O Castelo Dos Meninos escrita por Lady Padackles


Capítulo 9
Capítulo 9




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Capítulo 9

Sam pensava em Dean e em tudo que acontecera no dia anterior. Sentiu um aperto no peito ao recordar da tristeza que vira em seus olhos quando o encontrou na praia. Lembrou da escalada de volta à escola, e de como Dean, vulnerável, se deixou ajudar por ele, permitindo que segurasse em suas mãos. Sam corou lembrando de como eram macias e quentinhas… Depois se lembrou de seu riso quando viu a caveira de burro, e não pôde deixar de rir também. Lembrou de toda a ternura com que Dean cuidava de seu ratinho. Sam então sorriu imaginando a cara de besta que Oliver faria se soubesse do destino que tivera o roedor.

- SAM!

Seus pensamentos foram cortados por uma voz que o chamava, insistente. De repente ele se viu rodeado por seus amigos. O menino não se lembrava de tê-los visto se aproximar.

- Sam?! Acorda! Está no mundo da lua? – Castiel perguntou, encarando o amigo.

Antes que o menino pudesse responder, Castiel continuou a falar.

- E então? você nem nos contou de como foi ontem…

"De que ele estava falando?" Sam sentiu-se constrangido ao perceber os três garotos olhando para ele, esperando ansiosos por uma resposta.

- C.. como assim? – gaguejou ele.

- Com o Dean, Sam! Conta logo!

Sam corou vergonhosamente. O que eles sabiam sobre ele e Dean? Será que alguém vira alguma coisa? O que queriam saber?

- O que tem o Dean? – perguntou ele então, em um fio de voz.

- O seu "ataque", seu bobão. Já esqueceu? – Castiel perguntou, achando até graça em como Sam podia ser tão distraído.

- O que aconteceu? Você consegui colocar a caveira no quarto dele? – indagou Clark.

- Ele ficou com medo? Conta logo! – Quis saber Oliver.

Ahhh sim! A competição… Sam esquecera-se por completo de que estava ainda participando daquela competição. E não havia contado nada sobre seu ataque a Dean no dia anterior… Respirou aliviado. Não queria que seus amigos soubessem sobre o tempo que passara com o louro.

- Ahh.. Não deu nada certo… - suspirou ele. – Ele riu.

A resposta de Sam pareceu divertir seus amigos.

- Ele riu? – perguntou Castiel, incrédulo.

- Sim, eu ouvi suas risadas – Disse Sam, sem mentir. Os outros meninos imaginaram que ele tivesse escutado com o ouvido colado na porta do quarto do louro.

- Então não perdemos nada… - suspirou Oliver.

Sam então surpreendeu-se com Clark, quando notou seu sorriso cruel e olhar confiante.

- Pois então esta aposta está no papo… - falou o menino.

Sam também já havia se esquecido que aquele era o dia de Clark atacar. Gelou.

- O que você vai fazer, Clark? – Sam perguntou amedrontado. Não queria que nada de ruim acontecesse com Dean.

- Surpresa! – disse ele sorrindo. – Mas posso garantir a vocês que serei bem sucedido. Andei estudando o Dean com cuidado… Pegando informação sobre ele com outros meninos. Tenho uma carta nas mangas… Preparem-se para se divertir.

Sam sentiu-se enjoado. Não podia imaginar o que era, e estava assustado. Tentou não pensar sobre isso durante as aulas, mas foi impossível. Quando Clark anunciou que a hora do ataque chegara, e que todos deveriam seguir Dean quando este passasse, Sam sentiu suas pernas tremerem.

Dean encontrava-se sozinho quando Clark se aproximou, sob os olhares curiosos de Castiel e Oliver, e sob o olhar apavorado de Sam. Sem dizer palavra, o garoto se aproximou de Dean, e em um movimento brusco enfiou a mão no bolso do louro, agarrando o ratinho que dormia aconchegado. Dean lançou-lhe um olhar horrorizado, o que fez o Moreno gargalhar, comemorando sua investida vitoriosa.

Castiel e Oliver não podiam acreditar no que viam, e ficaram boquiabertos quando Clark, segurando o ratinho pelo rabo, finalmente conseguiu provocar em Dean uma reação extrema.

- Clark, não, por favor! – Implorou o louro, tentando recuperar o mascote, que guinchava assustado.

Clark riu maliciosamente.

- Dean, estou te fazendo um favor. Esses bichos causam doença…

- Clark, por favor, não machuca ele! Eu faço o que você quiser… - Dean implorava. Toda a sua pose e seu ar de superioridade haviam se dissipado. Sua imagem pouco importava agora. Tudo o que Dean queria era que seu bichinho estivesse novamente ao seu alcance, e seguro.

Sam estava horrorizado com a cena, e não sabia o que fazer. Castiel e Oliver se divertiram com a situação, pois tudo o que queriam era ver Dean sofrendo, e Clark havia bolado um plano genial. Porém, quando Clark balançou o ratinho pelo rabo já pela milésima vez, com Dean ajoelhado a seus pés, implorativo, até eles começaram a achar que a brincadeira já havia perdido a graça.

- Clark, já chega… - Disse Castiel em um tom apaziguador – Vai fazer a menina chorar, devolve o ratinho pra ela…

Clark pareceu nem escutar.

- Clark! Deixa o ratinho em paz! – interviu Sam.

O Moreno então riu de lado, e com um requinte de crueldade lançou o pequeno roedor por cima do muro, penhasco a baixo. Dean, em choque, tapou o rosto com as mãos e, aos soluços, saiu correndo de perto do agressor.

