At The Ballet escrita por Luiza Brittana4ever


Capítulo 15
Era de ternura


Notas iniciais do capítulo

Primeiro, gostaria de dedicar esse capítulo a melhor leitora que eu poderia pedir que tem os melhores comentários e entusiasmo: RAH! Obrigada por continuar firme e forte! heuheuehue Espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/366375/chapter/15

Já passava das oito da manhã quando Anna adentrou o quarto de Santana para acordá-la. Anna já havia se acostumado tanto com os residentes da casa que sabia o
horário exato de acordar Santana. Depois das oito, Santana não ficava de mau humor. Contudo, quando Anna abriu a porta e ligou a luz, Santana já estava sentada em sua
cama.
–Aconteceu alguma coisa, senhorita? -perguntou Anna abrindo as janelas. Santana continuava no mesmo lugar como se fosse de cera. -Senhorita! Está se sentindo bem?
–Ah, me desculpe, Anna. Eu só... Estou bem, sim. Me desculpe causar embalo.
–Senhorita, está tudo bem mesmo? -perguntou Anna. Ela não era intrometida, diferente disso, mas ela tinha um instinto materno muito grande.
–Estou. -Santana balançou a cabeça e se levantou.
–Seu banho está pronto e a roupa está separada. Eu fui buscar na lavanderia esta manhã.
–Obrigada, Anna.

Santana caminhou de seu quarto até o banheiro. Meio zonza e com as pupilas dilatadas, como se tivesse levado um susto. Ela passou pelo quarto de Elizabeth e ouviu uma tosse seca e entrou para ver a irmã.
–Elizabeth, você está bem? -perguntou Santana.
–Bom dia, estou só com essa tosse e um pouco de febre. Acho que quando pedimos para ficar doente na visita da vovó, Deus leva a sério demais. -disse Elizabeth tentando
falar sem falhar a voz, o que foi impossível.
–Mas você fica doente, pelo menos, uma vez por mês. Será que você não está com uma gripe forte?
–Eu não sei, mas os rádios dizem que devemos desocupar os hospitais com coisas fúteis por causa dessas gripes e pestes que as pessoas tem pegado. Eu não quero dar
entrada por uma gripe e sair sem um braço.
–Elizabeth! Perde a voz, mas ainda faz graça. -disse Santana rindo baixinho e se levantando.
–Aonde você vai? Rachel falou que você ia sair com a Tia Catarina. -comentou Elizabeth sentando-se para olhar para a irmã.
–Sim, nós só vamos até o centro. Se você fosse até o hospital, eu até pensaria em te levar.
–Talvez numa próxima vez. Eu vou voltar a dormir.

Santana deixou o quarto da irmã e seu coração bateu mais forte. Ela tomou banho e vestiu um vestido branco com flores azuis. Arrumou o cabelo e colocou o prendedor.
Seu dia pareceu melhorar, mesmo com que teria que fazer depois. Ela sentiu como se o ar finalmente entrasse em seus pulmões. Ela estava assutada! Não poderia mentir,
ela ia conhecer Velma Clarck! Ela já havia conhecido uma mulher que gostava de mulheres, a dançarina Antonieta Scamender, amiga de sua tia, mas agora ela ia conversar
sobre isso. Ela ia oficialmente dizer pro mundo que estava apaixonada de um jeito diferente. Ela estava, sim, assutada. Só que em algumas horas ela iria esquecer isso
completamente.

Catarina entrou no quarto de Santana quase pulando, ela estava feliz e muito mais que o normal. Santana quase caiu da cadeira de sua penteadeira quando Catarina entrou no seu quarto, assustando-a.
–Vamos passar na casa de Brittany, certo? -perguntou Catarina.
–Vamos, mas geralmente quem faz essa pergunta sou eu. Você está gostando de verdade do Sr. Grant. -disse Santana sorrindo.
–É acho que sim! Meu interior está estranho, é normal?
–Tudo é normal, até as coisas estranhas, quando se trata de estar apaixonada por alguém. -disse Santana terminando de arrumar seu cabelo. -Pronto! Podemos ir?
–Claro. Eu disse aonde vamos encontrar a Velma? -Santana negou. -Ela alugou um quarto de hotel numa das franquias do Plaza. Ela quer ter certeza que vocês não se
sintam incomodadas ou desconfortáveis. Ela é um amor de pessoa. Ela só tem um senso de humor forte, mas quando eu disse que a situação era séria, ela falou com mais
seriedade.
–Tia Catarina, como você conhece todas essas pessoas? Eu sei que você viajou bastante mas todas essas amizades foram frutos dessas viagens? Se você disser 'sim' eu vou pegar um navio com a Britt agora e ver como é. -disse Santana já no carro.
–A maioria foi, sim. Mas é a intuição. Eles se sentiam bem perto de mim e eu perto deles. Como se fosse um quebra cabeça. Eles não se sentiam julgados ou diferentes quando eu estou por perto, a Velma que disse isso e foi a primeira vez que eu escutei ela falando algo tão sério. Você ainda vai ter tempo para fazer viajar, eu não recomendo ninguém a ficar saindo com esses motins e visão cega da Inglaterra e França para a Alemanha. Agora, vamos esquecer isso porque daqui a pouco vamos chegar na parada mais importante!
Santana sorriu. Sorria pela tia que estava sempre feliz, mas que agora percebia que não era uma felicidade completa e que achou o amor para completar qualquer coisa
que faltasse em sua vida. Sorria pelo dia que teria pela frente. Sorria pelos pássaros que cantavam. Sorria pelo frio que fazia. Ela sorria por qualquer bobagem porque
ela estaria com a Brittany em poucos minutos e quando elas estavam juntas o mundo parecia um lugar melhor e mais aconchegante. Como se nada estivesse errado e tudo
fosse certo.

