A Aurora escrita por rkaoril


Capítulo 8
Sepultada na lama e comendo bolinhos de lua


Notas iniciais do capítulo

DESCULPE PESSOAL! Não é que eu tenha esquecido, é que realmente não deu para postar ontem :'(

Agora, eu tenho um recadinho muito importante para vocês:
Embora eu ainda não tenha terminado de escrever A Aurora, eu estou já no fim. Não se preocupem, já estou planejando a segunda temporada, mas aí que entra o problema: ela será quase que completamente envolvida com a mitologia e história de As Crônicas dos Kane. Eu não estaria dando spoiler para vocês por nada, então peço para aqueles que ainda não terminaram - ou começaram - a série que o façam antes que eu termine a primeira temporada. Se você não puder comprar o livro, me mande nos comentários o pedido e eu vou enviar o link para baixar a trilogia inteira.São livros tão divertidos e legais (se não mais) quanto Percy Jackson.

Por favor, eu realmente estou planejando algo incrível para o fim dessa temporada e a próxima, então por favor leiam as Cronicas dos Kane!



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Capítulo 8 – 

TUDO ESTAVA INDO BEM até que Thalia me deixou. Ela me guiou muito bem pela montanha, a floresta, falando sobre a direção do vento e reclamando sobre a tempestade, comentando brevemente sobre o caminho e constantemente me perguntando se eu conseguia acompanha-la.

Eu obviamente conseguia, feliz por estar usando botas de combate e jaqueta de couro, que estavam me protegendo muito bem. No que pareceu ser o meio do caminho, uma loba branca veio do nada, saltando de uma pedra e cheirando os calcanhares de Thalia. Eu não me apavorei – obviamente – mas fiquei atenta para qualquer sinal de que o lobo quisesse um petisco de Thalia. Ela olhou seriamente para o lobo, e então para mim.
- Desculpe Eeve – ela disse, seu rosto sério – é a minha loba, as caçadoras...
- Ok. – eu conclui, levantando minhas mãos num gesto de “não tem problema” – apenas me aponte o caminho. – ela olhou para mim no que pareceu um longo tempo, e então olhou para o céu enquanto um trovão retumbava, logo, ela apontou para uma árvore.
- Siga naquela direção – ela disse, olhando pra mim de novo – e não pare até encontrar o rio. – eu assenti para ela, e então ela correu com o lobo em seus calcanhares.

Segui na direção na qual ela me apontou, ainda um pouco nervosa porque a) eu tinha 4 dias, b) eu estava sozinha numa floresta escura com o senhor dos céus fazendo demonstrações de poder sobre a minha cabeça e c) eu sou completamente desnorteada. Eu segui reto naquela direção, e foi mais ou menos quando eu comecei a ouvir o barulho de água do rio que tudo começou a dar errado.

Começou quando eu senti um formigamento sob meus pés, o que era muito estranho já que eu estava calçando botas. Eu tentei ignorar isso e não cair nas muitas poças de lama sobre a grama, mas após resvalar feio em uma e cair de bunda no chão (sério, não foi nada bonito) a coisa ficou feia.

Em primeiro lugar, a lama – geralmente – não tem vida, então quando ela começou a se arrastar pelas minhas pernas secando como uma crosta eu quase morri do coração. Eu levantei com um pulo, batendo constantemente nos meus jeans para me livrar da lama que cada vez subia mais, prolongando a sensação de que meus pés estavam presos no chão.

Decidida a dar o fora dali – e possivelmente me jogar no rio – eu tentei correr, mas minhas botas estavam realmente presas na lama como se a mesma tivesse virado tijolos. A lama já havia passado da minha cintura, e tudo no que ela tocava ficava dormente. Eu gritei a beira pulmões por ajuda, esperando que Thalia ou qualquer um viesse me salvar. Como de costume, ninguém veio. Eu tentei alcançar Retaliadora – com uma arma nas mãos eu me acalmaria e poderia pensar – mas ela estava presa em sua bainha por uma grossa camada de lama seca.

Então o surpreendente aconteceu: outro trovão retumbou e a chuva parou, transformando-se em pesados flocos de neve que começaram a me dominar pela cabeça, congelando meus braços em um sentimento de dormência.

