Never Let Me Go escrita por patch


Capítulo 6
A Escolha




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Aquela manhã passara realmente rápida. Também, eu estava ocupado tornando-a produtiva. Muito produtiva.

Izzie tinha inventado alguma coisa rápida para comermos e almoçamos juntos. Entre meus plantões loucos no GSM, hoje acabei ficando com o da tarde.

Não. Tinha. Dormido. Ainda.

Você vai sentir falta dos meus conselhos, quando estiver à sete palmos abaixo da terra. Você vai se matar aos poucos desse jeito, meu subconsciente disse, preocupado. Lembre-se que se você morrer, irei junto, porque eu sou você.

Mostrei o dedo do meio mentalmente para ele e ele me revidou, mostrando a língua.

Eu te avisei, alertou.

— Cala a boca — disse em alto e bom som.

— Como é? — Izzie, que não parava de tagarelar sobre os milagres que havia feito aos seus pacientes anteriores, interrompeu-se.

— Nada, nada. Continue...

Não estava preocupado com o cansaço. Por incrível que pareça, eu nunca me sentira tão disposto e vivo como agora.

Izzie havia ligado para Owen depois que tínhamos saído do banho após ‘conversarmos’ por um bom tempo e o seu grande retorno ao hospital estava predestinado à acontecer naquela mesma tarde.

— Estou nervosa, Alex — confessou, num sussurro, diante do prato, praticamente intocado.

Meus devaneios cessaram, quando distingui o medo em sua voz.

— Você vai se sair bem, Iz — afirmei. — Você tem o potencial e a vontade, agora é só querer! — Sorri de lado. — Mas antes disso, coma!!! O bebê não vai se nutrir sozinho.

Ela sorriu de volta. Quinze minutos depois, havíamos terminado de almoçar. Izzie não tinha perdido a prática de fazer comidas maravilhosas. Acho que se pudesse provar o gosto paraíso, a comida dela teria o mesmo. Me pus de pé e beijei seu rosto.

— Vou me trocar pra sairmos o mais rápido possível.

Já estávamos um pouco atrasados. Não seria de bom grado fazer Izzie se atrasar no primeiro dia de trabalho por culpa minha.

— Tudo bem, querido.

Subi a escada correndo. Minha roupa já estava separada sobre a cama. Tirei a samba canção que usava para dormir e a camiseta surrada e imediatamente as substitui por uma calça Jeans e uma camisa de flanela ¾ azul clara. Algo formal e confortável, ótimo. Calcei meus sapatênis e fui escovar meus dentes. À caminho do banheiro, escutei a campainha tocar. Não esperava ninguém àquela hora. Deveria ser algum vendedor ambulante querendo nos encher de coisas que já tínhamos ou que nunca usaríamos. Saí do quarto e já estava no topo da escada, quando Izzie surgiu da cozinha, dizendo:

— Pode deixar que eu atendo. Tenho que mostrar à quem quer que seja, que agora moro aqui também.

— Tudo bem.

Ela aproximou-se da porta e dei meia volta, até que...

— Olá — Olhei para trás e congelei. Jo estava parada na frente de Izzie, com os olhos e o nariz vermelhos. Ela havia chorado. — Hm, não imaginava que Alex receberia visitas à uma hora dessas, sendo que era para ele estar dormindo — ela disse, destemida.

— Olá para você também. Posso te ajudar? — Izzie respondeu, confusa. Nenhuma das duas parecia me notar no topo da escada, então andei sorrateiramente para o lado direito, onde havia uma parede para me proteger de ser visto e observei a cena.

O que eu faço?, pensei

— Gostaria de falar com Alex. É tipo, um assunto muito importante, de vida ou morte — Jo pronunciou, sua voz falhando.

— E você é...? — Izzie estava curiosa com a ligação que eu tinha com aquela garota mirrada e frágil.

— Meu nome é Jo Wilson, sou uma amiga dele. Trabalhamos de vez em quando juntos. Sou uma das novas internas que ingressaram no hospital esse ano. E você?

— Meu nome é Izzie Stevens Karev, sou a esposa de Alex. Prazer? — Ela estendeu a mão que ficou suspensa no ar, sem resposta mútua.

Aquilo já estava indo longe demais. Respirei fundo, tomei coragem e saí do meu esconderijo, descendo de cabeça baixa. Quando a ergui, avistei  2 pares de olhos em busca de explicações plausíveis.

— Jo, eu queria ter lhe contado antes... Eu tentei, juro que tentei. Mas aquele seu namoradinho não deixou e você não pensou duas vezes antes de ignorar o meu pedido, quando precisei de atenção. — Cuspi as palavras.

— Você quer dizer, meu ex-namorado... — Jo disse, inconsolável.

Uma luz dentro de mim acendeu. O quê? Agora? JUSTO AGORA?

— Oi gente, estou aqui e também quero que alguém me responda — Izzie disse, irônica e vidrando o olhar em Jo.

— Iz, Jo é uma amiga minha. Na verdade, uma colega de trabalho que algumas vezes me acompanhou ao Joe para beber e jogar conversa fora. Somos ‘drink buddies’. Apenas isso.

— O quê? — Jo rosnou, incrédula. — Quer saber de uma coisa? Não vou discutir, não agora. Vim aqui para saber a opinião do meu melhor amigo, mas pelo visto, sou uma mera conhecida pra ele — ela riu da situação. Não conseguiu se conter e gargalhou. Seus olhos cintilavam raiva e incoerência. Que merda você está fazendo, cara? — Alex, você é tão previsível. — Deu de costas e saiu batendo os pés.

O hall ficou em silêncio por minutos torturantes, até que Iz quebrou o gelo.

— O que foi tudo isso? — Ela não estava para brincadeiras. Seu olhar me despia e não de um jeito bom.

— Não é nada, ok? — disse, terminando de descer os poucos degraus que faltavam. — Jo é emotiva e sensível. Já devia ter imaginado que ela faria esse teatrinho, quando descobrisse que você voltou... Pra ficar — completei, tentando me safar daquela situação constrangedora.

— Ela é só uma amiga, não é? — Izzie aproximou-se e fechou seus dedos no meu rosto, prensando minhas bochechas. Apertou-as até que começasse a doer.

— Eu tô dizendo que sim! — Eu disse, com dificuldade.

— Você não me contou tudo o que eu quero saber, mas vai. — Ela me soltou e subiu para o nosso quarto.

Massageei meu rosto. Tinha certeza de que ficara vermelho e mais certeza ainda eu tinha de que Izzie estava furiosa por dentro, mas não queria transparecer nem 1% do que sentia sobre aquela situação. E Jo... O que eu havia feito? Tinha estragado tudo. Eu também a considerava minha melhor amiga... Muito mais. Porém a situação tinha virado e eu deveria escolher à quem ser fiel, mesmo que isso machucasse algumas pessoas. Não conseguiria ser amigo de Jo e conviver ao redor dela, dia após dia, sentindo o que eu senti durante esses últimos meses. Amor impossível e não correspondido.

A escolha já havia sido tomada.

Sinto muito.


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Notas finais do capítulo

"Drink buddies" = colegas de bebedeira, algo assim. Não soube fazer uma tradução decente da sentença, então achei melhor deixar em inglês k

Se estiverem gostando da minha fic, favoritem, comentem e recomendem ela, por favor. Obrigado :D



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