O Castelo Dos Meninos escrita por Lady Padackles


Capítulo 20
Capítulo 20




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Sam acordou e por um segundo estranhou o fato de não estar dormindo em sua cama. Olhou atordoado a sua volta e se lembrou da praia, do cochilo e de Dean. Dean... onde estaria ele? Não estava mais dormindo ao seu lado.

Sam levantou-se e foi procurar por ele. Na gruta não estava... Nem na areia... Nem perto das pedras... Teria Dean voltado a escola e largado ele ali sozinho? Por que faria uma coisa dessas? Sam apavorou-se e começou a procurá-lo novamente, voltando aos mesmos lugares de antes, sem nenhum sucesso. Só então avistou, bem ao longe, uma cabecinha apontando no oceano.

– Dean!!! – Sam gritou aflito, chamando por ele.

Sam achou que o louro estava distante demais, e se preocupou. Pensou em ir atrás dele, mas a água estava absolutamente gelada. O sol já começava a baixar e fazia frio. O que o maluco do Dean estava fazendo enfiado no mar? Por sorte Sam notou que o amigo parecia estar nadando de volta. Resolveu esperar por ele.

– Dean? Que ideia doida foi essa? – Sam perguntou, assim que o louro alcançou a areia, ofegante.

Sam notou ainda que Dean estava vestido. Não tirara uma peça de roupas sequer para entrar no mar.

Assim que recuperou o fôlego, Dean respondeu.

– Você estava dormindo... Eu vim caminhar perto da água. Fiquei com tanta vontade de nadar... Não pude resistir.

– Poxa, Dean, que vacilo... Agora você está todo encharcado, e tremendo de frio... – disse o moreno em tom de reprovação. Em seguida pegou a toalha do piquenique e deu para Dean se secar. - Não dava para esperar o verão chegar?

Dean se despiu, se enrolou na toalha e abaixou o rosto, sem responder. Apenas suspirou tristemente. Ahh sim, como Sam era insensível... Afinal Dean iria morrer antes do verão chegar... Que droga! Dean pelo jeito estava pronto para fazer todo tipo de doideira já que a sua morte estava sentenciada.

– Se seca, Dean, você vai piorar da tosse – Sam então disse, forçando um pouco mais de simpatia. Na verdade estava irritado com a situação. Queria que Dean percebesse logo que estava tudo bem e que não tinha doença nenhuma.

Dean tremia bastante e tinha os lábios arroxeados. Sam ficou preocupado e envolveu-o nos braços, tentando aquecê-lo da melhor maneira possível. Colocou seu casaco por cima dele. Depois se sentaram e ficaram abraçadinhos por um bom tempo sem dizer nada.

– Essa praia é tão bonita... – suspirou Dean, cortando o silêncio.


Sam apenas concordou com a cabeça.


– Sabe uma coisa que eu sempre planejei fazer, mas nunca tive coragem?

“ahh, lá vem...” – pensou Sam. –Hmmm? – respondeu.

– Eu sempre quis ver as estrelas aqui da praia. Só dormi aqui em baixo uma única vez, naquele dia em que nós brigamos. Era uma noite nublada, lembra? Sem estralas... E hoje o céu está limpinho... Vamos dormir aqui essa noite, Sammy? Amanhã é domingo...

– O que? Você está louco? – Sam perguntou alarmado. – Está frio demais, você está congelando debaixo dessa toalha fina. Suas roupas estão todas molhadas!

– Ahh, por favor... – o louro disse suplicante. Pelo jeito pouco se importava em congelar de frio. Uma pneumonia a mais não lhe faria diferença.

– Não, Dean! Nem pensar... Hoje não! – o moreno respondeu resoluto.

– Você vem comigo outro dia?

– Venho sim, prometo. “No verão” – pensou ele.

– Tudo bem então... Está prometido, hein? Vou cobrar!

Sam abraçou-o com mais força e beijou-o no rosto. O louro conseguia ser adorável até quando se comportava como uma garotinho de cinco anos. Passar uma noite na praia sob um céu estrelado ao lado de Dean seria delicioso, mas só quando a temperatura estivesse um pouco mais amena.

Resolveram finalmente subir de volta a escola. Dean teve de colocar sua calça molhada mesmo, mas vestiu o casaco de Sam por cima da pele nua, por insistência do moreno.

Chegaram ainda cedo, e foram ambos para o quarto de Dean aproveitar o restinho da tarde. Assim que chegou, o louro foi direto para o chuveiro tomar um banho quente.

Sam começou a pensar no que acontecera aquela dia. Dean ia acabar se matando se continuasse a agir como um inconsequente. Imagina se teriam tido condição de dormir na praia aquela noite? Sam teria ficado mais desesperado se o dia de visitas dos pais a escola não estivesse tão próximo. Faltavam apenas três dias. O pai de Dean naquele momento deveria estar assustado, questionando se Dean estaria mesmo doente, após ler a carta do filho. Afinal, ele mesmo sabia que Dean tinha pouco conhecimento sobre os sintomas da doença que matara sua mãe e irmão. O mínimo que poderia fazer era ir visitá-lo e tranquilizá-lo sobre a enfermidade. Só assim Dean acreditaria que estava a salvo, pelo menos por enquanto. Sam acreditava que por prior que fosse John Campbell, ele haveria de fazer isso pelo filho.

