At The Ballet escrita por Luiza Brittana4ever


Capítulo 14
Prendedor mágico


Notas iniciais do capítulo

Nossa! Faz tanto tempo que eu nem apareço por aqui, mas aqui estou eu! Viva e pronta para um segunda round! Espero que gostem!



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Felícia e Anna, a nova arrumadeira, acordaram pelo menos quatro horas da manhã. Assim como Joanne que estava atordoada desde que recebeu a maldita carta. Uma visita! Como fazia todo maldito ano! Joanne estava louca! Separou três roupas diferentes para cada membro de sua família, incluindo sua irmã, Catarina. Ela verificou o trabalho das arrumadeiras antes de se sentar na copa com os problemas que lhe atacavam.

–A senhora tem algum problema sério? Algo que precise ficar de olho? -Perguntou Anna sussurrando para Felícia enquanto arrumavam a sala de jantar.

–Não. A senhora fica assim apenas uma vez por ano. Não é nada grave, mas a senhora não respira direito até o dia acabar.

–Quem estamos esperando? O rei? -perguntou Anna assustada.

–Nossa! Quem dera! Não, esperamos a visita de Lady Diane Carmel. Mãe de nossa senhoria.

Anna achou tudo muito exagerado, mas ela ainda não conhecia a peça que estava para chegar. Lady Diane não era apenas exigente como inoportuna e indelicada. No melhor significado de "Sem vergonha" ou talvez o pior. Dependendo da interpretação, ela não tinha vergonha, afinal. Diane foi casada com um Coronel, chamado Jean. Quando a grande guerra aconteceu, ambos estavam lutando pelo mesmo lado. Diane era uma enfermeira que cuidava da ala dos feridos de outros países, ela trabalha num grande hospital na capital inglesa. Jean recebeu um tiro no seu ombro, mas isso não o impediu de continuar, mesmo que seus direitos dissessem o contrário. Ele lutava pelas forças da França. Quando um Tanque caiu em sua trincheira e fez um estrago enorme levando seu pé junto, ele foi imediatamente socorrido e enviado para casa. Ele pegou o trem errado propositalmente e acabou indo num trem de carga de soldados para Londres. Diane esperava o trem para levar os soldados consigo. Ela adentrou o trem checando os nomes e seus olhos bateram no homem que mudaria sua vida completamente.

O dia estava nascendo e já dava indícios de chuva. A casa estava quase preparda para a visita de Lady Diane. George estava nos fundos fumando depois que sua mulher o mandou parar de fumar dentro de casa. Elizabeth o acompanhava, mas ficava longe da fumaça do cigarro. Ela tossia seco, como se algum órgão pudesse pular por sua boca a qualquer momento.

–Um dia ainda vão descobrir que isso mata. -disse Elizabeth.

–Matar? Claro que não, um cientista até disse que beneficia alguma. Acho que limpa os pulmões.

–Tudo bem, apenas comentei.

Joanne apareceu de repente.

–Elizabeth! -disse lhe chamando a atenção. -Não foi essa saia que eu separei pra você, pelo menos não com essa blusa. Suba pra trocar. Agora! Sua avó deve estar a caminho.

–Eu tenho mesmo que participar? Você pode dizer que eu estou doente. -disse a menor como se acabasse de descobrir que carros pudessem voar.

–Elizabeth! Agora! -disse Jonne. Elizabeth subiu sem olhar para nada nem ninguém. -Eu sei exatamente como ela está se sentindo. -comentou Joanne abraçando o marido e roubando-lhe o cigarro.

–Joanne, eu já disse pra você: se você se sente desconfortável com a sua mãe...

–Não. -interrompeu Joanne. -Eu sei que não importa quão perfeito eu faça as coisas, ela arranjará defeitos.

–As pessoas tem diferentes entendimentos para a palavra "perfeição". -disse George abraçando o corpo magro de sua mulher.

–Elas tem? -perguntou Joanne curiosa.

–Claro que sim. - continuou George. -Para você é agradar sua mãe. O de Felícia é fazer o que pede. O de sua mãe é infernizar sua vida...

Joanne riu baixinho.

–E você, George? Qual é a sua definição de perfeição?

–Você. Joanne sorriu.

Ela ficou um pouco vermelha, não porque não escutava elogios com frequência, mas porque ela sentia como se fosse a primeira vez que estava os ouvindo.

