Nossa História escrita por Maria


Capítulo 8
Capítulo 08 - Algo mais.


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem do capítulo, é um dos meus preferidos até agora.



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“Eu não acredito nisso” Dei um soco no volante do meu carro, ele simplesmente não queria ligar “Merda” Não fazia sentido, era um carro relativamente novo, tinha apenas dois anos e eu era sua  primeira e única dona, não era para ele dar problema. “Preciso que me leve para o trabalho” Voltei para casa correndo e pedi a Santana “Agora” Gritei.

“Você me pede um favor e ainda faz exigência” Santana continuou sentada tomando seu café.

“Santana, por favor” Implorei, a latina se levantou.

“Vamos” Corri para o carro dela e fui a puxando “O que ocorreu com seu carro?” Santana já dirigia rumo ao colégio.

“Eu não sei, ontem estava bom, hoje fui ligar e não funcionou”

Santana parou na porta do colégio.

“Você tem que vir me buscar às 16 horas” Falei com Santana e tirei meu cinto.

“Eu não posso, tenho que trabalhar, esqueceu? Só saio do hospital às 18horas” Santana era residente e tinha um horário fixo que ia de 10 horas até às 18 horas, durante os 5 dias da semana. E eu realmente tinha esquecido disso.

“Merda, como vou voltar?”

“Não sei”

“Ok, obrigada por me trazer”

O dia passou rápido, dar aulas era assim, algumas vezes parecia um tédio, você ficava lá em pé, repetindo tudo que já sabia, falando pela milésima vez a mesma coisa, já outros eram inusitados, algum aluno tinha uma ideia louca e acabava arrancando riso de todos, até mesmo do professor, por sorte hoje tinha sido um desses dias, passou leve e descontraído.

“Senhorita Fabray” Ouvi uma voz me chamando enquanto eu ia para a sala dos professores, eu sabia de quem era aquela voz.

“Rachel” Me virei sorrindo, Rachel olhou em volta, não estávamos sozinhas, mas falando em um tom normal, ninguém mais iria nos ouvir, cada um estava longe o suficiente e preocupados em ir embora.

Será que posso ver o Zak hoje? Eu tenho medo de estar lhe incomodando e sendo chata”

“Claro que não” Rachel me deu um olhar decepcionado e me dei conta de como podia ter soado minhas resposta “Quero dizer, claro que não me incomoda, você pode ir ver o Zak, ele é tão seu quanto meu, além disso você é sempre bem vinda na minha casa Rachel, até mesmo quando não for pelo Zak, você pode ir para me ver também, ver Santana, enfim, você é bem vinda” Rachel sorriu amplamente.

“Ótimo, eu vou te seguindo, pode ser?”

“Seguindo?” Perguntei confusa.

“Sim, vou seguindo seu carro” Oh droga, eu não estava de carro, como eu iria embora?

“Eu acho que vou de ônibus hoje” Não, impossível, nenhum ônibus levava até minha casa, eu teria que pegar dois e ainda andar uma distância.

“Por quê?” Rachel perguntou sem entender.

“Meu carro quebrou, Santana me trouxe, mas não tem como me levar”

“Então eu te levo”

“Na moto?” Perguntei rápido e assustada.

“Não, no colo” Ela riu da própria piada “É claro que é na moto, eu prometo que vou devagar, é só você relaxar”

“Eu quase morri ontem e andamos o que? 5 minutos? Daqui a minha casa são 40, não mesmo”

“E qual é a outra opção? Andar? Pegar dois ônibus? Voar?”

“Qualquer uma menos a moto” Falei sincera.

Vou te esperar a duas quadras daqui seguindo pela direita, assim ninguém vê que você está saindo na minha moto, ok?” Olhei para Rachel querendo a matar, ela devia estar louca.

“Você não ouviu o que eu disse?” Perguntei com a voz levemente irritada.

