Ad Limina Portis escrita por Karla Vieira


Capítulo 6
Escolhidos


Notas iniciais do capítulo

E aí, galera, tudo bem? Gostando da história? Desculpem-me pela demora, viu? Espero que gostem desse capítulo...



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Ethan Williams POV – Tarde de 03 de Novembro.

A mãe de Marie estava extremamente pensativa depois do ataque de Fred. Praticamente todas as vezes que a vi, ela estava debruçada em cima de algum livro, com alguma anotação em um papel realmente velho, ou simplesmente pensando, e se eu falasse com ela, apenas respondia em grunhidos ou algo do gênero. Amelia estava escondendo alguma coisa.

Estamos na clareira perto da caverna, nosso refúgio mágico. Iremos testar até quanto o organismo de Fred foi mudado. Amelia não estava, apenas eu e os outros.

- Tem certeza que você está pronto? – Perguntei para Fred, que estava de pé do outro lado da clareira.

- Absoluta. – Respondeu ele.

- Vou começar com algo bem simples... E tosco, na verdade. – Eu disse, colocando as mãos atrás das costas, fechando os punhos, apenas deixando dois dedos esticados. – Quantos dedos eu tenho aqui?

- Não faço ideia. – Respondeu ele, enquanto Harry reprimia uma risada. Realmente, a cena devia ser patética. – Pelo visto não desenvolvi uma espécie de visão raio x nem o dom da adivinhação.

Assenti, sorrindo.

- Agora é um menos patético. Pessoal? – Olhei ao redor. Marie estava atrás de Fred, com uma cesta cheia de bolas de beisebol e tênis. Harry estava do lado direito, com uma cesta idêntica, e Andrew do lado esquerdo. Eu estava de frente para ele, com uma cesta destas na mão.

- O que...? – Perguntou Fred, um tanto curioso.

- Vamos lançar o maior número de bolas na maior velocidade que conseguirmos para ver se você consegue se desviar da maioria. – Marie explicou. – Pronto?

Fred se preparou, e assentiu. Peguei duas bolas na mão e preparei um feitiço para lançar outras simultaneamente, e Marie fez o mesmo. Os outros que se virassem. Com um aceno de cabeça, começamos a lançar as bolas.

E Fred se desviava de todas, com uma agilidade e destreza impressionantes. Meu queixo foi caindo a medida que acelerava a velocidade das bolas, e  mesmo assim, ele desviava e/ou capturava algumas, lançando-as de volta para nós com uma força surpreendente.

“Caralho!” pensei.

Em poucos instantes, não havia mais bola alguma para ser lançada, e nós quatro observávamos um Fred sorridente e sem nenhum traço de cansaço, enquanto eu e os outros estávamos esbaforidos, principalmente Andrew e Harry que não tinham magia pra auxiliá-lo. Fred começou a gargalhar.

- Isso é demais! – Ele exclamou, vibrando. De repente, ficou em silêncio, e sua expressão era de certa confusão e urgência.

- O que foi, Fred? – Perguntei. Ele me olhou, sério.

- Temos que voltar para a casa. Amelia está com problemas.

- Que tipo de problemas? – Marie perguntou, com a voz já aguda de preocupação com a mãe.

- Um monstro.

Soltei um xingamento e todos nós começamos a correr o mais rápido que podíamos de volta a civilização. Ao nos aproximar-nos da casa, ouvimos um barulho estranho. Não era um rugido, um grito. Era algo totalmente novo para mim. Algo totalmente assustador. A mãe de Marie gritou, e Marie gritou junto com ela. Arrombamos a porta dos fundos, para encontrar a mãe de Marie caída no chão, apoiada nos dois braços, e uma criatura absurda subindo pela parede da sala de estar.

Eu não sabia classificar aquilo. Era um lagarto gigante de escamas verde escuras, devia ter uns dois metros e meio de comprimento. Por toda a extensão do seu dorso e rabo saíam espinhas pontiagudas e amareladas. Sua boca estava aberta, mostrando sua língua azulada enorme, trifurcada. Seus dentes eram grandes e afiadíssimos, e duas presas enormes pingavam um líquido amarelado direto no tapete, que fumegava.

A criatura nos viu, e soltou um jato de fogo em nossa direção. Nos abaixamos, e umas faíscas pegaram em um quadro, que Harry se apressou em apagá-lo antes que a casa pegasse fogo. Tínhamos que tirar aquela criatura dali e dar um jeito de matá-la.

- Os escolhidos! – A criatura grunhiu, com uma voz grossa e sibilante. Um arrepio percorreu minha coluna. – Devem morrer!

- Para a rua! – Gritei, no exato momento em que a coisa se desprendeu da parede, pulando em nossa direção. Corremos porta afora, e com um feitiço, atraí nossas armas, e em um segundo estavam em nossas mãos. A coisa pousou no quintal de Marie, ocupando boa parte do espaço. Precisávamos de mais, caso contrário, morreríamos.

