O Castelo Dos Meninos escrita por Lady Padackles


Capítulo 14
Capítulo 14




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Capítulo 14

Mais uma noite mal dormida. Sam estava abalado com a reação de seus amigos, que precipitadamente julgaram-no gay e crucificaram-no por isso. Ele possivelmente não teria ficado injuriado daquele jeito se não tivesse se sentindo tão injustiçado. Afinal, se ele era gay ou não, não vinha ao caso, já que ele não estava agindo ativamente como tal. Com exceção da noite que passaram na praia, todos os seus encontros com Dean tinham sido apenas amigáveis.

Sam poderia ter pensado em procurar seus ex-amigos para brigar e amenizar o sentimento de injustiça. Isso entretanto não consertaria o fato deles terem sido nojentamente homofóbicos. Não, Sam nem considerou se aproximar deles. Mas existia uma outra forma de fazê-lo se sentir melhor – tornar sua relação com Dean amorosa. Isso de alguma forma justificaria o julgamento precipitado que os ex-amigos tiveram para com ele.

Quando Sam serviu-se do café-da manhã, pegou sua bandeja e foi a procura de Dean pelo salão. Pretendia sentar-se com ele. Para que guardar segredo de seus encontros afinal? Não fazia mais sentido. Procurou por ele, e já estava quase desistindo quando avistou o louro sentado em uma mesinha no final do salão. Sam notou desgostoso que Dean não estava só. Não que o louro sempre estivesse só, muitas vezes comia com um conhecido ou outro... Mas Sam adoraria compartilhar aquela refeição com Dean apenas, como se fossem namorados de verdade.

Sam se aproximou, afinal sentar com Dean e seu colega talvez fosse melhor que sentar sozinho. Hesitou entretanto quando percebeu que Dean e o tal menino, Fredrick Gilbert, conversavam animadamente. O louro nunca conversava animadamente com ninguém, exceto com o próprio Sam. Passou perto deles, indeciso se deveria se sentar ali ou não.

Ah, socorro, esse grandão vai roubar meu pãozinho! – Berrou Fredrick em alto e bom tom, referindo-se a Sam.

Dean olhou para ele com os olhos arregalados, e Sam, raivoso, imediatamente decidiu que seria melhor sentar-se sozinho. “Moleque boboca”, pensou. Afinal há tempos ele não atacava a comida de ninguém. Pelo menos não viu seus ex-amigos por ali, o que para ele foi um alívio.

Estava sozinho, totalmente sozinho. Tudo bem... Quem precisava de amigos? Sam não precisava, principalmente quando os amigos podiam ser tão babacas. Talvez Dean estivesse certo todo esse tempo, e a melhor coisa que se pudesse fazer em uma escola como aquelas fosse ficar na sua, sem se importar com ninguém mais. O próprio Dean era tão esquisito, tão cheio de segredos... Tudo o que proporcionara a Sam até agora fora sofrimento. Para que se deixar beijar se depois iria tratá-lo com tanta frieza? E lá estava ele agora conversando com Fred Gilbert, um moleque fracote, baixinho e sem graça, como se fossem melhores amigos. Logo ele que há tão pouco tempo desprezava qualquer tipo de amizade...

Sam sentia-se frio por dentro, não derramaria nem mais uma lágrima por ninguém. Assistiu às aulas do dia sozinho e também almoçou e passou os intervalos sozinho. Tom, Castiel e Oliver, estranhamente, não apareceram durante todo o dia.

Quando o momento de se encontrar com Dean chegou, Sam não estava de bom humor.

Que dia lindo está hoje! - Exclamou Dean com os olhinhos brilhando.

Sam se irritou. Não aguentaria conversar sobre o tempo. Não quando eles tinham tantas coisas mais importantes para resolver. A que pé estava o relacionamento entre os dois? Eram apenas amigos? O seu amor era correspondido? E quanto a doença maluca da família do louro? Que espécie de tratamento do século passado era aquele? Sam precisava saber sobre isso também. Definitivamente não precisava ouvir que o dia estava lindo. Ele podia olhar para o céu e julgar por si mesmo. Em sua opinião, o dia nem estava tão bonito assim...

Ah Dean... quer saber? Eu estou cansado, vou para o meu quarto... - Respondeu o moreno rispidamente.

