Ká-bum! escrita por Nobody


Capítulo 3
Capítulo 2 - A casa




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Ele permaneceu em silêncio. Sua expressão entregava a tristeza de seu coração.
- Senhor....?
A voz da pequena moça que se encontrava curvada em sua frente fê-lo despertar e com uma voz trêmula e rouca ele respondeu a pergunta:
- Eles não vieram. Não virão mais. Foram assassinados a algumas semanas atrás....
- Me perdoe por ter feito vossa senhoria relembrar deste trágico acontecimento. - E curvou-se novamente.
O silêncio em que os dois se encontravam foi rompido quando a garota olhou para o rosto de Willian.
-Ó meu Deus! Eu machuquei a vossa pessoa mestre!
-Não, eu estou bem.
- Pois eu o digo que não: eu te machuquei! - E apontou para um pequeno corte que fazia um trecho se sangue percorrer o rosto, o qual teria sido feito graças ao chute da moça.
- Peço perdão por ter te machucado, meu senhor. Venha que irei tratá-lo e levá-lo aos seus aposentos.
Dizendo isso, ela tomou para si as malas que ele carregava e começou a andar em direção a casa.
Willian admirou-se da força da garota, pois sabia que o peso presente naquela bolsa era demasiado  para qualquer mulher. Aquele menina parecia não ter a mesma educação que as demais, pois naqueles tempos, a mulher não tinha trabalhos fora de casa ou conhecimentos de técnicas de lutas.
A jovem levou-o para a casa, entrou em um quarto enfeitado com as mais belas tapeçarias e pediu que ele se sentasse que ela iria cuidar do seu ferimento. Enquanto ela buscava os materiais necessários, ele ficou contemplando a beleza daquele cômodo: havia superado as suas expectativas.O quarto era grande, composto por móveis luxuosos, tudo em perfeita harmonia. Não somente o quarto, mas a casa em si. Ela era enfeitada com quadros, tapetes e móveis antigos, cujo os quais não perderam a beleza e davam aquela casa um equilíbrio, onde vigoravam móveis da Idade Média até aos móveis sofisticados da época, misturando assim o presente e o passado. O seu momento de observação não durou muito, pois a garota voltara rapidamente, trazendo em suas mãos um toalha branca dentro de uma bacia com água quente.
Ela apoiou a bacia em uma pequena mesa perto da cama, torceu a toalha e delicadamente a passou no corte do rapaz. A menina presente naquele momento não parecia ser a mesma que o tinha machucado.
- Como você sabe fazer isto senhorita? - indagou o rapaz enquanto ela ainda enxugava os pequeninos rios de sangue que percorriam o seu rosto.
- É dever de uma mulher saber lidar com estes tipo de ferimentos, meu senhor.
- Mas não é toda mulher que sabe causar os ferimentos. – Um pequeno sorriso, demostrando sarcasmo apareceu em seu rosto. A garota corou, abaixou a cabeça e continuou a cuidar do corte de Willian.
- Me desculpe senhor.
- Você apenas estava fazendo o seu trabalho protegendo a propriedade de meu avô. –Ele realmente havia se interessado na pequena moça - Como aprendeste a se defender tão bem?
Antes que a garota pudesse responder, um velha negra gorda apareceu na porta. Ao ver o rapaz, ela ficou fascinada, um sorriso composto pelos poucos dentes que a restavam apareceu em seu rosto e ela foi se aproximando do rapaz.
- Meu sinhozinho! Como vossemecê cresceu! Tu ainda te lembras desta velha preta?
Willian ficou um momento pensativo e logo em seguida sorriu abertamente e abraçou a preta.
-Adelaide! A senhora ainda vive aqui?
- Cê' acha que esta velha preta poderia deixar a casa em que viveu cuidando do sinhozinho?
- E quem poderia cuidar melhor do que você Adelaide!
-Que é isso sinhô. E onde é que tão os senhores teus pais?
-Eles foram assassinados...
- Ó meu Deus! Que mundo mais infeliz! Matam agora até gente boa! Que eles estejam em um bom lugar rezando pelo sinhozinho....
Após alguns instantes em silêncio, Adelaide pegou a jovem moça pelo braço esbravejando furiosamente:
- E vosmecê garota! O que você está fazendo aqui com o sinhozinho?
A moça não conseguiu responder, pois a negra já a tinha soltado e estava analisando o corte do moço.
- O que aconteceu sinhozinho? - E ela já olhou de lado para a mocinha que estava cabisbaixa.
- Foi um acidente... - Falou isso para encobertar a garota que parecia estar se preparando para ser reprimida novamente.
- O sinhozinho deves prestar mais atenção!
A jovem olhou-o espantada. Pegou a bacia e a toalha e saiu junto com a negra, deixando-o repousar.
Agora estava só em um lugar que talvez poderia chamar de casa.


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