–Você é a minha também. -disse Joanne. George apertou mais o corpo de Joanne e lhe beijou os lábios.

–Eu te amo. -sussurram juntos.

Santana estava vestindo seu vestido azul marinho de domingo. Nem muito curto, nem muito comprido. Com toda a certeza sua avó acharia um pretexto para julgar. Das três irmãs, Santana era a que menos apanhava quando criança, mas nunca ganhou um biscoito que fosse. Sua avó não era maligna, mas ela tinha crenças distintas e um pouco duvidosas. Adora se envolver com política e Santana também, mas recebia dois três puxões de orelha quando defendesse o partido de oposiçãos. Santana só não enlouquecia pela sua avó porque ela aguentava aquilo pela mãe.

Ela se sentou na penteadeira perto da janela e começou a prender seus cabelos. Ela foi direto num objeto que tinha ganhado de Brittany. Ela sorriu. Tocava o objeto como se fosse um frasco que contesse a paz mundial e que se em conatato ao chão uma guerra surgiria do solo em segundos. Era um prendedor azul com pedras de diamantes.

(Santana queria comprar algo especial para Brittany. Elas não poderiam usar aneis sem que alguém as questionasse por isso. Elas não queriam usar pulseiras por que elas simbolizabam a amizade e Deus sabia que eram mais que isso. Elas foram numa joalheria, pouco antes de andarem para casa de Brittany e procuraram a fundo um objeto único, assim como o amor delas. Santana verificava o lado esquerdo da joalheria e Brittany o direito e foram andando em frente e no centro da loja, elas se colidiram, sorriram e olharam para baixo. Os prendedores de diamantes estava lá. Elas olharam animadas para os prendedores. Brittany e Santana compraram-o gastando uma parte de suas mesadas. A atendente ficou contente por ver jovens tão interessadas e contou-lhes a história daqueles prendedores. "Eles pertenceram ao jovem sr. James, um senhor da alta sociedade inglesa no século XVIII. Ele tinha duas esposas. Uma francesa e uma inglesa. Tudo que ele comprava para uma deveria ser comprado igualmente para a outra. Se ele mandasse fazer um vestido, teria que ser igualmente copiado para a outra esposa. Ele presenteou-as com os prendedores. Impecáveis e perfeitamente parecidos. Contudo, nenhuma esposa sabia que ele as traia. Elas ficaram furiosas com a tragédia com o qual o homem as havia colocado. Ficaram tão iradas que decidiram se encontrar para marcar uma vingança. Quando a esposa francesa entrou na sala de jantar e viu a esposa inglesa, ela espera todas as reações possíveis, menos a que estava sentindo no momento. Ela esperava fúria e revolta, mas quando avistou a mulher sentada. Tão pacifica e calma e bonita. Ela esqueceu que era casada com um homem horrível. A inglesa se sentiu descoordenada com a visão a sua frente. Quase como se o mundo girasse mais rápido. Talvez fosse a gravidez que a deixasse assim mas ela sabia que não. Ela nem sabia que estava grávida. As duas estavam estatizadas. Uma em pé e a outra sentada. Um servisal a acompanhou até a mesa. As duas sorriram e conversaram e quando viram estavam se apaixonando. Elas subiram para o quarto da inglesa e tiveram uma noite de amor. Esqueceram que o Sr. James iria para a casa da inglesa aquela noite e quando viu as duas mulheres juntas e para piorar, nuas e gemendo, ele ficou louco e enojado. Ele correu, sem elas saberem até um armário secreto de armas e puxou uma pistola. Ele entrou no quarto e elas gritaram e diziam para ele se acalmar. Ele enlouquecia a cada minuto. Ele olhava da francesa para a inglesa e fazia o percurso novamente. Ele não chorava e tinha uma face irredutivel. Não sentia remorso. A filha única do fruto com o casamento da inglesa estava espiando pela porta. O Sr.James estava irado, mas conseguiu escutar a história das duas. Elas contaram para ele tudo que aconteceu. Elas ainda estavam nuas, de joelhos e as mãos entrelaçadas. A filha do casal ouvia tudo e chorava com a mão na boca para abafar o barulho. As duas mulheres na cama se abraçaram e sussurram 'Eu te amo'. A inglesa abraçava forte a francesa. A filha abriu uma fresta maior na porta. Sua mãe a viu e acenou, como se a estivesse buscando para ir para casa. Ela sussurou 'não se esqueça de mim'. Dois tiros as mataram naquela noite. Seus copos cairam ainda grudados. Os lençois brancos foram virando vermelhos com o sangue que caia. Ele atirou na inglesa primeiro e um segundo depois na francesa. Ele não conseguiu acertar seus corações e por via das dúvidas lhes atirou mais uma vez. Contudo, já estavam mortas. A meniana correu daquele quarto e se trancou no seu com medo do que o pai faria a seguir. Uma hora depois, ela saiu. Ela foi até o quarto da mãe esperando que a mãe estivesse ali, acenando para ela. Mas não estava. Seu corpo ainda estava grudado com o da mulher. A menina lhe tocou a face e acariciou suas bochechas. Também tocou na mulher que morreu com sua mãe. Ela não sabia porque haviam feito aquilo, mas pos na sua cabeça que amor verdadeiro era algo que nem o mundo conseguia controlar e por isso sua mãe se apaixonou pela mulher colada ao corpo de sua mãe. As lágrimas foram caindo e ela beijou a testa de sua mãe e do amor de sua mãe. Os olhos cairam sobre a única 'vestimenta' que usavam. Esses prendedores. Foram de tudo que tiveram que usaram igualmente naquela noite, uma única peça que precenciou o amor e a morte. A única peça chave para o amor dessas duas pessoas. A única coisa que as marcou aquela noite. A menina pegou os prendedores e correu de volta ao quarto. Olhar para o corpo de sua mãe sem vida era muito doloroso e horrível. Ela guardou os prendedores, que não estavam sujos de sangue, dentro de sua caixa de jóias antes que o pai voltasse. Ela prometeu para si mesma que faria o mundo ver que estavam exagerando. Que duas mulheres inocente morreram, literalmente, de amor. Ela chorou naquela noite. Chorou como se seu interior estivesse pagando fogo. Ela prometeu olhando para as estrelas que faria de tudo para que a história de sua mãe fosse admirada e não julgada."

