Jules

Estava tudo escuro e a imagem de Milo estava na minha mente. Até que abri os olhos. Eu não estava numa cama de hospital com várias coisas ligadas á mim. Minha cabeça doía e eu estava sonolenta. Vi Milo, Laura, Danyel e meus pais. Eu não morri. Infelizmente. Meus pais se aproximaram e fizeram carinho em meu rosto.

— Estou com sede. — falei e Milo se retirou do quarto e voltou um minuto depois, dando-me água gelada. Logo depois, adormeci em sono profundo.

Laura

Julia ficou em observação e sobre os cuidados do hospital por duas semanas. O corte foi profundo, mas ela estava bem graças a Deus. O médico recomendou u grupo de apoio que várias pessoas exponham as dificuldades que tiveram com bullying e automutilação, que ela ia apenas como ouvinte. Ela não falava mais em se cortar ou se matar, mas ainda estava deprimida. Tomava antidepressivos e Milo a visitava todos os dias depois da escola sempre fazendo ou trazendo coisas que a fazia rir. E dava certo. Achei eles bem fofos juntos. Diversas pessoas da escola se mobilizaram e várias vezes iam em casa, trazendo cartazes e escrevendo coisas que a faziam se sentir querida. Além de vídeos e fotos no Instagram. Não só da escola, mas de várias pessoas de estados e países diferentes. Acho que ela só precisava disso. De atenção, de amor. Apesar dela ainda estar meio triste. Seus pais compraram uma casa perto de nós e Jules voltou a morar com eles, mas eu a visitava sempre. Meus tios, quer dizer, Bruno e Carmen me deram o endereço de meus pais verdadeiros moravam. Não, eu não iria lá. Eu estava no meu quarto, trocando de roupa pensando em qual dos filmes que eu escolheria para ver com Danyel em casa. Ouvi a porta da entrada bater.

— Amor, acho que a gente... — Minha voz parou quando cheguei á sala e vi um casal. Muito bonito por sinal. Os dois tinham olhos claros e a mulher tinha longos cabelos e negros. Os olhos deles pareciam brilhar quando me viram. Por favor, eles não são o que eu acho que são. — Algum problema?

— Laura, — Danyel me puxou lentamente e ficamos na frente do casal. — esses são Demi e Dom, seus...

— Eu sei quem eles são. — Falei antes que ele dissesse aquela palavrinha que estava me assombrando a bom tempo. A mulher foi me abraçar, mas eu dei um passo para trás. — Desculpem. — Saí correndo em direção ao meu quarto, encostando-me na parede do meu quarto, deixando minhas costas escorregarem e lágrimas descerem pelo meu rosto. Danyel apareceu, se abaixou e fazia carinho em meus cabelos. — Fala para eles irem embora. Por favor. — sussurrei. Danyel beijou meus cabelos e se levantou, voltando á sala. Eu ainda não sabia o que fazer. Dan voltou, me pegou no colo e me deitou na cama, ele ficou ao meu lado fazendo caricias em meu cabelo e secando minhas lágrimas enquanto eu pensava.

***

Eu e Danyel dormimos abraçados e senti o peso de seu braço em minha cintura. Minha perna estava no meio das suas e eu fiz carinho em sua bochecha. Ele se mexeu um pouco e eu tentei me levantar, mas a força de sua mão me segurando me impediu. Ele estava acordado?

— Dan. — o chamei.

— Ah mãe, só cinco minutinhos. — Ele encostou sua cabeça em meu ombro e eu ri. Que gracinha. Dei um selinho em seus lábios, fazendo-o acordar.

— Você sonha com a sua mãe? — ele riu e eu consegui me levantar.

— Ei, volta aqui. — Ele exigiu e eu ri.

— Não. A gente vai sair. — Peguei umas roupas e me arrumei no banheiro (http://www.polyvore.com/sem_t%C3%ADtulo/set?id=84196489). Logo quando eu estava prendendo meu cabelo num rabo de cavalo, Danyel apareceu me abraçando por trás e beijando meu pescoço. Sorri encostando nossas bochechas.

— Para onde eu vou ter a honra de levar a minha princesa? — Ele pegou minha mão esquerda e me rodou fazendo nossos corpos ficarem colados.

— Vamos pro cinema. — falei beijando o canto de sua boca. — Mas antes você vai me levar onde eles moram. — Ele me encarou.

— Eles quem? Seus pais? — Assenti com a cabeça. — Tem certeza? — Fiz a mesma coisa silenciosamente e Danyel beijou o topo da minha cabeça. Peguei minha bolsa e saímos. Depois do acidente, Danyel não me deixou mais sair sozinha, nem quando eu estava a pé.

Ele estacionou em frente á uma casa. Vamos a verdade, aquilo era uma mansão (http://3.bp.blogspot.com/_9UW6w2KVmYA/TBDdkW9rstI/AAAAAAAAAuI/Ttl8pUZWs5k/s1600/Mans%C3%A3oAP.jpg)! De longe, vimos Gustavo acenando para nós.

— Conversa um pouquinho com Gustavo. Quero falar a sós com eles. — Ele me encarou.

— Você tem certeza? — Afirmei com a cabeça e caminhei em direção á porta de entrada daquela casa linda e grande. Apertei a campainha e a Demi atendeu. Seus olhos brilharam mais uma vez quando me viram.

— Oi. — falei amigavelmente, mas sem sorrir. O Dom apareceu atrás dela, também com os olhos brilhando. — Posso conversar com vocês um minuto?

— Claro. — Eles responderam em coro e me deixaram entrar. Fomos até a sala e eu vi que tinha um cobertor no sofá e na televisão estava passando Uma Prova de Amor. 

— Desculpe se atrapalhei alguma coisa. — falei. Dom tirou o cobertor do sofá e retribuiu com um sorriso amigável.

— Não, está tudo bem. Sente-se, por favor. — O sofá era confortável. Eles sentaram perto de mim.

— Eu queria pedir desculpas pelo jeito que tratei vocês na minha casa. Não foi muito educado. — fui sincera.

— Não tem problema. — Demi sorriu. — Eu fiquei muito feliz por termos encontrado você. — Eles contaram que se casaram 21 anos. Minha mãe adotiva era melhor amiga de Demi e como Demi estava grávida, minha mãe adotiva ficou com inveja porque era estéril e sendo assim, no dia que eu nasci, ela me roubou de Demi e possuindo documentos falsos sobre quem eram meus pais. História horrível pelo meu ponto de vista. Levantei-me, já querendo ir embora.

— Já vai? — Demi perguntou e eles se levantaram. Assenti com a cabeça. Eles caminharam comigo até a saída. — Laura. — Ela me chamou. — Eu posso te abraçar antes de ir?

— Pode. — falei apreensiva. Seus braços envolveram sua cintura, abraçando-a. Era confortável e senti uma onda de paz e carinho quando suas mãos alisavam minhas costas e enquanto Dom fazia carinho em meus cabelos. Não sei por quanto tempo ficamos assim. Apenas me afastei lentamente. — Até qualquer dia. — Falei e vi Gustavo se despedindo de Danyel, indo de skate para sua casa. Abracei meu namorado e ele perguntou como foi e á caminho do shopping, expliquei toda a conversa que tive com eles. Danyel acha que eu devia vê-los mais vezes. Ainda não cogitei essa estranha ideia na minha cabeça. Assistimos Finalmente 18, o que nos fez rir muito e esquecer dos meus problemas por um momento. Só por um momento.