Fui tomar banho ainda chocada pela decisão de Blair.Depois de explicarmos melhor para ela o que tínhamos em mente,acabou cedendo e aceitando as condições.Afinal,lá teria realmente alguma pista.Como uma peça de quebra-cabeça.

–Tudo bem.Será assim...-Liam explicava na mesa de café da manhã.-Sairemos daqui mais ou menos onze horas;talvez um pouco mais cedo.Vamos encontrar outro carro.Isso é ridiculamente fácil.Depois chegamos na Umbrella.Também será fácil abrir as portas.Temos muitos utensílios.-ele me olhou,malicioso.Era óbvio que estava doido para quebrar algumas portas.-Não é conveniente que tenham errantes logo na entrada,mas podemos dar conta disso.Batemos perna por lá até encontrar uma sala ou laboratório que nos ajude com as dúvidas sobre a base de sobreviventes.Ou seja:Entrar,matar,encontrar e sair.Podem confiar.

Ele deu um tapa na mesa,satisfeito.Levantei timidamente minha mão.

–O que foi?

–Não posso confiar em alguém que diz "batemos perna".É ridículo.

Liam revirou os olhos.

–Tudo bem,estou brincando.Você é muito descolado.A rebeldia em pessoa.-levantei as mãos,ainda sarcástica.

–Se eu fosse assim,você gostaria mais de mim?-ele me olhou,sério e sedutor.

Fiquei muda por alguns segundos.Logo comecei a rir e Blair fez o mesmo.Liam pareceu não se importar.

–Podem ir tranquilos.Vou ficar bem.

Blair se encolheu na cadeira.Não de medo,mas de vergonha.Na verdade,ela nem atrapalhara nada.Não precisava se culpar.

–Sim.

A última coisa que se ouviu naquela sala até 10:49.

–Pegue suas coisas,Mich.

Coloquei a katana e o rifle no coldre,levando a faca na mão.Liam não usava um coldre,afinal levava apenas um machado e uma AK-47.Me certifiquei de que as armas estivessem carregadas ao máximo e de que no coldre havia mais munição.Blair abriu a porta e acenou.Logo que saímos do jardim ligeiramente florido,ela fechou a porta com convicção.Era o que deveria fazer.Assim,Liam e eu andamos até a esquina seguinte.

–Ei,olha!

Liam apontou para um brilhante Chevrolet preto.Parecia rápido e espaçoso.Tive a prova quando Liam deixou que eu o dirigisse.

–Sou um cavalheiro.-murmurou,revirando os olhos.-Que tipo de cara ia ver um carro como esse e deixar uma mulher dirigir?

–Uhum.Eu dirijo melhor que você,moço.-enfatizei a última palavra.

Arranquei um riso despreocupado dele,assim virando a esquina rápido até encontrar um campo isolado.

–Tem certeza de que é aqui?-sussurrei,estacionando o Chevrolet do outro lado da rua.

–Sim.Absoluta.Vou te mostrar.

Atravessamos a rua,querendo chegar ao círculo de terra enorme que cercava uma cápsula.A tal cápsula parecia até um banheiro público.Mas não parecia uma entrada secreta para a Umbrella.

–Pronta?-ele me encarou.

Suspirei.Um frio na barriga derrubava minha coragem,reformada por tudo o que passei nas últimas semanas.Mas eu não iria estragar tudo.Abri a porta com a luva de couro grossa que usava.Olhando para baixo,vi apenas uma longa queda cilíndrica.As paredes do "tubo" eram cinza,feitas de ferro.Era muito escuro para saber aonde terminava.Sim,como diria meu pai encorajador: você nunca saberá o tamanho do túnel até encontrar a saída.

–Quer que eu vá primeiro?-Liam dirigiu seus olhos azuis e gentis para mim.

Fiquei em silêncio.

–Qual é,Mich.

–Você acreditaria se te dissesse que tenho medo de altura?-isso dificultaria bastante as coisas.

Ele avançou dois passos.

–Não.

Assim vi seu corpo descer reto até o fim do tubo.Ele afundou na escuridão e ouvi um barulho áspero e estrondoso.O barulho cessou.Ouvi respirações fracas e intermediárias,parecidas um pouco com as de Blair.Finalmente me acalmei.

–Venha!

Segui sua voz e pulei.