A mulher tinha os olhos marejados e nostálgicos. Santana estava estatica e um lágrima escorria por sua face. Brittany estava ao prantos. As lágrimas desciam por sua face. Ela agarrou a namorada para sentir sua carne, sua pele e seu amor.

–Me desculpe perguntar, mas como você conhece essa história? -perguntou Santana tentando acalmar Brittany que estava apenas soluçando.

–Bem, aquela garotinha cresceu. E lutou bravamente por sua mãe, mesmo que a história seja desconhecida e julgada. Ela cresceu e se apaixonou por um joalheiro. Eles tiveram um filho, meu pai. Minha avó me contou essa história quando eu fui a visitar no hospital e me entregou os prendedores. Ela disse que o mundo tinha que conhecer a história através dos objetos, infelizmente, e me mandou vendê-los. Só que quando eu conto essa história, geralmente as pessoas pedem para eu parar ou ficam enojadas. Vocês foram as primeiras que ouviram ela inteira. -disse a mulher.

–E vocês estam vendendo? -perguntou Brittany mais calma. -Vocês não querem ficar?

–Minha avó fez esse pedido. A única coisa que ela me pediu para fazer antes de morrer. Eu quero que esse desejo se realize, mas acho que vou começar a ocultar a história quando eu contar.

–Não! Nós vamos levar, de certeza. Algo tão bonito com uma história tão bonita merece ser valorizado. -disse Santana.

–Ótima escolha. -disse a atendente e jurou que pode ouvir sua avó rindo ao longe como ela sempre fazia quando escondia um segredo. A mulher saiu com os prendedores para embrulha-los e deixou as duas sozinha.

–Você está bem, Brit-Brit? -perguntou Santana tocando sua face.

–Estou, San. Contudo, olhe para essa história! É tão linda e tão pura, apesar da tragédia. Parece Romeu e Julieta de Shakespeare. -comentou Brittany.

–É. Você é tão linda. -comentou Santana olhando para a namorada. Brittany sorriu.

–Você também, San. MINHA beleza. -disse Brittany.