Catarina que estava dirigindo o carro, o que era engraçado porque muitas pessoas paravam para olhar, mas ela não se importava. Ela queria chegar tão rápido na casa dos Grant que Santana acha que de todas as leis da física, sua tia quebrou pelo menos umas cinco.
Ela estacionou o carro e desceu, sendo acompanhada por Santana. Quando subiu o primeiro degrau, Santana teve que segura-la, porque ela tremia. Ela estava nervosa!
Santana achou engraçado e subiu com a tia apoiada em seus ombros. Tocou a campainha e Catarina ficou reta e desprendeu-se de Santana. O Sr. Grant atendeu a porta e
ficou surpreso com a visita. Ele chegou a ficar vermelho quando viu Catarina tão perto. Alguns segundos sem falarem nada, Santana deu o tom.
–Ah, é. Bom dia, Sr. Grant.
–Bom dia, Santana! Brittany não avisou que vocês viriam hoje. -disse o Sr. Grant.
–Ela não sabia. Me desculpe, Howard, aparecer sem ter ligado. -disse Catarina.
–Tudo bem. Eu não me dou bem com aquele aparelho, eu estava lendo uma matéria ontem no jornal que dizia que as ondas do telefone podem matar, vocês leram? -perguntou
Howard dando espaço para elas entrarem.
–Não, mas meu pai leu a mesma matéria. Vocês já tem muitos assuntos para conversar. -disse Santana sorrindo.
–Eu adoraria conhecer seu pai. -disse Howard ainda sorrindo, como se o frio lá fora congelasse sua cara, mas não. O que congelou era algo quente e humano.
–Papai, está tudo bem? Eu ouvi vozes e você está com o rádi... -Brittany estava descendo a escada quando viu quem estava na sala de estar. - Sant! O que vocês estão fazendo aqui!?
Brittany sorriu muito. Aquela sala irradiava todo tipo de amor e ela era tão quente quanto uma fogueira no verão, se não mais. Ela andou até a Santana e lhe abraçou forte. Beijou sua bochecha e foi dizer um 'oi!' para Catarina para depois se sentar ao lado de Santana.
–Nós viemos te buscar para darmos um passeio. -disse Catarina olhando para Howard. -Se o Howard concordar, é claro.
–Claro que pode. Contanto que voltem antes das seis. -disse Howard olhando para Brittany.
–Vem, Sant. Vamos até meu quarto para me ajudar a escolher uma roupa! - Brittany saiu puxando Santana até seu quarto no segundo andar. Ela fechou a porta e esmagou Santana na porta mesmo.
–Oi. -disse Brittany roçando seus lábios nos de Santana.
–O-oi! -respondeu Santana amando o contato, mas implorando para que a distância acabasse.
–Eu estava querendo te ver. -disse Brittany ainda roçando os lábios. -E eu sabia que eu ia te ver hoje. Eu queria fazer isso.
E deu um beijo em Santana com as mãos em seu pescoço. Santana respirou e fechou os olhos. Ela sentia a língua de Brittany, os lábios! Tão macios e cabendo perfeitamente na sua boca. Ela passaria horas ali, ela pousou seus braços ao redor da cintura da Brittany que sorriu, mas o ar estava fraco e ela teve que soltar os lábios. Ela beijou suavemente os lábios de Brittany e abriram os olhos na mesma hora. Os olhos azuis de Brittany sorriam tanto que brilhavam! Os olhos de Santana dançavam e acompanhavam as órbitas azuis.
–Oi! -disse Brittany sorrindo.
–Oi, Britt. -disse Santana sorrindo, acompanhando a Brittany e isso ela faria a vida inteira.
–Eu não quero sair daqui.
–Nem eu, mas acho que hoje somos obrigadas. -disse Santana sorrindo triste pela cara de Brittany.
–O que nós vamos fazer hoje de tão importante? -perguntou Brittany se afastando de Santana com má vontade e indo até seu armário.
–Aparentemente, nós vamos até o Plaza conversar com Velma Clarck. -disse Santana
–Velma Clarck? A que fez o filme da cobra? Por que? -perguntou Brittany surpresa, um sorriso floresceu, novamente, em seu rosto.
–Tia Catarina quer que ela fale com a gente sobre o fato de sermos namoradas.
–Me desculpa, Sant. Mas eu não entendi o que Velma Clarck tem haver com isso... -disse Brittany puxando Santana, que estava em pé ainda na porta, até sua cama.
–É que ela também tem uma namorada. -disse Santana se sentando na cama calmamente.
–Sério? Isso é tão legal. Eu falei pra você que era normal o que estamos sentindo! -Brittany se abaixou e deu um selinho em Santana.
–Bota o vestido azul. Aquele que você usou quando foi no cinema. Você fica tão bonita com ele, mais do que já é. -disse Santana contornando com o dedo as flores de seu vestido e olhando para Brittany.
–Ah, Sant! -disse Brittany. Ela ficou de cócoras da frente de Santana e lhe beijou os lábios. Ainda tão macios e perfeitos. -Você que está linda com esse vestido!
Brittany começou a botar seu vestido na frente do armário e de costas pra Santana. Santana viu a cena estasiada. Algo embaixo do seu abdome pulsava e sua respiração
pesava. Ela levantou a mão para encostar na pele branca como se fosse mágica! Seu peito subia e descia.
–Sant, eu não consigo fechar. Podes me ajudar? -perguntou Brittany.
–Cla-claro. -disse Santana se levantando. Ela beijou a pele a mostra e subiu o zíper. Brittany se arrepiou e se virou. Juntou os lábios e agarrou a cintura de Santana,
colando seu corpo no dela.
–Sant! -disse Brittany parando para respirar. -Acho melhor nós descermos.
–Eu não te deixei desconfortável, deixei? -perguntou Santana.
–Não! É só que... Acho que não estamos preparadas. Eu não sei como é isso. Deve ser bom, porque meu corpo pede, mas eu sinto que não é nosso momento ainda, entende?
–Entendo. Completamente. -disse Santana segurando a mão de Brittany e levando até seus lábios.
–Obrigada. -sussurrou Brittany.

