Never Let Me Go escrita por patch


Capítulo 8
A Verdade Nua e Crua




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— Ei! — Apontei meu indicador à Jo. — Quero que você participe de uma cirurgia comigo.

Qualquer interno adoraria uma oportunidade dessas, menos ela. Eu estava com um pouco de pressa, por isso não me preocupei com o modo de como ela reagiria ao meu pedido, o que deixava a nossa situação bem mais enrolada do que normalmente já era. Não tínhamos trocado sequer um ‘bom dia’ há uma semana.

— Estou ocupada auxiliando a Dra. Kepner hoje. Stephanie está disponível. Por quê não a chama? — Ela respondeu, ríspida e sem fazer contato visual.

— Qual é, Wilson. — Não sabia por que eu ainda tentava ser descontraído. Não combinava comigo. — April nem sabe que você está por perto. E no fundo, você sabe que brilha mais na pediatria. O seu lugar é lá.

— Ah, é mesmo? E quem é você para saber o que me agrada ou não? Hm, lembrei... Sou apenas uma conhecida pra você — ela guardou o tablet que segurava em uma case e saiu.

Não queria fazer uma cena no meio do PS, então segurei firme no braço dela e a puxei.

— Não faça isso, ok? Não confunda as coisas.

— Você só pode estar de brincadeira comigo — ela murmurou, livrando-se de mim.

— Como disse? — Fixei meu olhar na curva que os lábios dela fazia.

Eles eram desenhados de uma forma delicada e sutil. Tão pequenos e certamente macios, que senti vontade de... Ah, deixa pra lá!

— Você disse mesmo o que eu tô pensando que disse? Lembre-se: aqui no hospital, amigos amigos, trabalho à parte. Somos uma equipe e não temos tempo de ficar com draminha clichê, enquanto a vida de alguém está em jogo. — Expliquei, como um professor de verdade.

— Eu não disse nada, ok? Esqueça. E sei muito bem porque estou aqui — ela retrucou.

— Hm, e ainda por cima atrevida e respondona. O Dr. Hunt vai adorar saber da sua falta de respeito com quem está aqui para te ensinar de livre e espontânea vontade, mocinha.  

Sério, Alex? Mocinha? Mocinha? Meu subconsciente pegou uma arma e disparou na própria cabeça.

— Como quiser, chefe. — A irônia exalava de sua voz. Não gostava de onde aquela conversa hostil estava chegando, então, assenti para acabar com aquele papo furado.

— Estamos entendidos, enfim. Siga-me — ordenei. — Vou lhe mostrar o paciente que cuidaremos hoje.

Andamos depressa até chegarmos na frente do elevador. Quando abriram-se as portas, entramos de imediato. Apertei o botão para ir ao 3º andar. Não tínhamos proferido uma palavra sequer após a nossa pequena ‘discussão’. Aquilo já me incomodava muito, pois ela era tão dedicada e profissional, que por um momento me senti culpado por ter sido tão grosso com ela.

— Wilson... Me desculpa, ok? — Saiu baixo, sem pretensão nenhuma.

— Pelo quê, Alex? Por agora ou por semana passada? — Jogou na minha cara. — Sabe, eu pensei que nós tínhamos interesses em comum... Eu confiei em você e na primeira oportunidade, você pulou fora. Você tem noção de como fez eu me sentir?— Fez uma pergunta retórica, sem esperar que eu de fato, respondesse.  — Não, né? — Desabou. Suas pernas bambearam e uma lágrima escorreu. Minha única reação foi apertar o botão de ‘pare’ no elevador, para conversarmos em particular.

Ela começou a soluçar e aquilo me desesperou. Ei, não era pra tanto... Era?

— Eu sinto muito mesmo. De verdade. Acredita em mim, por favor. — Me aproximei um pouco mais dela, diminuindo a distância entre nós. Para alcançá-la ainda teria que andar um pouco, mas não queria deixá-la desconfortável.

— Você é muito importante pra mim, Alex. Você tornou-se tão especial que eu te vejo em todos os lugares que eu vou... Até os detalhes que passam despercebidos no dia a dia de uma pessoa normal, me fazem lembrar de momentos com você. — Ela vacilou e deu um pequeno sorriso. — Eu sinto falta de estar com o meu melhor amigo.

Fechei os olhos e fiz careta.

— O que foi? — Ela quis saber.

— Essa palavra... Melhor amigo. Você nunca percebeu, não é? — Agora quem bambeava era eu. — Eu sou apaixonado por você, quer dizer, era... Hm, sei lá, agora.

Ela estava perplexa.

— Você... O quê?

— Pronto, falei. Ufa — expeli. — Enquanto você estava se divertindo com aquele Zé Mané, eu pensava em você. Eu queria ter você pra mim... Eu queria cuidar de você, te ensinar coisas, te tornar uma grande cirurgiã, participar da sua vida de modo que você me notasse como deveria. Queria que você tivesse olhado para o lado antes de tudo isso e percebido que eu sempre estive ali, apoiando suas escolhas e fazendo qualquer coisa pra te ver sorrir. Mas você não viu.

— Alex...

— Então Izzie voltou, afinal de contas. E eu a amo. Não me entenda mal, certo? Eu sou apaixonado por você, mas amo Izzie incondicionalmente. Sempre será ela. — Destaquei as palavras. — Eu espero que você seja feliz, falando sério... Quero que você tenha a oportunidade de encontrar alguém que te escute, que te entenda e que te aprecie, acima de tudo, pois você é uma garota maravilhosa. Excepcional. Única. — Terminei, com medo de ter colocado os pés pelas mãos e exagerado demais na fala.

No fim do expediente, seria Izzie que estaria a minha espera para voltarmos para casa juntos. Quando chegássemos, prepararíamos o nosso jantar e perguntaríamos um ao outro como havia sido o nosso dia. Depois, dividiríamos a mesma cama e faríamos amor nela. Por fim, dormiríamos abraçados e acordaríamos na manhã seguinte, robobinando a mesma rotina novamente.

 Sim, ela era tudo o que eu sempre quis. Não era? Droga. Conflitos internos à parte, eu não queria continuar me enganando ao pensar que se Izzie não tivesse voltado das cinzas, Jo e eu teríamos dado certo.

Jo e eu estávamos agora, cara a cara. Ela segurou meu rosto com as duas mãos, acariciando minhas bochechas e a barba por fazer. Beijou-me de surpresa e não tive chances de premeditar ou impedir seu movimento brusco. Afastei-a com delicadeza.

— Jo, eu não posso...

— Eu sou louca por você, Alex, mas tive medo de misturar minha vida pessoal com o trabalho. Não queria estragar o que tínhamos construído juntos. Mas agora que você confessou seus sentimentos por mim, eu...

Ela beijou-me novamente e não tive forças para tirá-la de onde estava. Me permiti aquele último beijo.


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Notas finais do capítulo

A fanfic estava em hiatus, porque não tinha tempo suficiente para escrevê-la.

Jolex::::::: perfeição pura também!!!! Coitada da Izzie ):

Comentem, favoritem ou recomendem minha fanfic, por favor. Obrigado.



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