Almost Human escrita por MsNise


Capítulo 30
Aceitando


Notas iniciais do capítulo

Olá! Como vocês estão? Capítulo novíssimo em folha e compridinho, porque eu amo capítulos grandes ♥ E eu espero de todo o meu coraçãozinho que vocês amem ele porque eu enchi de revelações (muahahaha) pra explicar toda essa confusão de histórias do Ian que eu meti no meio. Escutem essa música enquanto estiverem lendo http://www.youtube.com/watch?v=9BMwcO6_hyA Até lá embaixo :* :*



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A primeira coisa que vejo antes de descer as escadas é que uma grande comoção me espera ansiosamente. Várias pessoas rodeiam a mesa que antes eu usava para o jantar. Entre elas estão Susan, Kyle, Peg, Jamie, Jared, Melanie. E também Sandra e Luís. Não te contei o nome dos meus antigos pais antes? Pois é, são Sandra e Luís.

Desço as escadas lentamente, degrau por degrau, respirando fundo sempre. Susan me olha e sorri. Há encorajamento em seus olhos azuis. Correspondo ao seu sorriso e desço mais rapidamente, agora certo de uma coisa: minha vida está se resolvendo. Minha vida se resolverá.

Finalmente todos me olham. Uma timidez desconhecida me toma e me sinto mal por ser o centro das atenções. Coloco minhas mãos dentro dos bolsos de minha calça e espero.

– Olá, Ian – diz a voz de minha mãe, mas sei que não é ela. Eu não consigo reconhecer a expressão que a mulher com o mesmo rosto de minha mãe carrega.

– Oi – murmuro, sentindo-me uma criança novamente.

Mas não demora muito para a realidade cair bruscamente na minha frente mais uma vez. Peg sorri e começa a chorar. Lembra-me de Susan, em seu misto de emoção e felicidade. Sinto-me completo ao vê-la bem. Sinto-me completo ao vê-la.

Eu me casarei, só consigo pensar, eu me casarei com o amor da minha vida. Com quem me ajudou a me reencontrar.

Peg levanta-se rapidamente e corre ao meu encontro. Joga-se em meu colo e cruza as pernas atrás de mim, para se firmar. Rio de sua espontaneidade e a apoio por sua cintura diminuta. Ela pega meu rosto entre suas mãos e me beija, na frente de todos. Não há objeções, não há erros, não há empecilhos. Somos apenas nós, em nossa pequena bolha.

Seus lábios macios se confundem com os meus em uma romântica dança que eu sempre fui apaixonado, contudo, ela logo separa nossas bocas e deixa nossos narizes se roçarem. Sinto sua respiração entrecortada em meu rosto e não ouso abrir meus olhos. Amo a magia do tato. Ela se afasta um tanto de mim.

– Ian, olhe para mim – diz baixinho. Eu sei que somente eu pude escutá-la nessa sala toda. Abro meus olhos e sorrio ao ver a felicidade gritante de seu rosto. Ela está tão feliz que chega a chorar. – Nunca mais faça isso. Ok? Nunca mais – ela respira fundo e fecha os olhos, encostando nossas testas novamente. Fala a última parte com dificuldade. – Eu não suportaria perdê-lo.

– Você não vai – confirmo, com um sorriso enorme em meu rosto. Provavelmente o maior que eu já dei em minha vida. – Você não me perderá.

Ela cola nossos lábios novamente de maneira delicada, me dando diversos selinhos, e logo depois solta uma gargalhada. Tudo está tão colorido para mim nesse momento, quase como se eu estivesse sob o efeito do Corta Dor. No fundo, eu sei que não há nenhum remédio ou substância capaz de alegrar alguém. Apenas uma coisa pode fazer isso. É o amor. E eu amo Peg.

Não consigo descrever minha felicidade. Não consigo dizer o quanto estou contente por rever Peg e poder abraçá-la. Estou tão estupidamente alegre por poder tê-la em meus braços. Desejei nunca mais desencostar de sua pele macia. Desejei nunca mais parar de olhar para aqueles olhos cinza-prateados. Desejei tudo isso porque eu precisava de tudo isso. Eu precisava dela.

Estouro a nossa bolha com pesar e recebo muitos outros abraços e beijos no rosto de Melanie, Jared e Jamie.