As duas saíram do quarto devagar e ouviram o final da conversa dos dois. Brittany ainda não sabia que Catarina gostava de seu pai, mas ela poderia sentir desejo e amor de longe. Ela sorriu e parou Santana na escada que ficou confusa, mas abaixou mesmo assim.
"Pois é. Às vezes eu sinceramente não sei o que fazer. Eles me mandam essas cartas, mas eu só posso corresponder quando a situação estiver séria. Eu não posso deixa-la e eles sabem disso, por isso me mandam cartas de aviso. Sinceramente, invés de pensarem na defesa, eles deveriam pensar num ataque." A voz de Howard ecoou pela casa.
"Uma boa defesa é um ótimo ataque. Eu tenho um livro da Grande guerra que tem depoimentos de soldados. Eu posso te emprestar qualquer dia." ecoou a voz doce de Catarina.
"Eu adoraria. Sabe o que mais? Se você aceitasse jantar comigo amanhã." peguntou Howard. Brittany abriu a boca surpresa, suas bochechas coraram e ela ria baixinho. Segurou a mão de Santana e esperou.
"Eu simplesmente adoraria!" disse Catarina, a doçura e a felicidade se misturaram.
–Você sabia que eles estavam se gostando, né? -peguntou Brittany sussurrando.
–Eu sabia que a tia Catarina gosta do seu pai, mas não sabia que era recíproco. -disse Santana. -Quer dizer, eu esperava, mas nunca se sabe.
–Ele me pergunta sobre ela. Primeiro sobre você e depois me pergunta sobre Catarina. Isso vai ser tão bom!
–Pois é! Quanto mais amor melhor. -Brittany sorriu e puxou Santana pelo braço e deu mais um selinho. Seus olhos cresceram e ela pareceu lembrar de uma coisa muito importante. -O que foi, Britt?
Ela levou as mãos até a cabeça e puxou Santana até seu quarto novamente.
–O que foi, Britt?
–Eu quase sai sem ele. -disse Brittany indo até sua caixa de joias e pegando o prendedor de diamantes. Brittany se virou, ainda sorrindo, e Santana rindo com a reação
de Brittany. -Você pode colocar?
Santana acentiu com a cabeça. Ela separou uma mexa do cabelo loiro, prendeu e pos o prendedor.
–Lindo. -disse Brittany.