Sem olhar para trás, Sam se retirou. Foi para o seu quarto e por lá ficou, muito emburrado. Depois de algum tempo, quando já estava mais calmo, pensou em Dean. Será que o louro fora a praia sem ele? Provavelmente não... Talvez estivesse em seu quarto... Talvez estivesse chateado... Ele não deveria ter sido tão grosso. Pensou em ir até o quarto de Dean se desculpar.

Sam então ouviu baterem na porta. O coração do menino acelerou. Seria Dean? Passou as mãos pelos cabelos depressa tentando penteá-los e foi imediatamente abrir a porta.

Castiel? Oliver? - Sam abriu a porta para os meninos, bastante surpreso.

Que bom! Pensamos que você não estaria no quarto a essa hora... Podemos entrar? - perguntou Castiel em voz baixa. Ele e Oliver pareciam bastante sem graça.

Claro... – disse Sam, abrindo a porta. O moreno estranhou que eles parecessem tão humildes e nada enraivecidos.

Castiel então começou a pedir desculpas. Disse que ele e Oliver estavam se sentindo imensamente mal com o ocorrido, e que em momento algum tiveram a intenção de cortar relações com Sam. Haviam se retirado no dia anterior apenas para acalmar os ânimos do homofóbico Clark. Em vez disso se envolveram em uma briga horrível que os havia condenado a uma detenção durante todo o dia.

Sam, se você é gay ou não, isso não é problema nosso... - Disse Castiel. - Nós somos seus amigos, e vamos te apoiar sempre.

Oliver, que até então ficara calado, completou as palavras de Castiel.

Se você estiver feliz, ficaremos felizes por você também. Por favor nos perdoe por qualquer mal entendido... Mas o Clark, infelizmente, descobrimos que é um perfeito idiota. Cortamos relações com ele.

Sam, logicamente, perdoou seus amigos, e ficou feliz e aliviado que Castiel e Oliver estivessem ali, fazendo as pazes com ele. Em momento algum confirmou que era gay, ou disse se estava namorando Dean. Seus amigos foram discretos, e não perguntaram mais nada a respeito. Ficaram conversando sobre outros assuntos. Sam torceu para que eles fossem embora logo pois precisava passar no quarto de Dean e falar com ele.

Sam olhou o relógio, bocejou, e assim conseguiu que seus amigos finalmente fossem para seus quartos, após despedirem-se amigavelmente. Combinaram de se reunir no dia seguinte após as aulas para fazer o trabalho de história, com Castiel fazendo questão de participar, já que Clark estava fora do grupo. O moreno esperou cinco minutos para que eles se afastassem e partiu para o quarto do louro. Imaginou Dean triste e sozinho, talvez brincando com Ben para o tempo passar mais depressa. Bateu na porta, e para sua surpresa ninguém atendeu.

Teria Dean ido à praia sozinho? Sam correu para o murinho que dava acesso à praia e avistou o menino caminhando pelas pedras voltando a escola. Então ele pouco se importava se tinha ou não a companhia de Sam... Ou pelo menos foi isso que o moreno pensou, contrariado. Voltou para o seu quarto um tanto decepcionado. Talvez Dean realmente não gostasse dele tanto quanto ele gostaria...

O que fazer então? Estava decidido, ele precisava dizer a Dean como se sentia. Precisava abrir seu coração e saber se haveria alguma chance de um romance entre os dois. Não podia mais viver com aquela dúvida, que tanto o angustiava. Resoluto, pousou seu corpo cansado no colchão e dormiu como a tempos não conseguia.

No dia seguinte, Sam levantou-se cedo, arrumou-se melhor que de costume, e partiu determinado para o salão onde os alunos se reuniam para o desjejum. Avistou Dean logo de cara, e antes mesmo de servir-se do café-da-manhã, andou em direção a ele. Se aproximou do louro no mesmo momento que Frederick Gilbert, que vinha de outra direção.

Assim que Frederick olhou para Sam, choramingou debochado:

– Dean, cuidado, esse garoto vai roubar suas panquecas!

Sam irritou-se com o menino novamente. Por que aquele chato vivia grudado com Dean agora?

– Fred, o Sam é meu amigo... - Dean falou um pouco sem graça. Depois apresentou Fred a Sam.

– Sam, esse é o Fred. Sabia que ele tem um camundonguinho também!? Ele é branquinho e se chama Sócrates.