Contudo, o que mais me grava é o abraço de Kyle. Geralmente desajeitado, ele me abraçaria fracamente e ainda brigaria comigo por ter me arriscado tanto. Naquele momento, não. Ele passou os braços ao redor do meu corpo com força e saudade. Foi o momento mais emocionante de meu dia, com certeza. As lágrimas tomaram lugar em meus olhos e eu sorri, franzindo todo o meu rosto por conta disso.

– Nunca mais faça isso – Kyle sussurra em meu ouvido, segurando firme em meu rosto. – Eu te amo, meu irmão. Não suportaria tamanha perda.

Por um momento, fico sem fala, apenas retribuindo seu abraço. E então cochicho.

– Eu também te amo, Kyle. Eu também te amo.

Afastamo-nos, mantendo as mãos no ombro um do outro. Havia tanto tempo desde a última vez que eu tinha visto um sorriso verdadeiro no rosto de Kyle sem que fosse sarcástico ou falso. Ele sorria e algo cintilava em seus olhos azuis. Lágrimas. Ele chorava de felicidade.

Eu estava bem. Todos estavam bem. Nós continuaríamos bem.

Sandra e Luís não se levantaram. Olharam tudo do lugar onde estavam não demonstrando muitas emoções. Eles não queriam ser precipitados e me assustar, por isso se neutralizaram diante da minha recepção.

Mas ela havia acabado. E só restava essa conversa crucial para eu me ver livre de todo o meu fardo. E eu me veria livre logo. Encarei-os, sem desviar meus olhos nem por um segundo. Eu queria conversas e explicações. Eu precisava disso.

– Vocês... podem ir lá fora um pouco? – pediu Susan aos outros, excluindo eu e Kyle da conversa.

– Claro – respondeu Peg categoricamente, rebocando os outros pra fora junto com ela. Poucos segundos antes dela partir segurei em sua mão, trazendo-a para perto de mim. Encostei nossas testas, entrelaçando nossas mãos. Sussurrei contra seu rosto, calmamente:

– Obrigado – agradeci baixinho. – Por te tido paciência, por ter me esperado. Muito obrigado por tudo que você tem feito por mim. E me desculpe por tudo.

– Não precisa se desculpar – ela disse. – E não precisa agradecer. Eu te amo, lembra?

– A vida é um ato de amor – sussurro.

– Exatamente – ela diz sorrindo. Encosta uma de suas mãos em meu rosto e fecha seus olhos para me dar um selinho e se afastar logo depois, deixando o local graciosamente. Deus, como eu a amo nessa vida!

Respiro fundo, vendo a porta sendo fechada na minha frente. E então, finalmente, sobramos apenas nós cinco no local. A nossa família. Nossa pequena e original família. O silêncio se estabelece e permanece por mais um curto período.

– Queiram se sentar – disse gentilmente a alma que habitava agora o corpo de Sandra.

Obedeci, puxando uma cadeira sem pestanejar. Os outros imitaram meu gesto, tentando ser objetivos.

– O que você quer saber? – perguntou a voz de meu pai, entretanto a maneira de falar o diferia muito da alma que agora o hospedava.

Pensei por um curto período de tempo. O que eu queria afinal? Queria respostas, definitivamente. Mas respostas para quais perguntas? Quais perguntas me atormentaram todos esses anos? Não conseguia me recordar de nenhuma. Todas evaporaram de minha cabeça sem nenhuma explicação. Elas simplesmente desapareceram sem dar lugar a outras. Minha cabeça estava vazia.

– Eu... eu não sei – admiti, com um tanto de vergonha.

– Não sabe? Como não sabe? – trovejou Susi, voltando a ser a garota que eu havia conhecido. Aquela direta e quase insensível.

– Eu não sei. Tudo desapareceu de minha cabeça – respondi um tanto ríspido, irritado por seu modo de agir. Não custa nada discutir com ela tão cedo. Afinal, somos irmãos. – Assim. Puf – disse e simulei com a mão uma explosão. Fechei minha mão em punho e a abri rápida e exageradamente. Os presentes deram a impressão de entender.

Todos ficaram em silêncio. Foi um silêncio agradável. Ajudava-me a me concentrar em todos os meus pensamentos e em minhas dúvidas mais terríveis.