As duas se abraçaram e sorriram. A atendente lhes entregou o recibo com as caixas em veludo. Sorriu para as meninas e acenou. Os olhos ainda marejados e um pouco vermelhos. As duas sairam de lá e seguiram para a casa de Brittany, onde trocaram seus presentes de compromisso e beijos doces. Elas não se esqueceriam da história por trás dos prendedores, mas prometeram que adicionariam uma história com final feliz a aquela que ouviram. Com a suas.)

Santana balançou a cabeça afim de guardar aquele pensamento. Pos o prendedor e alinhou o vestido. Calçou os sapatos e desceu para a sala. Ninguém estava na sala. Sua avó estaria chegando. Ela pensava sempre nas palavras que Brittany havia dito depois de ela contar que não poderia sair no sábado porque receberia sua avó. "Fique calma, San, eu te amo. Se ela falar alguma coisa muito ruim, só pense nisso." Catarina desceu em poucos segundos.

–Santana! Que belo dia, hã? -perguntou Catarina sorrindo.

–Faz, claro. Eu estaria feliz se não recebermos 'aquela' visita hoje. -disse Santana.

–Mamãe? Vocês se estressam com a mamãe? Eu acho ela hilária! Achando que eu vou mudar só porque ela quer mudar a minha vida! Cômico.

Joanne entrou nervosa.

–Você disse mamãe? Ela já está aqui? -perguntou Joanne.

–Não, ainda não. Só estou chocada com o trabalho que você leva para receber a mamãe. Ela não está muito aí pra isso, Joanne. Ela vai falar, criticar ou julgar em qualquer lugar e tempo.

Joanne assentiu cansada. A campainha tocou. Um frio percorreu a espinha de todos. Felícia e Anna seguiram até a porta e a família Kutterin esperava na sala. Ouviram resmungos mais altos e sabiam de certeza quem era. E quebrava aquela esperança que sentiam quando ela avisada que passava de visita. Esperança de que ela tenha mudado. Não muito, mas um pouco necessário.

Uma mulher com presença e ossos fortes apareceu na sala. Ela vestia seu casaco que ia até a panturrilha. Um coque preso, bem firme, nos seus cabelos negros com uma mecha branca. Diane. Lady Diane, como preferia, estava na porta da sala, sorriu e tirou o casaco.

–Contratou uma outra arrumadeira? Que esplendido, Joanne. Tenho pena de Felícia que cuidava dessa casa sozinha. -disse Diane.

–Sim, mamãe. E obrigada pela indicação. Anna é uma maravilhosa arrumadeira.

Diane apertou as sobrancelhas quando a viu.

–Catarina? -perguntou Diane.

–Mamãe! Que saudade de você! -disse Catarina ao longe, ela sabia que seria a primeira.

–O que está fazendo aqui? Eu mandei uma carta dizendo que iria em sua casa amanhã.

–Mandou? Claro que mandou. -disse Catarina rindo. -Perdão, mamãe. Agora eu moro com Joanne e George, pelo menos por um tempo. Estou dando aulas para Santana.

–Aulas, hã? Quando eu mandei você se casar com um homem com poder você se negou. Ele está esperando por você e tudo que você disse foi 'Não vai acontecer.'

–Eu não o amava! -disse Catarina se sentando cansada.

–Você não sabe o que é amor, Catarina. Amor não é um de seus livros. Não é algo que você vê. Você mal o conhecia.

–Eu sei que não era ele. Eu já achei o meu amor. Só estou esperando. -disse Catarina.

–Mamãe, Catarina não nos incomoda. Ela nos fez um favor incrível de dar continuação a aprendizagem de Santana. -disse Joanne empurrando as filhas para se sentarem.

–Santana, você está fazendo ballet, certo? -perguntou Diane.

–Sim, vovó. -respondeu Santana calmamente.

–Bom, apesar se ser trabalho de mulher fácil, continua sendo bom. Belo prendedor. -Santana se iluminou por dentro. Um elogio! Talvez sua avó estivesse melhor. -E quanto aos maridos? Como ela vai conhecer seus pretendentes dançando e tendo escola em casa?

–Mãe. Quando o amor aparece, ele aparece. Não importa aonde e quando. Ele simplesmente aparece. -disse Catarina respondendo por Santana que agradeceu.

–Tudo bem, romântica. Só estou questionando. -disse Diane.

