Never Let Me Go escrita por patch


Capítulo 7
A Volta




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Izzie e eu atravessamos, de mãos dadas, a entrada do GSM. Aquela era a primeira vez, depois de 4 anos, que ela pisava lá.

— Meu Deus, como esse lugar está diferente. Está tudo ampliado e mais... Moderno — Seus grandes olhos castanhos se arregalaram.

Aquele momento era especial para nós dois, mas minhas mãos formigavam de um jeito estranho. Sentia o suor nascendo no meu couro cabeludo e descendo lentamente, até as minhas têmporas. Aquilo não era normal, não para mim. Eu não era conhecido por aí como alguém que amarelava na hora H, mas estava quase fazendo isso. O engraçado era que eu não tinha motivos para estar ansioso ou coisa parecida. Izzie, por outro lado, não demonstrava nada. Literalmente. Observei-a de relance e estava até sorrindo.

Recomponha-se, rapaz. Se até ela está tranquila, o que há de errado com você? Vire homem e deixe-se levar, meu subconsciente apressou-se.

O fluxo de pessoas estava baixo. Graças a Deus... Isso queria dizer que elas estavam sendo mais cuidadosas e não tentando se matar por aí. Avistei Mer vindo em nossa direção.

— Parabéns, Iz! Seja bem-vinda novamente, em nome de todos os seus novos e antigos colegas do GSM. — Ela deu um abraço em Izzie e só de vê-las ali, já me senti relaxado. Na verdade, queria participar dele e torná-lo um abraço triplo, mas me contive.

— Como eu senti saudades de você, Mer!!! De você e de todo mundo. — Izzie desemaranhou-se de Mer e deu uma piscada, olhando ao redor. — Aliás, cadê o resto da gangue? — disse, com ar brincalhão.

Quando Mer mordeu os lábios e desviou o olhar esverdeado de nós, já sabia que coisa boa não viria dali.

— Olha, Iz. O seu retorno foi inesperado para todos nós — Mer gesticulou, na tentativa de fazer Izzie entender o que ela queria dizer, sem ao menos começar a falar de verdade. Desistiu e prosseguiu: — Nem todos aceitaram isso 100% bem, entende? — Ela estava total e descaradamente na defensiva. — Após tudo o que passamos juntos, é meio díficil entender o porquê da sua partida.

“Não que seja da minha conta ou de ninguém, longe disso. Mas eles estão magoados, mesmo depois de tanto tempo. Não vou dizer que amanhã as coisas já estarão normalizadas, entretanto, desde que soubemos que você e Alex reataram — ela centrou seus olhos intimidadores em mim e sorriu. Mer era das minhas. Cúmplice, amiga e tinha minha total confiança. Eu a amava. —, estamos tentando digerir a notícia. Uns são mais rápidos do que outros, tipo, eu. — Ela deu uma risada alta e gutural. Mer sempre soubera a hora e o lugar exato para fazer piada.

“Vocês sabem que podem contar sempre comigo, não é? — ela disse, alternando o olhar entre mim e Izzie. — Serei sempre aquela amiga chata e reclamona que vai contar seus problemas da vida, sem nem ao menos vocês terem perguntado. Apoiarei cada decisão que vocês tomarem, não importa o quão insana elas sejam. Eu gosto de vocês. Vocês são como irmãos para mim, então não quero que nada de mal aconteça à vocês ou com esse lindo bebê que está a caminho. Nossos bebês vão ser inseparáveis, escreve o que eu tô te falando — ela tocou a barriga de Izzie com cuidado e meu coração esquentou com aquela sensação de aconchego que Mer nos havia oferecido em meros 5 minutos de conversa.

Izzie estava sentida, já não dava mais para camuflar. Nunca imaginara que o seu primeiro dia no hospital seria assim. Vazio.

Aproximei-me dela e entrelacei meu braço direito na altura de sua cintura e a puxei para mais perto ainda. Mer, sem querer ficar de vela, logo retirou sua mão da barriga de Izzie e deu um passo para trás, ainda sorrindo.

— Eu disse que você se sairia bem, não disse? — Lembrei. — Confie em mim. Nós ainda temos o dia inteiro pela frente, pra fazer alguma diferença na vida de alguém. Então vamos aproveitá-lo!

Pensei em Izzie a tarde inteira. Quando cheguei na sala dos atendentes no comecinho da noite, hesitei na porta. Vi uma cena que não me agradou nada. Izzie estava sentada no canto esquerdo do cômodo, de cabeça baixa. Não entendi muito bem o porquê, até que notei que os outros médicos ali cochichavam sobre ela. Aquilo me enfureceu de uma maneira que senti meu sangue ferver e minha cabeça chegou a doer, à ponto de fazer minha veia na testa saltar.