O que eu queria saber por fim? Queria saber como eles haviam sido capturados, obviamente. Mas não era isso. Eu tinha outras dúvidas. Mais pessoais, mas também mais urgentes. Tentei me expressar da melhor maneira que conseguia:

– Vocês sabem que a minha namorada é uma alma, não sabem? – comecei pelo começo, devagarzinho, não querendo extrapolar nada. Ambos assentiram. – Eu sei que quando a inseriram na Mel, ela não conseguiu acessar algumas memórias. Mas esses casos são raros. Vocês conseguem acessar as memórias de seus hospedeiros? – eles assentiram novamente, com mais calma agora, ansiosos para o lugar onde eu queria chegar. Puxei o ar pelos meus dentes. – Eu tenho uma dúvida. Por favor, sejam sinceros comigo, qualquer que seja a resposta que vocês precisem me dar. Eu quero saber... o que eles, meus pais, realmente pensavam sobre mim.

Não me incomodei por perguntar algo diretamente sobre mim, mesmo tendo outras pessoas no local também, como Kyle e Susi. Mas eles tiveram tempo. Provavelmente já esgotaram os tópicos de conversas com as almas que agora habitam os corpos de nossos pais.

Sandra e Luís – ou seja lá o nome de alma que eles adotaram – pensaram um pouco sobre a minha pergunta. Provavelmente resgatando as memórias antigas. Esperei – impacientemente, confesso -, mas as respostas compensaram. Minha mãe – ou a alma - começou falando:

– Sua mãe, Sandra, era uma pessoa muito boa. Ela amava tanto você quanto Kyle de uma maneira que eu não conseguiria dimensionar aqui para você agora. Apenas quero que entenda que era grande, muito grande. E ela faria tudo o que pedisse por vocês. Se duvidar, colocaria até uma mão no fogo. Ela o faria, tenho certeza que sim. – ela diz suavemente, como todas as outras almas fazem. Encarou as próprias mãos. - Mas ela se rendeu, como você já sabe. Rendeu-se aos prazeres mundanos. Na época, acreditava que fosse inocente sua atitude. E dava a impressão de ser. Mas ela não esperava pela consequência. Ela não esperava pela gravidez. Não quis abandoná-los, mas estava com medo da situação em que viveriam. Você já conhece essa parte?

Engoli em seco e assenti:

– Susan me contou.

– Certo, ótimo – ela parou por um momento para retomar sua linha de raciocínio. – Ah, tá. Tudo bem. Vamos continuar. Porém tem uma parte que você não sabe. Que nem Susan sabe. Que ela nunca contou a ninguém. Nunca quis nem admitir para si mesma. – o suspense me matava por dentro, consumindo cada célula de meu corpo. - Ela confiava em Luís. Acreditava seriamente que ele era uma boa pessoa. Sabia que ele não os maltrataria tanto. Sabia que ele os amava. E foi por isso que ela os abandonou. Ela acreditou que vocês estavam em boas mãos.

– Mas ela estava enganada... – resmunguei, embora ninguém tenha me dado a devida atenção.

– Ela acreditou nisso e partiu. Viajou por lugares e mais lugares em condições precárias. Não conseguiu sequer achar um lugar para parir Susan; o fez no lixão, sem a ajuda de ninguém. Estava sozinha e com um bebê de colo no mundo. Criou Susan da melhor maneira que podia, treinando-a para ser uma lutadora forte e eficiente. E teve um bom resultado – ela sorriu ternamente para Susan por um momento, antes de voltar o foco para mim novamente. – Em uma noite, os Buscadores as encontraram. Ambas lutaram, mas quando Sandra viu a morte definitiva em sua frente, mandou Susan fugir e disse para ela nunca ir para algum lugar onde elas já estivessem estado. Susan fugiu, entretanto ela continuou lutando até aguentar, porém não o fez por muito tempo. Logo a apagaram e a levaram para uma instalação de Cura, onde depois de cinco dias inseriram a mim, Tocada Pelas Nuvens.

Ela fez uma pausa e brincou com os próprios dedos por alguns segundos. Quando voltou seu olhar para mim, lágrimas cintilavam em seus olhos azuis claros prateados.

