Ká-bum! escrita por Nobody


Capítulo 4
Capítulo 3 - Jardim




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No outro dia cedo, quando foi avisado de que o café estava servido, Willian se levantou e olhou pela janela  do quarto e avistou a menina que conhecera ontem. Novamente ela estava cuidando do jardim, conversando com uma mulher ao seu lado que poderia se passar por sua mãe.
Adelaide era a única que se encontrava com ele naquela imensa mesa posta de todos os tipos de delícias. Enquanto se alimentava, confessou a Adelaide sobre o que estava acontecendo e disse-lhe sobre o seu casamento.
-Oh! Mais que benção meu sinhozinho! Vosmecê se casar! -retorquiu a negra esbanjando felicidade.
- Pois é... mas não é bem isso que eu queria... - disse tristonho o garoto que se já levantava da mesa.
- Mas por que sinhozinho? O sinhô já num ta na hora de se casar? E a garota deve ser muito bela pra ser escolhida pelo sinhô!
-Acho que você ainda não entendeu Adelaide, eu não conheço a minha noiva.
- Mais então como 'cês vão si casar?
- Nem eu sei Adelaide... apenas não posso retrucar com os meus 'superiores'.
- Os senhores seus tios que estão cuidando da casa?
- Eles sim. Mas agora eu vou sair. Aproveitar o tempo que eu tenho aqui.
Dizendo isso ele saiu para o jardim, após caminhar por entre as flores, viu ao longe a garota e foi falar com ela, que no momento carregava regadores cheios de água.
- Quer ajuda? -disse ele já pegando um dos regadores das mãos da menina.
- Não precisa se preocupar senhor.
- Pode deixar, eu ajudo. Aonde você está levando eles?
- Para o canteiro das margaridas, atrás da casa.
- Lá não tem lugar para pegar água?
-Não tem não senhor. O tronco do poço que segurava o balde quebrou e até agora não consertaram.
- Vamos lá que eu vejo se consigo consertar. A propósito, qual é o seu nome?
-Alicia Brand.
-Não vais perguntar o meu?
-Uma serva não deve questionar o seu senhor.
-Tudo bem. Eu sou Willian.
Após isso eles não falaram mais nada. Caminharam por entre várias flores, era realmente um belo jardim.
Ao chegarem, Alicia regou as plantas e demostrou que era habilidosa com o jardim ao cuidar tão carinhosamente daquelas flores. Quando concluiu o trabalho, ela levou Willian até o poço que falara e ele viu o estrago: eram troncos finos que estavam sustentando, um deles havia se partido e caído dentro do poço. Ele pegou a corda, embrulhou-a em sua cintura e amarrou em volta do poço, subindo nele pronto para se atirar.
- O que o senhor está fazendo?!
- Uma serva não deve questionar o seu senhor.
Ele sorriu para ela e desceu no poço como se tivesse feito aquilo muitas vezes. Ela ficou observando os atos do moço que descia devagorosamente. Quando chegou perto do tronco, ele pegou e o colocou entre a corda e o seu corpo, para que não tivesse chances de cair novamente.
Ele olhou para cima e viu o rosto assustado da garota que parecia repreender-lhe com o olhar o que ele estava fazendo. Começou a subir. Os músculos de seus braços ficaram evidentes. Subia calmamente apesar de tamanha força empreendida ao puxar a corda.
Minutos depois ele já estava no topo do poço recebendo ajuda da garota para poder sair.
- Pronto. Agora é só arranjar outro tronco, de preferência bem mais forte que este e ....
Ele parou de falar quando viu que a garota parecia negar-lhe atenção. Ela estava retirando a corda envolta do poço e quebrando os tocos que estavam ao lado para poder substituí-los.
-O senhor está bem?
- Estou sim.... um pouco molhado, mas estou bem.
- É melhor que voltes, senhor.
Ele ficou meio confuso por tal atitude, tomou o caminho de volta e deixou-a só.
