Diários escrita por Tai Bluerose


Capítulo 4
Diários de Ciel 3: Um Amigo Mais Íntimo


Notas iniciais do capítulo

Olá ^-^/
Não nos vemos há algum tempo, mas estou de volta com esse capítulo para quem ainda estava esperançoso por continuação.
Relembrando, Ciel tem 12/13 anos Sebastian 15 anos.
Espero que gostem.
Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/361944/chapter/4

Diários de Ciel 3: Um Amigo Mais Íntimo

28 de novembro de 1888

Definitivamente, ter a companhia de Sebastian faz o tempo aqui no Instituto passar mais rápido. Ele me distrai e me diverte. Não podemos ficar o tempo todo juntos durante os horários sem aulas porque já aparece algum professor ou Inspetor de Campus para nos importunar.

O recesso de final de ano se aproxima, e estamos todos ansiosos por isso, mas também será um período em que ficaremos separados de nossos amigos. Sebastian e eu já começamos a falar de nossos planos para os dias de folgas e prometemos escrever um para o outro.

Nunca escrevi para ninguém e nem recebi uma carta enviada unicamente para mim. A ideia de trocar correspondência com alguém me deixa excitado.

10 de dezembro de 1888

Até ontem, eu estava muito doente. Não que me sinta muito saudável agora, mas estou melhor o suficiente para escrever e sinto uma necessidade desesperadora de fazê-lo.

Tenho asma desde pequeno. Com o clima quente da Índia, nunca tive que me preocupar com resfriado, mas aqui é frio e chuva o tempo todo. Estive tanto tempo longe de minha terra mãe, que acabei por subestimar o inverno inglês.

Fiquei resfriado literalmente da noite para o dia. Fui dormir saudável e acordei queimando de febre, o peito chiando mais que uma chaleira. Meus pais até chamaram um médico. Acho que não existe nada pior do que ver seus dias de folga ser desperdiçados por causa de uma doença.

Elizabeth veio passar uns dias aqui. Fiquei contente com a visita dela. Ela me fazia companhia o tempo todo e lia para mim. Ela me contou sobre sua escola e eu contei sobre a minha. Fazendo uma comparação, a escola de Elizabeth aparentava ser mais divertida. No Instituto Griffiths, temos livros e livros para ler, pensadores para estudar, cálculos e mais cálculos para fazer e tantas outras chatices. Mas Elizabeth me falava de aulas de artes, trabalhos manuais, canto, aulas de piano, bordado e coisas do tipo.

Ela também me falou sobre as amigas que fez lá, em sua grande maioria, filhas de algum nobre. E eu lhe contei sobre Sebastian e as coisas que ele havia me ensinado. Foi tão bom poder contar a ela sobre o Sebastian, relembrar dos momentos que passamos juntos. Sem dúvida, as horas gastas com ele eram as melhores em todo o tempo que estive no Instituto.

– Ciel, por acaso tu fizeste algum outro amigo além de Sebastian? – ela perguntou sorrindo.

– Claro que fiz. Mas é com o Sebastian que passo mais tempo. Não sou tão achegado aos demais meninos, mas tenho outros amigos sim. – eu expliquei.

– Eu entendi. É seu melhor amigo então? – ela perguntou e eu confirmei com a cabeça. – Me diz como ele é.

– Ele é gentil, sarcástico às vezes, e muito inteligente...

– Não, não. Como ele é fisicamente? – ela insistiu para que eu desse detalhes.

Eu fechei meus olhos para visualizá-lo.

– Oh! Ele é mais alto do que eu. Tem cabelo preto e brilhante. Pele clara. Olhos castanhos que adquirem um tom avermelhado com a luz do sol. Ele sempre fala de maneira gentil e quando ele sorri, você sorri de volta, mesmo sem querer.

Elizabeth ficou me olhando e antes que algum de nós dissesse alguma coisa, Tanaka, o mordomo, veio avisar-nos que tia Frances aguardava Elizabeth no andar de baixo.

Depois que Elizabeth partiu, fiquei pensando em Sebastian. Ficamos de escrever um para o outro nestas férias, mas na primeira semana, não houve nada que valesse a pena ser contado em uma carta, então não escrevi. Na segunda semana, fiquei doente. Até agora não recebi nenhuma carta dele também. Será que ele se lembrará de mim? Será que devo escrever-lhe primeiro? Mas apenas para dizer que estive doente, só irei deixá-lo preocupado.

