente. Violetta entrelaçava os braços em volta do pescoço do menino que por sua vez encostava a testa no ombro dela, fazendo com que seu boné caísse. A menina passou os dedos entre aqueles cabelos sedosos e sussurrou que o amava; nem tinha certeza do que havia dito, simplesmente saiu.

– Me desculpa... – ela disse ainda repetindo os movimentos.

– Pelo que?

– Por tudo o que aconteceu... Eu realmente, amei muito, muito, muito por você ter cantado para mim. A sua voz é tão bonita.

–Fico feliz por isso... ­– respondeu apertando levemente sua cintura com as mãos ­– Eu não pude ir te ver no hospital, mas liguei para sua mãe e soube que você estava bem.

– Tudo bem, não tem problema. ­– Ela riu sem motivo, antes de concluir – Não vou te beijar, vai que dói.

Thomas gargalhou, pouco dando importância ao que ela tinha dito. Deu-lhe um daqueles beijos, que sentia vontade de dar a tempos. Um tanto mais agitado, mas ainda carinhoso.

– Peço encarecidamente para que você tenha calma. Sou noob nessa área.

Ele riu de novo, chegando a balançar as pernas. Até ali, estava mais fácil do que havia pensado. Já Vivi, pensou que precisa tocar no assunto da festa.

– Tom... Você sabe que em festas de debutante tem a hora da valsa não é?

– Sim...

– Aquela coisa do príncipe e tal. Bem... Você não se importaria se Adam fizesse esse papel não é?

Ela ficou aguardando por resposta, que demorou por sinal.

– Se você quer assim... – respondeu em tom seríssimo.

A menina se sentiu mau. Mas não é como se tivesse o que fazer, seria impossível agradar aos dois.

– Olha Violetta, seu irmão é um saco. Ele atrapalha, arrebenta a minha cara, acaba com a festa da escola e você continua a preferência-lo. Isso é tão... tão irritante!

No fundo sabia da veracidade das palavras dele, porém sentiu-se na necessidade de rebater.

– Não fale assim dele, tudo bem que foi errado o que fez, mas...

Thomas pegou o boné colocando-a de volta na cabeça e levantou em um pulo. Aquilo tudo era uma porcaria; Adam era sempre a primeira opção. Ele segurava a ponte do nariz tentando pensar no que fazer em uma situação como aquela.

– Faça o que você achar melhor.

Ela o olhava com os olhos brilhando, fazendo com que seu coração pulasse. Thomas se perguntava até quando agüentaria, e como ficou apaixonado daquela maneira.


– Devo procurá-la? ­– Shirley perguntou a irmã enquanto empurrava o choro garganta abaixo tomando café.

– Se já sabe quem é, e aonde mora, vai em frente.

Shirley tinha medo. Medo do que pudessem fazer com ela caso abrisse o bico. Pelo que soube o patriarca Barizon não era muito sociável; eliminara o que menos lhe conviesse em alguns dias. Era tudo muito impune para ele. Mas precisava, precisava vê-la e ver como estava. A olhou de longe um dia e chorou vendo como estara crescida e tão linda. Iria se arriscar, pelo seu coração materno.


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Notas finais do capítulo

Serio, preciso saber se vocês gostaram, então comentem.
Beijos :3