–Você sempre faz isso, hã? -disse Joanne. -Questionar é de natureza humama. -defendeu-se Diane.

–E não se apaixonar, não faz? -perguntou Elizabeth que trocou olhares com sua tia meio rindo.

–Não vejo necessidade nesse ataque. -disse Diane.

–Não é um ataque, vovó, é apenas a verdade. -disse Rachel.

–Tudo bem. Eu sei como eu cometo minhas ações e me desculpem qualquer coisa que eu tenha falado com injustiça. Eu já ouvi muito as pessoas dizendo que eu sou grossa. Fui expulsa do meu clube do chá na semana passada.

–As pessoa podem confundir rudez com sinceridade. -comentou Santana. A avó olhou para ela sorrindo.

–Eu estava pensando em ir para a Alemanha. -disse Diane.

–Alemanha? -perguntou George entrando na conversa. - Mesmo com tudo que anda acontecendo?

–Pois é. Sabe que eu acho esses motins que estão fazendo tem um significado moral. Acho que vão resultar em algo grande! -disse Diane

–É, como uma guerra europeia. -disse Catarina. -É obvio que a Alemanha não vai ser parada.

–Enfim, eu disse que 'talvez' eu vá. -disse Diane. Quando estavam perto da mesa de jantar, Diane puxou Santana, Rachel e Elizabeth para um abraço. As três ficaram tão chocadas e nervosas que demoraram alguns segundos para abraça-la. Ela segurou Santana depois que as duas correram para a mesa.

–Eu simplesmente amei esse vestido. -disse Diane. -E eu fico feliz que goste de fazer ballet. Deus me deu duas filhas maravilhosas que me suportaram na velhice e eu estava errando tanto com elas. Deus me deu vocês netas pra ter uma segunda chance. Eu não vou deixa-la escapar mais. E esse prendedor! Quando eu vi meus olhos brilharam! É tão lindo! Sabe, os diamantes são os melhores amigos que alguém poderia ter.

–Eu tenho um amiga. MELHOR amiga na verdade. Ela possui um igual a esse. -disse Santana feliz pela sua avó.

Diane sorriu. Preocupada internamente, mas pela primeira vez em anos, feliz.

–Minha melhor amiga é Coco Chanel. Podemos fazer compras qualquer dia! Podemos até levar sua amiga!

No início da tarde, as meninas foram liberadas para terem um tempo porque Diane queria conversar com Joanne e Catarina. Diga-se de passagem que estas esperavam o pior, mas sua mãe havia chorado e lhes pedido perdão. As duas ficaram até sem saber o que falar de tão emocionadas. Quando as pessoas pensavam em milagres, elas pensavam na biblía, nas lendas, nos livros. E elas não estão erradas! Mas quando a palavra milagre era citada na presença da família Kutterin, era logo pensada em Diane.

Santana correu até o escritório do pai, aonde ficava o telefone de casa, e trancou a porta ficando sozinha. Discou o número de Brittany e esperou aquele som de navio. Três e sua voz atendeu.

–Olá? -perguntou Brittany animada. Ela adora quando seu telefone toca.

–Britt. Sou eu. -disse Santana. Ela podia sentir o sorriso de Brittany passando pelo fio e chegando perto de seus lábios.

–Olá Sant. Como está indo a visita de sua avó? -perguntou Britt.

–Bem. Ela está diferente. Parece até um milagre ou algo parecido. Ela primeiro me questionou pelo Ballet, mas depois me abraçou e pediu desculpas. Acho que ela estava arrependida, mas não foi sobre ela que eu liguei. Eu só gosto de escutar sua voz todo dia. Ela soa diferente pelo telefone, mas continua sendo linda.

–Oh, Sant. Sua voz também. É tão estranho, hã? Poder conversar contigo sem estar olhando para você.

–Digo o mesmo. Essa situação com a minha vó me fez pensar que tudo pode acontecer, Britt.

–Mas tudo pode acontecer, Sant. E se nada funcionar aqui, podemos tentar em todos os mundos até achar o certo. Talvez o que temos não é para esse mundo. O temos é normal, só não é comum.

Santana sorriu.

–Eu vou desligar, Britt. Meu pai não gosta que eu fique tempo demais no telefone, ele diz que pode me matar por causa das ondas. Ele anda lendo muita matéria de ciências. Até logo, Britt.