16 de dezembro de 1888

Estou muito feliz hoje. Além de estar com a saúde completamente recuperada, acabei de receber uma carta do Sebastian. É a primeira vez que alguém me escreve, fiquei tão entusiasmado quando Tanaka disse que havia uma correspondência para mim, que abri o envelope em poucos segundos. Subi as escadas para meu quarto, e perdi a conta de quantas vezes eu reli as palavras dele. A cada releitura, eu sentia como se ele estivesse aqui perto. Podia até ouvir a voz dele, o jeito suave e sedutor dele falar. Os olhos castanhos se comprimindo toda vez que sorri.

Depois de muito alimentar meu espírito com aquela carta, não perdi mais tempo, me coloquei a escrever a minha resposta. E quantas folhas eu amassei tentando mandar um texto aceitável. Quando fiquei satisfeito com o que tinha escrito, coloquei a carta num envelope e o entreguei a Tanaka, pedi que despachasse a carta o mais breve possível.

Que efeito estranho tem a amizade sobre nós! Mal recebi notícias de meu amigo e já anseio desesperadamente mais.

Carta de Sebastian Michaelis para Ciel Phantomhive:

Caríssimo Ciel,

Parece-me que já faz um século que não nos vemos, no entanto, apenas três semanas se passaram. É deveras desanimador saber que o mesmo tempo que ficarei longe daquele sufocante Instituto, é o mesmo tempo que ficarei sem verte ou falar-lhe pessoalmente. O período que era para mim, antes, motivo de alegria, agora, não me parece mais tão atrativo. Faz-me até desejar que o ano letivo recomece. Certamente tu irás achar que eu devo estar enlouquecendo. Mas, diga-me, sente-se assim também?

Fiquei aguardando uma carta sua, e como não a recebi, decidi escrever-te primeiro. Lembrei o quanto tu és tímido e provavelmente tenha ficado temeroso em incomodar-me. Saiba que não seria incômodo algum, pelo contrário, adoraria receber notícias suas.

Toda a minha família está na casa daquele primo de meu pai, do qual lhe falei. Minhas irmãs adoraram o lugar, e eu também. O ar aqui é limpo e agradável, nada da fuligem que vemos em Londres. E as pradarias daqui parecem imensos tapetes verdes, três vezes mais bonitos que as do Instituto. Saio quase todos os dias para fazer um piquenique com a pequena Alice. Contei a ela sobre você. Na verdade, contei a todos sobre você, mas Alice foi a única a ficar interessada em ouvir mais.

Ganhei um livro maravilhoso, você precisa lê-lo também. Levarei o livro comigo quando retornar ao Instituto. Ah, Ciel, são tantas as coisas que me lembram você. Passamos tanto tempo juntos, meu amigo, que agora me custa muito ficar sem sua companhia. Gostaria que você estivesse aqui. Principalmente agora.

Nem tudo nessas férias são flores. Meu pai tem exigido mais de mim esses tempos. Ele diz que já sou quase adulto e tenho que começar a me preparar para assumir as rédeas dos negócios da família, me tornar homem. São tantas as coisas que ele exige de mim, tantas coisas que ele diz que eu preciso fazer, mas que eu desejaria não fazer. Não quero que pense que é irresponsabilidade ou indolência minha, meu caro amigo. Reclamo de coisas que não posso dizer-te.

Mas não se preocupe; crescer é sempre difícil. Queria eu que esse infortúnio não lhe recaísse, meu caro amigo. Desejaria que você permanecesse para sempre jovem, sorridente e tão cheio de inocência e vida. Mas já estou sendo muito egoísta e falando mais do que deveria.

Não pense que me esqueci de seu aniversário. Cantei parabéns para ti aqui em casa. Seria maravilhoso se existisse uma forma de podermos nos falar instantaneamente, como se estivéssemos lado a lado, como no Instituto. Mas estou imaginando demais, tenho que me conformar e esperar pacientemente que receba esta carta e que a sua chegue até a mim.

Aguardarei ansiosamente uma resposta sua, e se não o fizer, ficarei ressentido.

De seu amigo que muito o estima.

Sebastian Michaelis

06 de janeiro de 1889

Depois das festividades natalinas, voltamos para nossa residência na cidade. Recebi uma carta de Sebastian perguntando se poderia me visitar. Minha resposta não poderia ser outra, escrevi a ele dizendo que poderia vir no dia que ele desejasse, e o aguardei ansiosamente.

Quando ele veio, trouxe-me meu presente de aniversário, atrasado, mas não me importei com isso. Ele passou a tarde inteira em nossa casa. Meus pais ficaram um tempo conosco, e adoraram meu amigo, e como não adorariam? Sebastian, apesar de seus quinze anos, sabe se portar com toda a elegância e a astucia de um adulto. Meu pai ficou impressionado com ele. Mas eu, ainda não entendo bem porque, desejava falar com Sebastian a sós.