As três chegaram até a porta do hotel Plaza em menos de meia hora. As duas meninas ocupando os bancos traseiros e Catarina na frente. Ela ria de qualquer coisa que
fazia. Deixaram o carro perto do hotel e entraram, passando pela portaria enorme. O porteiro responsável pediu identificações e checou a lista de pessoas com acesso aquele apartamento, ele deixou que subissem. No elevador, que era a menor coisa daquele hotel, se espremeram e subiram. Santana segurava a mão de Brittany. Catarina bateu na porta e uma mulher loira atendeu a porta.
–Pois não? -perguntou a mulher.
–A senhorita Velma está? -perguntou Catarina. A mulher assentiu e olhou melhor para Catarina.
–Catarina, certo? -disse a mulher sorrindo. -Eu sou publicitária da Velma. Ela está no quarto, agora. Disse que vocês poderiam entrar.
–Publicitária, hã? Muito trabalho imagino! -perguntou Catarina entrando sendo seguida pelas duas meninas.
–Ah, sim! Todos os jornais querem falar com ela sobre ela ter se revelado. Eu tenho que ficar com ela em qualquer momento, você deve conhecer ela melhor do que eu. Adora falar. Olá, meninas! Meu nome é Chloe. Vocês aceitam alguma coisa?
Elas negaram com a cabeça ainda olhando para aquele quarto de hotel. Era enorme, era colorido, era lindo e cheio de coisas, a maioria peças de arte e cerâmica.
–Bonito, hã? -disse Chloe. -Quando vocês conhecerem a Velma vão perceber que tudo que ela usa, faz ou fala é uma pequena parte do que ela é.
–Chloe. Não precisa me elogiar assim! -disse uma mulher saindo de uma das portas duplas da suíte. Ela tinha cabelos negros e pomposos. Seu corpo estava escondido por trás de um vestido preto e branco, mas dava para notar cada curva em seu devido lugar. Ela tinha pernas esguias e usava salto. As mãos eram finas e sedosas e sua face era simplória, mas seus olhos não pareciam ser ingênuos. Parecia que a vida foi colhendo momentos e plantando em seus olhos. Era tão linda que parecia uma pintura.
–Velma! -disse Catarina sorrindo.
–Catarina! Faz mais de um ano que não te vejo, você não pode mais sumir assim! Eu preciso de vocês duas me dando conselhos! -disse Velma brincando e olhando para
Catarina e para Chloe. Deu um abraço em Catarina e olhou por cima de seu ombro. -Eu senti saudades.
–Eu também. -respondeu Catarina sorrindo e apertando mais Velma antes de soltar.
–E você as trouxe mesmo! -disse Velma.
–Eu disse que iria trazer. -disse Catarina sorrindo
–Muito prazer, meninas. Eu sou a Velma. -disse Velma apertando a mão de cada uma e dando um abraço nas duas de uma só vez. -Bonitos prendedores.
–O prazer é nosso. -disse Brittany.
–Obrigada. -disse Santana pelos prendedores.
–Bem, eu não sei como é isso. Eu prometo não ficar enchendo vocês com a minha história, mas que queria ouvir a de vocês. Eu não vou julgar, até porque olhem para mim!
–disse Velma rindo sendo acompanhada por todas. -Mas eu posso dar dicas e situações que vocês vão querer evitar. Existe tantas pessoas ignorantes!
Brittany e Santana assentiram. Velma as levou até o quarto com Catarina e Chleo. Ela foi até Chloe e pediu para ela ir até a melhor padaria e compras coisas com nomes difíceis que Brittany ficou enjoada só de pensar o que seria só por ter esse nome.
Santana começou a contar que tinha visto Brittany do outro lado da rua e que havia sonhado com ela nos dias seguintes. Brittany disse que ficou confusa com o que sentiu quando viu Santana pela primeira vez, mas quando viu ela no seu primeiro dia na Academia de Ballet ela ficou três aulas tomando coragem só para falar com ela.
Uma acrescentando e completando a história da outra até chegarem no ponto onde tinham medo. Medo de serem julgadas, mas principalmente rejeitadas por quem as ama.
Velma assentia, concordava e flutuava na história.
–Bem, algumas pessoas, a maioria delas na verdade, não vão aceitar vocês. Ou não completamente. Eu não estou sendo pessimista, estou sendo realista. Depois que eu me
assumi, parei de frequentar certas festas porque as pessoas daquele ambiente me oprimiam. Elas não tem ideia do que é ser oprimida. Eles fazem pensar que você está errado, e meninas escutem com atenção!, não tem nada de errado com vocês. O mundo que vocês vivem que é errado. Talvez daqui a cinquenta anos ou cem, duas mulheres se beijando na rua vá ser tão normal quanto uma mulher e um homem, mas isso só vai ser possível se formos fortes o bastante agora. Eu não estou pressionando vocês, de jeito nenhum! Só quero que vocês saibam que o mundo gira, as classes evoluem e tudo é possível. Não percam a esperança! Agora, olhem! Vocês possuem uma coisa que milhares de pessoas querem: amor verdadeiro! Nem eu achei o meu ainda! Vocês vão passar por muita coisa, mas vão sempre ter uma a outra para buscar forças. Talvez, seus pais não estejam de acordo, o que é natural, mas eu realmente não posso ajudar nisso. Mas como eu disse, tudo é possível.
Santana olhou para Brittany com carinho. Ouvir palavras de alguém que sabe o que estão sentindo é como se de repente o medo fosse indo embora aos poucos. Como se um
pesadelo estivesse acabando. Brittany olhou de volta com a mesma ternura e doçura que sempre olhava. Velma pos a mão no peito e pediu licença levando Catarina consigo.
–Você viu isso? -perguntou Velma.
–Viu o que? Os olhares? -perguntou Catarina.
–Elas tem algo genuíno! Tão puro e sagrado que me faz acreditar no amor. -disse Velma. -E tudo isso por causa do Ballet!? Acho que vou me matricular numa aula.
Catarina riu da linha de pensamento de Velma.
–Quando dois corpos estão destinados um para o outro, eles podem viver a vida inteira procurando um pelo outro, mas eles se encontram. Existe um final feliz. Só que às
vezes deixamos escapar as mais belas rosas enquanto nos perdiamos olhando as margaridas. Seu amor verdadeiro ainda está por vir. -disse Catarina.
–Ah, Catarina! Casa comigo? -disse Velma abraçando a amiga.
–Não posso. Acho que estou apaixonada! -disse Catarina sorrindo.
–Então, você achou sua rosa?
–Achei um jardim inteiro.