Logo que Dean acabou o banho, Sam foi tomar banho também. Ao retornar do banheiro, o menino viu que Dean já estava na cama e parecia cansado. Tinha piorado da tosse também, por conta da aventura no mar gelado. Sam deitou-se ao seu lado.

Quanto mais Dean tossia, mais Sam se sentia agoniado. Ele deveria tomar um xarope pelo menos... O menino hesitou um pouco em sugerir, mas acabou perguntando.

– Você não tem um remédio para acalmar essa tosse?

Dean olhou para ele um pouco surpreso.

– Ahh, devo ter sim... – respondeu. – Meu pai me deu um bando de remédios que eram do meu irmão, para caso eu desenvolvesse a doença da minha família – completou, como se o pai fosse um sujeito muito bondoso.

Sam engoliu em seco. “Homem insensível...”, pensou. Dean tinha motivos de sobra para ficar tão perturbado e confundir gripe com sei-lá-o-que. Depois entusiasmou-se em pensar que poderia finalmente ter alguma pista sobre a tal doença se pudesse examinar os remédios.

– Me diz onde está que eu pego para você... – sugeriu, cheio de esperanças em poder olhar tudo.

– Não quero remédios... É nojento... – Dean fez biquinho. Estava igual um garotinho dengoso de novo. Sam derreteu-se todo, mas teve que insistir. Insistiu tanto que Dean acabou concordando, e para sorte do moreno, apontou uma gaveta do armário e deixou que Sam fosse até ela mexer nos frascos.

– É um vidro verde, eu acho. É um dos maiores. Me mostra e que eu te digo qual é...

Sam abriu a gaveta e se espantou com vários vidros cheios de líquidos viscosos. Nenhum deles tinha rótulo ou bula. Nada de comprimidinhos redondos ou capsulas de duas cores... Viu um vidro verde, grande e mal cheiroso, que Dean confirmou ser o procurava.

– Que remédio é esse? – perguntou Sam, horrorizado.

– É um unguento, bom para tosse.

– Talvez fosse melhor a gente procurar a enfermaria da escola – gemeu Sam baixinho.

– Não, Sammy! Eles vão colocar sanguessugas em mim, não quero! Vou usar isso aí mesmo.

Sam se irritou. Talvez Dean devesse procurar um psiquiatra, isso sim! E o pai dele então? Que espécie de homem era ele? Que vidros tão estranhos eram aqueles? Talvez ele fosse tão doido que estivesse internado em algum hospício, e por isso não ia visitar o filho. Sam gelou. E se ele não viesse ver Dean no dia de visitas? Será que o menino ficaria para sempre acreditando que iria morrer?

– Eles não vão colocar sanguessugas em você, Dean... – foi a única coisa que conseguiu dizer. Mas Dean já havia pego o tal unguento das mãos dele e parecia pronto a se lambuzar.

– Isso vai aliviar a minha tosse, você vai ver – garantiu o louro.

Sam, sem saber mais o que dizer, ofereceu-se para passar o remédio em Dean. Já que não podia livrar seu amado de tão terrível gosma, pelo menos iria deslizar suas mãos por aquela pele macia. Rezou para que aquele troço não fizesse mal.

Sam enfiou as mãos lambuzadas por dentro da camisa de Dean e massageou seu peito nu. Sentiu-se trêmulo de tesão ao acariciar a pele quente e apertar os músculos macios do louro. Ficou surpreso ao verificar que Dean parecia respirar melhor e tossir menos, a medida que espalhava o tal remédio mais e mais. Efeito placebo? Sam não sabia, mas estava dando algum resultado...

Não resistiu e aproximou seu corpo do de Dean cada vez mais, finalmente colando seus lábios nos dele. Sentiu o coração palpitar. Meu Deus, como amava aquele menino... Amava seu corpo bem feito, suas perninhas tortas, seus cabelos macios e louros, e seus olhos brilhantes, de um verde profundo. Ahh, e aquele queixinho... Amava cada sardinha de seu rosto, e cada um dos seus cílios compridos. Amava seu jeitinho de criança, quando ria inconsequente, quando fazia beicinho. Amava sua frieza aparente, nada mais que uma faxada para proteger uma alma tão sensível... Ahh e a serenidade infinita? O altruismo abundante? E o olhar doce, melancólico e apaixonado? Sam amava tudo, cada célula de seu corpo e sua alma.

Sam apertou o seu amado. Não queria nunca mais ficar sem ele. Cada momento que passavam separados doía demais.

Se beijaram mais um pouco, sempre abraçadinhos. Dean estava cansado, porém, e não custou a adormecer.

Sam olhou para o amado que dormia sereno em seus braços. Rezou para Deus cuidar do seu lourinho, para que ele não sofresse mais.

“Isso tudo isso vai passar. Você não vai morrer, meu amor. Não se preocupe.”


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