E era isso. Eu estava feliz com a partida de Josh, mas é claro que sentia falta dele, qual é, eu me apaixonei pelo menino, não ia simplesmente esquecê-lo do dia pra noite não é? Mas os Selecionados, minha mãe, os conselheiros e mais qualquer um que pudesse conversar comigo estava me entretendo e sendo assim a única hora em que eu tinha pra pensar em Josh era antes de dormir, mas eu sempre pedia pra Rose ficar falando e conversando comigo antes de eu dormir, então eu simplesmente dormia sem pensar nele. Longe dos olhos, dos ouvidos, dos lábios e dos pensamentos, é o mesmo que longe do coração... Eu acho.

O que realmente importa é que a competição estava a todo vapor, depois da partida das princesas e dos reis e de eles terem levado William consigo, todos estavam com todas as atenções voltadas a mim e aos Selecionados, todo mundo querendo saber quem seria O Escolhido.

Eu saia com cada um deles por dia, e no Domingo eu ficava trancada no Salão das Mulheres lendo ou tocando, até pedi que levassem um piano para lá para eu tocar, então Domingo eu e minha mãe tínhamos uma sinfonia made in Salão das Mulheres.

As vezes até deixávamos meu pai ir nos assistir.

E assim a vida seguiu por duas semanas, quando Liam Fadaye teve a brilhante idéia de mais uma entrevista com os Selecionados.

Pois bem, estávamos todos na parte do palácio onde era gravado o Jornal Official, acabamos tendo um problema técnico o que nos rendeu dez minutos a mais que o habitual, e foi nesse meio tempo que eu me levantei do meu belo trono que ficava no canto do negócio todo e fui até o Selecionados, que estavam numa rodinha mais ao canto, Liam estava conversando com meus pais e minha mãe estava apenas observando tudo.

Me aproximei dos três pelas costas de Otávio que estava falando com os outros, Harry e Louis fingiram ignorar minha presença ali, e imaginei que havia um motivo para estarem fazendo isso, então fiquei calada, apenas ouvindo:

– Louis, troque de gravata comigo – pediu Otávio.

– Não, eu gosto de azul – disse Louis ajeitando a gravata.

– Eu também, me dá a gravata – disse Otávio tentando ir pra cima de Louis que fugiu dele habilmente como se já tivesse feito isso antes e conhecesse os truques do rapaz.

– Não – disse Louis duro – fica com essa.

– A vadia lá gosta de azul, me dá a merda da gravata – disse Otávio todo histérico.

– Vadia? – disse Harry erguendo uma sobrancelha indignado, parecia a beira de pular no pescoço de Otávio.

– É vadia... Qual é, nós três sabemos que ela já beijou os três aqui – disse Otávio e eu me senti corar me sentindo culpada – E apenas vadias agem assim...

– Porque está aqui se não gosta dela? – disse Louis desgostoso.

– Porque eu quero a coroa, não é obvio, antes a coroa nas minhas mãos do que nas daquela retardada que nem sabe se portar como uma princesa. Muito parecida com a mãe dela, aliás, outra retardada que não sabe se portar.

– Concorda? – perguntou Harry me olhando, seu olhar duro se suavizou um pouco e eu pigarreei, Otávio se virou para mim confuso, então arregalou os olhos.

– Bella? – disse ele docemente.

– Princesa Isabella pra você – retruquei séria, ele franziu o cenho – ou melhor, nem se dirija a mim, pode se retirar.

– Não entendi, mas e a entrevista?

– A entrevista? A entrevista é apenas para os Selecionados querido – falei séria e ele ficou calmo.

– Mas eu sou um Selecionado, meu anjo.

– Cala a boca e some daqui eu quer que eu de dispense em rede nacional? – falei erguendo uma sobrancelha.

– Vadia – cuspiu Otávio e saiu batendo o pé, assim que ele saiu de perto eu fui até o guarda mais próximo.

– Pegue ele, e o prenda por três noites se comida – falei sorrindo meiga.

– Porque? – perguntou o guarda confuso com minha ação.

Eu nunca fui do tipo vingativa, rancorosa ou maldosa, mas absolutamente ninguém fora eu, podia falar mal da minha mãe nem que fosse por pensamento.