Quando meus pais nos deixaram, fomos para o jardim. Não sei se foi impressão minha, mas o achei um pouco diferente. Eu realmente esperava descobrir como seria nosso encontro fora do Instituto e de suas restrições. Mas Sebastian me pareceu menos... menos próximo. Não que ele estivesse frio, não. Ele continuava gentil comigo, como sempre, mas senti a falta de algo, algo que se fazia presente em nossa interação dentro do Instituto. Não sei o que eu esperava. Não sei exatamente do que eu estava sentindo falta.

Mas sua visita foi muito apreciada. Quando ele partiu, nos despedimos várias vezes, como se não fossemos mais nos ver dentro de poucos dias no Instituto. Fiquei olhando a carruagem dele se afastar, e ele colocou a cabeça para fora da janela e acenou para mim quando chegou ao portão.

Ainda fiquei um tempo parado olhando a rua de pedra, vazia, até Tanaka dizer que eu deveria entrar devido ao frio.

13 de fevereiro de 1889

Nossas aulas já recomeçaram há algum tempo. Mas nós, Sebastian e eu, fomos uns dos primeiros alunos a chegar, então, tivemos algum tempo para ficarmos sozinhos.

Ele trouxe muitos presentes e mimos para mim, percebi que ele não estava mentindo quando me disse uma vez, por carta, que muitas coisas o lembravam de mim. Livros, caneta e tinta para escrever, um marcador de página feito de prata, e outras coisinhas. Cada presente tinha uma história. Fiquei um tanto constrangido, porque eu não havia trazido nada para ele das férias. Ele disse que não se importava com isso, mas não deixei de me sentir um péssimo amigo.

Achei que um simples obrigado não seria suficiente para agradecer-lhe a consideração, então o abracei. Foi a primeira vez que vi o meu amigo ficar sem jeito. Achei-o tão adorável!

20 de fevereiro de 1889

Sebastian e eu descobrimos o prazer do contato de nossas mãos. Começou acidentalmente. Alguns dias atrás, enquanto conversávamos, nossas mãos se tocaram acidentalmente, como costumava acontecer quando nos sentávamos próximos. Mas desta vez, diferente das outras, ele não retirou a mão abruptamente. Sebastian continuou com a mão sobre a minha, e depois de algum tempo, ele fechou os dedos, segurando minha destra.

No começo, eu estranhei o gesto, e olhei para ele, um tanto confuso. Mas ele somente sorriu para mim com ternura e continuou a falar como se nada tivesse mudado. Eu sorri para ele também e permiti que segurasse a minha mão. Desde então, sempre que estamos sozinhos, em algum momento, ficamos de mãos dadas e assim permanecemos até que alguém apareça. Se ouvimos alguém se aproximar, nossas mãos se separam, como se estivéssemos fazendo algo muito errado. Não vejo maldade nisso, mas se reclamam por ficarmos muito tempo juntos, imagino a bronca se nos vissem de mãos dadas. Antes era apenas um segurar, mas hoje, ele começou a acariciar o dorso da minha mão. Senti meu rosto queimar e virei o rosto, receoso de que ele me visse corar. Não sei ao certo se ele deveria ter feito isso, mas não fiz nada para impedi-lo. Aceitei o carinho com apreço.

Percebi que muito me agrada o toque dele. E saber que ele aprecia a minha companhia me deixa envaidecido e feliz de uma maneira inexplicável. Agora, em meu dormitório, enquanto escrevo nesse diário, tudo o que consigo pensar é nele e naquele pequeno gesto de carinho que fez, e ainda faz, meu coração bater de um jeito diferente.

Amizade parece uma palavra muito pequena para abranger tudo o que eu sinto agora.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então...devo explicações.
Outra fic minha, PHANTOMHIVE, que é minha fic/prioridade exige muito tempo, somado a isso a vida e o trabalho, acabei deixado essa fic de lado. Fiquei um tempão sem atualizar essa fic, um ano, isso é horrível. Me desculpem por isso. Mas decidi atualizar essas fics que deixei em hiato, em breve atualizarei outra, mas não se preocupem quem lê Phantom, estou escrevendo ela também.

Fiquei feliz em descobrir que ainda havia leitores acompanhando e aguardando, esse capítulo não ficou tão grande, mas fiz com carinho. Amo essa fic por ter um estilo diferente das outras que escrevo e por ser universo alternativo.
Agradeço a todos os comentários de incentivo, breve responderei a todos.
Esperam que tenham gostado.
beijos e até a próxima....que espero não demorar tanto como demorei.
beijos.

Tai



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Diários" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.