— O que vocês pensam que estão fazendo? — Gritei e todos se assustaram, estarrecidos. — É, vocês mesmos. O que há de tão interessante em especular sobre a vida dos outros? Vocês não tem seus pacientes pra cuidar? Ou algo de útil pra fazer a não ser fofocar? Façam-me o favor, procurem algo para se ocuparem e cuidem de suas vidas medíocres, imbecis. — Aquelas palavras saíram mais duras do que quando as formulei mentalmente. Mas estava feito, não tinha como voltar atrás.

Cheguei até Izzie com apenas três passadas. Levei minha mão ao seu queixo para levantar seu rosto, mas ela não permitiu fazê-lo.

— Não fique assim, Iz. Conheço esse hospital há mais de 8 anos e nunca vi ele mais mal frequentado, como agora. Esses médicos são novos aqui, mas como a fofoca correu o hospital inteiro, eles já devem saber de tudo de cor e saltiado — expliquei.

Persistente, obriguei ela a levantar a cabeça. Iz estava reprimindo a vontade de chorar para não passar vergonha alheia diante dos novos ‘colegas’.

Ótimos colegas esses aí, hein. O meu subconsciente chegou àquela conclusão óbvia, mas descartei-a.

— Ei, não chore. O que eu posso fazer para você sorrir? — Flashbacks me atingiram e relembrei um momento engraçado nosso... Quer dizer, pelo menos pra mim foi engraçado, enquanto durou. — Lembra de quando eu era um idiota, imbecil e todos os nomes horríveis que você consegue lembrar? — Dei risada e ela não piscou. — Eu não sei o que deu em mim naquele dia. Talvez eu quisesse ter a atenção da interna mais linda que esse hospital já teve. Então, pesquisei sobre a vida dela e descobri que essa mesma garota tinha virado modelo para pagar a faculdade de medicina...

Ela estreitou os olhos, já ciente da história que eu ia contar.

— Procurei as fotos dela na internet e quer saber? Ela era mais linda e sensual do que eu a idealizava todas as noites antes de dormir. — Eu dei risada e ela, um soco no meu braço. — Continuando... Imprimi cerca de 100 fotos dela com um plano maligno em mente. — Fiz suspense. — Amor, você tem que compreender que eu era carente e não sabia como fazer você me enxergar. — Confessei. — Colei cada foto com paciência e entusiasmo antes do nosso turno começar, para que quando a garota chegasse, tivesse uma surpresa. Eu era tão masoquista, não acha?

Ela fez que sim e já observei seu ânimo melhorar. Estava funcionando.

— Depois do acontecido, ela disse que George entrou primeiro e logo saiu do vestiário, impedindo que ela entrasse, mas teimosa como sempre, a garota não deu ouvidos à ele. Desculpa, mas a cara dela foi a melhor e o que aconteceu depois foi um tanto quanto estranho. Lembro de relances do modo como ela se despiu na frente de todos. A tatuagem... Aliás, eu a amei. — Revelei, fazendo cara de malvado. — Me senti envergonhado como nunca na vida, por fazê-la sentir vergonha. Eu fui tão tolo quando pensei naquilo, mas sei lá, não me arrependo, por que dali em diante, nós começamos a nos conhecer melhor, entre brigas e pazes.

— Por que você me disse tudo isso, Alex? E em terceira pessoa, ainda por cima? — Ela falou, por fim.

— Para lembrar que você pode ser durona quando lhe convém. Não abaixe a cabeça, não deixe que falem pelas suas costas, não permita que eles te minimizem. Confronte-os, pergunte-os ‘qual é o problema?’, mostre o dedo do meio — encenei, para tentar deixar aquele diálogo mais humorado e deu certo, outra vez. — Faça as pessoas temerem você. Isso funciona. Se fizer isso, não dou dois tempos para que elas façam tudo o que você pedir, te garanto.

Nos olhamos e então a beijei. Nada complexo ou demorado, mas algo que a fizesse sentir meu amor por ela. Olhei no meu relógio e estava atrasado com as minhas rondas.

— Preciso ir agora. Você vai ficar bem sem mim por perto?

— Vou — ela respondeu, simples e direta.

— Tudo bem. — Dei um beijo em sua testa e levantei.

Quando estava perto da porta, pronto para sair, Izzie me chamou.

— Alex?

— Sim? — Olhei para trás.

— Obrigada.


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Notas finais do capítulo

Comentem, favoritem e recomendem minha fanfic, por favor... Claro, apenas se estiverem gostando!

Tenho um amor incondicional por esses dois, sério (mas shippo Jolex também hehe).



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