Brittany brincava com o cabelo de Santana. Santana estava deitada no colo de Brittany. As duas estavam no sofá que tinha no quarto imenso.
–Eu não sabia que você me reconheceu no meu primeiro dia na academia, você perecia tão confiante. -disse Santana olhando para Brittany diretamente para os olhos azuis.
–Pois é. Tivemos Polca juntas. Eu me escondi perto da Snow e disse que ia arrumar minhas sapatilhas. Eu estava tão nervosa que minhas mãos tremiam. Como no dia que nos
beijamos.
–Eu lembro desse dia. É claro, como poderia esquecer. Você estava falando sobre sua mãe. Ainda não gosta de tocar no assunto, não é?
–Eu não a conheci. Minha tia diz que sou muito parecida com ela, mas sinceramente eu não sei. Eu só sei do que me contam dela. Eu não tenho nada a me agarrar a ela. Eu tinha um gato, mas ele fugiu quando nos mudamos. Nem aquela casa tem a memória da minha mãe. Mas eu já não me importo, eu ficava triste pelo meu pai, mas pela primeira vez, eu o vi sorrir! De verdade!
Santana se sentou e abraçou-a. Sentindo seu vestido molhar, mas não importava. Porque quando um anjo chora, só podemos oferecer carinho.
–Meninas! Vocês estão bem? -perguntou Velma entrando.
–Estamos. -disse Santana sorrindo com ternura. -Foi só uma viagem de volta ao passado.
–O passado é poderoso. A gente se agarra a ele sempre que pode. Sempre queremos que o passado mude, mesmo sabendo que não vai. O passado é engraçado, porque é onde
guardamos nossas melhores e piores memórias.
–Ou memória nenhuma. -disse Brittany tirando sua cabeça da clavícula de Santana e deitando em seu ombro.
–É. Meninas, eu sei que vocês já tiraram suas dúvidas e já fragmentaram a opinião de vocês, mas antes eu queria dar um adento.
"Santana e Brittany, vocês formam o casal mais real que eu já vi! O que é loucura, porque vocês tem desesseis anos! Mas acho que é por isso mesmo, vocês não viram a vida e a pureza segue vocês. Vocês desejam o melhor e vão lutar para ter esse melhor. Sempre que precisarem, sempre que quiserem, me liguem! Me mandem uma carta! Eu só quero dizer que estou orgulhosa pela coragem e força que vocês carregam lado a lado. Vocês não são mais dois indivíduos, vocês são uma coisa só. Que é linda de admirar .Nunca escutem comentários negativos, eles nunca valem a pena. Eu sou atriz e quando eu sai do armário, jaula, chame como quiser, as manchetes da minha cidade natal eram "Ainda bem que ela é bonita!" ou "Atriz faz declaração e se torna humilhação pública". Eu nem não quis ler a reportagem. Chleo me trouxe o jonal de Nova York para mim ler e a manchete era "Mundo novo! América reconhece mudança! Somos livres." Eu entendo que existem diferentes casos de comportamento pessoal, mas eu me encontrei com um correspondente sobre a notícia e ele mencionou que todo o departamento de entretenimento e social se encontrou para discutir a situação. Foi um dos
únicos jornais que tive apoio, mas eu tive! Entendem, meninas? O mundo está girando. Quando eu entrei para o Círculo de Costura, eu fiquei com medo. Medo de ser uma armadilha ou medo de me aceitar quem eu sou, mas apartir do momento que eu aceitei quem eu era tudo muda! Tudo parece mais fácil, como quando a Grande guerra acabou. Tudo pareceu tão simples, mesmo que não seja."
Velma tinha os olhos marejados. Ela poderia ser uma atriz agora e poderia se hospedar em hoteis como o Plaza, mas nem toda sua vida foi assim. Ela foi abandonada pelos pais e não teve família. Ela morava em lares até ser dispensada. Nenhuma simples pessoa para chamar de amiga. Ela tinha dezoito quando tentou o papel para seu primeiro filme. Ela passou e quando foi conversar com o diretor sobre o papel, ele perguntou qual era história de vida dela. Ela respondeu, com o mesmo olhar que está usando para essas duas meninas a sua frente. Ele olhou para ela e disse: "Artistas sofrem. São almas que vagam pelo mundo. São solitários, porque se acham mal incompreendidos. Todos os artistas são fantásticos. Todos usamos uma máscara para esconder a verdade de quem somos. Mesmo que essa verdade seja o motivo de sermos artistas." Ela parou de sentir pena e raiva de si mesma. Ela começou acreditar que essas falhas na sua vida só eram falhas para quem não a havia vivido, o Mundo inteiro.

