Kris suspirou. Alexa a olhou como se não quisesse ser interrompida. Assenti com a cabeça, fazendo-a começar.

–Quando o acidente com o T-Vírus aconteceu, eu trabalhava com Wesker. Ele era muito poderoso, pois injetou em si o próprio vírus em seu estágio 2. Assim que a Umbrella se deu conta de que a epidemia já estava em um nível agravante, Wesker foi notificado e resolveu criar um exército. Injetou neles o T-Vírus no mesmo estágio que havia injetado em si, tornando-os mutantes. O objetivo desse exército é matar todos os habitantes da Terra para iniciar uma nova espécie. E eu sou um deles.

Minha boca se abriu levemente. Eu esperava por qualquer explicação, menos essa. Antes que eu pudesse raciocinar, Liam e Kris soltaram a mesma pergunta ao mesmo tempo:

–E onde está Wesker?

Alexa abaixou a cabeça, mas pude ver que sua expressão despreocupada não mudou.

–Ele foi assassinado à mando de Steven quando o exército foi descoberto.

Bem, Steven tinha razão. Tinha que fazer algo para impedir o tal do Wesker de dominar o mundo. Então Alexa poderia nos matar a qualquer momento, já que seu destino agora era esse.

–Bem... então seu trabalho é nos matar?-perguntei, arqueando a sobrancelha.

–Sem dó nem piedade.-disse, dando de ombros com certa dificuldade por causa das algemas.

–Não pense que vai conseguir.-disse Liam, sarcástico.

–Bem, eu acho que podemos ser amigos... não, amigos não. Poderia poupar a vida de vocês se se juntassem a mim.

Assim que ela terminou a frase, uma voz ecoou na minha cabeça. Era tão forte e potente que coloquei disfarçadamente as mãos nela para que a dor diminuísse.

Não aceite. É uma armadilha.

Sacudi a cabeça, bloqueando a voz. Eu já tinha a resposta que precisava.

–Não.-disse, tirando as mãos da cabeça.

Alexa riu baixo.

–Não? Então suponho que terei que acabar com vocês.

Revirei os olhos.

–Seria meio difícil nestas condições.-disse, zombando das algemas.

Um rosnado saiu do fundo de sua garganta. Seus olhos começaram a brilhar novamente. Dei um passo para trás. Kris e Liam apontaram suas armas para ela, mas eu tinha medo. Tinha medo de algo ruim acontecer naquele exato momento. Fiquei paralisada. Até que, de repente, algo começou a sair da boca de Alexa. Era como um tentáculo. Alexa levantou-se, quebrando as algemas. Liam começou a disparar junto com Kris, mas todos os tiros atravessavam-na e não causavam ferimentos. Além disso, foram poucas as balas que chegaram perto dela. Alguém me puxou. Liam. Saímos do convés, entrando em diversos corredores. Alexa vinha atrás, atirando. Quando minha mente clareou, comecei a pensar em jeitos de matá-la. Então lembrei que tinha uma dinamite. Estava dentro da bota esquerda. Enquanto corria, alcancei-a.

–Vamos ter que pular!-gritei, olhando para a ponta do navio.

Liam e Kris não hesitaram e continuaram correndo. Peguei a dinamite dentro da bota e me escondi atrás de uma caixa de madeira no meio do corredor. Apalpei os bolsos até achar o que queria: um fósforo. Acendi a dinamite e saí do meu esconderijo.

É a minha única chance, pensei.

Comecei a correr. Alexa estava bem atrás de mim e a ponta do navio se aproximava. Comecei a correr mais rápido ainda e deixei a dinamite para trás. Liam e Kris pularam na frente. Assim que meus pés saíram da borda do convés, uma explosão se iniciou à minha volta. Logo senti a água e olhei para cima. Nada de Alexa.

–Vocês estão bem?-perguntou Liam, nadando para perto de mim e Kris.

–Sim.-respondi, com a voz abafada.

Saímos da água e voltamos para as docas. Me ajoelhei e suspirei. Estava morta de cansaço.

–Eliminamos nosso maior problema.-Kris disse, com um sorriso no rosto.

Liam assentiu e olhou para o navio. Alguns rastros de fogo ainda existiam. Olhei para a frente, me deparando com vários walkers. Pareciam ser vinte.

–Não vamos dar conta agora, por alí!-Liam gritou, apontando para um caminho entre os contêiners. Corri o mais rápido que pude, evitando cruzar com um deles. Para a nossa sorte, havia um caminhão alí. Não hesitei e entrei, sentando no chão, mesmo. Liam pegou no volante e Kris sentou-se comigo.

–É o seguinte.-disse Liam, olhando reto.-Cada um tem quatro horas de descanso. Quem quer dirigir depois que eu for tirar uma soneca?-perguntou, com aquele sorriso reconfortante.

–Eu.-disse Kris, sem muita animação.

Me senti aliviada. Encostei a cabeça na parede e tentei pegar no sono. Foi quando me ocorreu que algo faltava. Aquela coisa pontuda que me incomodava, espetando minhas costas, não estava mais ali.

–Onde está a minha katana?-perguntei, minha voz aumentando a cada palavra.

–Não está aqui.-disse Kris, afastando algumas caixas com chutes.

–Maldita Alexa.-resmunguei.