Nisi Amare escrita por LA_Black


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

notas/LA_Black: Capítulo novo! Espero que gostem. Beijinhos



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Seth estava assistindo TV. Algo sobre como mexer a panela corretamente para que o mingau não grudasse no fundo. Não que receitas o interessassem, mas após o surto do companheiro, na parte da manhã, ele preferiu distanciar-se e conservar os ossos intactos para um futuro confronto na ronda. Entretanto, isso não significava que, vez ou outra, sua atenção não estivesse no rapaz da cozinha.

Fazia algum tempo que Jacob deixara de usar camisas no dia a dia. Talvez fosse pelo simples motivo de seu corpo funcionar totalmente ao contrário dos humanos normais. Afinal, se ele fosse “normal”, estaria em um hospital ou embaixo de, no mínimo, cinco cobertores, morrendo de frio enquanto seu corpo morria por conta da alta temperatura interior. Infelizmente, de normal ele nada tinha. Na verdade, Jacob estava suando de calor desde que vestira a blusa de mangas compridas.

Tudo para esconder a “tatuagem”.

A última casca de limão foi arremessada e caiu, com precisão, dentro da lixeira. Cesta.

Sem preocupar-se com o tempo, Jacob sentou-se à mesa e saboreou calmamente o hambúrguer que havia preparado. Era o único lanche que ele e os outros tinham a certeza de que ele sabia fazer. E fazer bem. Comida ele improvisava para não passar fome, mas o hambúrguer era o seu escape na cozinha. Algo que ele sabia e gostava. Talvez porque houvesse aprendido com a mãe e fosse uma forma de se mostrar mais próximo dela.

A limonada foi a próxima a ser degustada. Não estava muito doce, e esse fato, de alguma forma, lembrou-o de Kahli, do cheiro peculiar que ela tinha. O aroma cítrico sobressaia-se ao doce presente nela. Não era nada dulcificado como o perfume de Isabella, antes desta ser transformada. Era... Sedutor.

No próximo instante, ele encontrava-se fora daquela cozinha e de volta à floresta. Porém, desta vez, não tinha pássaros ou ruídos que pudessem prender sua atenção em algo que não fosse Kahli e como ela parecia vir para ele.

O vestido branco que ela usava moldava-se ao corpo como se houvesse sido confeccionado ali. O tom contrastava com a pele morena e combinava com as rosas amarelas tocadas por ele, enquanto a garota avançava. Jacob podia ver a curva dos seios firmes sob o tecido e o modo como a cintura dela abria-se no quadril, aumentando o desejo dele de percorrer as mãos por ali e confirmar se a pele dela era, de fato, mais macia que o pano. As pernas esguias de Kahli andavam em sua direção. Ela seguia em sua direção. Sem impedimentos. Sem imprinting. Somente os dois.

Entretanto, rapidamente a visão calma e desejosa foi substituída pelo horror. Num estalo, mãos invisíveis agarraram-na e a puxaram para longe dele. A distância entre os dois aumentando mais e mais. Numa vã tentativa de segurar a projeção dela, Jacob sacudiu os braços na direção dela. Apenas quando o barulho de vidro estilhaçando-se atravessou a névoa que o separava da realidade, ele pode acordar.

Infelizmente, a sensação de perda e desespero ainda percorriam seu corpo. Elas estavam ali para provar que embora sua mente houvesse projetado aquilo, o resto do corpo acreditava ser real. E a cabeça, a cabeça que acabara de lhe pregar uma senhora peça, tinha uma dúvida bem plantada. Será que ela estava segura?

...

Seth, que ainda ocupava-se em dividir a atenção com a TV e com Jacob, escutou o vidro quebrando-se e em poucos segundos chegou à cozinha. A visão que teve seria comum – a maioria das pessoas já quebrou ao menos um copo na vida –, se não fosse a expressão de Jacob e as mãos dele tremendo sobre o tampo de madeira da mesa.

O suco de limão formou uma poça escura no chão de madeira, enquanto Jacob permanecia em um estado de inércia. Por mais que Seth o chamasse, era impossível alcançá-lo. Cogitava a ideia de interromper as últimas horas da ronda e chamar os garotos de volta, quando Jacob levantou-se num salto e pisou, descalço, sobre os cacos de vidro espalhados pelo piso. Ele não pareceu incomodar-se com a dor e, assim que ficou de frente para Seth, carregando um olhar sombrio e um peso a mais nos ombros, agarrou o pescoço do amigo e aproximou-os.

— Preciso que a vigie.

— Como? – O sangue começava a misturar-se com a limonada.

— Preciso que cuide da Kahli. — Seth pensou em rir, gargalhar na verdade, mas a carga sincera e desoladora no olhar do amigo confirmou que o pedido era real.

— Por quê?

A simples pergunta fez Jacob questionar se devia ou não contar a verdade. Seth, apesar da idade, era o menos idiota de todos os amigos. Claro, tinha suas aventuras, afinal, qual garoto de dezoito anos não fazia algumas estripulias?! Entretanto, era maduro o suficiente para ajudá-lo a manter a situação em segredo e era um guerreiro excelente, o que, praticamente, o permitia dormir em paz, se tratando da segurança “dela”.

— Porque ela é meu imprinting.

O tempo parou nos instantes em que a nova informação era processada pelo cérebro do mais novo.

Seth tentava compreender como isso havia acontecido. Quando Jacob a encontrou na floresta, é claro. E por qual motivo ele não queria revelar o ocorrido? O nome “Isabella Cullen” dançou em sua mente. A mulher havia estragado mais que uma amizade. Ela havia detonado a parte de Jacob que confiava em sentimentos que iam de paixão a amor de verdade.

Não ajudá-lo seria o correto. Jacob precisava reestruturar seu corpo, conectando-o a alma e ao coração. Isso começara a acontecer no dia em que ele havia encontrado Kahli, e, Seth suspeitava que, quanto mais tempo o alpha passasse com ela, mais rápida essa cura aconteceria. Mas ao julgar pelo modo como o achara mais cedo, era bem provável que Jacob negasse um encontro espontâneo com a moça.

Com um áspero suspiro, Seth olhou para o rosto do homem que ele mais admirava, depois de seu pai. O cansaço e a melancolia pintavam suas feições. O olhar era infeliz, porém, ele conseguia enxergar um fundo de esperança. Foi essa esperança escondida que o fez tomar sua decisão. Se Jacob não conseguia enxergar a felicidade diante de seus olhos, ele o ajudaria.

— Tudo bem. Eu cuido dela para você.

— Verdade? — Um sorriso pequeno, sincero e muito bem disfarçado surgiu no canto dos lábios de Jacob. O peso, que ele não notara, sendo retirado aos poucos de suas costas.

— Claro! Amigos são para isso, não? — Segurou o pescoço de Jacob, como o mesmo fazia com ele, e aproximou suas testas, tocando-as de forma puramente fraternal. — Sorrir, chorar, dar alguns socos quando necessário e não podemos nos esquecer daquela parte: na alegria e na tristeza, na saúde e na doença... Sem a morte, é claro, mas adicionando: “quando um não enxergar, o outro guia”.


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Notas finais do capítulo

notas/LA_Black: Reviews, recomendações... Gosto dos dois :D Não importa a ordem! Kkkk' Enfim, digam como o capítulo ficou, o que acham que vai acontecer no próximo. Eu e a Lolitta precisamos de ideias e adoramos ler as de vocês! Beijos e até semana que vem.ps.: Viram? Prometi e o capítulo chegou no dia certo. rsrsrs