As meninas sorriram para ela em agradecimento. Velma deixou o quarto e foi até sua cigarreira e pegou um de seus cigarros, colocou na piteira e se sentou perto de
Catarina que havia ligado o rádio e estava tensa.
–O que foi, Catarina? Você parece assustada. -disse Velma puxando a fumaça pela piteira e soltando.
–Assutada? Eu estou horrorizada! A Alemanha quebrou outro acordo do Tratado de Versálies. Isso significa que a Inglaterra e a França estão cegas de propósito. Eles não
querem que a Rússia cresça. Isso não vai ser bom... Hitler está comandando um exército. Só apontar para qualquer país no mapa, que a Alemanha vai invadir. Uma Guerra
europeia está vindo.
–Você diz guerra europeia porque tem medo que isso se torne na Segunda Guerra Mundial. -disse Velma puxando mais fumaça da piteira.
–Eu não quero dizer alto para que se realize, mas a América está quebrada, não está? -perguntou Catarina.
–Não, não realmente.

As duas meninas pediram para dormir uma na casa da outra e Santana falou com sua mãe pelo telefone perguntando se poderia ficar para dormir. Elas ouviram alguns comentários no rádio e ficaram com medo. Medo do que o amanhã traria. Para a vida delas ou para o mundo. Elas escutaram um pedaço do discurso de ódio de Hitler. Judeus, pessoas com doença mental, qualquer um que não fosse da raça ariana e os homossexuais. O amanhã era tão incerto. Catarina compreendeu o medo das meninas e deixaram o Plaza seguidas de Velma, que agradeceu por conhecer as meninas, mas estava horrorizada com o discurso daquele homem. Elas chegaram na casa de Brittany, que cumprimentou seu pai com um abraço avisando que Santana dormiria ali, e levou Santana consigo. Ela trancou a porta e se sentou na cama, cansada.
–Você quer conversar sobre o que ouvimos? -perguntou Santana receosa. Brittany negou.
–Não, não hoje pelo menos. Eu só não quero ouvir nada. Só a sua respiração e cair no sono. Eu estou assustada, Sant. -disse Brittany.
–Ei! Olha para mim! -disse Santana pegando o queixo de Brittany e levantando-o. -Nada vai acontecer com a gente.
–E isso se diz respeito ao que? Tudo pode acontecer, Sant! -disse Brittany. -Eu só não entendo. Mais uma guerra.
–Britt! Olhe para mim! -disse Santana nervosa, ela nunca chamou a atenção de Brittany, mas com os acontecimentos recentes. -Nada vai acontecer com a GENTE! NÓS! É sim,
outra guerra que pode resultar em algo bom ou não.
–Algo bom? O que a outra guerra deixou de bom?
–Eu não sei! Pessoas sobreviveram a primeira guerra. Pessoas como nossos pais... -disse Santana e então percebeu porque Brittany estava tão assutada. Ela não estava
com medo por ela, ela estava com medo pelo pai. Santana abraçou-a forte levando seu corpo até deitar com ela na cama. Ela fazia carinhos e mexia com o cabelo da
Brittany. -Britt. Seu pai vai ficar bem.
–Vai? -perguntou Brittany abrindo um olho. Ela olhou com um olhar tão inocente quanto a pergunta.
–Vai. Só estão especulando coisas nos jornais e rádios. Nada foi afirmado ou confirmado. Você não precisa se preocupar até o dia que seu pai disser que precisa.
–Eu te amo, Sant. -disse Brittany abrindo os olhos de repente. Os azuis tão aguados por causa das lágrimas.
–Eu também te amo. -respondeu Santana sorrindo.
Santana puxou Brittany para um beijo, como aquele mais cedo. Os vestidos entrando em atritos. Santana subiu em cima de Brittany com as pernas ao seu redor e continuou
beijando-a. Brittany subiu um pouco, forçando os cotovelos, para ter mais contato. Os cabelos loiros foram se soltando aos poucos, assim como os negros. Brittany se
sentou quebrando o beijo, aproveitando para buscar ar.
–Você sabe como funciona? -perguntou Brittany meio vermelha pela respiração.
Santana negou.
–Você quer continuar? -perguntou Santana. -Se você quiser parar, só fala.
–Assustada, Sant? -perguntou Brittany sorrindo com malandragem.
–Não. Você? -perguntou Santana.
Brittany negou. As duas estavam receosas. Receosas de fazerem algo errado.
–É só que... Eu penso que se eu fizer algo errado? Ou não saber aonde tocar ou quando. -disse Brittany que corou um pouco.
–É, eu também. -concordou Santana. -Você quer esperar? Eu acho que quero.
–É, eu também. -concordou Brittany. Ela abraçou Santana e deitou sua cabeça na clávica dela. Respirou fundo para acalmar a ansiedade e prazer que ela estava sentindo.
Brittany começou a tirar os botões das casas no vestido de Santana que sorria a cada botão tirado.
–Não íamos esperar? -pergutou Santana tirando o cabelo de Brittany pro lado e beijando sua clavícula.