Sim, você está sem carro” Ela disse simplesmente, soltei o ar bufando, aparentemente Rachel tinha um grande poder em me tirar do sério.

“E o resto?” Perguntei.

“Ok, estou te esperando” Ela deu de ombros e saiu, como assim? Eu não poderia correr até ela e nem grita-la, eu estava no meu trabalho e lá ela era minha aluna e eu sua professora, merda.

Rachel Berry deveria ter algum tipo de poder paranormal, era a única explicação lógica, ou talvez não tão lógica assim, porém ainda a única explicação para explicar do porquê eu estava novamente sentada em sua moto. Dessa vez ambas tinhamos capacetes, segundo ela, era porque as vezes Brittany precisava de carona e por isso ela levava outro.

“Já sabe as regras, segure firme, incline seu corpo quando eu fizer o mesmo, o resto do tempo se mantenha ereta, não relaxe a perna e nem tente esticar que pode acabar a encostando no cano de descarga e por fim e mais importante, relaxe Quinn” Eu apenas via suas costas, mas tinha certeza que ela estava sorrindo “Pronta?” Perguntou

“Nenhum um pouco” Respondi verdadeiramente.

“ Tudo bem, eu espero. Só vou dar partida quando você mandar” O tom de Rachel era diferente, não sei explicar, era sereno, calmo, ela realmente só iria andar quando eu mandasse? Aquilo seria tão fofo de sua parte, eu não deveria ter medo de andar de moto, era ridículo, quantas milhares e milhares de pessoas andam nisso todos os dias e nunca morreram? Quer dizer, uma indústria séria e responsável que criou tal coisa, ou seja, era seguro, certamente vem com selos de segurança e tudo mais “Olha Quinn” Sua voz cortou meus pensamentos, eu nem sabia a quanto tempo estávamos lá, sentadas, esperando minha ordem de seguir “Se te deixa mais calma, eu fui criada em cima de uma moto, meus pais são apaixonados por elas e desde criança eu sempre andei em suas garupas e assim que meus pés começaram a alcançar normalmente o freio e a marcha do pedal, eles me ensinaram a pilotar, eu tirei carteira oficial assim que a lei me permitiu aos 16 anos, então, acredite eu sei como fazer essa coisinha andar de modo seguro” Eu ouvi tudo que ela disse atentamente e soltei um longo suspiro, eu ainda estava abraçada ao seu corpo, mesmo a gente sem andar, a diferença é que meu aperto era frouxo, leve, era como se eu tivesse deitada em cima dela, só então me dei conta disso, era bom tê-la assim, colada a mim, me deixava segura, ela era mais nova que eu, menor que eu e mesmo assim me passava segurança, como era possível? Tantas perguntas, respirei mais uma vez.

“Eu estou pronta, podemos ir”

“Jura?” Seu tom era alegre.

“Juro” Logo em seguida ouvi o ronco de sua moto e começamos a andar, segurei forte sua cintura, dessa vez o passeio não foi assustador, mesmo tendo tudo para ser, Rachel andava bem mais rápido do que ontem, dessa vez carros e até mesmo um caminhão passou ao nosso lado, mas ainda assim, não entrei em pânico, não era como se eu também tivesse confortável curtindo o caminho, eu só me senti segura, apenas isso. Ela parou a moto na calçada e eu fui a primeira a descer e tirar o capacete, ela ainda continuava sentada, Rachel tirou o capacete e com habilidade balançou a cabeça fazendo seu cabelo se soltar e voltar a cair perfeitamente, como ela fazia isso? Eu provavelmente a olhava de boca aberta, aquela cena tinha sido sexy. Ela me olhou e sorriu, depois desceu de sua moto e não pude deixar de olhar suas pernas, era tão sexy, balancei a cabeça levemente. Não posso pensar essas coisas.