– Ele desrespeitou e desonrou a família real – falei e o guarda assentiu – por favor, garanta que ele não vá apanhar, não quero que o machuquem, apenas vamos mostrar a ele que ninguém pode falar da Rainha e da princesa de Illéa e sair com ar superior. Ninguém pode ser mais metido nesse palácio que eu.

O guarda riu um pouco, fez uma reverencia e chamou mais uns guardas então todos foram atrás de Otávio, me voltei radiante aos dois que tinham sobrado, eles me olhavam de olhos arregalados.

– O que foi?

– O que você disse ao guarda? – perguntou Harry.

– Ah, nada demais, ele apenas vai mostrar a Otávio que sou uma dama e mereço ser respeitada.

– Dama... – disse Harry e então nós três caímos na gargalhada e voltamos ao nosso lugar.

Chamei Liam de canto e falei a ele:

– Otávio Wern foi dispensado.

– Quando, majestade? – perguntou ele confuso.

– Agora – eu disse dando de ombros, Liam assentiu e juntou algumas das fichas que trazia em mãos, então chamou uma assistente e as entregou a assistente que saiu de pressa.

– Desculpe alteza... Mas o que ele fez?

– Me insultou – falei sem nem um pouco de vergonha.

– Como? – disse Liam atordoado.

– Verbalmente – foi o que eu disse e Liam assentiu ainda meio confuso e então lhe disseram que iríamos enfim ao ar em alguns minutos e ele correu para seu lugar.

Depois de meu pai fazer os anunciamentos como sempre fazia, Liam iniciou a entrevista com os rapazes:

– E a competição se afunilou – disse ele fazendo uma cara meio engraçada – agora temos apenas Harry Tompson e Louis Russeu na competição, conversei com esses nobres cavalheiros há algumas semanas, e hoje irei fazer isso novamente, será que algo mudou no relacionamento deles com a princesa? Será que algum deles se acha mais perto do coração da nossa amada princesa? Vamos descobrir isso agora.

Liam se levantou.

– Príncipe Louis, por favor venha aqui – pediu Liam e Louis se aproximou meio nervoso, eu o olhei tentando lhe mandar um olhar de “você consegue!”, seu olhar encontrou o meu e ele deu um sorriso enorme, então cumprimentou Louis e se sentou.

– Boa noite, Liam – disse Louis e Liam sorriu.

– Boa noite, alteza. Então, como o senhor e a princesa Isabella estão?

Liam parecia presunçoso, o que me fez corar e fez Louis rir.

– Muito bem, obrigado – disse Louis sorrindo relaxado e Liam riu.

– Vou pensar que ainda estão se dando bem então.

– É, eu acho, bom ainda estou aqui.

– Verdade. Como está se sentindo sabendo que está tão próximo assim de ser o próximo Principe de Illéa?

– Na verdade, ainda não pensei assim – admitiu Louis meio que corando -, andei mais centrado em Isabella do que no cargo de Principe.

– Entendo completamente, alteza. – disse Liam brincalhão e todos riram – Então, a princesa Isabella já o levou para ver o Quarto do Principe?

– Não, ainda não temos permissão pra visitar o terceiro andar – disse Louis e eu fiz careta.

Tenho que te levar lá, Louis.

– Ah... – Liam se virou para mim – Pensei que vossa majestade fosse levá-los lá, algum dia.

– E eu vou... Algum dia – garanti e Liam riu, então se voltou a Louis.

– Ouvi dizer que é um quarto enorme. Enfim, príncipe, caso fosse o Escolhido, o que faria para mudar Illéa?

– Essa é uma boa pergunta – disse Louis cruzando a perna e obviamente pensando no assunto só agora – acho que eu tentaria ser um ótimo Principe, você sabe, tenho essa cara de quem não leva nada a sério, mas sei dividir trabalho e vida pessoal, provavelmente eu bolaria algo mais voltado para as crianças de castas inferiores, como obrigar todas a ir a escola e coisas do tipo.

– Obrigá-las?

–

Sim

, poderia virar uma lei, todas as crianças de sete a dez anos seriam obrigadas a ir a escola, sei que algumas já trabalham para ajudar em casa porque são muito pobres, mas realmente não acho que seja certo crianças tão pequenas terem que começar a trabalhar tão cedo.

Eu concordava absolutamente, eu sabia que a vida fora dos muros gigantes do palácio não era nem um pouco glamorosa e que crianças tinham que começar a trabalhar desde pequenas para ajudar no sustento da casa, mas era assim que as coisas funcionavam, e enquanto eu não fosse rainha eu não poderia fazer nada para mudar aquilo.