– Ela resistiu no primeiro dia. Eu não contei ao meu Curandeiro nem a ninguém. Essa é a primeira vez que eu falo, para todos que aqui estão. Contudo, ela estava lá quando eu tomei conta do meu corpo. Quando percebemos o que estava acontecendo, nos estabelecemos em uma conversa pacífica e interna. Ela me pediu para nunca entregar nada sobre vocês. Pediu docemente, da mesma maneira que costumava falar. Quando eu senti todo o amor dela por vocês, ofereci o controle do corpo a ela. Ela recusou. Disse que não aguentaria muito mais e que já tinha feito tudo o que precisava. Disse também que, se algum dia eu encontrasse vocês (e provavelmente ela imaginou que isso aconteceria), deveria passar um recado. Ela disse que os amava e que lamentava por tudo. E que esperava que vocês fossem muito, muito felizes. Eu estava prestes a protestar e a oferecer meu corpo a ela novamente quando eu me vi sozinha. Ela já tinha ido embora. Mas eu posso confirmar. Ela os amava com todo o seu corpo e sua alma. Tudo o que ela fez por um bem maior. Perdoem-na, mesmo que ela não esteja mais entre nós.

Entretanto, naquele momento eu senti a presença de minha mãe. Não como a presença de um espírito, muito menos como a presença de Melanie dentro de Peg. Mas era sua presença. Talvez fosse o lugar onde estávamos que fez tudo isso despertar, talvez tenha sido a história. Eu não soube dizer ao certo. Mas eu senti o seu amor. Eu a senti. Ela estava lá. Eu te perdoo também, minha mãe. Pensei, imaginando minha voz sussurrada. Talvez não definitivamente, talvez não agora. Mas eu a perdoo. Eu a perdoarei algum dia. Eu prometo.

Era uma promessa e uma dívida. Eu cumpriria e eu pagaria, até com juros se fosse necessário. Mas eu o faria. Nessa vida eu o faria.

E então chegou a vez de Luís – ou da alma que o habitava. A minha maior dúvida, até agora. O que meu pai sentia por mim, afinal?

– Seu pai sofreu quando criança. – começa ele com o cenho franzido e claramente desconfortável. Sua voz rouca me faz lembrar muitas coisas ruins e me retraio imperceptivelmente. - Provavelmente, ele nunca te contou. O sofrimento que ele passou o fechou para o mundo – lembrei-me de Kyle. Ele era uma pessoa sensível, até ser obrigado a cuidar de mim. Incrivelmente, eu não me culpo por isso. Não me culpo porque tenho a certeza de que, lentamente, Sunny está trazendo Kyle de volta para a vida. Eu acredito nisso. E a agradeço por esse motivo. – Ele sofria, mas amava a vida que tinha. Amava seus pais e o esforço que eles faziam para fazê-lo feliz. Entretanto, não conseguia acreditar na vida. Não conseguia acreditar no poder. Vivia como um robô, aceitando e agradecendo tudo. Era automático. Tão automático que em certo ponto tornou-se falso.

O homem parou, provavelmente tentando captar a essência do sentimento para assim poder descrevê-lo. Contorceu suas mãos sobre a mesa. Não olhou para mim quando voltou a falar.

– Sabe o que ele mais gostava de fazer? – ele sorriu para o nada e não esperou pela resposta. – Ele amava dançar. Queria sair dançando pelo mundo, fazendo coreografias robóticas e inovadoras. Robóticas, você percebeu? Ele era um robô. E queria ganhar a vida sendo apenas ele mesmo. Foi aí que o sofrimento começou. Seus pais não aceitaram seu sonho; eram pessoas simples, só acreditavam no trabalho já conhecido. Ele se revoltou. Queria fazer sucesso. Queria fazer algo que quisesse. Desde então, seus pais começaram a tratá-lo com indiferença, principalmente quando ele demonstrava seu desejo maior. Faleceram cedo, mas não antes de obrigá-lo a casar-se com uma moça que não tinha afinidade alguma. Ele obedeceu e com essa moça teve dois filhos – ele não apontou, mas eu sabia que se referia a mim e a Kyle.

Teve que fazer outra pausa, retomando a expressão séria. Finalmente, olhou-me. Analisou-me minuciosamente, cada detalhe do rosto. Eu sabia que estava na hora. A minha resposta.