“Olhando daqui, tudo parece normal” Olhei para Rachel sem entender o que ela queria dizer e ela riu levemente “Zak, ao menos ele deixou a casa em pé” Oh Deus, eu tinha esquecido daquela peste.

“A casa sim, mas meu quarto, aposto que não teve essa sorte”

Zak tinha feito uma bagunça ainda maior, parecia que cada dia ele aprendia a destruir algo novo, era realmente esperto aquele ser canino, porém sua inteligência era totalmente voltada para a maldade, arrumamos tudo com uma certa rapidez. Santana chegou mais cedo gritando xingamentos em espanhol pela casa, Rachel apenas me olhou e nos duas rimos, notei que Santana foi direto tomar um banho, provavelmente teve um dia longo.

“Britt” O celular de Rachel tocou e ela foi atender “Sim, espere eu vou perguntar, não desliga”.

Ela fechou com sua mão aonde fala em seu celular e virou para mim com olhos doces “Eu tenho um pedido a te fazer” Ela sorriu de forma única, só então vi que ela tinha covinhas em sua bochecha direita, como eu nunca tinha visto isso antes? Era adorável “Acha ruim se Britt vir aqui? Eu acabei falando de Zac e ela realmente ama os animais, então ela só quer vê-lo”

“Ela pode vir” Eu disse ainda hipnotizada pela imagem da morena a minha frente.

“Ainda está ai Britt? Ótimo, você pode vir” Rachel sentou na minha cama sem cerimonia e cruzou as pernas “Pegue o lápis e o papel que eu te dou o endereço” Eu fiquei observando a pequena, ela fechou os olhos e apertou forte para os manter fechado, levantei a sobrancelha a encarando, sua expressão era de total concentração “Já pegou? Tudo bem” Ela voltou a falar já de olhos abertos “Você vai sair de sua casa e vai virar para o lado que você não está usando para escrever, dai você vai seguindo direto, até passar pela casa que tem as flores vermelhas carmim, iguais as da Alice no pais das maravilhas” Rachel fez uma pausa “Depois você vai virar para o lado que você escreve e seguir até a casa mal assombrada” Eu não sabia se ria ou se ficava preocupada com a saúde mental de Rachel “Não se preocupe Britt, é só na hora que você ver a casa mal assombrada vira para longe dela e seguir sem olhar para trás, ok? Não tenha medo” Eu definitivamente escolhi rir, mas foi uma péssima ideia, Rachel me olhou com uma olhar tão gelado que meu riso morreu na hora “É só você ir olhando para as casas ao seu lado Britt, vai ter uma casa amarela e minha moto estará parada próximo a porta, é só você estacionar e tocar a campainha" Outra pausa " Ah, anote ai 220, só confirme se o número da casa é esse antes de tocar, ok?” Rachel desligou o telefone sorrindo e me encarou “Britt tem um modo diferente de ver o mundo, mas ela é a pessoa mais incrível que já conheci e tem uma inteligência surreal as vezes, acredite” Eu me senti levemente corada por te rido de sua amiga e aprendi uma boa lição naquele momento, para Rachel seus amigos eram coisas sagradas.

Ficamos na sala conversando e Santana obviamente se juntou a nos duas, ela e Rachel se cutucavam o tempo todo de forma sadia, fiquei totalmente fora da conversa das duas, comecei até mesmo a brincar com a barra do meu short, foi quando a campainha tocou e Santana como sempre correu para atender, nesses momentos ela parecia uma criança.

“Que-quem é vo-você?” Olhei incrédula, minha amiga, não, Santana, Santana estava gaguejando, eu nunca tinha visto isso na vida, levantei correndo e fui ver quem era, sorri para uma Brittany parada a minha porta.

Me aproximei e Brittany sorriu mais largamente, Santana a olhava perdida, como se tivesse em outro mundo, definitivamente aquele olhar era novo para mim e tudo aquilo seria mais divertido do que eu pude um dia sonhar.