Impressionantemente, enquanto eu era dominada por lama e neve os meus pensamentos variaram de “socorro! socorro! socorro!” para “eu vou morrer como um esquimó!” o que não foi lá muito animador. Por fim, a dormência nas minhas pernas já não podia me sustentar, e eu caí novamente no chão debatendo todas as minhas partes que ainda se moviam à procura da liberdade. Quando a minha cabeça estava branca de neve e eu estava envolta por um caixão de lama até o pescoço, tremendo por baixo do corpo dormente, uma forma se fez na lama enquanto a neve caía exclusivamente ali – e quando a bruxa de Ben Cruachan se materializou na minha frente em pé feita de barro e neve... bem, eu estava feliz por não sentir meu estomago.

Criança de Forbes.... – disse Callieach com seus olhos transparentes focados em meu rosto, parecendo não realmente me ver mais sim um ponto no vazio, seus lábios fechados como uma tumba. Devo dizer que me corresponder telepaticamente com ela não ajudou meus nervos – Te darei mais uma chance, aproveite-a se for inteligente: desista de impedir a escuridão, e eu te pouparei. Você não precisa morrer agora, volte para casa, para sua vida – esqueça sua mãe e seus companheiros bobos do acampamento. É sua ultima chance...
-
Nunca! – eu gritei com o que restou dos meus lábios, o que a propósito não deve ter soado tão bem já que eu não conseguia parar de bater os dentes. A bruxa sorriu cruelmente, seu olhos enxergando o nada em mim.
Então sofra a sua escolha, Avelina.... – ela disse sem mover os lábios, e então a lama subiu acima do meu pescoço, me afogando na escuridão.

-

A respeito de ser preso em um sarcófago de lama: NUNCA FAÇA ISSO! Primeiro, é escuro, fedido e estranho. Ah, e você não pode respirar.

Devo admitir que não sou de desistir, na verdade, sou bastante teimosa – mas quando a lama foi acima dos meus olhos, eu pensei oh claro, estou afogada na lama. Ótimo. Foi mais ou menos aí que eu apaguei.

Quando acordei, estava no lugar mais impressionante que já tinha visto: era uma espécie de construção grega, como o Paternon em Athenas. A diferença era bem sutil: em vez das colunas serem feitas de pedra branca eram completamente negras, com alguns pontos brilhantes e nuvens se movendo, como rochas LCD mostrando uma gravação em tempo real do céu de noite. Eu contei 87 colunas, todas mostravam diferentes padrões de estrelas, e então reconheci algumas constelações: Hercules, Andrômeda, Pégaso, Cruzeiro, Velas, Sagitário, etc. – levei algum tempo para perceber que cada coluna representava uma constelação diferente. O chão era feito de – meu deus! – estrelas, uma via láctea que se transformou em um chão negro brilhante como se algum idiota tivesse esparramado fragmentos de diamante no chão. Na minha frente, havia uma grande porta dupla negra com um círculo separado ao meio pelas duas portas, no qual eu podia ver um C brilhante – a atual fase da lua – e o teto era completamente insatisfatório: um breu de nuvens negras como piche, muito similar ao teto do submundo.
- Olá Eevelyn. – disse uma voz suave, eu quase morri do coração quando ouvi isso, me virando rapidamente na direção da voz.

No centro do salão, havia uma mesa de chá arrumada com uma toalha de cetim e porcelanas decoradas com padrões espirais azul escuro, assim como um bule de chá com os mesmos padrões, uma travessa com biscoitos negros – eu esperava que fossem de chocolate – e outra com bolinhos cupcake branco platinados. Haviam duas cadeiras na mesa de chá, e em uma delas estava sentada a mulher mais deslumbrante que eu já tinha visto em toda a minha vida – o que só acrescentou para que eu sentisse ainda mais pena de mim mesma.

Ela era pequena, porém de modo nenhum anã, com maçãs do rosto altas e um ar macedônico, olhos grandes e uma pele que se assimilava às rochas LCD – a diferença era que sua pele pálida como a lua mostrava um imagem translúcida das estrelas, assim como nuvens e etc., como se as estrelas fosse suas sardas. Seu cabelo era negro e pesado, até que parecido com o meu, ele ia até o começo de seus joelhos preso com tranças laterais que partiam de trás de suas orelhas até as costas de sua cabeça e amarradas em um elástico. Seus olhos travessos eram assustadoramente deslumbrantes: eram brancos como os de todo mundo, mas onde deveria ter uma íris e uma pupila havia um imagem 100% LCD do céu com estrelas, como se fossem dois buracos, de modo que quando ela olhava para outro lado se via outras estrelas. Suas roupas pareciam feitas de fumaça, mas ao mesmo tempo elas – estranha e assustadoramente – mostravam-se nítidas: um moletom negro com capuz e detalhes azul escuro, jeans velhos rasgados (como os meus) eu um all star azul escuro meio encardido, como se ela usasse todo o dia e nunca se preocupasse em lavar.