– Ele ficou com medo inicialmente. Ficou com medo de ser o pai que proibisse os sonhos. Ficou com medo de se transformar em uma pessoa que ele repudiava. E para isso, quis se defender. Em vez de proibir o sonho na hora H, nunca o deixou nascer. Sempre estava na defensiva. Na verdade, não queria ser uma cópia de seus pais, que ele julgava terem sido falsos durante uma vida inteira. Desejava ser diferente, mas era impossível. O estoque de munição já estava pronto. Contudo, ele os amava. Amava-os como nunca havia amado ninguém, nem seus maiores amores. Amava-os com força e verdade. Entretanto, era um covarde. Ele sentia que era isso.

Lágrimas limitavam-me de enxergar. A revelação – eu não estava preparado psicologicamente para ela.

– Naquele dia, ele não quis que vocês fossem capturados. Não entendia nada do que estava acontecendo, mas em um instinto de pai fez a coisa certa. Mandou-os fugir. E vocês, por algum milagre, obedeceram. Mentalmente, ele agradeceu. Foi com essa lembrança que eu acordei. Ele sendo capturado. Ele demonstrando o amor por vocês. Ele os agradecendo. Não tinha forças para pedir que os Buscadores os deixassem livres, pois estava muito ocupado sentindo-se livre. Sua vida estava acabando. Mas vocês não conseguiriam adivinhar qual foi seu último pensamento. Algum palpite?

Ele me encarou. Somente a mim, mesmo que todos os outros o ouvissem atentamente. Com os sentimentos estranhamente confusos, fiz que não com a cabeça.

– Ele pediu perdão. Por todos os seus erros, por tudo de ruim que fez em vida. E ele também desejou que vocês fossem audaciosos o suficiente para seguirem seus sonhos e sobreviverem nesse mundo cruel. Mesmo que nada acontecesse com ele, ele pediu para vocês fugirem. Ele queria que se libertassem da pessoa que ele era – ele estreitou os olhos, aumentando o volume de sua voz enquanto tentava provar algo praticamente impossível de acreditar. – Quando renasci nesse corpo, ele já havia partido. Tentei encontrá-lo, mas não consegui. Apenas sentia seus sentimentos, suas emoções, tudo o que já havia sido dele. Ele amava os próprios filhos. Com certeza absoluta. – e então repetiu. – Ele os amava.

Eu estava sem reação. Piscar era pesado e deixava minha visão fosca. Meu coração pesava e voava em meu peito. Era um misto. Um tanto de alegria, um tanto de liberdade, até um tanto de culpa. Contudo, dessa culpa era fácil de me livrar. Estava sentindo culpa por sempre ter julgado meu pai sem conhecer sua história. Mas quem não o faria? Ele me maltratou de fato, apesar de agora ter uma justificativa. Talvez algum dia eu consiga aceitá-lo. Perdoá-lo. Algum dia. Não hoje, não agora. Porém, eu posso começar a pensar.

A nova culpa desaparece. Evapora no ar. Só me resta o coração pesado levantando voo, a alegria e a liberdade. O que é esse coração pesado? A dor da história? A lembrança? Deixo-a ir embora. Liberto-a. Só resta um coração alvoroçado pela alegria e pela liberdade. Também pela emoção.

Não consigo chorar, sequer sorrir. Fico nesse torpor dos meus devaneios. Nesse meio termo. Estou sem reação. Mas ninguém teme a revolta, pois conhecem a aceitação.

– Ian, eu e meu parceiro pensamos muito essa noite – manifesta-se Tocada Pelas Nuvens, sem paciência para me deixar aceitar a tudo. - Decidimos que quando você acordasse, faríamos uma proposta – ela respirou fundo. – Se vocês quiserem, podemos devolver o corpo de seus pais. Vocês estão liberados para nos mandarem para outro planeta. Qualquer um. Então, o que acham?

Eu não sabia. E então, o que eu achava?


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Notas finais do capítulo

E entããããão? O que acharam? Gostaram dos curtos momentos O'Wanda que eu coloquei no capítulo? Eu amei ♥ Aliás, esses dias atrás me surpreendi com a quantidade de visualizações nessa fanfic. Eu tenho mesmo tantos leitores fantasmas? Não tenham medo de comentar, eu não mordo :3 HDSUHDASHDAS Aproveitando pra divulgar mais uma vez minha história original: http://fanfiction.com.br/historia/458684/Rediscovering_Me/ Até o próximo capítulo ♥



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