–Até logo, Sant. Um barulho rompia o silêncio do escritório. Ela pos o telefone no gancho e destrancou a porta para ver quem era.

–Santana, você pode me ajudar? -perguntou Rachel, ela tinha lágrimas nos olhos e tremia. Seu pedido parecia urgente na voz. Santana a puxou para seus braços e trancou a porta novamente.

–O que aconteceu, Rach? -perguntou Santana preocupada. Rachel ficou quieta tentando se acalmar. -Rachel, você tem que me contar o que aconteceu para eu poder te ajudar. -disse Santana tirando os cabelos de Rachel de seu rosto.

–As pessoas na escola... -disse Rachel. Ela desviava o olhar para qualquer ponto da sala. -Elas ficam me chamando de coisas. Jogam coisas em mim. E as vezes me batem. E quando eu pergunto o motivo eles dizem que é porque eu venho de uma família errada. Eles dizem que a mamãe traiu o papai. Eles dizem que Elizabeth é louca. Eles dizem que você...

–Eu o que, Rachel?

–Que você beijou garotas. Um menino te viu no parque. Mas eu sei que é mentira! Tudo! Eles só querem fazer isso pra me provocar. Eles me odeiam e eu odeio eles! Por que isso tem que acontecer? Por que eles não esquecem que eu existo?

–Rachel. Primeiro, você nem deveria estar ouvindo essas pessoas. Um dia elas vão crescer e ver o quão elas estavam erradas em ficar brincando com certos assuntos, mas tudo que você pode fazer no momento é ignorar. Você deveria parar de escutá-los. Eles vão parar. Se precisar, eu apareço na sua escola e preenso esses idiotas na parede. Rachel, você é incrível! Você vai ser uma estrela um dia. Você vai ser tão feliz que esses comentários idiotas vão ser irrelevantes e desconexos. Segundo, esses comentários são meio exagerado. Elizabeth é louca do jeito dela. Não quer dizer que ela mereça ir para um hospício. Quer ouvir uma verdade: todos somos loucos. Só temos vergonha de admitir. Mamãe não traiu o papai e nunca vai trair. Isso é tão verdade quanto as estrelas viverem no céu. A mamãe mal sai de casa. Eles não conhecem nossa família, Rachel.

–Eles estavam certos sobre você?

–Olha, isso não importa. A lição é que você deveria parar de ouvi-los. Eles não são importantes.

–Santana...

–O que foi, Rach?

–É a Britt, não é?

Santana respirou fundo e aproveitou para fechar os olhos. Seu coração batia muito rápido. Ele poderia pular para fora a qualquer momento. Uma bala poderia corta-lo em pedaços e mesmo assim, ele ainda bateria.

–Santana, eu não vou falar nada pros nossos pais. Eu só quero que você saiba o quanto isso é inusitado.

–A gente não escolhe por quem ama, Rach. Nosso coração apenas manda e nossa cabeça obedece.

–Eu não estou julgando. Depois desse empasse com a vovó eu sei o quanto irritante pode ser alguém julgando, sem saber por quanto essa pessoa passou pela vida. Você ainda está no começo dela, Santana, mas você vai sofrer tanto com isso. E digo isso da melhor maneira possível. Você está preparada?

–Não. Eu não sei se um dia estarei, mas eu faço de tudo por ela. -disse Santana.

Rachel sentiu um leve descoforto mas se lembrou de com quem estava falando: sua irmã! Ela não poderia tratar sua irmã diferente! Elas são do mesmo sangue! Elas cresceram juntas! Elas são amigas. Rachel abraçou Santana.

–Vamos deixar esse momento guardado no fundo da gaveta? -perguntou Rachel.

–Combinado.

No fim do dia, Joanne estava se recuperando da conversa com sua mãe e pela primeira vez ela não conseguia respirar pelo motivo certo. George fumava um cigarro na sala de estar e Rachel acompanhava seu pai com um copo de água na mão e um sorriso estranho na face. Elizabeth acabou ficando doente de verdade porque ela começou a tossir mais secamente e a ter febres. Felícia e Anna estavam no quarto que dividiam. E Santana e Catarina estavam na quarto da menina conversando.

–Você disse que está apaixonada. -disse Santana sorrindo.

