Almost Human escrita por MsNise


Capítulo 29
Relembrando


Notas iniciais do capítulo

Novo capítulo! Viva! Viva! ♥ Como vocês estão? Enfim, enfim. Vim aqui postar um novo capítulo, então aqui vai ele. Um agradecimento pra MsAbel que o revisou ♥ Leiam escutando: http://www.youtube.com/watch?v=BqGoM91rySM Boa leitura!



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Susi me deixou sozinho. Ela disse que eu precisava ficar alguns minutos comigo mesmo nesse lugar onde eu estava. A princípio, eu não entendi. Entretanto, quando a luz foi acesa, tudo se encaixou.

Ela sabia que seria esse o lugar certo para eu me reencontrar.

Eu sabia que me reencontraria.

Você não será capaz de adivinhar o lugar onde eu estou, mas eu posso explicar. Primeiro, irei descrevê-lo. É um quarto dentro de uma casa. Suas paredes são todas brancas. Tem apenas uma cama, uma mesa para computador e um guarda-roupa. E alguns cacos no chão. Há também duas flores mortas, completamente sem vida. Elas estão irreconhecíveis, fruto de anos jogadas.

Não conseguiu se situar ainda? É o meu quarto. O quarto que eu sonhei voltar todos esses anos. O quarto que aparecia em meus pesadelos. O quarto que tinha quando era criança. O quarto de minha antiga casa.

Um dia depois que eu quebrei o vaso, depois de Claire ter me deixado, eu fui obrigado a fugir dessa casa às pressas. Ela foi invadida por Buscadores, que queriam inserir almas para controlarem nossos corpos.

Eu e Kyle estávamos no andar superior e estranhamos quando um carro de última geração estacionou em frente à nossa casa. Corremos para a ponta da escada, a fim de escutar a conversa. Os estranhos eram muito gentis, falando com cautela demasiada. Tentavam convencer meu pai a respirar algum cheiro que eles espirrariam no ar. Meu pai negava, temendo ser veneno.

Eles se cansaram da conversação e ameaçaram espirrar sem o consentimento de meu pai, mas mesmo assim ele impediu. Arrancou o frasco da mão do Buscador e o jogou do outro lado da sala. Sua atitude foi uma surpresa para todos e os estranhos se viram desorientados por um minuto. Nesse minuto, meu pai olhou para cima. E me flagrou observando junto com Kyle.

Temi sua reação. Pensei que ele nos bateria por escutarmos conversa alheia. Pensei que ele me envergonharia na frente dos estrangeiros. Mas ele não o fez. Em vez disso, gritou para nós:

– Vão! Fujam! Rápido! Fujam deles!

Por um momento, fiquei paralisado. Sem reação. Mas então eu o obedeci. Eu acreditei em suas palavras. Sim, eu acreditei. Eu acreditei que tínhamos que fugir.

Olhei para Kyle. Eu sabia que era hora. Naquele momento eu soube que minha vida, que já estava fora dos eixos, iria se desestabilizar mais ainda para então se acalmar. Kyle assentiu e seguimos para o seu quarto, que tinha uma janela que levava para o jardim de trás de nossa casa.

Escutei passos. Passos correndo. Eram os estranhos. Eles nos perseguiam. Bati a porta do quarto na cara deles e a tranquei com chave. Consultei Kyle, que investigava a altura da janela até a grama. Mas não tínhamos muito tempo. Teríamos que pular de algum jeito ou de outro. Teríamos que pular logo.

– E agora, Ian? – ele me perguntou, obviamente desesperado.

Conferi a altura. Era alta. Muito alta. Mas nós pularíamos, eu tinha certeza absoluta disso.

– Você confia em si mesmo? – tentei aparentar sabedoria.

– Acho que... provavelmente sim.

– Provavelmente? Tire esse “provavelmente” da frase. Como ela fica?

– Acho que sim.

– Tire esse “acho que” da frase agora. Como ela fica?

– Sim.

– Sim? Então você confia em si mesmo. Portanto pularemos.

– Mas, Ian... como? Eu estou com medo.

– Eu também estou. Por isso nos uniremos. Não acha essa janela bem grande? Nós dois cabemos sentados nela. Daremos as mãos. E pularemos juntos.

