Nossa História escrita por Maria


Capítulo 2
Capitulo 01 - Fingindo


Notas iniciais do capítulo

:)



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Coloquei as folhas que Rachel me deu dentro da minha pasta, organizei minhas coisas e me virei encarando a turma, de forma sucinta, olhei um a um e me admirei com a heterogenia do grupo, tinha um garoto cadeirante, um casal de asiáticos, um outro garoto  que exalava feminilidade, um menino loiro que me lembrou claramente o Macaulay Culkin, duas meninas com o uniforme das Cheerios e, o que mais me espantou, Rachel Berry, a menina de temperamento e aparência questionadora, se encontrava sendo abraçada pelo garoto que esbarrou em mim no corredor, o alto jogador de futebol tinha os braços possessivamente envolta da pequena garota.

“Meu nome é Quinn Fabray e eu serei a professora de música de vocês” Me apresentei com um sorriso, diferente da aula de inglês onde os alunos estavam loucos e agitados, nessa todos estavam calmos e quietos, com atenção totalmente voltada a mim. Apresentei uma didática e pude descobrir o nome de cada um deles, idade o que gostavam ou não de fazer e qual as preferencias músicas. Como Rachel disse, Madona e Gaga era uma espécie de deusas para eles e Adele foi citada por quase todos como uma voz perfeita, eu e todos os demais rimos de forma sadia quando Rachel se escolheu como a voz mais perfeita que ela já tinha ouvido até hoje, aquela menina realmente tinha um brilho próprio. Deixei cada um se apresentar com uma música de escolha própria, mas infelizmente, quando faltava à última pessoa, o sinal tocou.

“Acho que sua apresentação terá que ficar para amanhã Rachel” Todos já estavam de pé e a maioria saindo.

“Sim senhorita Fabray” Rachel se levantou “E você também deve se apresentar, precisamos saber o nível de nossos mentores.” Eu sorri para ela, seus comentários eram rudes e sem noção, mas não soavam de forma agressiva, percebi que logo Finn segurou a mão dela e ambos saíram de mãos dadas, em todo momento da aula ele a segurava de alguma forma, ou em um abraço, ou com as mãos em volta de sua cadeira, enfim ele sempre arrumava um modo de prender ela com ele.

Combinei com Santana que iriamos jantar no restaurante de Puck, um amigo nosso de colégio que contrariando tudo e todos, não virou um vagabundo, ele fez gastronomia e abriu um restaurante que era simplesmente sensacional.

“Olha só quem chegou, a nossa professorinha” Puck se levantou e me abraçou assim que cheguei na mesa que ele e Santana dividia.

“Diga-nos como é ser uma baba de adolescentes?” Santana perguntou debochada.

“Vão ficar me zoando? Por que se sim, falem logo que eu vou comer em outro lugar” Falei irritada.

“Relaxa Quinn, ninguém está zoando, queremos saber como foi seu dia” Puck relaxou o clima.

“Pelo seu estresse, foi péssimo”

“Não foi péssimo e nem estou estressada” Revirei os olhos “Foi normal, nada demais, não ocorreu nada que seja interessante, dei aulas e só” Respondi sincera.

“Que chatice” Santana acrescentou.

Jantamos os três falando sobre coisas banais, fui para casa com Santana, eu não queria morar sozinha, por isso quando voltei a Lima resolvi morar com a latina, mesmo ela me tirando do sério e me provocando o tempo todo, no fundo a gente se dava bem. Tirei os sapatos e me joguei no sofá, me senti exausta naquele momento.

“Certeza que teve um dia bom?” Santana perguntou sentando ao meu lado, dessa vez sua voz era realmente preocupada.

“Sim, foi só cansativo” Respondi sincera.

Tudo bem” Ela deu uma leve batida na minha perna e se levantou “Eu vou tomar banho e dormir, você deveria fazer o mesmo”

“Eu ainda quero arrumar algumas coisas do colégio, depois eu vou. Boa noite Sant”

“Boa noite loira”

Continuei sentada e comecei a repassar o meu dia em minha mente, os alunos tinham sido mais agradáveis do que pensei, a imagem de Rachel veio em minha cabeça e eu sorri sem perceber.

O dia seguinte ocorreu tranquilo e já era o último tempo, os alunos do coral entraram na sala de forma animada, dessa vez eles não calaram a boca, divididos em grupos, todos pareciam ter algo para falar.

“Silencio turma” Eu disse em vão “Silencio” Gritei um pouco mais alto e deu resultado, todos se calaram e me olharam “Ótimo” Eu sorri “Antes de mais nada, vamos terminar a apresentação de ontem, vem Rachel, o palco é todo seu” Rachel se levantou em um pulo, dava para ver a empolgação, eu me sentei em uma cadeira vazia junto com os alunos.