Devo ter feito uma cara épica, por que ela riu suavemente.
- Não se preocupe filha, sente-se e tome um chá comigo. – ela não parecia de modo algum autoritária, mais eu senti que deveria me sentar a troco de sobreviver. Na frente dela, ela olhou para mim, analisando minha forma cheia de lama.
- Eu estou morta? – consegui perguntar, seu rosto se tornou sereno (sério, eu podia ver a névoa ao redor).
- Não ainda – ela disse, o que não era nada consolador – mas consegui te pegar a tempo suficiente para conversar com você. – ela sorriu, mostrando apenas uma covinha no lado direito. Aquilo era estranhamente familiar...
- Você... – eu consegui dizer, minha voz devia estar muito roca por que minha garganta parecia uma lixa – você é Nyx? – ela assentiu, com um rosto satisfeito como se dissesse até que enfim.
- Callieach quase te matou. – ela disse – Consegui a tempo puxar seu espírito para o outro mundo, a tempo de te deixar em coma respiratório. – eu arfei.
- Eu estou em coma?! – eu explodi, ela sorriu.
- Por enquanto, sim. Era o único jeito de manter seu corpo vivo, mas não se preocupe: quando eu mandar seu espírito de volta você retornará ao seu estado normal. Mas por hora... – ela pegou um biscoito e mordiscou – Coma um pouco e converse comigo.

Eu olhei para ela com minha cara de ponto de interrogação, se eu hipoteticamente era um espirito não devia ser capaz de comer, mas quando depositei meus olhos sobre os cupcakes platinados, devorei um rapidamente. Tinha um gosto estranho de menta com chocolate, mais levemente agridoce. Ela serviu o chá pra ambas, então percebi que não era um chá: tinha um tom amarelo e era cremoso com cheiro quente de baunilha. Eu tomei um gole, era aquecedor e tinha um gosto suave de baunilha, coco e canela.
- Isso... – eu disse com uma sobrancelha levantada, ela tomou um gole da xícara.
- Sahlab – ela disse – é um bebida egípcia, tipo chocolate quente só que de baunilha. – ela disse comendo, como se não prestasse atenção no que dizia.
- Mas você não é uma deusa grega? – eu perguntei. Ela assentiu.
- É que eu ganhei de uma am... – então ela estranhamente parou, abanando a mão sobre o bule com uma expressão mortalmente séria. O sahlab de sua xícara e bule se tornou um chá amarelado – seu cheiro era meio adocicado, mas não tão bom quanto baunilha. Eu propriamente segurei minha xícara longe de sua mão, mantendo o sahlab comigo, ela levantou uma sobrancelha para mim, mas deu de ombros e ignorou, parecendo estar escondendo alguma coisa – De qualquer forma Eeve, eu não te trouxe aqui por um motivo qualquer como comer bolos de lua – ela me disse – você tem quatro dias até o despertar de Érebo, e ainda está muito longe do Mundo Inferior.
- Você poderia me ajudar? – eu disse, e então reformulei – Quero dizer, você separou meu espírito do corpo, poderia muito bem mandar ambos para Los Angeles não é? – ela suspirou.
- Eu... eu tecnicamente poderia, mais as leis me impedem. Eu sei, é estupido, mas os deuses não podem intervir diretamente na vida e missões dos nossos filhos. Eu tenho feito meu melhor mandando meus filhos para te ajudar – ela disse – mas é como se todos os deuses, até aqueles que deveriam estar torcendo para que você derrote Érebo, estivessem dificultando para você. – eu pisquei para ela.
- Como a tempestade... aquilo era realmente...
- Sim. – ela cortou antes que eu pudesse mencionar o nome – ele estava tão irado com eu tendo filhos mortais que deixou sua tempestade ser levada pela forma celta de Gaia. Honestamente... – ela disse, eu assenti – Porém, eu ainda posso te ajudar com algumas indiretas. – ela falou piscando para mim, parecendo estranhamente mais animada.
- Ah não – eu disse – por favor, sem mais enigmas. – ela balançou a cabeça feliz.
- Não exatamente... bem vejamos, você não encontrará pérolas de Poseidon falando com a nereida, então terá que encontrar outro modo...
- O que?!
- E também você não pode enfrentar Gratão com a sua espada, isso não o prejudicaria uma vez que ele é o Anti-Artemis e só flechas podem o ferir, então vai ter que encontrar o nome da espada.
- Retaliadora? – eu perguntei – Então, ela realmente pode mudar? – ela assentiu.
- A sua espada é mais velha que a sua avó – ela disse com um sorriso.
- Nossa, a espada é velha. – ela riu suavemente.
- Bom, eu não posso te dizer o nome da espada, mas posso te dar um concelho: lembre-se das histórias do seu pai. – nesse momento tudo começou a ficar levemente nublado, como se de repente um nevoeiro tivesse aparecido.
- O que é isso? – eu disse para a névoa, Nyx ficou séria.
- Você está muito tempo separada artificialmente do seu corpo – ela disse – muito mais tempo e você realmente morrerá. – eu dei um pulo da cadeira, ela se levantou ainda séria.
- Ouça-me: você vai acordar em um caixão de barro sem ar e sem o alcance da sua espada. – ela disse – Use o seu poder para se livrar do barro. – aquilo não pareceu uma brincadeira.
- Como eu faço isso? Eu não... tenho quaisquer poderes... – ela sorriu novamente, mais suavemente, ficando cada vez menos nítida pela névoa.
- Você não tem super-força ou visão de raio X. – ela concordou – Mas você tem seus poderes de filha da noite, pense em tudo o que ouviu sobre mim. Eu não tenho quaisquer outros filhos Eevelyn, você é minha única campeã, então você tem todos os meus atributos. Até mesmo o meu poder perpétuo.
- Não. – eu disse – Eu não...
- Você é esperta. – ela disse, então eu já não podia vê-la – Quaisquer outros poderes não podem com a esperteza. Você irá conseguir, e então procure o vento negro. – então eu caí no meio da névoa, e tudo desapareceu.