–Vamos! Mas isso não impede o desejo que eu tenho de te ver agora. -disse Brittany sussurrando.
Brittany comecou a descer o vestido devagar e parou um pouco antes de mostrar os seios da morena. Ela retirou a cabeça da clavícula e continuou. O olhar fervendo, mas com um pouco de receio por fim. Ela tirou o vestido do corpo moreno e admirou. Mesmo com as calçolanas, ela achava a morena ainda mais bonita. Como se agora pudesse vê-la de verdade. Santana já havia descido o zíper do vestido azul de Brittany e retirou ele sem mistério. As duas se olhavam com um desejo imenso. Santana retirou seu prendedor e em seguida o de Brittany.
–Acho melhor que por hoje, eles só presenciem o amor. -disse Santana sussurrando na orelha de Brittany. Brittany riu. Começou a tirar o sutiã de Brittany e em seguida
sua "calcinha". Ela levou a mão com receio até os seios, mas começou a beijá-la e suas mãos fizeram o resto. Brittany deitou com Santana por cima de si. Suas pernas encostando nas intimidades e as mãos entrelaçadas.
–Boa noite, meninas. Estou indo dormir! -disse o pai de Brittany atraves da porta. Santana tomou um susto que quase caiu da cama, mas Brittany segurou-a.
–Acho que isso foi um aviso. -disse Santana ainda se recuperando, sentando em sima do ventre de Brittany.
–Talvez. Ele vai dormir mais tarde, isso quer dizer que... -disse Brittany se levantando rápido e trocando lugar com Santana ficando por cima.
–Que devemos fazer?
–Também, mas quer dizer que você ainda tem muito roupa. -disse Brittany retirando o sutiã de Santana. Ela beijou cada seio e Santana gemeu baixinho. Brittany sorriu.
As pernas de Santana foram ao redor da bunda de Brittany que retirou a "calcinha" de Santana. Tudo pulsava. Tudo pedia. Todas as correntes pareciam querer prazer.
Brittany precionou sua perna na intimidade de Santana para ver qual seria sua reação, quando ela gemeu baixinho, ela sabia que estava fazendo certo. Santana apertava o seu corpo no de Brittany por mais contato, ela queria que os dois corpos se fundissem. Brittany começou a precionar e movimentar a perna e Santana arranhou suas costas. Ela gemeu um pouco mais alto e sua respiração descontrolou. Brittany sentiu um prazer imenso em deixar Santana naquele estado, ela ainda não entendia muito bem porquê, mas queria repetir. Ela soltou o corpo de Santana desfalecido e olhou para ela com curiosidade. Ela estava tão curiosa que levou sua boca até a intimidade da morena e chupou aquilo que escorria. Santana sentia a cabeça de Brittany tão perto de sua intimidade que toda sua respiração descontrolou novamente.
–Brit-Brittany! -chamou Santana.
Brittany levantou o olhar e chupou sua intimidade, os olhos ainda em transe. Ela levantou a cabeça, mas sentiu as mãos da Santana a precionando para ficar ali.
–Fa-faz de novo! -disse Santana.
Brittany sorriu e beijou sua intimidade antes de chupá-la, até o corpo da morena desfalecer. Brittany se deitou ao lado de Santana e tirou os cabelos do rosto. Beijou seus lábios sorrindo. Santana virou Brittany para ficar de barriga pra cima e se sentou em cima do seu ventre. Tudo estava em atrito. Ela massageava os seios de Brittany que apertava a bunda de Santana. Santana desceu até a intimidade de Brittany. Deu um beijinho meio tímido antes de receber o olhar aprovador de Brittany que olhou aquela cena inteira sem desviar. Santana puxava o corpo de Brittany para encontrar com sua boca. Com um gemido alto e espasmos, Brittany desfaleceu. Santana colocou sua perna no meio das pernas da Brittany que fez o mesmo.
–Eu... Se eu soubesse... -Brittany tentava dizer. -Ual!
Santana riu baixinho.
–É, ual pra você também.
Elas ficaram fitando o teto por dois segundos.
–Sem timidez? -perguntaram juntas. Elas riram.
–Sabe o que a gente acabou de fazer? -perguntou Brittany.
–Hã... amor!?
–Sim! Eu fiz amor com a pessoa que mais amo no mundo. -disse Brittany. Santana sorriu e beijou os lábios de Brittany.
–É, por que eu sinto que a partir de agora, tudo vai mudar? -perguntou Santana abraçando o corpo esguiu de Brittany deitando em seu peito.
–Porque vai. Para nós, para melhor. -disse Brittany sorrindo.
–Você sentiu o mesmo que eu? -perguntou Santana, nem estava corada depois de hoje ela poderia contar qualquer coisa pra Brittany mesmo que tenha coisas que as poderão chocar, olhando para os olhos de Brittany.
–Eu senti como se meu corpo flutuasse e fosse para a lua. -disse Brittany.
–É, foi o que eu senti. -disse Santana rindo. - Eu te amo, muito.
–Eu também, Sant.