Olhei hesitante para o meu pai, esperando que ele estivesse irritado ou coisas do tipo, mas tudo o que ele tinha era um sorriso orgulhosos e relaxado no rosto, minha mãe também estava assim.

– É uma boa idéia – ponderou Liam – mas acho que nosso tempo acabou, obrigado príncipe Louis.

Eles trocaram reverencias e Louis foi se sentar, Liam chamou Harry e esse veio cumprimentou Liam, então se sentou onde Louis estava antes.

– Boa noite, príncipe Harry – disse Liam.

– Boa noite, Liam – disse Harry todo sério, o completo oposto de Louis. Mas eu sabia que ele só era assim quando estava em frente a muitas pessoas, e se fosse comparado ao Harry Tompson que chegou aqui no primeiro dia de Seleção. Antes ele era completamente fechado e só se abriu realmente comigo e me mostrou o Harry legal e fofo, quando estávamos completamente longe de tudo e todos, mas aos outros ele se tornava esse mesmo Harry fofo e legal quando tinham poucas pessoas a sua volta, pessoas em que ele confiava.

– Como tem passado, príncipe Harry?

– Muito bem e você? Ouvi dizer que sai filha nasceu esses dias atrás.

– Ah, é verdade – disse Liam sorrindo orgulhoso –, mas temos que focar na entrevista não é?

Harry riu em concordância.

– Pois bem, como está sua relação com a princesa Isabella?

– Ótima – disse Harry sorrindo para mim sobre o ombro de Liam.

– Vossas altezas deviam nos dar mais detalhes... – disse Liam fazendo careta.

– Detalhes? Ok. Temos nos dado muito bem, Liam, conversamos muito ultimamente – disse Harry. Não era mentira, mas parecíamos cada vez mais amigos, do que namorados, que era o que deveríamos ser.

– Só conversaram? – disse Liam sorrindo malicioso e eu me segurei para não soltar uma gargalhada da cara que Harry fez. Provavelmente os tomates não eram tão vermelhos quando ele estava.

– Sim – garantiu Harry.

Sim, só tínhamos conversado ultimamente, sem beijos. No máximo abraços ou mãos dadas.

Então a entrevista continuou, Liam fez mais algumas perguntas e então tudo acabou, as luzes foram apagadas, nós nos levantamos e saímos, e então senti uma mão na minha e o olhei. Harry.

– Podemos conversar? – perguntou ele todo carinhoso.

– Claro – falei sorrindo e ele sorriu de volta, então saímos no caminho habitual e acabamos indo parar no Grande Salão, que estava deserto aquela hora.

Assim que entramos no Grande Salão Harry me parou e me olhou nos olhos.

– Preciso saber de algo, Isabella – disse ele sério e eu assenti confusa – Agora há pouco, quando Liam me perguntou se eu tinha te beijado... Eu... Eu queria que ele tivesse feito essa pergunta a Louis.

– Porque? – perguntei ainda confusa.

– Porque... Eu queria saber se ele já tinha te beijado.

– E porque queria saber isso?

– Porque quero saber se estou em desvantagem... Ele já te beijou Bella?

– Hã... – eu o olhava nos olhos, e era difícil jogar na cara dele que eu já tinha beijado muitas vezes o amigo dele e bem poucas ele. Desviei o olhar e fingi que meus sapatos eram a coisa mais interessante do mundo – Sim.

– Eu sabia – disse Harry suspirando frustrado – as vezes eu queria ser mais como ele sabe? Mais relaxado, sei que você gosta dele por isso, porque ele não é tão travado quanto eu, deu pra ver na sua cara aquele dia que fomos fazer o piquenique que você pareceu gostar mais de mim quando fiquei longe disso tudo- ele gesticulou em volta-, longe da pressão constante de todos em mim. Eu sinto que você anda meio que me afastando ultimamente, Isabella. Porque?

– Porque eu... Não quero te magoar Harry – como sempre, minha boca resolvia o que iria falar.

A compreensão passou lentamente pelos olhos de Harry, e quando ele se deu conta me arrependi de ter lhe dito aquilo, seus olhos se encheram de lágrimas.

– Você vai escolhê-lo – disse ele tristonho e uma lágrima escorreu. E não, não era uma pergunta, era um fato.