--

Pior do que morrer num sarcófago de lama, é acordar num sarcófago de lama. Eu rapidamente processei a situação: sem ar, sem super-força, apenas a esperteza e enigmas idiotas. Então eu pensei em Nyx, e tudo o que eu tinha ouvido a respeito dela – não era muito, e meus pulmões queimavam debaixo do resto dormente do corpo.

Ok! – eu grite internamente – Pensar! Certo, uma vez na aula de história eu tinha ouvido a falar sobre Nyx, eu não tinha prestado muita atenção, mas podia me lembrar dela ser algo como a domadora de deuses e homens, mais isso não pareceu muito útil. Também tinha algo que Quíron tinha dito no dia que eu havia sido reclamada... eu não tinha certeza.

Um forte puxão vindo do meu pulmão me lembrou que meu coração precisava de ar para bater, e então eu forcei minha cabeça a lembrar... ele tinha dito... filha da senhora da noite, da névoa e dos segredos ocultos. Isso não parecia tão útil, mas algo me disse que eu estava perto. Mais lentamente do que eu gostaria, eu liguei um ponto a outro.

Primeiro, Nyx era domadora de homens e deuses, apavorando até o senhor dos céus. Segundo, ela era senhora de coisas que as pessoas temiam desde os tempos primordiais, a escuridão da noite, a névoa que deixa a visão incerta, os segredos ocultos e furtivos. Algo mais, algo mais. Então num puff! do nada, eu liguei os pontos: medo, terror – isso era o poder perpétuo de Nyx, ela era tão apavorantemente poderosa que fazia o senhor dos céus se borrar. E se eu bem me lembrava, muitas vezes as pessoas tinham medo de mim, como a treinadora Swan e os lestrigões.

Agora a pergunta final, como apavorar um sarcófago de lama? Eu não sabia, o que fez com que meu pulmão parecesse a ponto de explodir. Eu estava com tanta raiva, tanta raiva dessa maldita lama que me impedia de respirar! Eu cerrei os punhos, os olhos fechados e uma expressão de intenso ódio. Eu não queria morrer.

Maldita Callieach, maldita Gaia, maldita lama!

E para minha surpresa a lama fez puff! e murchou como cinzas. Eu arfei o ar gélido da noite, batendo os dentes de frio enquanto uma densa sombra dançante como um pano negro ao vento de diluía e de alguma forma, voltava para dentro de mim.


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Notas finais do capítulo

Não esqueçam, se querem o link para As Cronicas dos Kane me peçam nos comentários (e comentem!).