“Eu resolvi que vou cantar uma música que eu mesma escrevi” Rachel disse e eu a olhei curiosa, novamente aquela menina não parava de surpreender “O nome da música é, Fingindo” Ela se posicionou no meio do palco, e com um senso de música realmente surreal ela começo a bater o pé direito em uma melodia constante “Cara a cara e coração a coração” Sua voz melodiosa acompanhava a batida de seu pé “Nós estamos tão perto e tão distante” A voz dela era levemente baixa, porém perfeita, seu pé dava o acompanhamento necessário para a melodia da música “Eu fecho os meus olhos, eu me afasto. Isso é só porque eu não estou bem” Ela parou de dar ritmo com o pé “Mas eu persisto, me mantenho forte. Imaginando se ainda nos pertencemos” A voz dela que era levemente baixa, cresceu e completou cada espaço naquele auditório, ela começo a estalar os dedos dando mais amplitude ao ritmo da música “Será que iremos algum dia dizer as palavras que estamos sentindo no fundo, por baixo de tudo, e derrubar todas as paredes? Será que alguma vez teremos um final feliz?” Eu a olhava vidrada, não conseguia desviar os olhos “Ou ficaremos para sempre somente fingindo. Ficaremos para sempre” Ela começo a brincar com a palavra sempre enquanto reproduzia alguns sons de ‘oh’ mostrando como dominava perfeitamente sua voz “Para sempre” Ela estendeu a nota e novamente suavizou a voz "A cada movimento que fazemos, parece que ninguém está abrindo mão. E é uma vergonha. Porque se você sente o mesmo, como eu vou saber?" A essa altura todos já batiam palmas no ritmo da música e Rachel apenas cantava "Será que iremos algum dia dizer as palavras que estamos sentindo no fundo, por baixo de tudo, e derrubar todas as paredes? Será que alguma vez teremos um final feliz?” Ela repetiu o refrão “Ou ficaremos para sempre somente fingindo. Ficaremos para sempre” e terminou a música cantando suavemente “Fingindo” , quando ela acabou de cantar, parecia que algo faltava naquele auditório, senti que tudo tinha ficado sem cor quando ela terminou sua música, deveria ser proibido aquela menina fechar a boca, ela deveria cantar e cantar para sempre, os alunos começaram a bater palmas e eu obviamente fiz o mesmo. Eu tinha a boca ligeiramente aberta, mas era impossível não ficar assim, Rachel era simplesmente fantástica, ela realmente era uma cantora completa.

“Isso foi ótimo” Falei recobrando os sentidos da razão.

“Obrigada” Ela sorriu amplamente e se sentou novamente em seu lugar, Finn lhe deu um beijo no pescoço e a abraçou. Me perguntei até que ponto aquilo era só música e até que ponto aquilo era um grito de socorro.

A aula terminou em pouco tempo, aquele era o momento do dia em que o tempo parecia correr. Todos os alunos saíram da sala e eu recolhi minhas coisas e fiz o mesmo, porém fui parada no corredor antes mesmo de sair completamente do auditório.

“Senhorita Fabray, podemos falar com você?” Rachel me perguntou, estava ela e Brittany, ela estava sem Finn, aparentemente ele a deixava andar sozinha às vezes.

“Sim, claro”

“É que você disse que queria dividir todos em dupla para o dueto” Rachel começou a tentar explicar, mas Brittany a cortou.

“Rachel disse que duetos são de dois e duplas também, o que faz sentido já que tudo começa com D” Bittany começou sua própria divagação absurda “Eu até poderia fazer dupla de dueto de dois se Lord Tubbington tivesse aqui, mas aquele gato gordo não quer nem saber de escola, ele passa o dia todo deitado no sofá tomando leite e usando drogas” Eu acho que meu rosto ficou tão espantado com tudo que a loira de uniforme Cheerios dizia, que Rachel colocou a mão no braço da amiga e fez ela se calar.

“Na verdade senhorita Fabray, o que estamos querendo é que a senhorita abra uma exceção e deixe cantarmos em trio, ficaria Finn, Britt e eu. Será que poderíamos? De qualquer modo gostaria de acrescentar que a turma tem número impar, então de qualquer jeito fica um sobrando” Eu não tinha levado em conta o número de alunos impar na sala, olhei para Rachel e Britt, a pequena garota tinha os olhos brilhantes como sempre, já a loira olhava de forma tão pura.

“Levando em conta o número impar de alunos, vocês podem fazer isso em trio”

“Trio de três? Afinal é tudo com T, certo?” Brittany perguntou e eu olhei para Rachel com uma sobrancelha levantada, ela apenas deu de ombros.

“Sim Britt, trio de três.”

“Isso é tão legal” A loira pulou feliz e me abraçou, fui pega de surpresa, mas após uns segundos retribui o abraço “Você é a professora mais legal que tem aqui, qualquer dia trago Lord Tubbington para a senhorita conhecer” Britt me soltou e  saiu correndo, Rachel ficou.

“Obrigada por permitir que todos façamos juntos” Era assustador como Brittany fazia Rachel parecer uma pessoa normal.

“Tudo bem Rachel, da próxima vez que eu dividir vocês em grupo, vou ter que lembrar de levar em conta o número de alunos.”

“Seria inteligente” Rachel respondeu como sempre de forma sem-noção “Eu estou indo senhorita Fabray, até a próxima aula”

“Até Rachel”

Já era madrugada e eu estava com uma insônia terrível, resolvi navegar na internet e fofocar sobre a vida dos outros, assim que entrei no meu facebook vi que tinha 10 solicitações de amizade, olhando as fotos e os nomes vi que todos eram de alunos, aceitei todos e o sistema reformulou suas opções e me sugeriu mais amigos, o primeiro da lista era Rachel Berry, eu não iria solicitar sua amizade, obvio que não, afinal era sua professora, mas ainda assim entrei em seu perfil. A foto do perfil e capa eram belíssimas, além de tudo Rachel Berry era fotogênica, a menina sem dúvidas seria uma estrela um dia, vi que um dos links em sua página direcionava para o Youtube, acessei e eram mais de 20 videos dela cantando, assisti a todos, um mais perfeito que o outro, sua voz era de anjo, as notas eram sempre perfeitas, em mais de vinte vídeos, eu poderia contar nos dedos de uma mão a quantidade de vezes que ela perdeu o tom. Olhei o relógio no canto da tela e já era quase 4 da manhã “Merda, tenho que acordar as 6” Resmunguei enquanto desliguei meu notebook e fui dormir, quando o despertador tocou eu tive vontade de tacá-lo na parede, e só não fiz porquê se não eu iria destruir meu iphone.


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