Elas adormeceram alguns minutos depois, com as pernas ainda cruzadas. Brittany acordou no meio da noite porque estava morrendo de frio. Santana acordou quando ela teve
que se levantar.
–Aonde você vai? -perguntou Santana com a voz falha.
–Eu vou pegar um cobertor. Está frio! -disse Brittany rindo.
–Volta logo! Está frio! -disse Santana ainda zonza pelo sonho. Brittany riu. Ela pegou o cobertor no seu armário e se deitou novamente na cama. Cobriu Santana e beijou
sua testa antes abraça-la e aperta-la contra seu corpo.
–Obrigada, Britt. -disse Santana pondo sua mão nas costas de Brittany puxando-a um pouco mais.
–Tudo bem, Sant.
Santana voltou a dormir e Brittany olhava ela suspirar e a respiração lenta sem se importar com o que acontecia no mundo a fora. Porque não importava quanto ódio fosse espalhado pelo mundo. O ódio é sempre espalhado de um jeito ou de outro. O que diferencia é o amor e as pessoas que o preferem. Cada amor é único. Uma única chama que ilumina na escuridão. Uma única flor de um jardim morto. O mal não vence. Nem o bem. Nem a guerra. O que vence é o amor e todos os seus indivíduos


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Foi isso!!! Muito obrigada por terem lido e vamos se ver no próximo capítulo!!! Beijos!!!