Ele confiou em mim. Eu também confiei em minhas palavras. Sentei no parapeito da janela e Kyle fez o mesmo. Estava apertado, mas o espaço era o suficiente para nós dois, pois não éramos muito grandes naquela época. Segurei em sua mão.

E então pulamos.

Atingimos a grama ao mesmo tempo, porém, quando isso aconteceu, nossas mãos se desprenderam. Caí de joelhos e depois fui de cara ao chão. Kyle rolou algumas vezes antes de se estabelecer.

Ouvi os passos novamente. Vi os pés correndo. Ouvi os gritos.

Tínhamos que fugir. E teria que ser depressa.

Levantamos rapidamente e nos olhamos. Nossos olhares confirmaram as palavras não proferidas. Corremos. Corremos com velocidade e destreza, um pé após o outro em um ritmo rápido e regular.

Continuamos correndo. Os despistamos. Viramos em algumas esquinas aleatórias, sempre juntos. Corremos até nossos músculos começarem a reclamar. Corremos até não aguentarmos mais. Corremos muito naquele dia, até encontrarmos um esconderijo.

Era um barracão velho e abandonado. Provavelmente o inspecionariam logo, mas por ora estávamos livres. Sentamos por um momento e descansamos, traçando estratégias para o nosso passo seguinte.

Quando os Buscadores apareceram, corremos novamente.

Essa foi a nossa fuga. Foi assim que a nossa história de humanos sobreviventes começou. Fugindo desde o princípio. Sempre fugindo. Passamos frio e fome. Eu tive vontade de morrer quando percebi que estávamos completamente perdidos nesse mundo. Havíamos nos perdido de tanto correr sem rumo.

Mas continuamos. Corríamos e nos escondíamos. Roubávamos as coisas durante a noite. Fugíamos mais um pouco. Mas nunca desistíamos.

Depois de anos de resistência, encontramos Jeb. Eu tinha vinte anos. Comecei a fugir com dezessete. E só me encontrei novamente com vinte e cinco.

Conseguiria imaginar que essa era a minha história? Mas eu ainda não deixei muito clara uma parte.

Nosso pai nos maltratava. Batia-nos. Culpava-nos por cada coisa que acontecesse em sua vida. Fez a vida de todas as pessoas que moravam nessa casa um inferno infinito. Fez a minha mãe traí-lo e abandoná-lo sem remorso. Ainda tenho as cicatrizes de todas as vezes que ele me machucou sem nenhum motivo.

E eu sabia que o encontraria em breve. Pelo menos o seu rosto. Só tinha um motivo para eu estar nessa casa. As almas boas que nos salvaram eram os meus antigos pais. Eu sabia que o reencontro estava próximo. Eu sabia que eu me reencontraria em breve. Eu sabia de tudo isso.

Eu sabia também que eu voltaria para minha casa na caverna cedo e nunca estive tão agradecido em toda a minha vida. Aquele lugar abafado e com cheiro de mofo me traz saudade. Saudade.

Por todos esses anos quis o meu quarto novamente. Esse quarto que estou agora, este quarto que analiso agora. Queria essas roupas novamente. Queria a minha vida de volta. E hoje, o que eu quero? Quero uma vida simples ao lado de todas as pessoas da caverna. A minha verdadeira família. A família que me acolheu e que me aceitou, apesar de todos os meus defeitos.

Era isso que eu queria. Eu queria a caverna novamente.

Pego as roupas e a toalha que Susi fez o favor de deixar sobre a minha cama e sigo para o banho – meu quarto costumava ser uma suíte.

Sinto-me encardido, depois de dias sem um banho sequer. Lavo minha cabeça e esfrego meu corpo com sabão cheiroso depois de um bom tempo. Sinto-me limpo novamente enquanto coloco uma roupa novinha em folha.

Preparo-me psicologicamente. Abro a porta de meu quarto.

Está na hora de encarar a verdade dos fatos de uma vez por todas.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Espero que sim! Quero comentários, muitos, com a opinião de vocês. E, bom, pra quem procura uma fanfic original ou quer ler alguma coisa nova, eu acabei de começar essa aqui: http://fanfiction.com.br/historia/458684/Rediscovering_Me/ Leiam e comentem pra eu saber o que vocês acharam! ♥ E, enfim, leiam e comentem nessa aqui também. Não gosto de vácuo ): Até o próximo capítulo s2



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