Que dor de cabeça horrível. Acordei numa cama de hospital sem entender nada até que me lembrei. Liam. Danyel. Espelho. Meu braço estava enfaixado e eu estava muito sonolenta. Percebi que alguém segurava minha mãe firmemente. Alguém estava ali me fitando e com os olhos vermelhos. Não consegui enxergar direito quem era, mas pelos cabelos e aqueles inesquecíveis olhos...

— Danyel? — perguntei.

— Você acordou. — Ele sorriu. Eu via imagens embaçadas e quis me sentar, mas a falta de forças e a mão de Danyel me endireitando me impediram. — Negativo, mocinha. — Disse ele. Bufei em sinal de reprovação. Era impressão minha ou eu estava com muito mais sono e cansaço do que o normal?

— Porque estou tão sonolenta?

— Deve ser por causa dos sedativos que te deram. É normal. — Vi Caroline dormindo serenamente no pequeno sofá que havia ali com um cobertor sobre ela. — Ninguém conseguiu tira-la daqui. Estava chorando e preocupada com você.

— A deixe aqui. — E dentro de instantes, senti meus olhos se fecharem, pois estava com muito sono. Adormeci profundamente entrando numa extensa diversidade de sonhos.

Danyel

Como uma pessoa conseguia ser tão linda dormindo tanto quanto estava acordada? Parecia um anjo. Uma flor. Uma princesa. Eu estava realmente preocupado com Laura. Com certeza eu castraria Liam, pode apostar. Eu não queria ficar longe dela. Fui um idiota em dizer á todos que era minha namorada. Queria ser pelo menos amigo dela. Apesar de eu querer ser muito mais do que isso para Laura. Ela dormiu serenamente até o dia seguinte. De manhã, comprei um café e biscoitos para Caroline. Que estava de pé, ao lado da cama, segurando a mão de Laura e fitando-a com preocupação e amor.

— Não se preocupe. Ela ficara bem. — A tranquilizei. Caroline assentiu com a cabeça e me olhou curiosa.

— Por que fez isso? Por que a ajudou? — perguntou ela, inesperadamente.

— Eu... Não sei.

— Você sabe sim. No fundo você sabe, Danyel. — Disse ela, olhando para mim e em seguida olhando para Laura.

— Bom... Eu preciso ir e mais tarde eu volto. — Desviei do assunto e saí. Fiquei confuso pela ultima fala de Caroline. Como assim, eu sabia? Sabia do que? Droga. Fui até minha casa e dormi um pouco já que fiquei a noite inteira acordado por causa de Laura. Marcos disse que ela precisaria de muito repouso e que ficaria três dias no hospital se recuperando. Mateus entrou em contato com a escola avisando de seu acidente. Eu e Caroline faltamos hoje, mas não poderíamos deixar de faltar nessa semana. Até parece. Quem iria cuidar de Laura se eu fosse para a escola? Esse povo não tem coração mais.

Laura

Quando acordei era cerca de 14h40min. Caroline estava acordada, sentada e segurava minha mão. Abraçamo-nos e conversamos. Eu não estava mais me sentindo sonolenta. Estava bem, apesar de algumas dores. Odiava hospitais e principalmente as comidas que serviam. O que Liam tinha na cabeça? Jogar-me contra o espelho? Coisa de doido mesmo.

— Laura, você tem visitas. — Disse enfermeira, deixando uma linda mulher de cabelos loiros platinados entrar.

— Christina. — Sorri e ela fez o mesmo, vindo me abraçar. — Caroline, essa é Christina, mãe de Danyel. Christina, essa é Caroline. — Elas compartilharam sorrisos simpáticos. 

— Como você está, querida? — perguntou ela, gentilmente.

— Estou melhor. — Nesta hora, Danyel apareceu carregando um lindo buque de rosas em suas mãos, e sorria. Fiquei admirada e muito corada. Nunca havia recebido flores de alguém. — Meu Deus.

— Que bom que está melhor. — disse me entregando o buque e abraçando a mãe. Claro que Caroline não perdeu a oportunidade de tirar fotos e colocar no Instagram. Boba. Logo, Danyel e eu ficamos a sós, enquanto Christina e Caroline saíam para comer. — Pelo visto a transfusão deu certo. — Olhei confusa.

— Do que está falando?

— Não te contaram? Você perdeu muito sangue e precisou fazer uma transfusão.

— Nossa. E... Alguém doou sangue para mim? — Uma pessoa linda que eu agradeceria de todo o meu coração com certeza.

— Sim. — disse Danyel.

— E quem foi então? — Danyel subiu a manga de sua blusa de frio e mostrou um curativo no meio de seu braço esquerdo. Fiquei boquiaberta. Foi ele? Ele havia salvado a minha vida? Eu poderia estar morta se não fosse por Danyel. O abracei forte em forma de gratidão. — Eu nunca vou ter palavras suficientes para agradecer, mas muito obrigada. — Abri um largo sorriso para ele.

— Eu faria isso mil vezes se possível para salvar você. — Disse ele, olhando em meus olhos. Eles expressam verdade e ternura. A tela que marcava meus batimentos cardíacos acelerou. Danyel percebeu e sorriu. — E eu queria te pedir desculpas, por tudo que fiz com você.

— Ok. Não precisa se desculpar.

— Eu queria muito que fossemos amigos, sabe. Não queria que ficasse um clima ruim da gente depois disso tudo. — Assenti com a cabeça.

— Amigos então? — perguntei, sorrindo.

— Amigos. — Apesar de eu querer ser muito mais que isso para Danyel. Conversamos divertidamente durante horas. Era bom ficarmos assim. Não queria ele longe de mim. Acho que pelo menos a gente podia permanecer numa amizade genuína sem intrigas. Eu tinha uma dívida de gratidão com Danyel. Ele salvou a minha vida. Nunca me esquecerei disso.