Ad Limina Portis escrita por Karla Vieira


Capítulo 5
Efeitos Colaterais


Notas iniciais do capítulo

Olá galera! Tudo bem com vocês? Então... Sei que esse capítulo está pequeno, mas foi o melhor que consegui fazer com a semana cheia que tive. Espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/357563/chapter/5

Marie Jean POV – Madrugada de 01 de Novembro.

- Ele vai ficar bem, não vai? – Perguntei baixinho para Ethan, que estava sentado ao meu lado, olhando Fred. O rapaz se debatia e murmurava coisas sem sentido, suando muito e por vezes chorando.

- Eu espero que sim.

Ficamos em silêncio observando Fred. Meu coração doía e eu só conseguia pensar no por que aquilo tudo havia acontecido conosco. Nós estávamos suportando as consequências da escolha de outro alguém sobre algo que nós nascemos sendo. E nós não pedimos pra nascer.

A porta se abriu devagar e Andrew entrou carregando uma bandeja com canecas de café fumegante, seguido por Harry. Pelo visto, ninguém conseguiria dormir aquela noite, não quando Fred estava mal. Não até termos certeza que nosso amigo iria sobreviver, não iria ter nenhuma sequela e seria o mesmo rapaz que conhecíamos.

Depois do que me pareceu ser uma eternidade, a manhã raiou.

Fred abriu os olhos.

Fred Storm POV – Manhã de 02 de Novembro.

Tudo era dor. Confusão. Era um verdadeiro pandemônio. Podem ter se passado cinco minutos, cinco horas, ou a eternidade. Meu corpo parecia estar se incendiando de dentro para fora, todos os meus órgãos se desfazendo, derretendo lentamente, e o meu sangue virando lava pura de vulcão. As minhas memórias e pensamentos eram um furacão, e eu não sabia dizer o que era real ou não. Eu não lembrava quem eu era. E a dor não cessava.

E de repente, ela sumiu.

Minha respiração se normalizou. Meu pulmão não doía mais ao respirar, meu coração não batia aceleradamente. Eu sentia meus músculos rígidos, porém indolores. Só havia um cansaço enorme, como se eu tivesse corrido uma maratona. Minhas pálpebras estavam pesadas devido a esse cansaço. Mas eu estava bem. Estava vivo.

Ouvia a respiração cansada de quatro pessoas ao meu lado, e seus batimentos cardíacos. Ouvia um carro passando na rua de trás, saindo de uma garagem. Ouvia os passarinhos cantando na árvore ao lado de casa, mas ouvia alguns cantando na orla da floresta, mais ao longe. Conseguia localizá-los, praticamente vê-los diante de mim.

O que estava acontecendo comigo?

 Forcei-me a abrir os olhos.

- Ele acordou! Fred, você está bem? – Perguntou Marie Jean, delicadamente. Minha visão se focou, e eu pude ver ela e os rapazes me cercando. Estranho era ver até os minúsculos poros na epiderme deles. Pisquei e minha visão voltou ao normal, sem enxergar nenhum detalhe estranho, como esse.

- Sim... Eu acho. – Respondi. Ethan murmurou para Harry ir chamar Amelia, e ele pousou a caneca de café fumegante na mesa de cabeceira. Porém a caneca escorregou e começou a cair, e antes que se afastasse cinco centímetros da superfície do móvel, eu segurei. O café sequer chegou a sair da caneca. Coloquei a caneca no lugar, e os quatro me olharam surpresos.

- O que foi? – Perguntei confuso.

- Seus reflexos. – Disse Andrew. – Estão muito rápidos. É sobre-humano.

Pisquei confuso.

- Ok... O que aconteceu comigo?

- Você não se lembra? – Marie perguntou. Balancei a cabeça, e ela suspirou. – Você foi atacado e arranhado por um cão infernal. Olhe seu ombro.

Olhei para baixo e vi três longos arranhões vermelhos descendo do meu ombro até abaixo do mamilo direito. Praguejei baixinho. Alguns vislumbres passaram pela minha mente: o fantasma de Fletcher se contorcendo enquanto se desfazia; a matilha de cães nos cercando; eu lutando com três cães... E mais nada.

Amelia entrou no quarto, trazendo uma pequena maleta branca.

- Como você está se sentindo, Fred? – Ela perguntou, de maneira carinhosa, sentando-se na beirada da cama.

- Estranho.

- Como assim, estranho?

- Extremamente cansado. Acabamos de ver que meus reflexos estão muito aguçados. E minha visão está esquisita, consigo focar o suficiente para ver até os poros na epiderme de todo mundo... E estou escutando melhor do que antes.

- O quão melhor? – Perguntou Amelia, interessada e concentrada, enquanto os outros me olhavam estupefatos.

- Consigo escutar um pássaro se movendo em uma árvore na orla da floresta, por exemplo. – Eu disse, sério. Todos se entreolharam.

- Só isso? – Perguntou Amelia. Assenti. – São seus efeitos colaterais do veneno do cão infernal. Pode haver mais coisa, porém não vamos testar agora. Você vai comer e vai dormir, ok?

- É tudo o que eu mais quero agora.

Amelia sorriu compreensiva, e Marie saiu do quarto para preparar algo para que eu comesse. Recostei-me nos travesseiros e suspirei.

Provavelmente, eu agora era o único indivíduo de uma espécie de humanos única.

Marie Jean POV – Manhã de 02 de Novembro.

Deitei ao lado de Ethan e ele me abraçou, escondendo o rosto na volta do meu pescoço.

- Será que a nossa vida nunca vai ser calma? – Perguntei baixinho. Ele ergueu o rosto, e eu me virei para olhá-lo. Seus olhos azuis estavam tomados de preocupação e tristeza.

- Nós vamos conseguir, Marie. Prometo para você: nós vamos ter paz. Nós vamos ser felizes. Eu só não quero que você se culpe por tudo isso estar acontecendo... – Disse ele, baixinho, acariciando minha face. Ele parecia sempre ler meus pensamentos. – Você não tem culpa de nada, está bem?

Assenti, abraçando-o e escondendo meu rosto em seu peito. Ele começou a acariciar meus cabelos.

- Só não me deixe, nunca, Marie... Nunca... – Ele disse baixinho.

- Nunca! – Respondi, beijando-o. Acomodei-me em seus braços, e o cansaço junto com o calor dos braços de Ethan me fizeram adormecer.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então, o que acharam?