A noite foi tão agradável, Brittany era uma menina incrível, ela tinha uma doçura impar, e como Rachel disse, ela via o mundo de outra maneira, Santana olhava a loira de olhos azuis encantada, diversas vezes eu desejei pegar meu celular e tirar uma foto, nunca tinha visto minha amiga latina com um semblante tão sereno e doce como aquele. Rachel e eu acabamos nos tocando a noite toda mais que o necessário, sentamos lado a lado no sofá e nossos joelhos se tocavam, assim como nossos ombros, porém mais do que isso, nossos olhos se tocavam a todo instante, eu a olhava descaradamente e sem pudor, ela por sua vez, retribuía cada olhar.

Foi difícil acordar no dia seguinte, quando se dá aulas parece que nunca chega ao fim aquela rotina de acordar cedo, é injusto, a maioria dos profissionais pegam depois das 8 horas, muitos até pegam às 9 horas, porém o professor sempre pega às 7horas, como eternos alunos, acordamos todos os dias cedo. Levantei e fui tomar café, sentei no meu carro só para conferir o problema e em um passe de mágica ele ligou normalmente. Era estranho, desliguei e o religuei, novamente ele estava perfeito, repeti isso umas cinco vezes e em todas ele ligou sem problema.

“Estranho” Disse pra mim mesma em voz alta, de qualquer modo eu é que não iria andar nisso, vai que ele quebra no meio da rua, só andaria nele depois do mecânico dizer que estava tudo bem. Santana me levou novamente ao colégio e novamente eu não tinha como voltar, porém agora vir de carona com Rachel não era mais um problema.

“Rachel, você pode ficar mais um pouco?” Pedi assim que tocou o sinal indicando o fim da aula de música e consequentemente o fim daquele dia letivo.

“Claro” Rachel ficou e todos os demais saíram, arrumei minhas coisas e fui em direção a ela.

“Se importa de me dar uma carona?” Pedi e vi que ela me olhou um pouco assustada, eu diria, surpresa.

“É um prazer” Ela sorriu “Mas seu carro já não está bom” Sua voz não saiu como uma pergunta, era mais uma afirmação, o que não fazia sentido, ela não poderia saber se meu carro está bom ou ruim.

“Ele ligou hoje de manhã, porém não senti confiança de vir com ele” Respondi como se ela tivesse perguntado, afinal aquilo só poderia ter sido uma pergunta.

Entendi, mesmo esquema de ontem então, te espero na mesma esquina” Rachel deixou o auditório e eu fiz o mesmo.

“Eu não trouxe o outro capacete” Rachel disse assim que me entregou o dela.

“Pensei que você sempre o trazia caso Brittany” Eu me calei, lembrei de algo na outra noite.

Santana e eu fomos levar elas até a porta.

“Você vai com Rachel?” Santana perguntou para Brittany, inconsciente que a loira tinha ido com seu próprio carro.

“Na moto? Jamais, isso me dá medo” Brittany respondeu.

Olhei para Rachel, Brittany tinha medo de motos, ela não andava com Rachel nela, depois lembrei do carro e de como Rachel sabia que ele estava bom hoje, sorri olhando para Rachel, ela me retribuiu com um sorriso tímido, mas com olhos travessos.

Quando sai de Nova York, a cidade que me mudei assim que me forme e resolvi voltar para Lima, eu fui em busca de um algo mais, no primeiro momento pensei que estava indo apenas em busca de voltar para casa, porém durante todo o voo eu senti, eu pressenti, que não era só questão de voltar para a cidade aonde cresci, era questão de voltar para um algo mais. Eu já não tinha mais dúvidas, Rachel Berry era meu algo mais e Santana estava certa, Rachel queria tanto quanto eu. Subi em sua moto e a abracei por trás, dessa vez um abraço diferente das outras vezes que estava em sua garupa, dessa vez um abraço mais carinhoso e curtindo cada centimetro do seu corpo junto ao meu.


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