–Pois é. Eu já li muita coisa sobre o amor. Eu já conversei com pessoas que sofreram e tiveram e tem amor. Eu já tentei encontrar esse amor, que tanto falam, mas ele gosta de te torturar e ele aparece do nada e você nem está esperando. Sabe, amar é como se fosse seu verdadeiro sonho.

–É como algo que alimenta sua alma. -continuou Santana.

–Sim! É indecifrável! É só amor.

–E por quem você está apaixonada? -perguntou Santana.

–Você promete não ficar surpresa?

–Não! Pode ser qualquer pessoa no mundo! Vou ficar surpresa até se for nosso carteiro. -disse Santana e Catarina pareceu suspirar.-Não é nosso carteiro, é?

–Não. Ele... Bem, você o conhece. Ele é forte e não sorri muito. Ele tem cabelos loiros e mãos grandes. Ele tem uma filha maravilhosa que está apaixonada pela minha sobrinha. -disse Catarina sorrindo.

–Sr. Grant? Sério? -perguntou Santana sorrindo. -Isso é ótimo, tia Catarina! Vocês formam um belo casal! Nossa! Vocês dois juntos! Quem diria? Eu estou muito feliz, tia! Isso é muito bom!

–Vou agradecer a você e a Brittany! Vocês que saiam para namorar e me deixavam com ele.

Santana começou a rir. Ela se iluminava por dentro. Era como se seu corpo fosse feito de velas e quando um amor nascia uma vela acendia.

–Tia, eu tenho uma pergunta, mas não é sobre você e o Sr. Grant. O que você acha que as pessoas vão falar quando descobrirem sobre mim e Brittany? Acha que elas vão jogar coisas na gente, tipo pedras? Ou vão fazer a gente gravar, ficcionalmete, em nossos peitos o que somos para ninguém chegar perto de nós? Eu tenho sorte de ter você comigo, mas você é uma em um bilhão!

–Santana! Calma! As pessoas não vão jogar coisas em vocês. Vocês não vão poder andar com tanta frequencia de mãos dadas, mas vão se amar do mesmo jeito. Vão existir todo o tipo de pessoa na vida de vocês. As que toleram e as que não toleram. Vocês só precisam ignorar os comentários negativos. Não deixem que uma etiqueta acompanhe vocês. Antes de gostarem de mulheres, vocês são humanas! Pessoas sã que contribuem para sociedade igualmente e como uma família comum.

–Obrigada, tia. Eu só fico com medo... As pessoas estão descobrindo. Elas vão saber um dia e vão me tratar diferente.

–É, elas vão. Mas você vai sorrir pra elas e mostrar que não tem nada de errado com você. Vocês estão bem inseguras, hã? Eu posso ajudar. Santana você já ouviu falar de um grupo de artistas chamado "Círculo de Costura"?

–Não.

–Eu tenho uma amiga que está passando suas férias em Londres e ela pode ajudar vocês.

–Mas o que é esse grupo?

–Círculo de Costura é composto por mulheres que gostam de mulheres, mas não podem dizer. Algumas não tem medo de falar, como a minha amiga. Santana, existem pessoas como você lá fora! Isso que você sente pela Brittany é normal. -disse Catarina sorrindo.

–Ela disse a mesma coisa.

–Então, pode começar a acreditar! Vocês vão amar conhecer a senhorita Velma Clarck.

Santana assentiu.

–Obrigada, tia Catarina. Catarina abraçou a sobrinha e saiu do quarto. Ela parou na porta.

–Bonito prendedor. Boa noite.

Santana sorriu e correu com a mão pelos cabelos. Tirou o prendedor e o beijou. Ela sentiu como se Brittany estivesse no quarto. Pos o prendedor na pentiadeira e foi se deitar. Um dia cheio como aquele merecia descanso. Um pouco de tudo havia mudado e tudo drasticamente. Ela pensava na força do universo que trabalhaba a favor. Contudo, cansada demais para pensar, ela pensou em Britt e pensou que se ela estivesse ali ela diria que o prendedor é mágico. Santana fechou os olhos que ardiam por ficarem acordados.

–É, foi o prendedor mágico


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Notas finais do capítulo

Bem, esperem por muita coisa a partir de agora! Amo vocês e espero que tenham gostado!! Senti muita saudade de escrever essa história e agora voltei! Principalmente com essa incrível season 6!!!! Beijosss