Assim que ele saiu, ela caiu sentada ao lado do poço e começou a choramingar baixinho. "Aquele idiota, se ele se machucasse a Adelaide iria botar a culpa em mim!"
*****
Logo no outro dia de manhã, ele foi conversar com Alicia que se encontrava sentada embaixo de uma enorme árvore.
- Hoje não estás trabalhando?
-Me desculpe senhor, eu voltarei já.
-Não! Não... eu peço que você venha comigo...
-Eu tenho que trabalhar senhor.
- Por favor Alicia, venha comigo.
- Senhor eu...
- Se eu mandar você terá que vir comigo não é?
- Sim senhor.
- Então ordeno que venhas comigo.
A garota teve que levantar e acompanhar. Havia se arrependido de ter recusado de primeira, pois era um pedido de seu mestre. Ela seguiu-o e ele parou na frente de um antigo rancho que servia para depósito de armas.
- Depois que sequei minhas roupas eu comecei a andar pelo jardim e encontrei isso. Pedi a chave para a Adelaide e ela me deu pedindo para que eu tomasse cuidado, pois isto não era aberto desde que meu avô faleceu. -Ao dizer isso, ele abriu a porta de madeira e entrou junto com a garota.
O rancho não era somente um depósito de armas como um local para treinamento. A garota ficou fascinada e lembrou-se da única vez que entrara ali, sendo trazida pelo próprio Sr. Bollier em seus primeiros treinos.
- Lute comigo. - Interrompeu suas lembranças a voz do rapaz que pegava em um grande baú duas espadas de madeira.
-Mas senhor...
-Vamos! Lute comigo! Agora! - E jogou para ela umas das espadas.
Assim que ela teve as espadas em suas mãos, o jovem pediu para que ela atacasse. Ela ainda insistiu em não fazer tal coisa, mas o garoto avançou sobre ela. E começou a luta entre os dois.
Logo o primeiro ataque que Willian lançou sobre ela teria pegado em seu rosto se ela não tivesse se defendido. "Esse homem é louco!" Pensava ela enquanto se defendia perfeitamente bem de todos os ataques.
- A moça não vai atacar?
- O senhor não me dá chance!
- Eu imaginei que você era boa quando se posicionou para lutar comigo logo que eu cheguei! Sabia que ainda dói o chute que você me deu?!
-Me desculpe senhor!
E os dois conversavam lutando, e ela apenas esquivando dos ataques do seu senhor.
- Onde aprendeu a lutar?!
- Meu pai me ensinou senhor! - E ela abaixou-se dando uma rasteira em Willian que deu um pulo, esquivando perfeitamente bem. - Ele era cavaleiro real, queria um filho para poder ensinar tudo o que ele sabia, mas minha mãe morreu alguns meses após o meu nascimento, não podendo realizar o seu sonho. Então ele ensinou para mim!
- Sua mãe morreu então?! Pensei que era a mulher que você conversava ontem no jardim !!!
Ela caiu no chão ao desviar, ele não atacou mais. Pois viu em seu rosto uma expressão de tristeza.
- Aquela é uma amiga e grande confidente minha. -ele ajudou-a a levantar.
- E onde está o seu pai?
- Ele também morreu. Há um ano atrás...
- Deve ter sido um grande homem. Pelo menos ele te ensinou bem. Ou ao ponto de defender, pois até agora não atacastes. Será que seu pai soube te ensinar?
A estas palavras a garota levantou um olhar que o arrepiou. Ela tomou a espada do chão e com uma velocidade incrível, ela arremessou a espada que ele empunhava e em instantes Willian se via com a ponta da espada da garota em seu pescoço.
- Não digas que meu pai não soube me ensinar. Meu pai me ensinou como ninguém mais ensinaria..
Ela largou a espada e saiu.
Ele arrependeu-se por falar aquilo.
Sentiu-se humilhado. Havia perdido para uma garota.
Era verdade. O pai dela havia a ensinado muito bem.


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