– Muito interessante... – respondeu o moreno sarcasticamente. – Dean, eu preciso conversar com você – disse em seguida, em tom muito sério.

– Pode dizer... – Dean respondeu titubeante.

Sam fuzilou Fred com o olhar. O imbecil espalhava geleia no pão lentamente, como se não estivesse atrapalhando ninguém. Não se tocava mesmo...

– Mais tarde – Respondeu Sam – Passo no seu quarto hoje a noite, pode ser?

– Pode... – o louro respondeu um tanto confuso.

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Daquela noite não passaria, de maneira nenhuma. Depois de reunião de grupo, Sam foi ao quarto de Dean como combinado. Bateu na porta resoluto. Seu coração estava aos pulos, mas o menino se mantinha firme, pois estava decidido a falar de seus sentimentos.

– Entra, Sam... – Dean disse abrindo a porta.

– Dean, eu preciso falar com você... – Sam disse um tanto tímido. Estava prestes a abrir seu coração. Então olhou em direção a cama do louro e não pôde acreditar no que viu: Frederick!

Fred estava sentado na cama de Dean e olhava para ele sorridente. Vendo Sam olhando-o espantado, não pôde deixar de soltar uma piadinha

– Ahh! Dean, socorro!! Salvem os biscoitos!! – E dizendo isso o menino enfiou vários biscoitos na boca de uma só vez.

Sam não pôde se controlar. Estava morrendo de ciúmes. Afinal, o que o idiota do Fred estava fazendo enfiado no quarto de Dean depois da aula? Aquela brincadeirinha idiota foi a gota d’água. O moreno jogou-se em direção ao baixinho com intenção de socá-lo.

– Sam, não!! – Gritou Dean, enquanto se enfiava entre os dois.

Dean segurou os dois braços de Sam impedindo-o de bater no menino menor. O moreno tentou se desvencilhar como pôde, e acabaram ambos se desequilibrando e caindo na cama: Dean por baixo, Sam por cima. A essa hora, Frederick já estava longe, de pé ao lado da porta, segurando seu ratinho branco nas mãos.

Por alguns segundos, Sam lutou para livrar seus braços das mãos de Dean. Depois usou-os para reverter a situação e prender Dean de costas na cama. Dean olhou para o moreno assustado, e tentou se desvencilhar dele.

Sam era mais forte, e manteve Dean preso. Em um impulso, colou seus lábios nos de Dean, que ainda se contorcia tentando afastá-lo. Um beijo roubado. Sam merecia um beijo, e o teria nem que fosse a força. Fred estava boquiaberto, e já estava prestes a sair para pedir ajuda quando Dean passou a corresponder o beijo.

Dean deixou de fazer força, e Sam afrouxou a pegada. Ainda segurando os braços do louro, o moreno continuou a beijá-lo, com o coração disparando. Lentamente, Sam moveu-se, deitando ao lado de Dean na cama. Então acariciou seus braços, em seguida enfiando as mãos por dentro da camiseta do amigo. Dean passou as mãos pelos cabelos de Sam e o beijou em seguida. Nenhum dos dois reparou que Frederick já havia sumido dali há tempos...

Então se abraçaram, enquanto acariciavam sensualmente as costas um do outro. O pescoço de Dean era tão tentador... Sam começou a beijá-lo e mordê-lo de leve. Sentiu-se excitado, mas não se importou em esconder. Dean também estava.

Agarraram-se em um abraço apertado e Sam sentiu-se completo, como se houvessem se fundindo em um único ser. Sentia seu coração dilatado, preenchido do sentimento mais lindo do mundo. Era puro e verdadeiro amor.

– Dean, eu ... – Ele quase falou... Quase falou que o amava. Mas antes de completar a frase, Sam notou que a respiração de Dean estava entrecortada. Ele estava chorando.

Surpreso, Sam olhou seu amado que tinha os olhos cheios de água.

– O que houve, por que está chorando? – perguntou alarmado.

Dean apenas deu de ombros, como se não soubesse, ou não quisesse responder. Em seguida abraçou Sam novamente. O moreno, sem saber o que fazer, apenas acariciou os cabelos do louro, e beijou-o carinhosamente. Acabaram dormindo juntinhos, aconchegados um nos braços do outro.


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