As Surpresas Do Amor escrita por Butterfly


Capítulo 21
Warm me up and breathe me


Notas iniciais do capítulo

Capítulo bem forte, que faz a gente refletir bem. Boa leitura, gente.



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Laura

Dessa semana que se passou, eu e Danyel não tínhamos muito tempo para ficarmos juntos por causa de Jules. Os comentários pioraram, as mentiras aumentaram e Jules chorava todos os dias. Por mais que ela desmentisse, as brincadeiras sem graça continuavam e não paravam. Ela se sentia sozinha e perdia a cabeça várias vezes. Tinha pesadelos todas as noites e gritava no meio deles. Ela estava sofrendo muito e não sabia fazer qualquer outra coisa a não ser defendê-la, assim como seu amigo Milo. Mais uma semana tinha começado e Jules não saiu de seu quarto por dois dias. Seus pais foram conversar com ela, mas Ju só queria ficar sozinha, sem ninguém incomoda-la. Por conta disso e de mais imprevistos, Davi e Mariana adiaram a data do casamento mais uma vez. Eu estava na cozinha com Danyel, fazendo algo para comer enquanto eles tentavam a fazer dizer alguma coisa no quarto.

— Estou tão preocupada. — Falei, apoiando meus cotovelos no balcão e sentindo Danyel me abraçar por trás.

— Shh. Vai ficar tudo bem. — Ele beijou meu ombro e encostou seu queixo lá. Meus tios voltaram para a sala com um olhar tenso.

— Conseguiram falar com ela?

— Não, ela está inconsolável. — disse minha tia Carmen. — Mas viemos aqui por mais um motivo. Laura, é sobre seus pais.

— Já conversamos sobre isso, tia, eu não tenho pais. — falei secamente.

— Laura, ouça-nos. É importante. — Danyel ficou ao meu lado. — Laura... Você é adotada. — Aquilo foi como um choque pra mim, mas eu sempre desconfiei disso. Mesmo assim eu estava perplexa e impressionada.

— A-a-a-adotada? — gaguejei e eles assentiram com a cabeça. Mexi em meus cabelos, nervosa. — Por que nunca me contaram? — Eles ficaram quietos. — E os meus pais... Biológicos? Eles estão vivos ou...? — Me recusei a dizer o resto da pergunta.

— Sim, eles estão vivos. Nós... Procuramos eles e... Bem, eles estão bem ansiosos para conhecer você.

— Eu não sei se quero conhece-los. — falei sem certeza nenhuma.

— Laura, são seus pais. — Pronunciou Danyel.

— Quer saber, eu tô com a minha cabeça explodindo, não quero falar sobre isso. — Me retirei da sala e fui para meu quarto. Eu já tinha problemas demais em relação á Julia e agora me surge mais esse. Danyel ficou me consolando a tarde inteira. Eu não sabia o que fazer.

Jules

***

Um mês havia se passado. Durante esses dias, comecei a me cortar sem que ninguém percebesse já que passei a usar blusas de mangas compridas. Meu Facebook só tinha palavras de derrota, vídeos deles me imitando e dizendo que eu sou uma vadia, na escola eu era a piada da vez. Todos riam de mim. Todos me odeiam. Algumas meninas do terceiro ano e batiam dentro do banheiro e claro, eu não falava á ninguém. Todos esperavam que eu morresse. Eu me sentia sozinha e deixada de lado, ninguém se importaria se eu morresse. Morre, ninguém sentirá sua falta. Era o que várias pessoas na escola me diziam. Eu entrei num estado de depressão profunda. Não queria mais sair do meu quarto, eu não comia e nem bebia muito. Eu queria morrer. Entrei no meu Facebook e encontrei os mesmos comentários de sempre. Ela ainda continua viva?. Não foi pra escola hoje com certeza está grávida. Vadia, quem iria querer você?. Oi Julia, podemos sair por cinco reais? Idiota. Vadia. Cachorra. Feia. Sem graça. Rodada. Prostituta. Desviei meus olhos do notebook por um instante. Eu sabia o que eu iria fazer. Daria um fim nisso de uma vez por todas.

Milo

Eu estava muito preocupado com Jules. Ela não atendia meus telefonemas, não falava comigo... Não falava com ninguém. Eu perguntava á Laura todos os dias sobre ela e quando eu a visitava, ela ficava parada, deitada com cobertas e sem dizer nada. Ainda que eu tivesse uma quedinha por ela, eu me importava com o bem estar dela. Ainda que eu a defendesse não era o bastante. Tinha medo que ela fizesse algo para se machucar. Entrei no Facebook e vi que Jules tinha postado um vídeo com o título: A Verdadeira Julia, postado há um minuto. Quando dei play no vídeo, ele tinha como fundo musical Breathe Me, musica da Sia.

Olá, sou a Julia. Você deve saber quem eu sou porque todos me chamam de vadia rodada. Eu não entendo o que eu fiz para todos inventarem mentiras sobre mim e me odiarem tanto! — Ela começou a chorar. — Sabe o que eu descobri? Que vocês não tem coração, e vocês conseguiram! Além de me odiar, vocês conseguiram fazer com que eu me odiasse também. Eu me odeio pelo que eu sou por dentro e pelo que eu sou por fora. — Ela secou suas lágrimas. O que fez que mais outras caíssem. —E graças a vocês, agora eu não vejo razão e nem motivo pra falar, comer... E muito menos pra viver. Não vejo mais motivo para respirar. Sinceramente? Eu cansei. — Meu Deus. — Adeus. — O vídeo se encerrou e eu saí de casa, pegando minha bicicleta ligando sem parar para Jules. Que não atendia ao celular de jeito nenhum.

— Atende Jules, por favor. — Eu estava desesperado e liguei para Laura que atendeu no primeiro toque. — Laura! Onde você está?

Estou na farmácia aqui perto de casa comprando um remédio para Jules. Ela está com cólica. — Saquei, ela tirou a Laura de casa pra poder... Meu Deus. — Algum problema?

— Sim, a Jules postou um vídeo no Facebook e eu estou muito assustado. — Falei pedalando com mais força.

Milo, calma.

— Eu acho que ela vai tentar se matar. — Eu ouvi a Laura dizer “Oh, meu Deus” e eu cheguei ao edifício de onde elas moravam. Larguei minha bicicleta em algum canto, peguei o elevador e quando saí, entrei correndo no apartamento delas em direção ao quarto de Jules. Nada. Quando cheguei ao banheiro era tarde demais. Jules tinha acabado de inserir uma enorme faca em seu peito e retirado ao mesmo tempo. Fitei sua blusa e a faca cheia de sangue. Antes que ela caísse no chão, eu a segurei. — Jules. — Eu estava chorando e segurando seu corpo.

— Eu quero morrer.

— Não, você não vai morrer. — Laura chegou com algumas pessoas de roupas brancas. Ela tinha chamado uma ambulância, eles carregaram Julie e Laura foi com eles direto para o hospital. Eu não queria que ela morresse. Acho que nunca fiquei com tanto medo de perder alguém.


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