Sam sentiu a raiva invadir todo o seu corpo. Sem pensar duas vezes, lançou-se contra Clark entre socos e pontapés. Clark caiu no chão, pego de surpresa pela agressão inesperada. Em poucos segundos os dois meninos já estavam se engalfinhando pelo chão, com sangue jorrando por todos os lados. Castiel e Oliver tentavam apartar a briga, em desespero, e sem sucesso. Teriam se matado não fosse o professor de Educação Física, que chegou bem na hora.

- Senhores Winchester e Kent! Parem já com isso ou vou ter que levá-los até o diretor – gritou o professor.

Os dois meninos se levantaram ofegantes. O professor os obrigou a apertar as mãos e pedir desculpas um ao outro. Os meninos nem mesmo puderam se olhar nos olhos, de tanta raiva. Assim que o professor saiu, Sam se retirou, sem dirigir a palavra a Clark, Oliver ou Castiel. Tudo o que passava por sua cabeça era o quanto Clark havia sido cruel, tirando de Dean uma das poucas coisas que o faziam feliz. O louro se afeiçoara tanto àquele ratinho, e agora, mais uma vez, via um ser amado ser arrancado cruelmente de sua vida.

Sam queria procurar Dean e consolá-lo. Será que ele estava na praia? O menino pulou o murinho e começou a caminhar por entre as pedras. Olhou para baixo, mas nada viu. Talvez ele não tivesse descido… Foi aí que Sam começou a ouvir um barulhinho… Parecia um chamado aflito, um bichinho guinchando. O menino seguiu o barulho e pouco depois encontrou o tesouro. Lá estava ele: pequeno, cinzento, e vivo! Não estava nem machucado. Algum anjo havia posto as mãos e protegido o amiguinho de Dean. Sam, feliz da vida, segurou o bichinho e voltou à escola com ele.

Com o roedor nas mãos, Sam foi correndo até o quarto de Dean. Bateu na porta, mas não ouviu resposta. Talvez ele estivesse mesmo na praia… Desolado, Sam saiu de novo a procura do louro. Já estava quase resolvendo descer o despenhadeiro quando avistou Dean sentado a sombra de uma árvore. Estava de cabeça baixa, apoiada entre os braços. Sam então se aproximou calmamente.

- Dean… - chamou ele – É o Sam…

- Sai daqui, Sam! - Dean respondeu com a voz chorosa, sem levantar o rosto.

- Mas… Dean… Olha…

- Eu quero ficar sozinho! – Disse o louro, sem deixá-lo completar a frase.

Sam então ajoelhou-se ao lado dele e, segurando o ratinho com cuidado, esfregou seus pelinhos de leve contra o braço do colega.

O louro então levantou o rosto, que estava inchado de tanto chorar. O menino mal pôde acreditar no que via. Lá estava o seu animalzinho, são e salvo. Dean pegou o bichinho nas mãos e beijou-o emocionado.

Sam então contou a Dean de como encontrara o ratinho, enquanto este contemplava o roedor aliviado. Era um milagre! Quando finalmente Dean olhou para Sam, pareceu se espantar.

- O que houve com você? Está sangrando… - perguntou arregalado.

- Ahh.. – Sam até já havia até se esquecido da briga – Briguei com o Clark… Eu não gostei da atitude dele… Não devia ter jogado o seu ratinho…

- O nome dele é Ben… - Disse Dean.

Sam sorriu. Dean parecia um garotinho segurando o rato nas mãos como se fosse o bem mais precioso do mundo.

- Você brigou com ele por causa do Ben? – O louro então perguntou incrédulo.

- Briguei… Eu fiquei com raiva!

- Vem, eu tenho um kit de primeiros socorros no meu quarto - Dean então disse, se levantando do chão.

Sam seguiu Dean até seu quarto. Viu o louro colocar Ben para dormir em uma caixinha de sapatos e dar-lha boa noite. Dean era tão doce quando queria… Sam se pegou sorrindo novamente. Dean então tirou um kit de primeiros socorros de dentro do armário e pediu que Sam se sentasse. O Moreno sentiu-se nervoso com a proximidade do colega, mas manteve-se firme enquanto o louro, delicadamente, limpava os ferimentos de seu rosto com um algodão.

- Está doendo? – perguntou ele

- Aiii! – gemeu Sam, respondendo a pergunta.

- Calminha que já está acabando... É melhor limpar isso para não infeccionar…

O coração de Sam bateu descompassado, e ele controlou-se para não deixar transparecer. Dean então finalmente terminou sua tarefa.

- Pronto, terminei. Pode ir agora! – disse ele.

Sam se levantou, ainda se sentindo desconfortável. Tudo o que queria era correr dali. Saiu destrambelhado em direção à porta, e já ia se retirando quando Dean o chamou.

- Sam…

O Moreno olhou para trás.

- Obrigado... – Dean disse, fitando-o diretamente nos olhos, com emoção.

De… de nada – gaguejou Sam. O Moreno então saiu, ouvindo Dean fechar a porta atrás de si.

Sam sentiu seu coração bater como um tambor descontrolado. Suas pernas pareciam dois pedaços de gelatina, que, molengas, iam se derretendo cada vez mais, a medida que iam andando. Seus olhos lacrimejavam nervosos. E assim mesmo, seus lábios estúpidos insistiam que era hora de sorrir, abestalhados.


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