- A estrada! – Gritei, atirando uma adaga na cabeça da coisa, atingindo-a entre os olhos. A besta gritou, sacudiu e a adaga caiu. Ela olhou para mim, com seus olhos vermelhos de fúria. Desatei a correr e senti que ela corria atrás de mim. Já na rua, a besta saltou em mim e Fred correu e pulou nela, ficando a espada em suas costas e se segurando no cabo, tentando se estabilizar no dorso daquela coisa. Não adiantou. Ela se esperneou e Fred voou de cima dela, batendo no muro do vizinho e caindo na calçada, grunhindo, fraco.

A coisa se virou para mim, sibilando, avançando em minha direção.

- Não meu namorado, sua monstra! – Gritou Marie, estendendo as mãos, gritando uma palavra em latim. Raios saíram da palma de suas mãos, e ricochetearam nas escamas do bicho. Ele parou e sibilou para Marie, raivoso. Apenas estávamos a irritando ainda mais.

Ótimo. Tem uma velocidade descomunal, grande força, é venenosa, solta fogo pela boca e não pode ser eletrocutada. “Fudeu” pensei. Olhei para Andrew e Harry, e comuniquei-me rapidamente por pensamento, e eles entenderam o que eu queria fazer. Juntos, corremos em direção do monstro, que ficou sobre duas patas, atacando Harry com suas garras. Ele desviou, mas caiu de mal jeito e teve que se levantar rapidamente, mancando. Andrew saltou e tentou atacar o bicho, mas sua espada mal o arranhou na lateral, pois o bicho bateu com o rabo em Andrew, fazendo-o parar perto de Fred, grunhindo de dor. Ataquei suas patas, conseguindo decepar uma.

E agora? Só restava eu e Marie totalmente sãos. E aquele monstro não seria fácil de matar.

Ouvi um grito e olhei para trás. Kensi vinha correndo em nossa direção, e na metade do caminho metamorfoseou-se em um tigre branco enorme, rugindo. A besta olhou para o tigre, enquanto ele (ou ela? É a Kensi ainda?) saltava por cima dele, engalfinhando-se.

- Kensi! – Gritou Andrew, de repente desperto. – Não!

Mas a tigresa não o deu ouvidos. Continuou lutando contra o animal, e tudo o que nós podíamos fazer era observar, já que qualquer investida nossa seria arriscado para Kensi. Olhei ao redor e surpreendentemente não havia ninguém olhando. Mesmo assim, enfeiticei para que nada pudesse aparecer para meros mortais, e me senti fraco devido ao peso do feitiço.

O tigre abocanhou o pescoço do monstro e o sacudiu. A besta esperneou por alguns angustiantes instantes, e de repente, parou. O tigre esperou mais um pouco, para ter certeza, e o soltou. E se metamorfoseou em Kensi novamente.

- O que...? – Marie começou a perguntar, confusa.

- Tragam Fred e Andrew para dentro, e tirem esse monstro do meio da rua, por favor. – Amelia apareceu, mancando e com a testa arranhada. Sua expressão era de total preocupação e angústia. Não havia nenhum pingo de alívio ou medo.

Marie levitou o corpo do monstro e foi andando até a orla da floresta, enquanto eu ajudava Fred a se levantar. Kensi foi até Andrew e Harry podia se virar sozinho. Fomos para dentro de casa, onde Amelia começou a cuidar dos dois, e Marie voltou, cansada, se largando ao meu lado no sofá, em silêncio. Estávamos todos pálidos, cansados e assustados.

- O que está acontecendo? – Harry perguntou, por fim. – É a terceira coisa que nos ataca. Tem algo muito, muito errado.

- Aliás, o que era essa besta? – Perguntou Marie.

- Eu nunca havia visto algo desse tipo. – Comentei. Harry assentiu, concordando comigo.

- É um Draco Terrae. – Disse Amelie. – O clima ideal para esse monstro é a África ou a Ásia, não aqui, no Reino Unido.

- Ela disse... Ela disse que nós somos os escolhidos e devemos morrer. Do que essa coisa estava falando? – Perguntou Marie.

Amelia congelou, ereta, no meio da sala.

- Eu acho que já sei do que se trata. – Disse Amelia. – Ei, garota... Kensi, certo?

Kensi assentiu.

- Você é uma Tigrisforma, ou...?

 - Na verdade, sou uma Polimorfa, senhora.

- Então eu tenho razão... E garotos, isso é só o começo.

- Começo do quê? – Perguntamos praticamente em uníssono.

- De uma longa, longa jornada. – Disse ela, sentando-se em um sofá. – Vocês já ouviram falar nos Portões da Morte?

Empalideci. Não podia ser.


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Notas finais do capítulo

E então?



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